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Potencialize sua mente
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E-book350 páginas6 horas

Potencialize sua mente

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Sobre este e-book

Box Potencialize sua mente apresenta três títulos da Coleção Segredos da Mente Milionária: O poder está dentro de você, Potencialize o seu cérebro, Como desenvolver, treinar e usar sua memória.
IdiomaPortuguês
EditoraPrincipis
Data de lançamento30 de jul. de 2022
ISBN9786555527780
Potencialize sua mente

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    Potencialize sua mente - Arnold Bennett

    Esta é uma publicação Principis, selo exclusivo da Ciranda Cultural

    © 2022 Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda.

    Traduzido do original em inglês

    Mental Efficiency

    Texto

    Arnold Bennett

    Editora

    Michele de Souza Barbosa

    Tradução

    Paula Pedro de Scheemaker

    Preparação

    Edna Adorno

    Produção editorial

    Ciranda Cultural

    Diagramação

    Linea Editora

    Revisão

    Renata Daou Paiva

    Design de capa

    Ana Dobón

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

    B471e Bennett, Arnold

    Potencialize o seu cérebro: use a mente para viver uma vida extraordinária [recurso eletrônico] / Arnold Bennett ; traduzido por Paula Pedro de Scheemaker. - Jandira, SP : Principis, 2022.

    96 p. ; ePUB ; 1,5 MB. - (Segredos da mente milionária).

    Título original: Mental Efficiency

    ISBN: 978-65-5552-762-9

    1. Autoajuda. 2. Desenvolvimento pessoal. 3. Sucesso. 4. Crescimento. 5. Literatura inglesa. I. Scheemaker, Paula Pedro de. II. Título. III. Série.

    Elaborado por Lucio Feitosa - CRB-8/8803

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Autoajuda 158.1

    2. Autoajuda 159.92

    1a edição em 2022

    www.cirandacultural.com.br

    Todos os direitos reservados.

    Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada em sistema de busca ou transmitida por qualquer meio, seja ele eletrônico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização do detentor dos direitos, e não pode circular encadernada ou encapada de maneira distinta daquela em que foi publicada, ou sem que as mesmas condições sejam impostas aos compradores subsequentes.

    Esta obra reproduz costumes e comportamentos da época em que foi escrita.

    Eficiência mental

    O apelo

    Se alguma virtude existe nos anúncios de publicidade, e jornalista nenhum pode dizer o contrário, é mostrar que o país americano está alcançando rapidamente um estado de eficiência corporal jamais visto, provavelmente, desde os tempos de Esparta. Em todos os jornais e periódicos americanos há inúmeros anúncios de especialistas da cultura do corpo que garantem poder fazer todos os órgãos desempenhar suas funções com a mesma precisão poderosa de motor de carro de 60 hp que jamais falha, jamais sofre avarias. Outro dia li um livro de autoria de um desses especialistas segundo o qual a saúde perfeita pode ser alcançada com apenas quinze minutos por dia de exercícios combinados. Os anúncios se multiplicam e ocupam grandes espaços em todas as mídias. O investimento necessário é exorbitante, o que pressupõe um excelente retorno aos negócios. Portanto, um incontável número de pessoas deve estar preocupado com a ineficiência do próprio corpo e em busca da perfeição, ou seja, da eficiência. Surpreendentemente, na discreta e pacata Inglaterra, bem ao estilo britânico passamos pelo mesmo fenômeno crescente; nossos músculos devem ser tonificados. Vá de manhã ao quarto de qualquer homem e você o verá de pé, ou de cabeça para baixo, ou deitado de costas no chão; talvez se alongando ou fazendo outros exercícios. Lembro-me da vez em que até eu busquei a eficiência do meu corpo; também me deitei no chão, com a minha delicada pele protegida contra o carpete áspero apenas com roupa de tecido fino. Todos os dias, depois de me barbear, eu me contorcia acompanhando um programa de quinze exercícios expostos num grande painel na parede (eu achava que era a Carta Magna da eficiência corporal). Três semanas depois, meu pescoço de pugilista profissional já não cabia no colarinho de camisa nenhuma; em compensação, as lojas de artigos esportivos se beneficiaram bastante ao longo desse período, quando adquiri muita roupa adequada à prática de exercícios. Foi então que concluí que estava levando longe demais o culto à eficiência corporal.

