Trivial Cotidiano
De Emanoel Reis
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Autoajuda para você
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Trivial Cotidiano - Emanoel Reis
1
Conteúdo das orelhas
Em várias circunstâncias, nas situ-
ações mais atípicas, me habituei a
ouvir o seguinte desabafo de angustiados
interlocutores: "a minha história pessoal
dá um livro". Com o tempo, descobri que
se trata de uma grande verdade. Partindo
de experiências vivenciadas no dia a dia
é possível, sim, construir histórias sensa-
cionais.
A vida de cada pessoa, por mais que
possa parecer desenxabida, é extremamen-
te rica em acontecimentos extraordinários.
O problema é que como a maioria ainda
não aprimorou a percepção, acaba desper-
Emanoel Reis é jornalista,
publicitário e teólogo. diçando essa inesgotável fonte de apren-
Trabalhou em alguns dos prin-
dizado.
cipais veículos de Comunicação
O trivial cotidiano é esta fonte de sabe-
da Amazônia como O Estado do doria. Está disponível para quem consegue Maranhão, Folha do Norte, Diler nas minudências do dia a dia as mensa-
ário do Pará, O Liberal, Jornal gens cifradas da vida.
do Dia (AP) e Diário do Ama-
É esta a fonte de inspiração de onde
pá. Foi produtor na Rede Brasil obtive a matéria-prima para produzir as Amazônia de Televisão (RBA), crônicas publicadas neste livro. A propos-professor de Texto Científico ta essencial é estimular a reflexão interior, e Acadêmico na Faculdade do partindo da observação de situações apa-IMMES (AP) e redator publici-
rentemente corriqueiras, e extrair delas
grandes lições de vida.
tário nas agências Talento Pu-
O diplomata e jornalista Francisco Ota-
blicidade e Amazoom - Sistema viano tem uma frase que considero lapi-
de Comunicação.
dar: "Quem passou pela vida em brancas
nuvens e em plácido repouso adormeceu,
Editora Meta Comunicação
quem nunca sentiu o frio da desgraca,
Av. Raimundo Álvares da Costa, 1122
quem passou pela vida e não sofreu foi es-
CEP 68900-915 - Macapá - AP
pectro de homem, não foi homem, só pas-
Telefones: (96) 99152.7365 - 98111.2230
sou pela vida e não viveu."
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3
Copyright © Emanoel Reis, 2016
Emanoel Reis
Não é permitida a reprodução desta obra, parcial ou integralmente, sem a autorização expressa da editora e do autor.
Produção Editorial, Projeto Gráfico e Arte da Capa
Emanoel Reis
(A folha da árvore é o símbolo da vida)
Reis, Emanoel
Trivial Cotidiano
Emanoel Reis
Macapá: 2016 - 15 x 21 cm.
97p.
TRIVIAL COTIDIANO
1. Jornalismo 2. Teologia 3.Amazônia 4. Política
1ª Edição
CDU 82 - 1/-9
Os direitos para publicação desta obra em língua portuguesa estão reservados para: Editora Meta Comunicação
Macapá - Amapá
Av. Raimundo Álvares da Costa, 1122
CEP 68900-915 - Macapá - AP
Edição do Autor
Telefones: (96) 99167.3362 - 98111.2230
2016
4
5
ÍNDICE
Intolerância às diferenças.....................................72
Vamos ganhar?......................................................74
Walter, o carpinteiro.............................................76
Nem gregos ou goianos........................................12
Resposta ao Velho Comunista............................78
As irmãs siamesas.................................................14
Sozinho, jamais................................................... 80
Coração selvagem................................................16
Duas caixinhas e um ciscante...............................82
O desabafo do escriba..........................................18
Lições do mestre...................................................84
As duas moedas....................................................20
Educando vencedores..........................................86
Quando Celso de Melo tremeu...........................22
O amigo da onça..................................................88
A vingança da mulher traída..............................24
O deboche do Casseta..........................................90
Benditas decepções..............................................26
Angustiante finitude............................................92
Acorda, Gumercindo!..........................................28
As revistas do Juvenal..........................................94
