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O Mundo Secreto
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E-book358 páginas29 minutos

O Mundo Secreto

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Sobre este e-book

Snow é um gato preto, achado na rua e adotado por Lúcia, quando ainda era um filhote. O fato de não ter conhecido sua mãe gata, cria nele o desejo enorme de saber de onde veio. Esse desejo intrínseco misturado a uma curiosidade imensa resulta em um acidente, que o deixa em coma e o transporta para o Mundo Secreto. Snow contará com a ajuda de Lou, um gato gordo e cinza azulado, que por causa do vínculo criado com a mãe de Lúcia, fará de tudo para descobrir uma entrada para o outro lado e trazer ele de volta. O lugar para onde Snow é levado divide-se entre vida e morte, realidade e sonho. Snow deve empreender uma viagem em busca da Cidade da Fonte Luz, onde acredita existir uma saída, mesmo que nada faça o menor sentido para ele. No fim terá de decidir entre ficar e lutar pelos amigos a arriscar partir e deixar que a escuridão consuma tudo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de fev. de 2018
O Mundo Secreto

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    Pré-visualização do livro

    O Mundo Secreto - Bobby Wright

    O Mundo 

    Secreto 

    BOBBY WRIGHT 

    Copyright © 2018 Bobby Wright 

    Todos os direitos reservados. 

    Agradeço a todos aqueles que acreditaram em 

    minhas histórias. 

    CAPÍTULO   UM 

    O Gato Perdido................................ 9 

    CAPÍTULO   DOIS 

    O Caçador Lou................................  27 

    CAPÍTULO TRÊS

    A Escuridão.....................................  47 

    CAPÍTULO QUATRO 

    A Empatia........................................  67 

    CAPÍTULO CINCO 

    A Gata Sincera.................................  89 

    CAPÍTULO SEIS

    A Telepatia.....................................  109 

    CAPÍTULO SETE 

    O Gato Norueguês Hersi...............  129 

    CAPÍTULO OITO 

    O Apanhador De Sonhos...............  149 

    CAPÍTULO NOVE 

    Resquício da Resistência...............  169 

    CAPÍTULO DEZ 

    O Plano Mirabolante.....................  189 

    CAPÍTULO ONZE 

    A Noite De Lua Cheia....................  209 

    CAPÍTULO DOZE 

    O Sonho versus A Realidade......  233 

    CAPÍTULO TREZE 

    A Pedra Azul................................  263 

    CAPÍTULO QUATORZE 

    O Círculo de Pedras...................  285 

    EPÍLOGO......................................  301 

    SOBRE O AUTOR.........................  303 

    CAPÍTULO   UM 

    O Gato Perdido

    Por incrível que pareça eu começo essa história de uma 

    forma inusitada, mas que eu descobriria mais tarde ser a coisa mais 

    normal de acontecer com alguém como eu.  

    A primeira lembrança que tenho desde que vim à existência 

    é escuridão. Isso mesmo, por algum tempo vivi totalmente isolado 

    do mundo, não conseguia ver nem ouvir nada, não sabia quem era 

    ou onde estava. Meu passatempo consistia em me virar de um lado 

    para o outro e esperar que não durasse muito tempo. Mas também 

    não sabia mais o que esperar.  

    Se eu soubesse contar os dias, ou saber quando era dia e 

    noite lhe diria quanto tempo fiquei ali, mas o fato é que não sabia 

    distinguir mais o que era sonho do que era real. Vultos 

    assombravam minha mente, insistiam em desanimar meu espírito, 

    a fome e a sede eram tantas que no fim já não tinha mais forças 

    para me revirar de um lado para o outro e nem sabia se isso me 

    ajudava de alguma forma. Cheguei até a duvidar se seria mesmo necessário respirar, mas a verdade era que eu estava esgotado, 

    logo todos os movimentos do meu corpo parariam inclusive minha 

    respiração e meu coração.  

    Quando por fim estava aceitando minha condição e estava 

    pronto para desistir, por que acredito que ninguém desista do nada 

    sempre há um motivo, no meu caso tinham acabado todas as 

    minhas energias. Comecei a desenvolver o sentido da audição. 

    Lembro como se fosse ontem. Pequenos cristais líquidos, gotas de 

    água ritmadas e combinadas tocavam o chão de forma harmoniosa 

    e lúdica, carros e seus motores de sons graves e metálicos 

    passavam constantemente por perto, e algo passava como que 

    assobiando e soprando minha face. 

