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Lógicas Da Vida
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E-book602 páginas8 horas

Lógicas Da Vida

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Sobre este e-book

Este livro é fruto do que fui escrevendo para mim mesmo ao longo dos últimos 20 anos. Foi a forma que encontrei para organizar os ensinamentos da caminhada e dos mestres, a fim de produzir efeitos na minha vida. Objetivei produzir uma obra diferenciada, que evitasse a repetição de tantas obras e mostrasse coisas sob ângulos novos ou pelo menos numa sequência/estrutura mais interessante. Não é uma obra de psicologia ou que vá fundo em assuntos da psicologia, nem tampouco nas questões existenciais. Nele apenas são apresentadas lógicas do cotidiano que as pessoas nem sempre percebem ou percebem de maneira fragmentada, não organizada, não utilizável. O propósito é expor o leitor às principais lógicas da vida prática e deixar que ele as use como lhe parecer mais conveniente. A vida é feita de escolhas e consequências.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de out. de 2017
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    Pré-visualização do livro

    Lógicas Da Vida - Luiz Paschoal

    Apresentação

    Após o lançamento do livro A Vida Inteligente, co-autoria com Maria Ramona Paschoal, Rodrigo Paschoal, Marisa Inês Scarpelli e Adriano Ventura, fiquei com um gostinho de quero mais. O trabalho realizado para a elaboração daquela obra me fez aprofundar nas lógicas da vida e formar um pensamento mais organizado sobre elas. Isto aconteceu entre 1997 e 1999 e desde então me dediquei a pesquisar, estudar, aplicar, compreender e registrar tudo o que descobria e experimentava nesse campo.

    Na metade de 2013 tomei finalmente a decisão de organizar tudo o que havia descoberto e escrever um novo livro, mais voltado para as lógicas que sempre me seduziram no campo da excelência humana. Comecei então a direcionar as minhas ações nesse âmbito – em paralelo às atividades profissionais de consultoria. A minha efetiva concentração na sua elaboração deu-se a partir de julho de 2015. Pensei em vários títulos e acabou prevalecendo o da primeira hora: Lógicas da Vida. Tive o cuidado de evitar o título "As Lógicas da Vida, pois esse As poderia sugerir a pretensão de abranger todas as lógicas".

    Leio muito, mas sempre movido pelo desejo de encontrar nas leituras alimento para o espírito e para a vida concreta. Meu espírito prático exige isso. De tudo que leio e me desperta interesse, procuro extrair lições aplicáveis para mim; tudo que experimento, seja em decorrência das informações que colho ou desenvolvo, assim como o que observo nas pessoas e nos fatos, registro, estudo, depuro, aprofundo. Acabo, com isso, acumulando um grande volume de informações. Da organização dessa informação e de seu uso no cotidiano, nascem meus livros.

    Para Stephen Covey, escrever é outro modo poderoso de afinar o instrumento mental. Manter um livro de anotações de seus próprios pensamentos, experiências, descobertas e aprendizados estimula a clareza e a destreza mentais. O ato de expor os pensamentos mais profundos, sentimentos e ideias, afeta positivamente nossa capacidade de pensar com clareza, de raciocinar com precisão e de compreender efetivamente. O jornalista e escritor U Win Tin passou dezenove anos preso por contrariar o regime militar de Mianmar, antiga Birmânia. Para manter a sanidade mental, ele fazia uma pasta com fragmentos de tijolo e usava a mistura para escrever versos nas paredes de sua cela.

    Lógicas da Vida é, portanto, fruto do que fui escrevendo para mim mesmo ao longo dos últimos 20 anos. Inicialmente para mim, como forma de organizar os conhecimentos e pensamentos, foi feito aos poucos e ao longo dos anos, a partir das experiências vividas, aprendizagens e reflexões colocadas em prática, Ainda não sou, claro, tudo o que eu quero ser, mas não seria razoável esperar ficar pronto para só então passar a minha experiência de progresso. Li, em algum lugar, que o voluntário participa da transformação e se transforma também. Vai, neste livro, a minha experiência, o que apliquei com sucesso e o que ainda luto para aplicar. Não me parecia correto guardar só para meu uso exclusivo.

    Era o tipo de livro de que eu precisava, por isso o fiz. Tudo que vai nele, serviu para mim antes de mais nada. No capítulo 6 cito uma passagem em que Gandhi foi instado por uma mãe a aconselhar seu filho a não comer açúcar. Antes de fazê-lo, porém, Gandhi se disciplinou a abandonar o açúcar. Antes de passar aos outros este livro, ele teve que ser bom para mim. Foi mais ou menos isso o que aconteceu com a advogada americana Gretchen Rubin ao escrever o livro Projeto Felicidade, comentado pela revista IstoÉ. Gretchen tinha tudo, mas não se sentia feliz. Foi aí que decidi listar o que me dava prazer e ir atrás. Depois de pesquisar teorias e estudos sobre felicidade, ela desenvolveu um projeto para si própria. Dessa experiência nasceu seu livro.