Aceita um cafezinho?...........................................30
A aposta do Bedran..............................................96
Sua bênção, Nazica!..............................................32
O dia de Oxumaré................................................34
Velho, eu?.............................................................36
Encantos do Salmo 23.........................................38
Pedaços de felicidade...........................................40
Cacos e pedregulhos............................................42
O verão da andorinha..........................................44
O povo sofre..........................................................46
Compromissos e Políticas....................................48
De tão bozinhos, viramos babacas.....................50
Uma nova disciplina............................................52
Deus, a base de tudo............................................54
Vontade de vencer................................................56
Escrever é cortar palavras...................................58
As janelas da alma................................................60
Cantares matinais.................................................62
Controversa dicotomia - I..................................64
Controversa dicotomia - Fim.............................66
Sentimentos natalinos.........................................68
Serra Pelada
sem Curió.....................................70
6
7
APRESENTAÇÃO
Ocotidiano é inesgotável fonte de sabedo-
ria. Em especial, quando a percepção está
preparada para absorver as situações mais
corriqueiras, que parecem intrinsecamente triviais,
como uma pedra no caminho ou, seguindo nessa
mesma linha de raciocínio, permite extrair conheci-
mento de cacos e pedregulhos encontrados em cal-
çadas ou numa simples estrada de chão. O cotidiano
ensina a tirar dos acontecimentos mais comezinhos
lições enriquecedoras, essenciais para o desenvolvi-
mento mental e espiritual.
Contudo, existe algo mais trivial do que uma fo-
lha de árvore? Na maioria das cidades do mundo,
inclusive na mais distante e isolada, ela está presen-
te na vida cotidiana das populações. É parte inte-
grante do cenário, componente indispensável dos
complexos urbanos e imprescindível na preservação
do ambiente rural. A folha é o símbolo da vida, e
(basta observar) cada uma reage diferente às lufadas
do vento. "Somente a árvore seca fica imóvel entre
borboletas e pássaros", afirmava Cecília Meireles.
É exatamente do trivial cotidiano, da mesmice
aparente, das pedras, cacos e folhas de que trata este
livro de crônicas do caos sem fim no qual a huma-
nidade está há muito submersa. São resultados de
observações continuadas e experiências pessoais
vivenciadas em diferentes épocas e lugares, absor-
vidas na convivência com as pessoas e suas idios-
sincrasias.
Das 53 crônicas publicadas pelo autor deste livro
no semanário amapaense FOLHA DO ESTADO,
entre 2010 e 2014, 42 foram selecionadas seguindo
o princípio da gênese existencial. Ou seja, a propos-
ta basilar é provocar a reflexão e, sem pretensões ou
pedantismos, contribuir para o crescimento indivi-
dual de cada ser que deseje transformar seu cotidia-
no numa inesgotável fonte de sabedoria.
Às minhas quatro mulheres:
Rosa, Socorro Bessa, Tatiana e Sofia
8
9
Trivial Cotidiano
Trivial Cotidiano
Nem gregos
Cristo, estabeleceu parâmetros para quem quiser ser Seu amigo: (…) se fizer-des o que eu vos mando
(João 15:14). Esta é a condição: SE.
Ou goianos
Há quem não compreenda o SE como medida para uma grande amizade e
meta os pés pelas mãos ao confundir liberdade com libertinagem. Ignora os limites da boa convivência social invadindo privacidades e violando individualidades. É suscetível em demasia, desconhece o deixa pra lá
como instrumento de perdão, trama em silêncio pequenas vinganças, aplica ipsis litteris A
a Lei de Gerson
, torna-se maledicente. Essas são as pessoas cujos perfis gradar a gregos e goianos
é o maior de todos os equívocos. As
levaram Napoleão Bonaparte a pronunciar a famosa frase: Deus me livre dos relações humanas são pautadas pelas diferenças; quem não conse-amigos que dos meus inimigos cuido eu.