    Depois de um tempo assimilando todos os sons possíveis e 

    tentando entender o que eu era ou onde estava, comecei também 

    a desenvolver o sentido da visão. Também me lembro com muita 

    clareza do que vi depois que meus olhos se acostumaram a 

    enxergar. Tudo estava escuro ao meu redor, havia tijolos quebrados 

    e todo tipo de entulho. Uma luz insistia em vir na direção das 

    minhas costas. Quando me virei e comecei a subir o olhar, pensei se 

    tratar de uma deusa, uma salvadora, um anjo ou algo do tipo, mas 

    o fato era que o ser mais lindo que eu veria em toda minha vida estava ali parada iluminando com o celular o local.  

    Como eu havia acabado de ganhar a visão, a luz que o 

    celular emitia me fez associar sua imagem à de um anjo e por isso 

    confiei nela no mesmo instante. Também pelo fato de ser meu 

    primeiro contato com uma fonte de luz. Estar acostumado com a 

    escuridão me fez valorizar a luz de forma grandiosa, ainda mais por 

    ser direcionada a mim. Os únicos e primeiros sons que lembro ter 

    emitido foram:  

    – Me ajude, me tire daqui!  

    Mas pelo visto ela não entendera nada, pois ela dizia 

    acariciando as minhas costas:  

    – Você mora aqui? Onde estão seus pais? Qual o seu nome?  

    Péssima hora para perguntas. Por isso insisti com gritos 

    ainda mais estridentes:  

    – Me ajuda! Por favor! Preciso de ajuda!  

    Ela me pegou em seus braços e me levou com ela. Seus 

    braços eram tão calorosos que dormi em apenas dois 

    minutos. Acordei com o barulho do carro depois voltei a 

    dormir. Acordei novamente nos braços de outro estranho e 

    comecei a gritar sem parar quando ele me fez comer algo ruim e 

    nojento, mais tarde descobri se tratar de remédios para vermes e 

    que eu estava com alguém preocupado com a minha saúde. Depois fui novamente para os braços dela e dormi. 

    Quando acordei estava deitado em cima de uma cama que 

    mais parecia um forte, era uma caixa de papelão, e dentro era feita 

    de roupas velhas e macias, de tão macia que eu parecia ter 

    acordado em nuvens do céu. Meu corpo necessitava de algo e me 

    fazia chorar sem parar, e quando eu menos espero ela aparece com 

    um líquido milagroso. Tinha um cheiro tão gostoso e era tão 

    quentinho, ela me pegou em pé no seu colo e me deu leite em um 

    tipo de mamadeira que havia comprado. Tomei tanto leite aquele 

    dia que fiquei com dor de barriga, mas pelo menos descobri que 

    precisaria encher a barriga para fazer qualquer outra coisa. A cada 

    três horas ela vinha e me alimentava. E vez ou outra limpava minha 

    cama.  

    Por dias a fio essa foi minha vida, acordar beber leite, 

    dormir um pouco, fazer minhas necessidades, mais leite e depois 

    dormir até acordar novamente. Ainda não sabia que existia 

    diferença entre dia e noite. E lá estava eu novamente em um 

    cantinho escuro, pelo menos agora sabia a diferença entre luz e 

    escuridão, mas como sempre vivi na escuridão ela se tornou minha 

    amiga, já estava acostumado com ela, mas quando fui resgatado é 

    que fui saber o que era luz, aquela sensação de afeto, carinho e amor que minha salvadora transmitia ao sorrir, ao me acariciar ou 

    ao me abraçar, me fazia lembrar quando entrei em contato pela 

    primeira vez com a luz. Acredito que todos temos luz brilhante e 

    radiante dentro de nós. Gostar de viver na escuridão ou estar 

    acostumado a ela, não muda a luz que existe dentro de mim.  

    Por um instante descobri que tinha tudo que precisava 

    naquele quarto escuro, as sombras sempre me acompanharam, 

    mas tinha agora onde me aconchegar e o que eu tanto precisava e 

    não sabia, alimento. Sem contar minha cama quentinha. Você não 

    deve saber do que se trata isso. Ficar sem alimento? Por acaso você 

    já ficou um dia sem se alimentar? E dias? Consegue imaginar pelo 

    que passei? O leite, Ah! Como era bom o leite, parecia que eu já 

    conhecia do que se tratava, pois mamava até me saciar 

    insistentemente. Nesse instante me lembrei de algo que até agora 

    eu não lembrava e que comecei a sentir falta. Antes de estar na 

    escuridão completa, lembro-me de viver em outro tipo de 

    escuridão, uma escuridão boa, onde eu tinha alimento, em que eu 

    tinha um leite bem quentinho. Infelizmente era muito novo para 

    me lembrar de algo mais. Mas o que eu lembrei foi do cheiro 

    acolhedor, cheiro de mãe.  