    Estranhamente, nunca me havia passado pela cabeça dedicar quinze minutos por dia, depois de fazer a barba, buscando a eficiência mental. Apesar de comum, o corpo é uma máquina bem complexa e, por vezes, disfuncional; mas felizmente suscetível às mudanças provocadas pela cultura da sociedade onde ele está inserido, ou seja, à procura da perfeição. A mente comum é infinitamente mais intrincada e, também infelizmente, não menos desorganizada, mas talvez mais vulnerável à cultura. Comparamos nossos braços com o bíceps dos homens que aparecem nos anúncios de eficiência física e sussurramos a clássica frase: Isso nunca vai dar certo. E começamos a desenvolver os músculos dos braços até quando pudermos exibi-los, cobertos por agasalho ou camisa, para as mulheres no chá da tarde. Mas talvez não nos ocorra que, embora também a mente seja dotada de músculos e de muitas outras ferramentas, esse conjunto mental invisível, apesar de soberano, é muito menos eficiente do que deveria ser. Alguns desses músculos são atrofiados, outros estão em repouso ou fora de forma. Um homem sedentário sai para um longo passeio num domingo de Páscoa e à noite está tão exausto que mal consegue comer. Ele desperta para a ineficiência de seu corpo, para ele um dos bens mais valiosos, causada pela negligência; ele fica tão chocado que decide tomar medidas corretivas, como andar a pé dez quilômetros até o escritório, jogar golfe por algumas horas, ou fazer os exercícios combinados depois de barbear-se. Porém, dê a esse mesmo homem, depois de um longo período de sedentarismo em meio a jornais, revistas ou romances, a chance de direcionar sua mente para uma árdua escalada numa montanha de papel com conteúdo científico, filosófico ou artístico: que fará ele? Aceitará o desafio de entregar-se a essa tarefa por um dia inteiro e ao anoitecer estará tão cansado, incapaz de ler o jornal? Não ele. Certamente, ao primeiro sinal de exaustão, ele não persistirá e voltará imediatamente a sua rotina. Será que ele vai perceber, com genuína preocupação, que sua mente está sem condições de exercer nenhuma atividade que exija concentração e que realmente precisa fazer alguma coisa para deixá-la em ordem? Não ele. Pode-se afirmar com quase cem por cento de certeza que ele vai aceitar sua condição com tranquilidade, sem constrangimento e sem sinal de arrependimento. Fui claro?

    Contudo, existe uma pequena parcela que não pensa assim. Afirmo, sem nenhum resquício de remorso, que há uma leve culpa nessas pessoas causada pela consciência de que são prejudicadas pelo que chamamos de ineficiência mental, que, por sua vez, poderia ser curada sem muita dificuldade. Esse indefinível remorso exala como vapor na parcela mais culta do público. Pode ser detectado em qualquer lugar, especialmente entre pessoas que se aproximam da meia-idade, quando percebem a existência do grande conhecimento adquirido, nem sempre suficiente para satisfazer pequenas vontades. Elas saem de sua casa confortável e segura e passeiam sob a noite estrelada percebendo aos poucos a maravilha dos céus. Porém, uma voz sutil em sua mente não lhes permite esquecer que, embora saibam da existência das sete estrelas que compõem as Plêiades da Constelação do Touro, mal sabem localizar uma delas no céu. Como gostariam de compreender o significado da teoria nebular¹, a mais abrangente de todas as teorias! Os anos vão se passando, assim como as vinte e quatro horas do dia, das quais apenas sete ou oito são despendidas com trabalho. Seria necessário apenas um impulso, um esforço, um processo, a fim de curar gradualmente a fraqueza de sua mente para dar tonicidade aos seus músculos e lhes permitir agarrar a nova perspectiva que os aguarda com sensações positivas e o esplendor do conhecimento assimilado. Mas, infelizmente, o arrependimento não tem profundidade. Essas pessoas nada fazem. Continuam a não fazer nada, como se estivessem sentadas a uma mesa sem fim repleta de iguarias e pelo resto da vida não conseguissem estender a mão para pegá-las. Estou exagerando? Não haveria na consciência profunda da maioria de nós um triste sentimento de que a nossa mente é lenta e que as justificativas dessa lentidão são muitas, tais como incompetência, falta de tempo, de oportunidade ou de recursos?

