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E-book170 páginas2 horas

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Sobre este e-book

Antonio Sena é um piloto de avião experiente, acostumado a voar sob as mais diversas condições climáticas. Depois de anos nos ares e com mais de 2400 horas de voo — e de sempre ter tido em mente que, na vida, é fundamental estarmos preparados para o que der e vier, durante um voo rotineiro, a aeronave Cessna 210 que Sena pilotava sofreu uma pane e o motor simplesmente parou de funcionar antes de cair no meio da floresta amazônica.
Ao se dar conta de que estava vivo, Antonio começou uma corrida contra o tempo: precisava sair do avião e pegar alguns mantimentos antes que a aeronave explodisse.
Sozinho na maior floresta do mundo, precisou andar dezenas de quilômetros e manter a calma, pensar racionalmente e lidar com a incerteza e o medo enquanto lutava para sobreviver na mata. Abrigo, água potável e comida eram meros detalhes perto de onças, sucuris, jacarés e todo tipo de inseto que existe na Amazônia.
Em 36 dias, Antonio narra sua extraordinária experiência, desde os segundos decisivos até a queda da aeronave até o momento em que finalmente reviu sua família, e compartilha com o leitor as estratégias físicas, mentais e emocionais que o ajudaram a voltar para casa são e salvo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de mai. de 2021
ISBN9786589623205
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    36 dias - Antonio Sena

    Livro, 36 dias. A saga do piloto de avião que caiu na Amazônia e se reencontrou com Deus. Autor, Antonio Sena. Editora BUZZ.Livro, 36 dias. A saga do piloto de avião que caiu na Amazônia e se reencontrou com Deus. Autor, Antonio Sena. Editora BUZZ.

    Tem coisas que a ciência não explica. Outras estão muito além da nossa capacidade de entendimento. E às vezes apenas o sobrenatural pode dar pistas de como e por que certas coisas acontecem.

    Um minuto para Deus pode significar anos para o ser humano.

    Trinta e seis dias pareceram uma eternidade. Mas será que não foi o tempo de que eu precisava para me reconciliar com Deus?

    Sumário

    Capa

    Folha de rosto

    1. O voo

    2. A queda

    3. Sobre viver

    4. Corpo e mente em ação

    5. O medo que nos devora

    5. A impotência

    7. Plenitude

    8. A nova bússola

    9. Caminhando rumo ao sol

    10. Cada um carrega sua cruz como pode

    11. As provações

    12. O otimismo que nos impulsiona

    13. A cura espiritual e psicológica

    14. As dificuldades de cada dia

    15. A serenidade

    16. Digerindo a vida

    17. A travessia

    18. O caminho depois do caminho

    19. A angústia

    20. Mãos de fé

    21. Processos e propósitos

    22. O reencontro

    23. O depois

    Posfácio: a grande mãe

    Agradecimentos

    Créditos

    capitulo_001

    O VOO

    Em julho de 2019, eu tinha acabado de retornar da África. Mesmo com uma boa situação profissional naquele momento, em um continente que me dava muitas oportunidades, vi que era hora de voltar para o meu país. Tem coisas que o dinheiro não paga – e estar com a família, para mim, sempre foi uma delas. Foi bom demais voltar para Santarém, cidade do Pará onde o rio Tapajós se encontra com o rio Amazonas e acontece o famoso encontro das águas. Santarém é minha casa, onde está meu coração, onde eu encontro a paz.

    Logo que retornei, fui procurar emprego em uma empresa aérea da cidade. Estava convicto de que encontraria uma vaga, mas era pura ilusão.

    Sem emprego como piloto, passei a buscar outras alternativas como fonte de renda, e foi assim que decidi abrir um brewpub junto com um amigo. Um brewpub é um lugar onde você fabrica sua própria cerveja de maneira artesanal. Achei interessante encarar essa nova atividade, pois ela me ligava à gastronomia, uma das minhas paixões.