    Minha experiência de vida é a dura história de milhões de pessoas: infância em família numerosa e pobre, o trabalho precoce, a migração para a cidade grande, os conflitos domésticos, a dura jornada de dezesseis horas entre trabalho, estudo e transporte precário. Não sei se foi uma conquista extraordinária, mas a estatística não deixa dúvida de que esse progresso é o sonho de muita gente. Pode não ter sido uma vitória espetacular, mas descreveu um caminho que pode levar a muito mais. Faço, em Lógicas da Vida, uma mistura dessa experiência de vida com as informações que me ajudaram. Não tenho - nem poderia ter - a pretensão de esgotar os assuntos aqui tratados, e, sim, de levantar o fundamental acerca deles. Sabemos que mudanças, quando acontecem, vêm de dentro. Por isso, quis apenas expor o leitor aos fatos e deixar a ele decidir o que fazer. Viver é isto, ficar o tempo todo se equilibrando entre escolhas e consequências dizia Jean-Paul Sartre. Em Poder sem Limites, Anthony Robbins diz: Imaginei para este livro uma obra para a qual você pudesse voltar sempre que quisesse e sempre encontrar alguma coisa útil para sua vida. Sei que muitos dos assuntos sobre os quais discorri poderiam dar outros tantos livros. No entanto, eu quis lhe dar uma informação completa, algo que pudesse usar em cada área.

    Como disse antes, esse era o tipo de livro de que eu precisava, por isso o fiz. Tudo que vai nele, serviu para mim antes de mais nada. Espero que os leitores tirem igualmente dele o proveito que eu mesmo tirei.

    Nota

    Usei e abusei de frases e pensamentos por terem eles o pressuposto da lógica. São o testemunho de pessoas de grande expressão e foram inseridos aqui para estimular a reflexão, não para embelezar a obra. Como não aproveitar tanta lucidez convergente para os temas tratados? Woodrow Wilson disse: Eu não apenas uso todo o cérebro que tenho, mas todos os que consigo pegar emprestado. Em Mensagens de um amigo, Anthony Robbins fala do poder das convicções e enumera algumas com o mesmo sentido das frases. Estas são, portanto, convicções de pessoas respeitadas. Meu propósito com as frases é dar-lhes um sentido mais amplo do que simples toques de reflexão, mas fazer uma parte afirmativa do próprio texto. Além de tudo, o livro não apenas reúne uma extensa quantidade de frases de grande valor, mas as organiza voltadas para cada assunto, reforçando a ideia do texto e permitindo um maior aproveitamento das próprias frases.

    Pelas mesmas razões, procurei utilizar aqui muitas citações de autores. Não apresento suas obras sob a rubrica de bibliografia, pois esta expressão daria ao seu uso uma conotação de fontes de pesquisa. Não o são. São obras que li, entre muitas outras, para meu uso, meu proveito. 

    Pequena Introdução

    Tudo que alarga a esfera dos poderes humanos, que mostra ao homem que ele pode fazer o que pensa que não pode, é valioso. Ben Jonson

    Em Um Toc na Cuca, Roger Von Oech diz: A lógica só pode abranger as coisas que tenham natureza consistente e não-contraditória. Só que a maior parte da vida é feita de ambiguidades – a inconsistência e a contradição são marcas permanentes da existência humana. Tem razão Roger Von Oech quando diz que a maior parte da vida é feita de ambiguidades, mas ele mesmo tem sua lógica para lidar com essa aparente falta de lógica. A ideia básica deste livro é buscar a lógica por trás das ambiguidades.

    Se a maior parte da vida se apresenta com uma aparente falta de lógica, o que dizer então dos seres humanos? O ser humano não é lógico, é psíquico, é emocional. Pesquisas comprovam a irracionalidade humana mesmo no âmbito da Ec onomia. Lógicas da Vida não ignora ser o homem um ente ilógico, carregado de ambiguidades, movido por razões oriundas menos da lógica e mais das emoções, hábitos, etc. No entanto, as lógicas existem e entram em tudo, mesmo em campos onde preponderam as emoções. Sempre há lógicas por trás de tudo que dá certo, de uma forma ou de outra. Esta obra foi trabalhada, também, a partir da convicção de que tudo na vida é regido pela lei de causa e efeito. E nada é mais lógico do que esse princípio.

    A lógica está tanto nos aspectos elevados da vida como nas coisas mínimas do cotidiano. Até a aparente ausência de lógica segue algum processo lógico. Nas decisões de uma empresa, nas interações de uma pessoa com diferentes personalidades, num jogo de cartas, numa partida de xadrez, temos mais chance de obter êxito se observarmos como as coisas funcionam, qual é a lógica que há por trás delas. Assim é com a vida.

    Em 50 Ideias de Filosofia, o professor Ben Dupré trata, obviamente, da Lógica. Segundo ele argumentos são os tijolos com os quais se constroem as teorias filosóficas; a lógica é a argamassa que mantém os tijolos unidos. Boas ideias valem pouco, a menos que sejam sustentadas por bons argumentos – estes precisam ser justificados racionalmente, e isso não pode ser feito sem bases lógicas firmes e rigorosas. Lógica é a ciência de analisar argumentos e de estabelecer princípios ou fundamentos com base nos quais podem ser feitas inferências sólidas.

    Este não é um livro de Filosofia e não pretende ir fundo nas questões existenciais nem no campo da Lógica pura. Lógicas aqui são as noções de evidência entre causa e efeito, ditadas pela vivência, pelos estudos e pela intuição. Não têm a pretensão da lógica filosófica.

