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Barbozeira: Antologia Textual
Barbozeira: Antologia Textual
Barbozeira: Antologia Textual
E-book376 páginas3 horas

Barbozeira: Antologia Textual

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Sobre este e-book

Este livro reuni tudo que forma um ser humano: alegria; tristeza; amor; sexo; fé; ilusão; realidade; santo; profano; guerra; paz; humildade; maldade; passado; presente; futuro; culpa; perdão... A natureza mais forte e profunda que torna a arte uma imitação da vida. A arte saúda seus artistas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de set. de 2015
Barbozeira: Antologia Textual

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    Barbozeira - Jorge Barboza

    Jorge Barboza

    Barbozeira:

    Antologia

    Textual

    Esta é uma obra de ficção, resultado da

    criação artística de seu autor, sem compromisso

    com a realidade, qualquer semelhança de nomes e

    de fatos é resultado de mero acaso.

    BARBOZA, Jorge.

    Barbozeira: Antologia Textual/ Jorge

    Barboza – São Paulo, 2015.

    ISBN: 978-85-69448-42-6

    1. Teatro Brasileiro. 2. Literatura

    Brasileira. 3. Ficção Brasileira. I. Título.

    Proibida a reprodução total ou

    parcial desta obra, de qualquer

    forma ou por qualquer meio

    eletrônico, mecânico, inclusive

    através

    de

    processos

    xerográficos, incluindo ainda o

    uso da internet, sem permissão

    expressa do autor e do editor (Lei

    nº 9.610 de19/02/1998).

    1

    "O sapo não pula por boniteza, mas

    porém por precisão" (João Guimarães Rosa).