gue conviver com elas mente para si mesmo. E certamente, esta é
Particularmente, não concordo com Napoleão. Prefiro Deus proteja meus a pior de todas as mentiras. Existem pessoas afinadas com seus pensamentos, amigos e minha família que dos meus inimigos cuido eu
. Afinal, ninguém ações e palavras. Outras, discordam e até o criticam com veemência, às vezes vive sozinho. Nem Zaratustra conseguiu tal feito. Tanto que após 30 anos ele chegam ao extremo para demovê-lo de suas ideias e ideais como se fossem saiu de sua caverna para proclamar a morte de Deus
e decretar a supremacia detentoras da verdade absoluta.
do super-homem
. Não do ridículo herói americano, mas, do homem auto Nesses momentos, quando parece que o caldo vai entornar, a melhor es-superável
. Ou seja, aquele que venceu suas fraquezas e conquistou a máxima tratégia é recuar para evitar confrontos diretos. Concorde com elas mantendo liberdade ao prescindir de deuses. Infelizmente, este homem nunca existiu. E
certa autonomia para que não percebam que você está anuindo somente para acredito, jamais existirá.
evitar maiores chateações. Melhor manter um amigo ocasional do que criar Ao contrário de sua criatura, Friedrich Nietzsche era um grande conviva um inimigo figadal. Claro que nem sempre isso é possível porque há quem e antes de adoecer conquistou amigos e admiradores. Para o grande filósofo, antipatize com você logo de cara e faz questão de demonstrar essa ojeriza. A somente dois sentimentos podem destruir uma amizade: desconfiança e inve-esses, o melhor remédio é a indiferença. Afinal, como uma onda no mar as ja. "A falta de confiança entre amigos é erro que não pode ser repetido, sob amizades vêm e vão independente do tempo que faz.
pena de ser irremediável, sentenciou, acrescentando que a falta de amigos Existem os fingidores, aquelas pessoas habilidosas no engodo, na perfídia, faz pensar em inveja ou presunção.
Por isso, há pessoas que devem seus amina malícia, na dissimulação, na astúcia. Conheço algumas com essas apti-gos à feliz circunstância de não ter motivo para a inveja.
dões", e convivo com elas com relativa tranquilidade. Elas não sabem, dedu-zo, que eu sei que possuem essas características. Deixo que pensem que sou um néscio. Se eu as temo? Sim, tenho medo delas. São perigosas, sobretudo quando atacadas no que mais prezam em si mesmas: a vaidade. Com esses, eu literalmente piso em ovos. Procuro não ofuscá-los; tampouco, confrontá-los.
Todo cuidado com eles é pouco, pois, são perscrutadores e dissecadores de almas. Eles conhecem profundamente os sinais formados a partir de trejeitos, muxoxos, gestos e movimentos de braços e pernas. São estudiosos, pesquisadores, perquiridores, experimentadores. Qualquer arquear de sobrolhos ou um cruzar e descruzar de braços ou pernas pode ser interpretado como gestos favoráveis ou desfavoráveis. Meu conselho é: mantenha-se impassível, ouça mais, fale menos e não se apresse em concordar ou discordar.
Não existe nenhuma fórmula mágica para prolongar uma amizade. Mas,
uma longa amizade pode ser desfeita em segundos. Basta uma contrariedade, um gesto impensado ou palavra malditosa e tudo vai por água abaixo. Explico: as relações são muito frágeis. As amizades, mesmo longas e firmes, são muito frágeis. O amor, por mais forte que seja, é muito frágil. Porque todo mundo se magoa, se fere, se atinge. Mesmo sem querer. O próprio Jesus, o 10
11
Trivial Cotidiano
Trivial Cotidiano
para mitigar as lembranças. Não foi fácil. Hoje, as tragédias se avolumam.
As Irmãs
Muita gente matando gente. Implacáveis como os nazistas em Auschwitz.
Por isso, recomendo atenção redobrada. Há algum tempo, formulei a "Te-
Siamesas
oria do Morcego