    É tampouco um livro de Psicologia ou correlato a ela. Em Os 7 Hábitos das Pessoas muito Eficazes, Stephen Covey diz: Executivos com visão de longo prazo não dão a menor importância à psicologia de estímulos fáceis e aos conferencistas ‘motivacionais’ que não trazem nada além de histórias divertidas entremeadas de lugares-comuns. Tenho a mesma posição desses executivos. Por isso procurei dar a este livro um escopo tão distante quanto possível do padrão usual da psicologia de estímulos fáceis. Evitei tudo que se apresentasse como receita. A abordagem dos valores caros à vida costuma ter a conotação de conselhos do tipo faça isso, aja de tal modo, mas aqui os valores aparecem como opções pessoais. A Regra de Ouro, por exemplo, é apresentada aqui como um valor para a convivência, mas nunca como um conselho. Longe de meras fórmulas de sucesso, meu objetivo foi colocar questões para fazer pensar. Aliás, a própria concepção de sucesso não tem aqui nada de apego à vaidade, tem sempre o sentido da realização de um sonho, concretização de um objetivo, cumprimento de uma jornada vitoriosa, superação de obstáculos, limitações, adversidades e dificuldades.

    Parte I

    LÓGICAS DA EXCELÊNCIA NO SER

    Capítulo 1

    Lógicas no Lidar com a Mente

    O que se encontra atrás de nós e o que se encontra à frente são problemas menores, comparados com o que existe    dentro de nós. Oliver Wendel Holmes

    É a própria mente de um homem, e não seu inimigo ou adversário, que o seduz para caminhos maléficos. Buda

    Eu consigo calcular o movimento dos corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas. Newton

    A mente é, ao mesmo tempo, a benção e a maldição do ser humano. Erich Fromm

    Blaise Pascal diz que o coração tem razões que a própria razão desconhece. Essa frase tornou-se mais conhecida na música Aos Pés da Santa Cruz de Marino Pinto e Zé da Zilda. Sabendo o que se sabe sobre a mente, pode-se dizer que a mente tem razões que a própria razão desconhece.

    No esforço de adaptação para a evolução e a sobrevivência da espécie humana, a mente tornou-se cada vez mais ágil na prevenção do perigo e nas artimanhas para contornar obstáculos. As mudanças no ambiente reduziram esses perigos, mas a mente seguiu no seu papel de prevenir, deixando as pessoas numa aflição permanente com seus fantasmas.

    O filme As Três Faces de Eva narra a história real de uma mulher com três personalidades bem distintas que se manifestam alternadamente. A mente humana é um poço de complexidade.

    A MENTE É UM ANIMALZINHO REBELDE, MAS DOMESTICÁVEL

    Não nos deixemos criar males imaginários, quando sabemos que temos tantos outros reais para enfrentar.  Oliver Goldsmith

    Não regue suas ervas daninhas. Harvey Mackay 

    É a mente que faz a bondade e a maldade, que faz a tristeza ou a felicidade, a riqueza e a pobreza. Edmund Spenser

    A mente está em seu próprio lugar, e em si mesma. Pode fazer um Céu do Inferno, um Inferno do Ceu. John Milton.

    Eckhart Tolle (Ulrich Leonard Tolle) relata que, antes de chegar aos trinta anos, viveu momentos de fortes perturbações. Ao acordar de uma noite particularmente aterrorizante, teve um pensamento que era sua situação-limite: Não posso mais viver comigo. Viveu, a partir daí, uma grande transformação. Os anos seguintes foram dedicados ao entendimento e aprofundamento dessa transformação e o que aprendeu colocou em livros, entre os quais o mais conhecido é O Poder do Agora.

    Ao contar o auge de suas perturbações, o não posso mais viver comigo, Tolle diz: "Então, de repente, tomei consciência de como aquele pensamento era peculiar. ‘Eu sou um ou sou dois? Se eu não consigo mais viver comigo, deve haver dois de mim: o eu e o eu interior. ‘Talvez – pensei -, só um dos dois seja real’. Com isso, Tolle viu que, se havia um só eu real, então o outro eu era irreal, quer dizer, feito apenas de pensamentos e palavras. Isto tinha um significado crucial: o eu real podia observar o eu irreal". Ou ainda: se podemos observar nossa mente, nós não somos a nossa mente. Essa é a notícia boa, porque, além de ser a mente uma ferramenta de que lançamos mão para realizar coisas, ainda podemos assumir o controle quando ela insiste em atuar como protagonista na nossa vida. 

    Uma maquininha infernal

    Já pensou ter um inimigo onipresente, vivendo com a gente 24 horas por dia, influenciando em tudo? Pois às vezes a mente se torna um inimigo assim. Junta um pensamento a outro e depois a outro, numa corrente sem fim, fazendo da cabeça uma panela de pipoca cheia estourando no fogo alto. Pensamentos pipocando sem parar. Percebi isso especialmente quando tinha insônia. Se não interrompia essa corrente, os pensamentos se encadeavam sem parar, a atividade cerebral acelerava e eu ia ficando mais agitado. Esse livre pipocar de pensamentos inibe o sono e tira o foco durante a vigília, nas horas em que a pessoa pode ser produtiva.

    A mente nunca para de se manifestar. É como uma estação de rádio que nunca interrompe as transmissões. Infelizmente, muitas dessas manifestações são autodepreciativas ou colocam dúvidas sobre nossas capacidades. O fato é que não existem fundamentos para essas apreensões, existem apenas pensamentos, palavras, manifestações que a mente engendra a partir de um monte de impressões que ela acumulou ao longo do tempo.