    2

    3

    ÍNDICE

    LOUCURA POR LOUCURA (Peça Teatral) .... 8

    Personagens ....................................................... 10

    Prólogo ................................................................ 11

    Mudanças ............................................................ 12

    Mania por Danado ............................................. 19

    Loucura de Nancy .............................................. 24

    Zabelê, a perseguida ......................................... 30

    Insetos ................................................................. 32

    A rainha do hospício .......................................... 36

    Manchas azuis ................................................... 38

    Um amigo especial ............................................ 42

    Na solidão do louco ........................................... 43

    CHUPADOR (Peça Teatral) ............................. 48

    Personagens ....................................................... 50

    Novo Começo ..................................................... 51

    1º Ato – Começo da Entrevista ........................ 52

    A Cigana .............................................................. 54

    Primeiros Erros ................................................... 59

    Festa .................................................................... 69

    Chupador ............................................................. 82

    2º Ato - A verdade .............................................. 86

    Confessos e confusos ....................................... 90

    A loucura de Gilson ......................................... 101

    Traição ............................................................... 110

    3º Ato – O Jantar .............................................. 112

    Vingança ........................................................... 116

    Viver e Esquecer .............................................. 120

    Mais um dia ....................................................... 122

    4º Ato – Fim da Loucura do Gilson ............... 124

    Uma saída ......................................................... 125

    4

    Sem segredo .................................................... 128

    ESCARPES (Peça Teatral) ............................ 132

    Personagens ..................................................... 134

    Cenário .............................................................. 135

    Prólogo .............................................................. 135

    1º Ato ................................................................. 136

    2º Ato ................................................................. 153

    Prologo II ........................................................... 166

    3º Ato ................................................................. 168

    4º Ato ................................................................. 170

    DEPOIS (Peça Teatral) ................................... 174

    Personagens ..................................................... 176

    Cena 1 ............................................................... 177

    Cena 2 ............................................................... 187

    Cena 3 ............................................................... 192

    Cena 4 ............................................................... 198

    Cena 5 ............................................................... 203

    Cena 6 ............................................................... 208

    Cena 7 ............................................................... 218

    Cena 8 ............................................................... 224

    Cena 9 ............................................................... 226

    Cena 10 ............................................................. 229

    Cena 11 ............................................................. 232

    Cena 12 ............................................................. 236

    Cena 13 ............................................................. 239

    Cena 14 ............................................................. 240

    O PASCTO (Peça Teatral) ............................. 244

    Prólogo .............................................................. 247

    Ato I .................................................................... 248

    Ato II ................................................................... 249

    Ato III .................................................................. 251

    Ato IV ................................................................. 253

    5

    Ato V .................................................................. 256

    Ato VI ................................................................. 258

    Ato VII ................................................................ 261

    Ato VIII ............................................................... 265

    Ato IX ................................................................. 269

    Ato X .................................................................. 283

    Ato XI ................................................................. 286

    Ato XII ................................................................ 292

    Ato XIII ............................................................... 294

    Epilogo ............................................................... 303

    NETHER BRUXO (Peça Teatral) .................. 306

    Personagens ..................................................... 308

    Primeiro episódio: A Ressurreição ................ 310

    Segundo Episodio: O Sol ............................... 316

    Terceiro Episódio: O Julgamento .................. 318

    Quarto Episodio: O Mundo ............................. 328

    Quinto Episódio: O Louco ............................... 342

    Sexto Episódio: O Mago ................................. 351

    Sétimo Episodio: A Papisa ............................. 353

    Oitavo Episódio: A Imperatriz ........................ 356

    Nono Episódio: O Imperador ......................... 362

    Décimo Episódio: O Papa .............................. 365

    Décimo Primeiro Episódio: O Enamorado ... 367

    Décimo Segundo Episodio: O Carro ............. 370

    Décimo Terceiro Episódio: A Justiça ............ 372

    Décimo Quarto Episódio: O Eremita ............. 376

    Décimo Quinto Episódio: A Roda da Fortuna

    ............................................................................ 379

    Décimo Sétimo Episódio: O Enforcado ........ 383

    Décimo Oitavo Episódio: A Temperança ..... 384

    Epilogo: O Diabo .............................................. 386

    PRIMEIRA GUERRA DIVINA (Fanfic CDZ) 388

    6

    Invasores no Santuário ................................... 390

    A Primeira Guerra contra Poseidon .............. 392

    Flashback zero ponto um: Scilla de criaturas

    do mar versus Loki .......................................... 417

    A Primeira Guerra contra Poseidon – Segunda

    Parte ................................................................... 419

    Flashback zero ponto dois: A Canção da

    Morte .................................................................. 426

    A Primeira Guerra contra Poseidon – Terceira

    Parte ................................................................... 427

    Flashback zero ponto três: A decisão de

    Hipnos ................................................................ 441

    Flashback zero ponto quatro: A Ânfora ........ 444

    7

    LOUCURA

    POR

    LOUCURA

    (Peça Teatral)

    2000

    8

    Este texto é uma coprodução com: Beth

    Kaczorowski e Jaqueline Kaczorowski

    9

    Personagens

    Um repórter;

    Um narrador;

    Fabio Duran, um competente e maduro editor

    de revista;

    Estela, a nova dona da revista;

    Mara, uma solitária baiana que vive em São

    Paulo;

    Nancy, uma jovem desiludida com o amor;

    Helen, a jovem amiga de Nancy;

    Loucura, um homem sujo que usa saia e

    vários sacos pelo corpo;

    Zabelê, uma moça linda que não gosto de seu

    próprio nome;

    Valeria, a amiga de Zabelê;

    Edna, esposa de Luis;

    Luis, um alcoólatra sem jeito;

    Priscila, a rainha do hospício;

    Marcondes, um jovem maníaco que espera o

    retorno do pai;

    Fran Eva, mãe de Marcondes;

    10

    Roberta, uma louca que fala com um amigo

    invisível.

    Prólogo

    Repórter – Você já confundiu um sonho com

    realidade? Falar sobre isso é uma ameaça,

    um desafio? Vamos ver. Por favor, você, isso,

    você mesmo (aponta uma pessoa qualquer na

    platéia), pode subir aqui, um minutinho? Eu

    tenho uma pergunta para lhe fazer, tudo bem?