    Por que algum especialista de eficiência mental não se apresenta e nos mostra como fazer a mente desempenhar o trabalho de que é capaz? Não estou me referindo aos charlatães. Muitos dos especialistas em eficiência física que divulgam amplamente suas teorias não são charlatães; alguns até obtêm reconhecimento. Se existe tratamento planejado para o corpo, o mesmo se pode dizer em relação à mente. Portanto, é possível perceber algumas das ambições que todos nós alimentamos quanto à utilização, no nosso tempo livre, da magnífica máquina que temos dentro do crânio – a qual, no entanto, deixamos enferrujar. Temos o desejo de nos aperfeiçoar, de coroar a vida profissional com graça, conhecimento e bom gosto. Quantas pessoas não se disporiam de bom grado a empreender estudos em profundidade sobre o assunto para não ter de passar pelo vexame de chegar ao fim da vida sem nunca ter aprendido absolutamente nada! Em primeiro lugar, não é falta de desejo, mas sim falta de força de vontade que as impede de persistir; não é falta de vontade de começar, mas falta de vontade de continuar. Em segundo lugar, o mecanismo mental está deteriorado, sem fôlego, fraco, por pura negligência. O remédio, então, divide-se em duas partes: o desenvolvimento da força de vontade e o aprimoramento das ferramentas mentais – o tratamento de ambas as partes deve ser simultâneo.

    Tenho certeza de que as considerações aqui apresentadas também o foram pelas dezenas de milhares dos meus leitores, que possivelmente trilharam o seu caminho a fim de recuperar a eficácia mental. Não duvido que muitos conseguiram. Esses leitores que se interessam pela questão me fariam um grande favor se entrassem em contato comigo assim que obtivessem o resultado de suas experiências, independentemente de suas conclusões serem positivas ou negativas; eu faria um apanhado de todos os relatos, aos quais agregaria minha própria experiência.

    As respostas

    As cartas que recebi em resposta ao meu apelo mostram que não exagerei nas minhas premissas. Neste país, nos círculos das pessoas que raciocinam, há uma clara consciência de que são mentalmente menos eficientes, mas imbuídas do forte desejo (embora improdutivo) de ver revertido esse quadro. O desejo é mais forte do que imaginei, mas insuficiente para atingir seus objetivos. Não houve planejamento algum do percurso de tratamento da mente pelo qual buscamos concretizar nossas acalentadas ambições de usar nosso tempo livre para desenferrujar a magnífica máquina que carregamos dentro do crânio. Ainda não surgiu no horizonte nenhum novo Sandow² do cérebro. Por outro lado, parece generalizada a expectativa de que serei eu o novo Sandow do cérebro. Só posso considerar frívolo esse pensamento!