    Esse meu amigo era um homem estabilizado na vida, com seus sessenta e poucos anos, alguns negócios ativos e um ideal muito definido: entrar na área da cervejaria artesanal. Para mim, a sociedade seria um meio de tirar meu sustento naquele período sem voar.

    Passamos os meses de julho a dezembro planejando cada microdetalhe, e no finalzinho do ano fizemos a inauguração. Era quase Natal, a cidade estava em festa, clima de confraternização e encontros.

    Apesar de todas as dificuldades que um novo empreendimento comercial enfrenta, conseguimos conquistar algum espaço. E, no fim de fevereiro de 2020, veio a pandemia de Covid-19.

    O nosso pub estava aberto havia dois meses apenas.

    Primeiro sofremos com a limitação do horário de funcionamento, depois vieram as fases mais restritivas. Foi um impacto muito grande, e para mim estava cada vez mais difícil. Eu não conseguia tirar nada, nem um real. Então, pensei muito e resolvi desfazer a sociedade.

    Fui me mantendo aos trancos e barrancos nos meses seguintes até que surgiu a oportunidade de abrir outro negócio: um restaurante com cara de boteco, que exigiria um investimento muito menor. Isso aconteceu em outubro de 2020.

    Meus pais me ajudaram, coloquei uma grana, trabalhei muito. As regras da quarentena foram flexibilizadas e tudo parecia estar indo bem quando veio a segunda onda. E todo o comércio precisou ser fechado novamente. Mais restrições, as coisas se complicaram, as contas foram se acumulando, e eu tinha que pagar funcionários e fornecedores.

    Vivi na pele um drama que todo empreendedor brasileiro sabe bem como é.

    Foi quando um amigo meu que é piloto, e a quem eu conhecia fazia muito tempo, disse que estava indo passar uns dias em São Paulo e que seu patrão não queria que o avião ficasse parado. Ele perguntou se eu não queria substituí-lo durante aquele período.

    Bora tentar, respondi, animado porque ia entrar alguma coisa e eu poderia pagar algumas contas e, principalmente, pagar os funcionários.

    Era domingo, dia 24 de janeiro, quando fizemos o translado da aeronave, para que eu conhecesse as condições do avião. Eu tinha um nível de exigência muito alto em relação à segurança e à documentação, pois sempre trabalhei com empresas grandes e não havia outra maneira de encarar isso.

    Consultei a situação da aeronave junto aos órgãos de aviação civil e estava tudo legal. Não havia qualquer irregularidade. O avião apresentava algumas panes menores e o alternador estava intermitente, mas isso não influenciaria na segurança do voo. Explicando melhor: o alternador serve, basicamente, para carregar a bateria. Se a voltagem cair até determinado nível, não se consegue dar a partida no motor, e, rusticamente, o avião tem que pegar no tranco, algo comum nesse tipo de aeronave. Embora eu já tivesse ouvido falar desse procedimento, nunca tinha visto isso de perto. Eles prendem uma corda na hélice e puxam para iniciar o giro, ou seja, para pegar no tranco.

    Mas naquele dia demos a partida do jeito normal e fomos para Itaituba, no Pará. O rádio estava ruim, chiava bastante, e não conseguimos usá-lo, por isso usamos o rádio portátil para fazer a comunicação com outras aeronaves e o tráfego aéreo. Os instrumentos de navegação estavam excelentes. Tudo estava funcionando muito bem, e isso me dava segurança para fazer um eventual voo. Tinha até uns instrumentos mais modernos, inclusive um GPS muito bom e um horizonte artificial digital. Depois do voo, eu e o piloto voltamos de carro para Santarém, e passei toda a segunda-feira em casa.

    Na terça, logo cedo, recebi uma mensagem do contratante dizendo que ele iria precisar de mim. Avisei minha família e minha namorada de que iria fazer esse voo e que sabia que passaria uns quatro ou cinco dias fora de casa. Segui para Itaituba. Uma viagem de quatro horas de carro.