    Conviver com a mente sem deixá-la no controle

    A culpa é origem dos sofrimentos, o demônio vingador que nos segue com chicotes e espetos. Nicholas Rowe

    Apenas em águas tranquilas as coisas se refletem sem distorção. Apenas em uma mente tranquila está a percepção adequada do mundo. Hans Margolius

    Não podemos temer o passado. O medo é uma coisa do futuro. E desde que o futuro está todo em nossas cabeças, o medo deve ser uma coisa da cabeça. Tom Payne

    O medo pode ser vencido. Eu me tornei uma pessoa melhor e um jogador de futebol melhor quando eu aprendi esta lição.  Roger Craig

    Tolle diz que, a menos que estejamos presentes e conscientes, a mente vai dominar. O script armazenado na mente, aprendido ao longo de tanto tempo, vai ditar o modo de pensarmos e agirmos. Mas a pessoa pode negar-se a aceitar as insinuações da mente. Além de se afastar e observar a mente e o que pensamos, podemos direcionar a atenção para o Agora, tornando-nos conscientes do momento. Com isso damos total atenção a qualquer atividade rotineira, transformando-a em um fim em si mesma, e desviamos o foco da consciência para qualquer coisa que não seja a atividade da mente. Podemos prestar atenção a cada movimento que fazemos, em cada momento, como, ao subir ou descer uma escada, observar a respiração; ao lavar as mãos, sentir o cheiro do sabonete, o contato e o ruído da água.

    Em O curso da confiança, Walter Anderson diz: Pouca coisa que fiz em minha vida causou tanto dano e sofrimento como minha preocupação com as coisas que poderiam acontecer. Tive, em determinadas fases da minha vida, pensamentos perturbadores que apareciam em momentos de apreensão com a saúde, a solidão, o futuro, os problemas sem perspectivas de solução. Não chegavam a constituir exatamente pensamentos no sentido de formular reflexões conscientes, mas apenas sensações negativas, derrotistas, tristes, depressivas. Sentia nessas ocasiões que essas sensações negativas interferiam no fisiológico e minavam minhas forças. Se permitia fundir-me com esses sentimentos, entrava em processo autodestrutivo. Para evitar que isso acontecesse, passei a policiar-me armado da convicção de que se tratavam apenas de pensamentos, de formulações espontâneas da mente, sem conexões com fatos reais.

    A maioria das preocupações que temos carece de fundamento. Quando as preocupações são exageradas, um meio de acabar com elas consiste em anotá-las e refletir a seu respeito. Anotar e questionar: Do que exatamente tenho medo? O que de pior pode me acontecer? Há algo que eu possa fazer? Nossas preocupações quase sempre começam a desaparecer quando as analisamos. Não é o caso de a pessoa ignorar seus medos e ansiedades, mas sim de examiná-los como um observador curioso. Em Um Minuto para Mim, Dr. Spencer Johnson diz: Quando paro e descubro que estou me sentindo vítima, descubro logo quem é o meu perseguidor: eu mesmo. Aí me dou conta de que posso ser meu melhor amigo ou meu pior inimigo. Tudo dependerá do que eu resolver pensar e decidir fazer.

    Pensamentos e sentimentos não são deletáveis, mas são relativizáveis

    Nós somos o que pensamos. Tudo que somos surge com nossos pensamentos. Buda

    É o sinal de uma mente educada ser capaz de entreter um pensamento sem aceitá-lo. Aristóteles

    Somos o que nossos pensamentos fizeram de nós; portanto tome cuidado com o que você pensa. As palavras são secundárias. Os pensamentos vivem; eles viajam longe. Swami Vivekananda

    Para melhorar a qualidade de vida, melhore a qualidade de seus pensamentos. Brian Tracy

    Quem não é senhor do próprio pensamento, não é senhor das próprias ações.  Victor Hugo

    Pensamentos são coisas, mas não têm existência física. Podemos evitar, varrer e descartar coisas físicas, mas não coisas como pensamentos, lembranças, emoções, anseios. Em Liberte-se, Russ Harris faz uma analogia interessante: Você talvez já tenha visto algum filme ou ouviu alguma história na qual alguém cai num poço de areia movediça e todo seu esforço se debatendo para sair serve apenas para afundar-se cada vez mais. O pior que alguém que caia na areia movediça pode fazer é debater-se. O certo é procurar flutuar, como se faz na piscina ou na praia, deitando-se imóvel e relaxado. O melhor é a presença de espírito, pois o instinto natural é lutar e, neste caso, quanto mais você lutar, pior vai ficar. Tudo isso foi dito para ilustrar o que acontece quando lutamos contra sentimentos difíceis: quanto mais lutamos, mais problemas criamos.

    Os pensamentos e sentimentos são uns intrusos que se metem quando e onde bem entendem. Nós os comandamos apenas quando estamos formulando raciocínios, analisando, criando, fazendo planos, quando estamos efetivamente presentes e conscientes. Fora disso, são milhares de pensamentos e sentimentos inúteis diariamente, que podem ser duros, cruéis, tolos, estranhos.

    Senti-me, por longo tempo, perturbado por pensamentos e sentimentos, nem sempre claramente explicitados, que me deixavam com sensação de culpa e outras impressões negativas. Achava que aquelas coisas tinham a ver comigo. Fui aos poucos percebendo que, embora não fosse possível me livrar desses pensamentos e sentimentos, podia ver que a natureza deles não constituía uma realidade. A maior parte do que minha mente criava nesse contexto não tinha existência concreta, não correspondia à realidade que me cercava. Aquelas coisas ruins nada tinham a ver comigo. Passei então a não levar a mente tão a sério. Hoje sei bem com quem estou lidando. Sei que não dá para eliminar os pensamentos, mas dá para avaliar seu valor e dá para afastar-me deles apenas mudando o foco.