    Fiquei muito interessado nas cartas, confirmando o interesse pelo assunto em questão; algumas delas são admiráveis; e talvez não seja surpresa que as melhores foram escritas por mulheres. Deixando de lado a genialidade característica do sexo feminino, as mulheres são mais emotivas e românticas do que os homens na busca de ideais. No entanto, a carta mais entusiástica que recebi foi de um senhor que preconizava a hipnose para alcançar a eficiência mental, após defender a criação de um instituto de psicologia prática, com pessoas capacitadas, graças ao qual haveria um ajuste graduado e se descobriria o mecanismo mental subconsciente da criança ou mesmo do adulto. Ele, que é hipnotizador, continua: "Entre os acadêmicos cuja especialidade é uma teia de aranha inconsequente na qual estão o médico que acredita piamente ser o pai adotivo natural das questões de psiconomia³ e o professor espalhafatoso que aplica truques de macaco a alguns sonâmbulos nos teatros de revista, o senhor permite que se ignore um dos fatores mais potentes do desenvolvimento mental. Permito? Não tenho a menor ideia do que esse senhor quis dizer, mas posso garantir que ele está errado. A mim, fazem mais sentido as observações de outro correspondente que, desprezando totalmente as coisas da mente, compara determinada classe de homens jovens com pessoas de pouco valor e afirma que ele mesmo saiu do ritmo" por ser forçado a descarregar dez toneladas de carvão em três horas e meia todos os dias, ao longo de sete anos. Isso é interessante e construtivo, porém, irrelevante.

    Uma dama cujo otimismo está indicado em seu pseudônimo, Esperança, põe o dedo na ferida por meio de uma carta bastante sensível. Parece-me, diz ela, que a grande causa da ineficiência mental é a falta de concentração, especialmente, talvez, nas mulheres. Sou capaz de rastrear minhas principais falhas em relação a esta causa. Concentração é talento, pode ser treinada, mas precisa ser inata… A grande maioria de nós está em estado de semiconsciência, e nossa mente exercita apenas metade de suas capacidades. Concordo plenamente que a incapacidade de concentração é um dos principais fatores de a máquina mental não usar a totalidade de seu potencial. A cura sugerida por Esperança é drástica: Talvez uma das melhores curas do sedentarismo mental seja a matemática, pois não há nada que exija maior poder de concentração. Talvez a matemática seja a cura efetiva, mas não no dia a dia porque ninguém, ou quase ninguém, a pratica. O que a faz pensar que um homem, com desejo sincero, mas sem força de vontade, se disporá a dedicar suas horas noturnas livres fazendo contas graças à calistenia mental⁴ preliminar? Como disse o fantoche de Ibsen: As pessoas não fazem tais coisas. Por que não fazem? A resposta é: porque não, porque não é da natureza humana. Outra sugestão de Esperança, aprender poesia, tem seu valor, mesmo que pequeno.

    Certamente, a melhor carta foi a da senhorita H. D.: Esta ideia (evitar ser criticado por ‘viver e morrer sem efetivamente aprender absolutamente nada’) ronda minha mente desde quando eu era garotinha. Olhando em retrospecto, afirmo que o pensamento me estimulou a fazer coisas significativas neste mundo e a me considerar um reflexo das pessoas cheias de iniciativa que pintaram quadros, escreveram livros, construíram pontes ou deram um passo à frente de seus pares. Assim, desde que descobri o potencial que há em mim oriento minha jornada na vida para que valha a pena. Devo dizer que tal afirmação, apesar de contundente, é um tanto abrangente, pois arrasta muitas outras ambições boas e legítimas direto para o monte de lixo do não vale a pena. Para minha alegria, ela complementa seu pensamento: "E quando o dia termina e me dou conta de que não me dediquei a uma boa leitura ou redação, por mínima que fosse, ou de que minha apatia ou tristeza não me permitiram admirar o brilho do sol, a grama e as flores, o mar ou a luz da lua refletida na água, concluo que meu dia foi perdido. Mas para não me sentir improdutiva, incentivo-me a realizar todos os dias pequenas e diferenciadas ações em benefício da real cultura da mente, e elas constituem o princípio da cura da ineficiência mental. Isso me parece muito mais engenhoso e positivo. E a senhorita pondera: O bom dia começa quando o hábito mental se torna parte da rotina de nossa vida, de modo que valorizamos o trabalho mental pelo bem do próprio trabalho". Contudo, não me sinto muito confortável com essa teoria, pois nunca valorizei o bem do trabalho em si e provavelmente jamais o farei. Considero o trabalho mental um benefício para mim por me proporcionar plena e profunda consciência do que significa estar vivo.