    Você saberia me dizer o que aquele homem

    usa no pescoço? (Aponta para um dos atores

    que está misturado na platéia, usando uma

    gravata. Espera que a pessoa responda)

    Muito bem, uma gravata. Ele(a) disse uma

    gravata, todos ouviram? Obrigado, pode voltar

    ao seu lugar. Pois bem, uma gravata. Uma

    resposta normal, coerente, lógica, como todos

    nós esperamos ouvir. Mas o que temos hoje

    para apresentar à vocês é totalmente o invejo

    disso, um universo que dizemos conhecer,

    11

    sem ter nem ao menos idéia do que estamos

    falando. Vocês já devem ter imaginado do que

    se trata: isso mesmo. A loucura.

    Mudanças

    Narrador – A revista Olha, agora mudou de

    dono de vez e estilo, pois com amorte de seu

    pai, Wilson e Estela assumem a frente dos

    negócios. Eles exigem mudanças para uma

    maior venda da revista, assim como o número

    de

    leitores.

    Inconformado

    com

    essas

    mudanças o senhor editor-chefe Fabio Duran,

    tenta argumentar com Estela:^

    Fabio Duran – desculpe incomodar a Srta.,

    mas gostaria de falar com você e seu irmão.

    Estela – Sr. Fabio Duran, eu presumo.

    Fabio Duran – Sim!

    Estela – O que tiver que falar conosco pode

    falar somente comigo, pois Wilson já meu deu

    as coordenadas.

    12

    Fabio Duran – Antes demais nada, eu não

    trabalho aqui tanto tempo para ver uma

    barbaridade dessas.

    Fabio Duran apresenta um papel, com

    as alterações exigidas.

    Estela – Estas barbaridades, como o senhor

    chama, são o fruto de uma profunda pesquisa

    de mercado, com uma geração cada vez mais

    jovem.

    Fabio Duran – Mas a revista Olha, já tem um

    público fiel, e não é qualquer revista que é

    premiada por cinco anos pela ‘Palma de Ouro’

    e o premio ‘Maravilhas do Ano’.

    Estela – Sr. Fabio Duran, não vejo o que

    alguma

    foto

    do

    ensaio

    de

    modelos

    consagradas podem interferir nos textos e

    contextos da Olha.

    Fabio Duran – Bem, srta. Estela Merani, se

    você acha que isso não interfere num

    jornalismo sério, então me diga que matérias

    13

    há na Playboy ou na Sexy desse mês?

    Estela – Não sei, não li até hoje nenhuma.

    Fabio Duran – Pois bem, eu vou lhe dizer,

    nada, pois o público que lê ou vê não se

    preocupam com o texto que nelas pode haver,

    mas sim como se mostram as chochotas das

    modelos.

    Estela fica envergonhada, respira fundo

    e continua com seu discurso.

    Estela – Tenho que concordar com o senhor,

    mas isso nós vamos mudar a partir do

    momento que mantivermos os padrões de

    textos da Olha.

    Fabio Duran – Mais como manter padrões de

    texto, se eu vivo num país miserável e

    subdesenvolvido, onde as revistas são

    subdivididas

    em:

    infantis,

    femininas,

    masculinas, políticas e de entretenimento.

    Estela – muitas revistas estrangeiras seguem

    esse linha de qualidade.

    14

    Fabio Duran – Que qualidade, minha filha, nós

    vivemos no Brasil e essas fotos não serão de

    nu artístico.

    Estela – Não serão de nu artístico, mas

    acredito que podemos chegar a um acordo

    Fabio Duran – Acredito que minha assinatura

    é indiferente para você e seu irmão.

    Estela – Wilson e eu concordamos que seu

    auxilio é estimado, mas na verdade sabemos

    que uma nova abordagem, na sua idade, é

    difícil, como também o emprego em outra

    redação.

    Fabio Duran – Tenho que concordar que

    tenho mais alguns anos até a aposentadoria.

    Estela – E que tal agora, assegurar o futuro.

    Fabio

    Duran

    começa

    a

    rir

    descontroladamente e a ironizar:

    Fabio Duran – É verdade, o que são algumas

    fotos?

    Estela – O senhor está pegando o espírito da

    15

    coisa!

    Fabio Duran – E que tal algumas receitas

    culinárias e mais comerciais.

    Estela – É isso mesmo!

    Fabio Duran – E que tal eu mudar meu visual,

    também?

    Estela – O que?