    Não precisamos, de fato, levar os pensamentos a sério necessariamente, nem lhes dispensar atenção especial. De modo bem relaxado e leve, sem gastar tempo e energia em tentar eliminá-los – porque não são elimináveis -, podemos simplesmente deixá-los lá com sua desimportância. O procedimento é sempre o mesmo: fazer-se presente e consciente. Com o tempo e a prática, aprendemos a conviver com os pensamentos lá no fundo, sem nos importarmos com eles, enquanto focamos a atenção no que vale a pena.

    A MENTE NÃO É UMA LIXEIRA

    O seu mundo é uma expressão viva de como você está usando e tem usado a sua mente. Earl Nightingale

    A melhor maneira de melhorar o padrão de vida está em melhorar o padrão de pensamento. U. S. Andersen

    Nem teus piores inimigos podem fazer tanto dano como teus próprios pensamentos. Buda

    Eu sou eu e as minhas circunstâncias. Ortega y Gasset

    Alguém, em sã consciência, concordaria em jogar lixo para dentro de si? Ainda que todo mundo negue, é isso que muita gente faz. Tem gente que, para não jogar comida fora, acaba comendo o que não precisa ou comendo em excesso. Então, em vez do lixo ir para a lixeira, vai para o estômago da pessoa. O mesmo acontece quando a pessoa se permite que coisas desfavoráveis entrem e se alojem na mente. Todo dia, toda hora, quase todo mundo despeja na própria mente um monte de pensamentos impróprios e desfavoráveis para si mesmo, fazendo da mente uma lixeira que vai contaminar toda sua vida.

    A qualidade do que se coloca na mente depende da qualidade do que se vê, ouve, convive, pensa, sente. Cada vez que nos permitimos enraivecer com fatos e pessoas e nos contaminarmos com sentimentos negativos, estamos jogando para dentro da mente um lixo emocional. Pesquisas mostram que, em lugares limpos, quase ninguém se atreve a sujar; quanto mais sujo um lugar, mais sujeira atrai. É a lógica.

    O cotidiano da maioria das pessoas afasta-as das atividades que enriquecem a mente e as empurra para rotinas de baixa qualidade, entre elas, péssimos conteúdos de TV e internet. Isso é tanto uma questão de como se aproveita o tempo e de como se alimenta a mente. A TV e os conteúdos de baixa qualidade da internet influenciam os pensamentos de forma sutil. Uma seleção eficaz que nos enriquece em vez de empobrecer cabe em não mais de 10 horas semanais. A pessoa pode escolher entre ser reativa ou proativa, entre dominar o uso da mídia ou deixar-se dominar por ela.

    Vinicius de Moraes se internava numa clínica anualmente para desintoxicar o corpo. De maneira similar, é o que deveríamos fazer com a mente: desintoxicá-la periodicamente e, melhor, prevenir a intoxicação. A melhor maneira de se evitar que as ervas daninhas tomem conta de uma plantação é plantar coisas boas em cem por cento do terreno. A prevenção para a mente pode ser feita do mesmo modo.

    O porteiro precisa de força e treino

    Pensamentos, emoções, sugestões próprias e recebidas de outras pessoas e do ambiente, tudo isso é repassado pelo consciente ao subconsciente. O consciente, sendo o porteiro, deve fazer a triagem do que é endereçado à mente. Se é como o porterito de Fuencarral, o porteiro da Rua Fuencarral, Madri, que nunca sabia de nada, vai deixar passar coisas que não devem. Pessoas bem sucedidas dão muita força ao porteiro e o mantêm treinado para fazer o seu serviço bem feito. Samuel Klein, se tornou um bem-sucedido empresário no Brasil após viver amargas experiências na Segunda Guerra. Essas experiências poderiam conspurcar sua mente em prejuízo próprio, mas ele nunca permitiu que os traumas do passado dirigissem seu futuro. Em vez disso, usou-os como impulsionadores de suas realizações.

    Dependendo da forma como as mensagens chegam, podem ir diretamente ao subconsciente, driblando até a vigilância do consciente mais alerta e ativo. São as chamadas mensagens subliminares, que têm o poder de programar as mentes das pessoas sem que elas se dêem conta. É um recurso muito usado na propaganda e que nos faz sentir necessidade de beber Coca-Cola sem entender por quê.

    O subconsciente trabalha essas informações e depois devolve ao consciente e aos pensamentos. Mas o subconsciente é um tanto bobo e nada seletivo. Se recebe coisas positivas, devolve coisas positivas e construtivas, se recebe coisas ruins, devolve coisas destrutivas. Em relação ao subconsciente, funciona aquele jargão da ciência da computação que diz: de onde só entra lixo, só sai lixo.

    Negativismos na mente puxam o alpinista para baixo

    O ancestral de toda ação destrutiva, é um pensamento negativo. Eknath Easwaran

    Você está hoje onde os seus pensamentos te trouxeram; você estará amanhã onde seus pensamentos te levarem.  James Allen

    Episódios negativos navegando em nossa mente drenam nossas energias. E o pior é que, segundo parece, os pensamentos negativos grudam na mente mais facilmente que os positivos. Por alguma razão, pensar negativamente parece mais natural. A verdade, porém, é que ninguém que se tornou bem-sucedido na vida permitiu que sua mente se tornasse uma incubadora de negativismo. Isto é um fato. Pensamentos destrutivos, negatividades alojadas na mente, nos puxam para baixo, como um alpinista que carrega um peso inútil e tem que lutar muito mais para vencer a subida.