    Os remédios propostos pela senhorita H. D. são imprecisos. Quanto à falta de força de vontade, ela diz: O primeiro passo é detectar e compreender sua fraqueza; o passo seguinte é entender que você é imperfeito. Desconfio, solenemente, se esses passos conduziriam a algo duradouro; e não considero muito útil o que ela diz a seguir: Eu aconselharia a leitura, a observação, a escrita, além do uso de todos os sentidos e de todas as competências para que possamos aprender, no mínimo, a sacralidade da vida. Convenhamos que os itens abordados configuram os princípios que deveriam reger a natureza humana para atingir o objetivo da eficiência mental. Fazendo uma análise simplista, eu diria que quem deseja dar sentido verdadeiro a sua vida pode persistir com dedicação na leitura, observação e escrita, além de usar todas as suas competências e sensibilidade. Conclusão: a ineficiência mental será reduzida praticamente a zero. Sendo assim, proponho elaborar um conteúdo com base em minhas amargas e ridículas experiências.

    A cura

    Tarefas decididas em horas de inspiração

    Podem ser cumpridas em horas de escuridão.

    Os versos acima de Matthew Arnold são citados por meus inúmeros correspondentes para fundamentar certo otimismo na questão de aperfeiçoar a mente de forma sistêmica. A referência faz parte de um belo e inspirador poema, mas temo sinceramente que vai de encontro à vasta massa de experiência terrena. Na maioria das vezes, descobri que tarefas planejadas em horas de introspecção não podem ser cumpridas em horas de escuridão. Não, não e não! Satisfazer um desejo é simples: basta ser contaminado pelo brilho momentâneo de um espírito mais forte que o nosso todas as manhãs ou todas as noites, ao longo de meses e anos – aí é que eu quero ver, e nenhum de meus leitores discordará de mim. No entanto, a qualidade flexível da natureza humana é tanta que a maioria dos meus correspondentes está pronta para ignorar o triste fato e questionar de imediato: Que devemos desejar? Conte-nos o que precisamos desejar. Alguns acreditam que superaram a dificuldade quando defendem certos sistemas de memória e treinamento da mente. Esses sistemas podem ser úteis ou inúteis; o que trago de evidências é contraditório, porém, se fossem sistemas perfeitos, nenhum homem nasceria intelectualmente de novo apenas por compartilhar alguma categoria de memória. O sistema ideal depende basicamente do poder de resolução. E o que realmente interessa não é o sistema em si, mas o espírito com o qual o homem o controla. Todavia, o espírito adequado só pode ser estimulado depois de cuidadosa avaliação e compreensão das condições humanas, das limitações de temperamento, da força de influências adversas e dos ensinamentos que se extraem do passado.

    Deixem-me considerar uma situação comum. Você, homem ou mulher ao redor dos trinta anos. Você vive com conforto, tem deveres e responsabilidades e um trabalho agradável que exige dedicação. A questão da eficiência mental está no seu radar; interessa a você, afeta você. Sua consciência lhe diz que sua mente é menos ativa e menos informada do que deveria ser ou do que você gostaria que fosse. De repente, você se levanta da cadeira do jardim e diz a si mesmo que controlará sua mente e terá total domínio sobre ela. Espere um momento, talvez seja melhor voltar para a cadeira e refletir um pouco mais. Você já teve estas horas de introspecção antes, como bem sabe. Você não chegou aos trinta anos sem ter tentado executar nobres resoluções e, talvez, falhado. Que precauções vai tomar contra o fracasso desta vez? Provavelmente, sua vontade agora não é mais forte do que antes. No passado, você admitiu e aceitou o fracasso. E nenhuma ferida é mais cruel para o espírito de resolução do que lidar com o fracasso. Você pensa que a ferida está cicatrizada, mas em algum momento crítico ela pode reabrir e sangrar mortalmente. Como se prevenir desse infortúnio? Infelizmente, você não tem condições para tanto.