    Em dez dias aquele pequenino saquinho de ossos se 

    transformou em uma ligeira bolinha. O que eu fiz nesse tempo 

    quando não estava dormindo ou conversando com as 

    sombras, foi beber leite e vez ou outra me agraciava com as visitas 

    da luz, que vinha me pegar e ficava horas conversando comigo, me 

    especulando. Ela queria saber de qualquer jeito de onde eu tinha 

    vindo. Será que ela achava que eu guardava algum mistério? Até 

    comecei a pensar sobre isso no início, mas depois desencanei, eu 

    não sabia de nada na verdade, não poderia ajudar nem ela nem 

    eu. Passaram-se dez dias desde a minha chegada e eu já estava 

    tomando leite na vasilha. Na manhã do décimo primeiro dia ela 

    veio com algo diferente, era seco e mais duro. Foi então que 

    percebi o motivo de eu querer morder todas as coisas, alguns 

    dentes já tinham nascido. Comecei a comer ração que por sinal era 

    muito boa também.  

    Depois de um tempo comecei a arriscar me aventurar pelo 

    ambiente, havia passado muito tempo inerte e minhas pernas 

    formigavam de tanto ficar deitado, estava ansioso para andar, 

    correr, pular e deslizar por aí. O lugar onde eu estava era bem 

    amplo, além da minha havia mais duas camas, só que bem maiores 

    que a minha. Logo concluí que a luz tinha tirado mais alguém como 

    eu da escuridão, não via a hora de conhecê-los. Subi nas camas, 

    deitei, esperei, fui descansar debaixo delas, depois fui descansar debaixo de uma estante de livros. Essa era minha nova rotina. E 

    comer claro, mas agora eu comia algo menos saboroso que o leite, 

    no entanto era gostoso e crocante.  

    O cheiro do lugar não me era estranho, era bem familiar, 

    como se eu já tivesse tido contato com ele, as roupas das camas 

    grandes, logo achei que poderia dormir lá também. Infelizmente 

    fico meio confuso onde devo ir ao banheiro que simplesmente faço 

    onde estou, sempre que faço no chão ou na minha cama, a luz vem 

    e limpa. Mas nesse dia o que aconteceu me deixou extremamente 

    confuso e perdido. Resolvi fazer ali mesmo onde eu estava, na 

    cama grande. Quando a luz chegou, vi a decepção em seu olhar, ela 

    estava muito chateada, mas mesmo assim insistiu em sua doçura e 

    carinhosamente me explicou coisas que eu ainda não podia 

    entender. Então me colocou em minha cama e tirou todas as 

    roupas da cama grande e levou embora.  

    Mais tarde naquele mesmo dia ela trouxe algo que me 

    deixou ainda mais confuso, e também muito mais curioso. Parecia 

    até a terra de onde eu vim só que mais sequinha e mais grossinha e 

    tinha um cheiro bem diferente e agradável. Ela ficou lá comigo todo 

    o tempo naquela tarde, deitou na outra cama com um bom livro 

    para ler e ficou lá. Quando fui fazer xixi no chão, foi que eu entendi 

    o motivo dela ter trazido a caixa misteriosa de areia, ela me pegou com cuidado pelas costas e me colocou lá dentro, ficou apontando 

    o dedo para lá, daí entendi que era ali que eu deveria fazer minhas 

    necessidades. Até hoje ainda sinto vergonha por certas vezes fazer 

    em minha cama e por ter feito na outra grandona. Mas antes eu 

    não sabia.  

    A luz sempre era de uma atenção esplêndida, ela vinha 

    várias vezes por dia me visitar. Teve uma vez que ela decidiu abrir a 

    janela e deixar aberta, e eu fiquei lá perto durante todo o dia, me 

    maravilhando com os passar das horas e o cair da noite. Comecei a 

    perceber que todas as manhãs ela vinha me ver, colocar água e 

    comida para mim, sempre que tinha sujeira na caixa de areia ela 

    limpava também. A tarde ela fazia os mesmos procedimentos, no 

    entanto nesse período eu tinha o privilégio de ficar mais com ela. 