    Quanto mais reclamamos do calor, mais calor sentimos. Isto também é um fato. Quanto mais uma pessoa comenta suas mágoas, mais revolve o veneno e mais se contamina com ele, criando uma espiral de sentimentos negativos. Isso fatalmente a leva a agir negativamente na sua vida em geral. As consequências não têm como ser boas. 

    Pensamentos pobres como aqueles de julgar ou depreciar os outros, reparando nos seus modos de agir e de se vestir, ouvindo e repassando fofocas e maledicências e depois degluti-las mentalmente, tudo isso é ocupar a mente com lixo. Assim como ouvir, ver ou ler qualquer coisa que não acrescente. O lixo que ocupa espaço na nossa mente toma o espaço de coisas produtivas, boas para nós e para as outras pessoas e que podem nos ajudar a alcançar melhores condições de vida. O modo como ocupamos a mente é uma escolha que fazemos, nem sempre consciente, mas as consequências são conhecidas: de onde só entra lixo, só sai lixo.

    A maneira de lidar com tudo isso está em fazer-se presente e consciente, observador dos próprios pensamentos. A meditação, que se faz concentrando-se na própria respiração e esvaziando a mente de pensamentos, ajuda a fazer-se presente e consciente e a retomar o controle sobre a entrada das influências externas. A meditação nos permite concentração intensa do espírito, oração mental, tendo como objetivo descongestionar a mente, obter calma e relaxamento.

    SUGESTÕES TÊM PODER

    Uma vez que aliviamos nossa consciência chamando algo de um mal necessário, isso começa a parecer mais e mais necessário e menos e menos mal. Sydney J Harris

    Passa-se a acreditar naquilo que se repete frequentemente para si mesmo, quer seja verdade ou mentira. Isso passa a ser um pensamento dominante na mente. Robert Collier

    Em Poder sem Limites, Anthony Robbins cita o caso de uma mulher que desenvolveu diabetes por acreditar que era diabética. Conheci uma pessoa que sofria de bronquite alérgica e que entrava em crise só de assistir a filmes de faroeste, por conta da poeira levantada pelos cavalos. Gravidez Psicológica é uma ocorrência não rara em que a mulher (também verificado em alguns animais mamíferos) passa a produzir leite como se grávida estivesse, sugestionada pela ideia de estar grávida.  Sugestão e crença se misturam.

    É conhecido também o efeito placebo. Pessoas experimentam o efeito atribuído a um medicamento isento de princípio ativo, apenas uma pílula feita com farinha e água. Elas se dizem aliviadas de uma dor de cabeça se lhe dizem que o remédio é um analgésico para tal fim. Norman Cousins, que conseguiu eliminar sua própria doença a partir da crença, tinha a convicção de que os medicamentos não são sempre necessários, mas a crença na recuperação sempre é.

    Por esses mesmos mecanismos de sugestões vistas acima, que alteram a fisiologia, recebemos sugestões que interferem em nossas crenças sobre nós mesmos. Pais, professores, chefes e pessoas em geral, podem nos incutir sugestões boas ou más, e nos fazer sentir mais ou menos capazes, mais ou menos dignos, etc. Se o pai diz ao filho que ele é um imprestável, isso provavelmente vai destruir sua autoconfiança e seu sentimento de valor de si próprio.

    Nem toda sugestão vem de fora. O indivíduo envia seguidamente sugestões para sua própria mente, geralmente mais negativas do que positivas. Se a pessoa envia sugestões de incapacidade (eu nunca vou conseguir fazer isso, eu nunca vou aprender isso, eu sou tímido), acaba assumindo inconscientemente essa afirmação como seu padrão. Da mesma maneira, pensamentos de pobreza produzem sugestões coerentes com isso e geram posturas de pobreza. Alguém que costuma depreciar seu país, seu povo, seu trabalho, sua escola, sua casa, tem a ilusão de estar excluído dessa depreciação, mas está enganado. Até expressões inocentes como correr atrás do prejuízo ou isso é muito bom para ser verdade enviam sinais desfavoráveis à própria mente. Assim alimentada, assim ela vai moldar o caráter, os hábitos, as formas de pensar e agir.

    Letras de músicas costumam conter mensagens que, vistas fora do contexto em que foram criadas, nem sempre se mostram muito edificantes. A irreverência de Noel Rosa é pródiga de exemplos desse tipo. Uma de suas canções - Com que Roupa? - tem os seguintes versos: Agora eu não ando mais fagueiro/Pois o dinheiro não é fácil de ganhar/Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro/Não consigo ter nem pra gastar. É um exemplo típico de mensagem que faz mal ao autoconceito de qualquer um.

    Uma mãe dispensa seu filho pequeno de ir à escola no dia em que ele comemora aniversário. Parece-lhe um ato de amor, uma prova de carinho para com o filho. Na verdade, esse ato é um prejuízo para ele. Ao fazê-lo, ela lhe passa uma mensagem subliminar, uma sugestão, de que a escola, o estudo, é uma coisa penosa e da qual vale a pena se livrar sempre que possível. Esse será o entendimento assimilado pela mente da criança e que muito provavelmente irá comprometer-lhe o futuro.

    O efeito da autossugestão é poderoso. Por conta dele, pode-se até morrer. Efeitos como o do vodu são um fato, não por causa do feitiço em si, mas porque a crença da pessoa manda ordens a órgãos, como o coração, e eles podem parar de funcionar. Se a sugestão e autossugestão são tão poderosas contra, podem sê-lo igualmente a favor e podem ser usadas para nos impulsionar a mudar muita coisa em nós mesmos. Como a pessoa está sempre enviando sugestões ao subconsciente, ao adquirir a habilidade de filtrar os pensamentos, pode passar a enviar somente sugestões positivas e construtivas. Ter consciência dos pensamentos, isto é, fazer-se presente a ponto de percebê-los, é o primeiro passo para o controle do que é enviado à mente. Isso pode facilmente tornar-se um hábito.