    Fabio Duran tira a roupa enlouquecido,

    ficando só de gravata e samba-canção,

    enquanto grita:

    Fabio Duran – Vamos mudar tudo! Vamos

    mudar tudo! Quem sabe o país muda ou a

    gente muda!

    Fabio Duran vai para o fundo e o

    repórter volta dizendo:

    Repórter – Creio eu que vocês ainda não

    entenderam porque eu fiz aquela pergunta do

    ínicio, sobre a gravata. Vejamos agora. Você

    que subiu aqui anteriormente, poderia subir

    16

    novamente? Obrigada, aqui está uma pessoa

    sã mentalmente, que respondeu que uma

    gravata é simplesmente uma gravata. Fique

    aqui por um tempo, por favor. Agora, vamos

    ver como uma pessoa considerada louca por

    nós responde a esta pergunta. (Fabio se

    aproxima e a repórter faz um sinal e pergunta)

    Por favor, senhor. Você poderia me responder

    uma simples pergunta?

    Fabio Duran – Depende da pergunta?

    Repórter – Você poderia me dizer o que está

    usando no pescoço? (indica a pessoa ao lado

    que veio da platéia) Ele(a) respondeu que é

    uma gravata. E você, o que me diz?

    Fabio Duran – Eu diria que é um pano colorido

    ridículo,

    inútil,

    amarrado

    de

    um

    jeito

    complicado, dificulta os movimentos da

    cabeça e exige maior esforço para o ar entre

    nos pulmões. Se alguém se distrair quando

    estiver perto de um ventilador, pode morrer

    estrangulado por esse pano. Para que serve

    uma gravata? (pergunta para o repórter, que

    17

    não responde) isso mesmo, você não

    responde porque sabe: para nada. Uma

    gravata não serve para absolutamente nada,

    estou errado? Nem mesmo para enfeitar,

    porque hoje em dia tornou-se um símbolo de

    escravidão, poder, distanciamento. A única

    utilidade de uma gravata consiste em chegar

    em casa e tira-la, dando a sensação de que

    nos livramos de algo que nem sabemos o que

    é.

    Repórter – Realmente, a sensação de alivio

    não justifica a existência da gravata. Mesmo

    assim, se eu perguntar o que é uma gravata à

    essas duas pessoas, será considerada sã a

    que responder uma gravata. Agora a decisão

    é de vocês: quem vocês acreditam ser o

    louco? O que responde que uma gravata é um

    objeto inútil, sendo considerado mentalmente

    insano por isso? Ou o são, que acredita que

    tudo é o que parece ser? Vamos fazer uma

    votação, quem acha que o louco é o que está

    a minha esquerda levante a mão, por favor.

    18

    Quem acha que o louco é o da direita,

    permaneça com as duas mãos abaixadas,

    certo? Bem o número maior de votos é foi

    para... E agora? Quem será o louco? Apenas

    lembrem-se que nem tudo é como parece ser.

    Fabio, o repórter e a pessoa deixam o

    palco.

    Mania por Danado

    Narrador – Depois que veio para São Paulo a

    baiana Mara, se decepcionou um bocado com

    os paulistas. Esperava não ter que ficar mais

    treinando conversas com o seu telefone,

    porquê? Por que assim não falaria sobre si,

    mas sobre tudo... e bem verdade que ela acha

    sua vida chata e parada, não tem mais a

    graça de alguns anos, mas é uma senhora

    bonita. No prédio que mora as pessoas mau

    se vêem e também se falam... Cansada de

    tanto silêncio o que ela faz é falar com

    19

    Danado, seu telefone, telefone sim!

    Numa canteira ao lado da poltrona na

    sala de Mara fica o Danado, telefone, ela

    agora senta na poltrona e logo pega ele no

    colo, enquanto com muito carinho pedi-lhe

    atenção.

