Nem Sapo Muito Menos Príncipe

De Edvaldo Pereira Lima

Um escritor e um médico sexólogo desenvolvem uma conversa sobre a sexualidade masculina. Uma abordagem descontraída nesse território tão decisivo da vida de todo ser humano. Tabus, ignorância, desafios e educação transformadora fazem parte do diálogo que também é da maior importância para as mulheres. Compõem o pano de fundo as frustrações e os desencontros de criaturas que sentem o convidativo apelo do sexo, mas o veem sob olhos completamente diferentes. Como homens e mulheres lidam com questões tão angustiantes quanto a disfunção erétil, a ejaculação precoce, o bloqueio de libido? Que histórias humanas rolam no consultório ilustrando o sofrimento inimaginável de pessoas em dificuldade sexual? O que dizer de assuntos ainda mais controversos, como o swing e a excitação anal de homens? Pílulas e medidas drásticas intervencionistas resolvem? Que caminho de esperança sinaliza uma promessa de bem-estar para quem vive os descarrilamentos indesejáveis da função sexual natural? O escritor gosta de trabalhar temas que colocam em primeiro plano a condição humana, nesta nossa sociedade agitada, complexa, em múltiplos movimentos de mudança de valores e conceitos, para homens e mulheres. O médico, impulsionado pela sua vocação inata para ajudar a curar o ser humano em dor, especializou-se em sexologia. Optou por oferecer uma alternativa diferenciada, apoiada agora nos seus anos de experiência do convívio diário com os dramas que se escondem sob os lençóis das intimidades de casais. O diálogo elucidativo de ambos é para você.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 14 de jun. de 2016

Pré-visualização do livro

Nem Sapo Muito Menos Príncipe

Sexualidade Masculina:

Diálogo Para Homens e Mulheres

Edvaldo Pereira Lima

e

João Borzino

Edição dos Autores

1ª. edição

Sistema editorial Clube de Autores

www.clubedeautores.com.br

São Paulo, junho de 2016

Copyright @ Edvaldo Pereira Lima e João Borzino 2016.

Capa e diagramação: Marcelo Bighetti

Transcrição de áudios de entrevistas: Laura Louise Martinez Luduvig.

Agradecimento especial a Frances Rose, pela sugestão do título, a partir de uma ideia original de João Borzino.

Proibida a reprodução por quaisquer meios (eletrônicos, fotográficos, xerográficos, mecânicos, gravação, estocagem em banco de dados e outros) sem autorização explícita dos autores, exceto em citações breves com indicação da fonte.

Todos os direitos reservados.

ISBN 978-85-921304-0-4

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Lima, Edvaldo Pereira

Nem sapo muito menos príncipe : sexualidade

masculina : diálogo para homens e mulheres /

Edvaldo Pereira Lima, João Borzino. -- 1. ed. --

São Paulo : Ed. dos Autores, 2016.

1. Entrevistas (Jornalismo) 2. Homens -

Comportamento 3. Homens - Comportamento sexual

4. Homem - Mulher - Relacionamento 5. Jornalismo

literário 6. Masculinidade 7. Sexo I. Borzino,

João. II. Título.

16-04602       CDD-070.4

Índices para catálogo sistemático:

1. Homens : Comportamento : Jornalismo

literário 070.4

ÍNDICE

PAPO DE HOMEM. TAMBÉM PARA A MULHER

MACHO EM CRISE E OUTRAS CONFUSÕES DA ERA GLOBAL

MULHER OBJETO E MAIS FANTASMAS DO PRAZER

O GRANDE DESAFIO PARA ELAS. E PARA ELES.

ESTRANHEZAS DO SEXO, SOLUÇÕES SOMBRIAS

A JORNADA DE UM MÉDICO ESPECIALISTA EM SEXO

TABUS, MAIS QUESTÕES INDIGESTAS E A LUZ NO FIM DA DOR

Sobre os Autores

1

PAPO DE HOMEM. TAMBÉM PARA A MULHER

Este livro é um papo de homem. Esqueça, porém, as conversas masculinas de vestiário, o papo contar vantagem na happy hour de depois do expediente sexta-feira, a confissão cheia de culpa e medo para o padre na igreja. Não é uma conversa do seu marketing pessoal para alisar o ego, nem para projetar imagem de super fodão junto aos amigos e colegas. Nem é só para homem. É também para a mulher.

O assunto é sexo. Sexualidade masculina.

Vamos jogar o jogo sério de entrarmos fundo nisso. Sem firula. Sem passinho lateral para lá e para cá de time sem fibra para partir para cima. O nosso jogo é para a frente. Vamos para o ataque. A meta é o gol. Só que não podemos ficar na superfície da sombra dos preconceitos e da ignorância. Para chegar lá, temos que abrir o sol sobre tudo. Lançar luzes naqueles cantos obscurecidos pela sociedade, pela má educação e pela tradição distorcida de nossos pais, nossos avós, nossas mães, nossas companheiras.