    Pequenos pecados verbais

    Cometemos pequenos pecados verbais jamais imaginados. De fato, nunca nos ocorre que a forma como expressamos pensamentos e opiniões pode influenciar nossa motivação ou determinação. Acontece que o subconsciente reflete, para nós mesmos, os efeitos da forma como pensamos e falamos, e esses efeitos podem ser desfavoráveis. Se eu digo preciso concluir um capítulo do livro hoje, o subconsciente interpreta e devolve como uma percepção de obrigação, e nós não costumamos reagir bem a uma obrigação. Mas se afirmo "quero concluir um capítulo do livro hoje", soa como uma decisão interna, voluntária, movida pela própria vontade. Pode não parecer, mas essas pequenas coisas interferem na nossa disposição e nas nossas realizações.

    Outro pequeno deslize não percebido acontece no uso da palavra mas. Conforme a ordem em que é colocado, o mas anula ou desvaloriza o que vem antes. Eu quero viajar para a Europa, mas isso vai custar muito caro. Nesta frase, o querer viajar para a Europa perdeu força diante do fato de custar caro. Com isso, a viagem torna-se praticamente descartada. Outro exemplo: Você fez um bom trabalho, mas faltou um pequeno detalhe... Um simples mas neutralizou o elogio inicial. Vejamos outros exemplos e a forma alternativa que causa efeito inverso:

    O mas pode estar contra ou a favor da pessoa. Quando perceber que a frase usa o mas como desculpa, basta inverter a frase. 

    Assim como cometemos esses pequenos deslizes, podemos estar cometendo inúmeros outros que jamais vamos perceber, a menos que busquemos saber mais sobre o tema. Livros sobre PNL - Programação Neurolinguística - tratam desta questão. A chave é aquela de sempre: fazer-se presente e consciente para perceber como se está formulando os pensamentos.

    A ÁGUIA PRECISA DA COMPANHIA DAS ÁGUIAS

    Quando você contrata pessoas mais inteligentes que você, prova que é mais inteligente do que elas. R. H. Grant

    A confiança em si mesmo é o primeiro segredo do sucesso. Ralph Waldo Emerson

    O velho ditado diga-me com quem andas e te direi quem és pode ter outra versão: diga-me com quem andas e te direi para onde vais. É conhecida a fábula que conta a história de um filhote de águia que foi criado por uma galinha junto com os pintinhos. A águia cresceu comportando-se como uma galinha: ciscando, bicando migalhas e nada de voar. Um dia viu uma águia voando e ficou empolgada. As galinhas lançaram olhares de desdém como a dizer: você é uma galinha, não uma águia. Dias depois, a águia voadora baixou, tomou a águia jovem nas garras, levou-a bem alto e soltou. Ela não teve outro jeito senão esforçar-se para voar, convertendo-se assim naquilo que de fato sempre fora: uma águia. Há um caso real de uma menina criada entre macacos na Índia, mostrado no noticiário, e que ficou conhecido como A menina Mogli. Essa menina foi resgatada numa floresta onde vivia entre símios. Ela não falava e seus gestos eram pouco delicados, selvagens.

    A convivência influencia e pode moldar nossa forma de pensar, agir, se comportar. E isso vai ditar nosso progresso ou nossa estagnação. Em Poder sem Limites, Anthony Robbins diz: É fácil saber o que fazer, e, mesmo assim, não fazê-lo. A força normal da vida é a gravidade, e ela é para baixo. Todos nós temos nossos dias maus. Todos temos épocas em que não usamos o que sabemos. Mas, se nos rodearmos de pessoas que são sucesso, que se movimentam para a frente, que são positivas, que estão concentradas na obtenção de resultados, isso nos desafiará a sermos mais, a fazermos mais e compartilharmos mais. Se você puder se cercar de pessoas que nunca deixam você se acomodar com menos do que pode ter, você tem o maior presente que qualquer um pode esperar.

    Excelentes companhias nas boas leituras

    Do mesmo modo que o metal enferruja com a ociosidade e a água parada perde sua pureza, assim a inércia esgota a energia da mente. Leonardo Da Vinci

    A convivência construtiva não se dá apenas com pessoas. A leitura de boa qualidade é uma das influências mais nobres. Infelizmente, também na leitura existem opções de péssima qualidade. A mesma seleção que se faz em relação aos conteúdos da TV, internet e todas as formas de contato com o mundo, faz-se igualmente em relação à leitura. Stephen Covey atribui grande poder em expor a mente às mentes geniais: Não existe melhor maneira de enriquecer e expandir sua mente de modo sistemático do que o hábito da boa leitura. Você pode entrar em contato com as mentes mais aguçadas que existem ou que existiram. A pessoa que não lê não está em melhor condição do que a pessoa que não sabe ler’. Receber boas ou más influências é uma escolha que se faz. A pessoa não habituada a ler pode obter boas sugestões de leituras junto a pessoas bem-sucedidas. Tal como acontece com a roda, basta o primeiro empurrão.

