Cristianismo e política - Aluno
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Sobre este e-book
Devemos salientar, porém, que estes estudos não se propõem a defender qualquer partido, muito menos alguma ideologia política; nem mesmo, necessariamente, propor o engajamento político partidário, que será o chamado de apenas alguns. Uma vez que a Bíblia serve de parâmetro absoluto para a nossa fé e confissão, ela é o prumo a discernir o que há de verdadeiro ou mentiroso, certo ou errado, nos pensamentos, propostas e filosofias por trás das ideologias. O nosso esforço, nestes 13 estudos, portanto, é fazer essas distinções e apontar o que Deus requer de nós.
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Cristianismo e política - Aluno - Mauro Filgueiras Filho
S UMÁRIO
1. O cristão e a política
2. Cristianismo X ideologia
3. Liberalismo e conservadorismo
4. Nacionalismo e socialismo
5. A voz do povo é a voz de Deus?
6. João Calvino e sua influência na política
7. Cosmovisão reformada
8. O meu reino não é deste mundo
9. Submissão e intercessão
10. O que compete ao Estado?
11. Uma proposta cristã
12. Rei das nações
13. Envolvimento na sociedade
1
O CRISTÃO E A POLÍTICA
Jeremias 29.7
LEITURA DIÁRIA
D Gn 11.1-9 – Sociedade confusa
S Gn 12.1-20 – Bênçãos na terra
T Gn 26.1-35 – Paz com vizinhos
Q Sl 61.1-8 – Oração pelos governantes
Q Sl 93.1-5 – O Rei supremo
S 1Tm 2.1-7 – Vida pacífica
S 1Pe 2.11-17 – Vontade de Deus
INTRODUÇÃO
Estes estudos têm por objetivo mostrar a importância de olhar biblicamente para o cenário político, considerando que o nosso país passa por tamanhos problemas e controvérsias nessa área. Como cristãos, assumimos que a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática e, por isso, recorremos a ela para compreender, interpretar e discernir todas as questões que envolvem a nossa existência, como trabalho, arte, família, educação de filhos e, claro, política.
Devemos salientar, porém, que estes estudos não se propõem a defender qualquer partido, muito menos alguma ideologia política; nem mesmo, necessariamente, propor o engajamento político partidário, que será o chamado de apenas alguns. Uma vez que a Bíblia serve de parâmetro absoluto para a nossa fé e confissão, ela é o prumo a discernir o que há de verdadeiro ou mentiroso, certo ou errado, nos pensamentos, propostas e filosofias por trás das ideologias. O nosso esforço, nestas 13 lições, portanto, é fazer essas distinções e apontar o que Deus requer de nós.
I. CONFIANDO EM DEUS E NÃO NA POLÍTICA
Jeremias 29 apresenta cartas escritas entre Jerusalém e Babilônia com o objetivo de apresentar a dura realidade à qual Deus estava submetendo o seu povo e, ao mesmo tempo, lançar esperança, porque Deus estava realizando o seu plano de redenção por meio daquele exílio. O contexto é a queda de Judá, ocorrida em 597 a.C. As cartas estão subdivididas da seguinte maneira: uma carta de Jeremias aos exilados (v.1-15,21-23), outra carta de Semaías, na Babilônia, para Sofonias (v.25-28), outra de Jeremias a Semaías (v.24) e, por fim, uma segunda carta aos exilados (v.31,32).
Nesta lição, nos concentraremos nos versos 5-7, que possuem uma orientação política de Deus para os exilados, a fim de que conquistassem uma vida de paz, mesmo num contexto desagradável. O povo estava dando ouvidos aos falsos profetas, como Semaías, e às falsas expectativas dos sacerdotes e príncipes (v.27-28). Afinal, que falsas expectativas eram essas? Os falsos profetas diziam ao povo que aquele exílio seria de curta duração, contra a mensagem de Jeremias de que o exílio duraria 70 anos (v.10; 25.11-12; Dn 9.2). Dada essa realidade irreversível, Deus orienta o povo para que se case, se multiplique, plante e busque uma vida de paz até que se cumpra o tempo preestabelecido.