Eu, Edvaldo, o escritor, preparo as jogadas no meio de campo, arquiteto lances de ataque. Sirvo João, o especialista, para ele lá na frente deixar o lance livre e servir de garçom, fazendo o passe final para você fazer o gol.

Você, caro leitor, você, prezada leitora, está aí na arquibancada, mas o convite é para vir a campo. Escolha o que deseja fazer, mas convém abandonar a posição neutra de observação externa e pular para dentro de onde a bola já está rolando. Você decide. Joga no gol, na defesa, na armação de jogadas, no ataque. Pode ser juiz, bandeira. O que quiser. Ou até mesmo ficar no banco de reservas, a postos para entrar no time a qualquer momento.

Sou seu embaixador. Represento você. Pois o astro oculto deste livro é você. O livro é para você, homem, personagem real das histórias, dos casos e das situações que vão desfilar por aqui. É para você, mulher, para ajudá-la a compreender melhor esse bicho às vezes meio estranho – aos seus olhos, imagino— que é o homem. Levo suas inquietudes, seus desafios, sua alegria, sua dor oculta, seu drama, talvez, para o João. Nós dois fazemos uma tabelinha de ataque, buscando contribuir para você se localizar no centro da ação e aí decidir. Agora com mais conhecimento, domínio, segurança. Na paz, na força, no seu centro de poder e consciência.

Vamos jogar assim. Trago as questões, comento um pouco, contextualizo, provoco, traço a estratégia de avanço. Jogo a bola para o João. Ele é quem se encarrega de usar a experiência, o conhecimento profissional e humano para conduzi-la lá para a frente, para a pequena área onde você deve estar pronto para se ver, se reconhecer, se posicionar. E avançar, disposto a fazer o que sentir que tem de fazer para concretizar ou transformar ou melhorar sua postura na vida diante dessa questão humana tão essencial e tão marcante para o homem que é a sexualidade.

João é médico sexólogo, psicoterapeuta. Experiente, especialista numa área ainda ignorada por muitos de seus colegas de profissão, ainda jovem, tem muito a contribuir tanto pelo seu conhecimento acumulado pela formação acadêmica quanto pela prática clínica. A isso se acrescenta sua vivência humana. O médico e a pessoa se juntam numa coisa só e o João vem aqui para o centro da cena expor o que tem a compartilhar conosco.

Despojado, franco, gestos largos, jeito simpático daqueles caras descontraídos de praia que fazem amizade fácil com todo o mundo, João tem seu modo diferenciado de lidar com esse tema tão relevante para todos nós, homens e mulheres. Relevante e menos considerado, na verdade. Sobre a sexualidade feminina há muita coisa discutida e comentada na sociedade contemporânea. Sobre a sexualidade masculina, porém, muito pouco. Quase nada que valha realmente a pena, isenta de abordagens estereotipadas. É aí que João tem uma conversa importante a desenvolver conosco.

Neste século XXI de avanços tão marcantes em tantas frentes da atividade humana, de conexão via satélite em que os mundos e as culturas se relacionam e o distante se torna aparentemente próximo, tudo é muito rápido, e muita coisa muda à velocidade estonteante da luz. De onde não esperamos surgem desafios, pressões, demandas. Padrões, papéis, modelos sociais multiplicam-se, diversificados. E nem sempre conseguimos acompanhar, respondendo ao desafio da maneira mais adequada.

Ser homem neste mundo em transição para um rumo que não sabemos onde vai dar também não é fácil. Temos a nossa própria carga de pressões complexas que se refletem no falo como símbolo de algo muito maior, a nossa própria identidade.

Vamos nessa. Vamos entrar nisso. Levantar a cortina e explorar o território. Sem anestesia, mas com ternura. Venha. Estamos juntos.

2

MACHO EM CRISE E OUTRAS CONFUSÕES DA ERA GLOBAL

Nossos dias acelerados deste mundo globalizado vivem mudanças de valores e posturas que provocam efeitos muito fortes na sexualidade masculina. O estado de deterioração do planeta é atribuído às vezes ao excesso de violência da atuação predominante do homem, considerada predatória e ignorante. Ser homem agora, pressionam certas correntes de forças sociais, é também ativar a porção feminina que dizem existir no interior de cada um. É trazer ternura para o vigor, carinho para a virilidade. Além de prover e proteger, o homem agora precisa também sentir com delicadeza.

Como chegar lá? Como o homem atual constrói sua identidade em meio a essa demanda conflitante com o modelo tradicional masculino que recebeu do pai, do avô, dos mais velhos? Pode não ser fácil. Pode haver uma dor profunda, amordaçada e aprisionada a ferro e fogo no interior do peito. Pois homem que é homem não chora, não é mesmo?

Ah, o sofrimento fálico escondido nos lençóis dos casais ou nas dobras solitárias dos homens solteiros...

— Começando este papo, João, qual é o problema principal do macho humano hoje