    Adquirido o hábito de ler, desenvolvem-se as técnicas para usufruir melhor os conteúdos lidos e tornar mais eficaz o tempo dedicado à leitura. Pesquisar sobre o assunto, o autor, a obra, é um bom começo. A leitura desenvolve nossa maneira de lidar com visões diferentes. Cada pessoa vê o mundo a seu modo, com lentes próprias. Se a pessoa lê querendo entender o que o autor diz apenas a partir da sua própria visão, os benefícios da experiência ficam limitados. Informar-se sobre a obra e seu autor ajuda a captar o seu modo de ver o mundo e a entender melhor o que se está lendo.

    A maioria das pessoas gosta de se sair bem nas rodas de conversa. Para se sentir confiante, a pessoa precisa ter uma conversa de bom conteúdo. A boa convivência e a informação ajudam muito. Ler bastante, buscar informações sobre as coisas do cotidiano, selecionar interlocutores, tudo isso é básico para quem quer ter uma conversa interessante, Lembro-me de uma conversa com meu filho sobre Marina Silva quando ela estava na iminência de se tornar candidata a presidente no lugar de Eduardo Campos que havia morrido em acidente aéreo. Eu expus minha opinião de que ela não tem carisma e meu filho argumentou que ela puxa votos. A minha opinião era apenas resultado de uma visão pessoal, enquanto a opinião do meu filho era baseada na informação. Essa é a diferença. Cercar-se de boa informação permite entender o que há por trás dos fatos e isso permite uma conversação mais produtiva.

    CRENÇAS: NOSSOS GUIAS INVISÍVEIS

    O homem é feito de tal maneira que quando algo incendeia sua alma, as impossibilidades desaparecem. Jean de la Fontaine

    Crenças são formas mentais arraigadas de perceber as coisas. São generalizações feitas a partir de experiências de vida. Todas as pessoas têm o seu sistema de crenças - positivas e negativas -, isto é, um conjunto muito próprio de formas de pensar em relação a muitas coisas da vida e de si mesmas. Essas crenças funcionam, em diversas situações, como gatilhos automáticos, e, uma vez incorporadas, têm a tendência de se tornarem profecias autoexecutáveis.

    Em geral, as crenças são incorporadas à personalidade a partir das influências que a pessoa vem recebendo desde que começou a ter compreensão do mundo. São involuntárias, arraigadas e guiam as atitudes da pessoa. Parar e refletir sobre elas é coisa que raramente as pessoas fazem. Pouquíssimos se dão ao trabalho de tomar conhecimento de suas crenças, questioná-las e substituí-las conscientemente. Descobrir as próprias crenças é uma das formas de conhecer-se a si mesmo, como já faziam os antigos gregos.

    Crenças autoimpostas

    As crenças tanto podem ajudar a pessoa a ter saúde, riqueza e felicidade como levá-la a vivenciar o contrário disso tudo. Crenças limitadoras levam a pessoa a viver dizendo coisas como não posso, não consigo, isso não é para mim, é muita areia para o meu caminhãozinho, é muito bom para ser verdade, isso é coisa para gente rica, isso é coisa para gente ‘estudada’, isso é coisa para gente jovem. Mesmo sendo muito bem-dotada pela natureza, suas crenças podem segurar todos os seus atributos num nível mediano. Estudos mostraram que o nível de inteligência medido nos testes tradicionais é afetado pelas crenças que as pessoas têm sobre si mesmas. Henry Ford disse: Quer você acredite que consegue fazer uma coisa ou não, você está certo.

    As oportunidades são percebidas de maneira seletiva a partir das crenças que guiam as atitudes da pessoa. Alguém, por exemplo, que acredita ter potencial para ser apenas um auxiliar pode não ver um anúncio de uma vaga para assistente ou analista. Embora essa pessoa tenha potencial e capacidade para ocupar uma posição dessas, sua crença limitante não lhe encoraja a tentar. Van Gogh, o grande pintor holandês, que morreu louco e pobre e sem saber que era um vencedor, é um exemplo clássico de crença autodestrutiva.

    É uma incoerência a pessoa formular a crença de que é incapaz. O simples autojulgamento já é uma prova de capacidade. Quem é capaz de se avaliar como inútil, não é um inútil. Um inútil de verdade é incapaz de formular esse raciocínio. Crenças negativas sobre si mesmo são, antes de mais nada, projeções inexatas. Poderia uma pessoa apostar o próprio pescoço de que é incapaz disso ou daquilo? Pode, no máximo, crer nisso, até por comodismo. Se ela não pode apostar o pescoço é porque não tem certeza absoluta. Sendo tão decisiva na vida da pessoa a limitação baseada numa crença, como vai atribuir a si mesma uma condição desfavorável, que vai limitar seu progresso, quando nem pode ter certeza disso? Mais inteligente, então, é atribuir a si uma condição favorável e correr o risco.

    Disseminadores de crenças

    Se um professor ou outra pessoa próxima diz você não consegue desenhar e o indivíduo tem tendência de se impressionar, vai dali em diante eliminar qualquer oportunidade que tenha de aprender a desenhar. Se um pai alimentar a crença de que a filha não tem talento para a matemática porque vem apresentando dificuldade com os números, estará sugerindo liminarmente essa limitação à filha. Se disser isso, então, a criança poderá criar um bloqueio contra o aprendizado dessa matéria.

    Os professores são grandes influenciadores na crença das pessoas, especialmente das crianças. Além de exercer essa influência na forma de tratar um aluno, um professor pode levá-lo a se ver como incapaz ao aplicar um método inapropriado de ensino. Expectativas frustradas de resultados de aprendizagem tendem a sugerir ao indivíduo certo grau de incapacidade. Além dos professores, são também os pais, irmãos,

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