    Mara – Não foge não, Danado! Olha pra mim,

    olha. Vamo treina conversa, vamo! Eu mais

    tu! Depois a gente acorda os vizinhos com um

    daqueles forrozão bem alto! É pra mode eles

    se queixa, gritando né. (Pausa como se

    faltasse assunto) Sabia que Jorge Amado

    morreu. Eh! Eh! E eu não li até hoje um livro

    só dele! Também pudera é caro. Mas eu vou

    comprar um, um dia desses eu leio par nós. E

    eu juro pro Nosso Senhor do Bonfim, que não

    vou ficar fazendo comentário como durante as

    novelas, certo! Agora deixa eu ligar para o

    padeiro, fica bem quietinho Danado.

    20

    Ela liga para o padeiro, mau ele atende

    e ela começa.

    Mara – Bom dia, seu Manuel já sabe o que eu

    quero? Quem é? Eu mesma dona Mara do

    401 e por favor venha logo como os meus

    quatro pães. Brigada pro senhor também.

    Visse Danado, ele sabe quem liga a essa hora

    para pedir pães e quantos! Não é uma

    beleza? Quem sabe ele vem sem pressa e

    conversa um bocadinho, não que eu não

    goste mais de falar com tu, Danado, mas de

    vez em quando é bom falar com gente. Não

    fique abichado não! Me abrace Danado.

    O telefone toca.

    Mara – Quem será? Nunca recebo ligação,

    deixa eu atender logo. Alonsio. Não tem

    ninguém com esse nome, mas pode falar

    comigo. Ah! A senhora discou o número

    errado,

    mas

    não

    quer

    conversar

    um

    21

    bocadinho. Não, então... alonsio.

    Pausa, ela respira fundo e desanimada.

    Mara – Deve ter caído a linha, qualquer coisa

    ela erra de novo e me liga né, Danado.

    Tomara né, assim quem sabe eu falo com

    mais gente. Danado, danado será que o

    padeiro vai demorar muito, porque se demorar

    eu vou ligar para outro Disk. Qual? Sei não

    qual pode ser o Disk água ou Disk

    Eletropaulo. Mas eu sei que vou senão for

    agora e mais tarde...

    Danado escorrega das mãos de Mara e

    cai no chão. Aflita ela pula em cima dele e

    começa a fazer massagem cardíaca, alem de

    outros procedimentos de primeiros socorros,

    enquanto berra...

    Mara – Danado fala comigo! Danado não

    morra pelo amor de Deus! Danado.

    22

    Ela põe o gancho no ouvido, ele está

    funcionando.

    Mara – Danado nunca mais faça isso, senão

    eu não sei, agora deixe me arrumar que o

    padeiro deve estar chegando. E falando nisso,

    que roupa tu acha que eu devo vestir?

    Mara sai e o repórter entra.

    Repórter – O que é a loucura? Segundo

    Birman,1983. "Enlouquecer é ser submetido à

    angústia e ficar prisioneiro do universo do sem

    sentido, em que nossa linguagem fica aquém

    da possibilidade de interpretar o que

    experimentamos. E o que é autentico louco?

    É um homem que preferiu ficar louco, no

    sentido socialmente aceito, em vez de trair

    uma determinada idéia superior de honra

    humana.

    Assim,

    a

    sociedade

    mandou

    estrangular nos seus manicômios todos

    23

    aqueles dos quais queria desembaraçar-se ou

    defender-se porque se recusaram a ser seus

    cúmplices em algumas imensas sujeiras. Pois

    o louco é o homem que a sociedade não quer

    ouvir e que é impedido de enunciar certas

    verdades intoleráveis". Este texto, escrito por

    um

    louco,

    um

    marginalizado

    e

    incompreendido, enquanto viveu, revela-nos a

    interpretação de quem assistiu ao mundo de

    outro prisma, do lado dos que, para nós

    perderam a identidade. (Repórter sai e entra a

    Loucura)

    Loucura de Nancy

    Gritando no corredor principal, como

    caminhando pela rua, vem um homem com

    vários sacos, saias, aparência estranha. Seu

    olhar é de extrema dualidade, satírico e ódio

    juntos. Olha uma mulher lavando a louça e

    começa a gritar:

    24

    Loucura – Troca-se moedas velhas por novas!

    Troca-se moedas velhas por novas!

    A mulher pára, pega uma velha moeda

    no bolso do avental, por uns instantes

    deslumbra a idéia louca de troca, enquanto o

    homem

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