A. Aceitar a realidade
A última coisa que o povo de Judá queria era aceitar a realidade. Era muito mais confortável ouvir as mensagens de esperança dos falsos profetas e suas promessas de resolução rápida do problema do que entender que aquele momento estava sendo imposto por Deus e o povo deveria aceitar, humilde e confiantemente.
Apenas nos limitando a esse sentido, para esta lição, podemos dizer que Judá estava inclinado a ouvir as mensagens dos falsos profetas que anunciavam uma utopia
, isto é, uma projeção futura de sua sociedade diferente daquela anunciada por Jeremias. O espírito de revolta nasce da não conformidade com as coisas como elas estão, porém, naquela situação, havia uma palavra direta de Deus para que o povo se sujeitasse à servidão sob a Babilônia, que duraria 70 anos. Nada havia que eles pudessem fazer para mudar aquele decreto, a não ser se adaptar àquele império. Isso nos leva ao próximo ponto.
B. Aceitar a vontade de Deus
A sujeição à vontade de Deus é especialmente difícil quando estamos dominados por sonhos diferentes daquilo que Deus tem para nós. O povo de Judá estava desanimado e sentia mais alento e conforto com as mensagens mentirosas do que com a mensagem verdadeira. Deus, contudo, não desistiria de anunciar seus desígnios, porque ele jamais desistiria do seu povo e do tratamento que estava lhe dando.
Quando se vive numa sociedade sob pressão, a igreja é impulsionada a intensificar seu clamor e buscar a Deus, mesmo ou principalmente depois de ter vivido um longo período de frieza espiritual e pecado. Judá já viveu uma ótima experiência de reino independente e referência internacional no período de Davi e, depois, com outros reis fiéis à aliança. Mas perdeu esse privilégio quando abandonou a Deus (2Rs 17.19-20). Não havia, agora, outra saída, por isso a orientação de Deus era para que Judá buscasse a paz e estabelecesse uma vida familiar e trabalhasse na Babilônia.
C. Buscar a paz
A palavra shalom aparece três vezes no verso7 e significa harmonia, o que ocorre quando tudo funciona no seu devido lugar. Para que o povo vivesse em paz ele deveria acatar a palavra de Deus e exercer as mesmas funções que exerceria estando em Jerusalém, isto é, plantar, trabalhar, casar-se e ter filhos (v.5-6).
Obviamente, esse era um grande desafio, afinal, viver em paz significa estar seguro, quando cada um exerce o seu ofício com tranquilidade e planeja sua vida. Judá ainda confiava nas utópicas mensagens dos falsos profetas porque não tinha mais uma nação, um rei, um exército, enfim, não tinha nenhuma resistência. E a mensagem de Jeremias parecia uma desistência da luta.
De fato, Deus não queria que o povo lutasse nem subvertesse a ordem, mas que apenas aceitasse a sua vontade e confiasse nos seus desígnios. Como os judeus poderiam fazer isso?
D. Orando pela cidade
Orar pela cidade implica engajar-se nos problemas da cidade, significa importar-se com ela e desejar o seu bem. Judá estava sendo exortado a orar pelos seus inimigos e opressores, pela Babilônia, o que significava orar também por Nabucodonosor. O mesmo foi dito pelo apóstolo Paulo com respeito ao Império Romano (1Tm 2.1-2). E, claro, orar por Roma implicava orar por Nero, o assassino cruel de cristãos.
Esses ensinamentos não são diferentes para hoje. Imagine Paulo exortando a igreja da China dos nossos dias a orar pelo seu presidente Xi Jinping, que destrói templos cristãos e tem um programa para enfraquecer a influência religiosa
excessiva na China, referindo-se ao cristianismo. Ou, então, exortando os cristãos da Coreia do Norte a orarem