    Ignoro seu conhecimento e, portanto, não posso compartilhar de sua alegria. Mas, desde que me conheço, sou capaz também de conhecê-lo. Seu fracasso no passado se deveu a uma ou mais de três causas. A primeira foi a intensidade do empenho dedicado no início. Você começou um magnífico projeto. Como profundo conhecedor de exercícios físicos – e se envergonharia diante de seus pares se fosse diferente nestes dias de culto ao físico –, você sabe que não deve se arriscar em corridas de obstáculos ou em horas ininterruptas de academia sem condicionamento. A analogia entre o corpo e a mente deve tê-lo atingido. Neste momento, por favor, tente não criar um roteiro elaborado. Contente-se com um simples pique preliminar, um trote preparatório despretensioso. Por exemplo (considere como simples amostra), você diria a si mesmo: "Em um mês a partir de hoje lerei duas vezes o livrinho Educação, de Herbert Spencer, e anotarei no verso da capa tudo o que particularmente fizer sentido para mim". Você se dá conta de que é tarefa simples que não exige tanto esforço de sua parte. Bem, então vá em frente. O prazer de uma missão cumprida, por menor que seja, causa satisfação interior sem tamanho. Sua mente terá adquirido a percepção de conteúdo e orgulho saudáveis, o que lhe fornecerá energia para definir novos projetos, mesmo elementares, como um plano a ser seguido por três meses. E você terá adquirido alguns princípios gerais à luz dos quais construirá o programa. E, acima de tudo, terá evitado o fracasso, esta ferida perigosa.

    A segunda causa possível do fracasso anterior foi talvez o efeito devastador de um sorriso irônico e superior, de amigos ou inimigos, sobre sua força de vontade. Sempre que um homem vira uma página e depara com uma nova, ele se defronta com uma risadinha vazia. Nenhum bêbado se envergonha de estar bêbado tanto quanto você de dar a um amigo a notícia de que tem novo objetivo a alcançar. Estranho, mas verdadeiro! A natureza humana deve ser considerada. É claro, para alguns poucos privilegiados de espírito mais forte, o efeito daquele sorriso será apenas um catalisador para fortalecer a resolução. Mas para a grande maioria das pessoas a influência desse ato é nociva. Portanto, não empunhe sua bandeira aos quatro ventos: seja discreto, não diga nada. Quando tiver vencido uma ou duas batalhas, será o momento de agitar sua bandeira; então aquele sorriso desprezível, lamentável, irônico e superior morrerá antes de nascer.

    A terceira causa possível reside no fato de que talvez você não tenha reorganizado o seu dia. Apesar de se deixar levar pela preguiça ou desperdiçar seu valioso tempo, ainda assim realizou algo durante vinte e quatro horas. Por algum motivo você foi trabalhar com a ideia de que os dias têm vinte e seis horas. Mas infelizmente será obrigado a desistir de algo. Tarefas que talvez não sejam importantes deverão dar lugar a novas. Privar-se do sono não o ajudará, muito menos tentar espremer algum tempo para estudar entre afazeres. Use a faca, use-a livremente. Se você pretende ler ou pensar meia hora por dia, reserve uma hora para isso. Uma margem de 100% não é demais para iniciantes. Você me pergunta onde a faca deve ser usada. Digo-lhe que o tempo gasto com o culto ao corpo pode ser abreviado em, no mínimo, 50%. Recentemente, passei um fim de semana no subúrbio de Londres e fiquei pasmo com a atenção dada à recreação física, em todas as suas formas. Foi um grande desfile de músculos por todos os lados. Aquilo me chocou. Pobre mente vazia, pensei. Críquete, futebol, passeios de barco, golfe e tênis têm tempo para começar e terminar, mas vocês, não! Essas considerações são genéricas e preliminares; em seguida, apresentarei os detalhes.

    Calistenia mental

    Lidei com o estado de espírito de que é necessário fazer esforço rumo à eficiência mental e refletir sobre as prováveis causas do fracasso das tentativas anteriores. Chegamos agora ao que eu chamaria de calistenia das atividades, que pode ser mal comparada com os exercícios necessários para aprender a tocar instrumentos musicais. É curioso pensar que a pessoa que quer aprender a tocar um

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