    Tirando os dias em que eu queria ficar sozinho, eu amava ficar em 

    sua companhia, deitar ao seu lado e ouvir todas as histórias que ela 

    lia em seus livros, aprendi muito sobre o mundo e sobre ela.  

    Uma tarde me aconteceu o inesperado:  

    – Seu nome será Snow. – Disse ela.  

    – E qual é o seu nome? – Eu disse, mas acredito que só eu a 

    entendia, porque ela não me respondeu.  

    – Sabia que todos nós temos um nome, isso nos difere dos 

    outros, e também demonstra um pouquinho de quem somos ou 

    que viemos fazer nesse mundo. Você se chamará Snow, Jon Snow, 

    meu personagem preferido de Game Of Thrones, pois você assim 

    como ele usa preto e não sabemos direito quem são seus pais, e 

    pelo visto você será um grande guerreiro também.  

    – Mas porque eu devo ter um nome?  

    – Queria tanto que nos entendêssemos! Você não entendeu 

    nada do que te disse até agora, não é? – Disse ela.  

    – Eu te entendo, é você que não me entende. – Eu disse a 

    ela e como estava apertado dei meia volta e ia fazer xixi bem ali do 

    lado dela. Foi quando percebemos que nos entenderíamos.  

    – Não Snow, aí não é lugar! 

    Ela percebeu que a entendia, pois fui fazer no lugar certo, 

    ficou toda animada e começou a pular de alegria. E quando voltei 

    ela resolveu me contar uma de suas histórias.  

    – Parabéns Snow, você é muito inteligente! Mais inteligente 

    que eu pelo visto que fui parar de fazer xixi na cama só com seis 

    anos de idade.  

    Eu balançava a cabeça sempre no fim de cada sentença para 

    ela ter certeza de que eu a entendia.  

    – A propósito meu nome é Lúcia. Quanta indelicadeza 

    insistir em lhe dar um nome sem ao menos lhe dizer o meu. Parece 

    que você gostou de saber disso, não é? Que bom, fico muito feliz 

    em ter alguém como você aqui...  

    Agora sim eu tinha entendido o que era ter um nome. Não 

    sabia muito o significado das palavras, mas quando ela me disse seu 

    nome comecei a entender que todas as coisas no mundo têm um 

    nome. O meu era Snow, gostei muito de ter um nome. Mas o que 

    mais queria saber era quem eu era, quem ela era e onde 

    estávamos. Apesar de ter vivido tanto tempo na escuridão, adoraria 

    sair e conhecer o mundo. Pelo menos conheceria o mundo dela 

    naquela noite. 

    – Quando vim ao mundo eu era magrinha igual você era, 

    nasci abaixo do peso, num parto muito arriscado. Mesmo assim, 

    mamãe fez de tudo para que eu nascesse, inclusive dar a sua vida 

    pela minha. A noite em que eu nasci foi a mesma noite em que 

    mamãe se foi. E antes de partir, papai disse que ela falou algo 

    memorável para mim: Você é minha luz. Mas as enfermeiras 

    acharam que ela tinha dito: Você é minha Lúcia. Por isso que 

    papai colocou esse nome em mim. – Lúcia começou a contar sua 

    história. 

    O anjo que agora tinha nome provou ter os mais nobres 

    sentimentos quando suas lágrimas começaram a cair sobre nós. 

    Tudo só por se lembrar de memórias, que pessoas lhe contaram. 

    Pena eu não ter ninguém para me contar as memórias de minha 

    mãe, o que eu mais queria era saber sobre ela e qual nome ela teria 

    me dado. Quem sabe esse anjo, de nome Lúcia, não pudesse ser 

    minha mãe? Pois, a partir de hoje seria! Selei o acordo lambendo 

    seu rosto e a acariciando com a cabeça. Ela parece ter entendido, 

    pois o mais lindo sorriso se abriu e ela disse:  

    – Isso mesmo Snow. Você é meu filho e eu serei sua mãe. 

    Ok? 

    Percebi então que ela realmente se importava comigo e 

    queria que eu fizesse parte da família. Eu não precisaria mais temer 

    ser abandonado ou ter que viver sozinho novamente. Desde que 

    cheguei ali, eu me perguntava até quando ela iria querer que eu 

    ficasse. E sabia agora que eu não tinha motivos para partir.  

    – Dizem que o gato de papai ainda é vivo, faz muito tempo 

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