    Cheguei após o almoço e fui direto para o hangar onde faziam a manutenção. Eles estavam trocando o alternador. Achei tudo um pouco desorganizado, mas não pude fazer muita coisa; era a minha realidade naquele momento.

    Fiquei ali acompanhando a manutenção e, depois de finalizada, fiz um voo de teste. Notei que estava tudo funcionando bem, e fiquei esperando o dia de voar.

    Na quarta, saímos cedo para o aeroporto. Fiz todos os checks pré-voo, abastecemos e embarcamos: dois passageiros, o contratante e eu.

    Quando chegamos ao destino, a visibilidade estava ruim e o pouso não seria possível, então desviamos para uma pista de apoio indicada pelo contratante a cinquenta minutos do destino inicial. Chegando lá ele desceu, falou com alguns funcionários, e eu aproveitei para abastecer a aeronave. Com os tanques cheios, teria cinco horas e meia de autonomia.

    Ficamos esperando das dez da manhã até uma e meia da tarde. Quando ele recebeu a notícia de que o tempo estava bom no destino, decolamos, e esse voo serviu para eu fazer o reconhecimento da rota que percorreria no dia seguinte.

    Me admirou o quanto a floresta era fechada naquela área. Eu já tinha muita experiência voando sobre a Amazônia, mas mesmo assim aquela rota me chamou a atenção.

    Chegando ao destino, fiz o procedimento de pouso normal, os passageiros desembarcaram, retiraram a carga, e eu fiquei esperando a hora de decolar de volta.

    No entanto, já nesse voo percebi que o alternador voltou a ficar intermitente. Teríamos que fazer a bendita partida usando a corda. Confesso que estava curioso para ver aquele procedimento. Entrei no avião, eles enrolaram a corda no spinner do avião e disseram: Quando a gente puxar a corda, você dá a partida.

    Fizemos tudo conforme o combinado e, para a minha surpresa, deu certo. Com o motor funcionando, o contratante embarcou de volta e nós decolamos. Foram mais 65 minutos de voo sem nenhuma anormalidade. Apenas o alternador intermitente.

    Chegamos à cidade de Alenquer, finalizamos os trabalhos e segui direto para o hotel. Embora cansado, ainda fui ler o manual do avião e planejar os voos do dia seguinte, uma prática que sempre me deixava mais seguro. Quando fui dormir já eram umas dez horas, e eu sabia que tinha que acordar cedo na manhã seguinte.

    Acordei às sete, tomei meu café da manhã e pontualmente às oito estava em frente ao hotel, aguardando o taxista.

    Paramos apenas para abastecer o carro e comprar mais alguns mantimentos que seriam levados no voo, e então fomos para o aeroporto. Fiz meu check pré-voo, verifiquei as condições da aeronave, conferi instrumentos e observei que a bateria estava com a voltagem um pouco abaixo do mínimo para a partida. Entendi que teríamos outra vez que dar partida na corda. Aquele era um voo exclusivo com cargas, não haveria nenhum passageiro, somente eu e o avião. Seria meu primeiro voo sozinho naquela rota.

    Com tudo pronto, só faltava decolar, mas o tempo não permitia o voo. Estava muito nublado, com nuvens baixas que me impediriam de fazer um voo visual, mantendo contato com o solo o tempo inteiro.

    Decidi esperar as condições melhorarem para começar os trabalhos daquele dia. Já eram 12h40 quando o tempo melhorou e eu resolvi finalmente decolar. Embarquei, tomei meu lugar na cabine e novamente demos a partida com a corda. Logo percebi que o alternador voltou a funcionar e fiquei animado.

    Após dar a partida, taxiei para a cabeceira da pista e decolei sem nenhuma anormalidade. O avião estava pesado, mas dentro dos limites permitidos e com duas horas e meia de autonomia – mais do que o suficiente para um voo de uma hora.

    Iniciei a subida, sempre informando no rádio minha proa, altitude e distância

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