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Por Que Caiu? Caiu Porque
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Por Que Caiu? Caiu Porque
E-book216 páginas2 horas

Por Que Caiu? Caiu Porque

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Sobre este e-book

Eram exatamente 04h25minutos da madrugada, e essa hora nunca mais saiu da memória de todos eles, pois o que aconteceu naquele momento foi o início de um pesadelo. Estavam dormindo quando foram despertados por um forte estrondo e seguido por um tremor intenso no apartamento. O tempo de duração do barulho deve ter sido de alguns segundos, que mais pareciam uma eternidade. O casal se sentou na cama sem saber o que estava acontecendo. Tudo balançava sem parar e a primeira impressão era de que estava ocorrendo um tremor de terra, o que era impossível de acontecer na cidade do Rio de Janeiro. Escutaram um barulho forte como se algo rasgasse no ar. Dona Regina, mãe de Junia e sogra do Sebastião, já bastante idosa e que naquela época morava com eles, acordou e começou a gritar o nome da Junia.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de jun. de 2021
Por Que Caiu? Caiu Porque

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    Por Que Caiu? Caiu Porque - Emerson Rios

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    Sebastião C. Murad Rodrigues

    Emerson Rios

    Por que caiu?

    Caiu porque...

    A história por trás da queda

    do Palace Dois

    na Barra da Tijuca

    Rio de Janeiro — 2021

    Sumário

    Introdução

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    Este livro é um bom fruto desse tempo de pandemia que estamos passando, vivendo longos períodos de isolamento social. Esse tema já estava na mente de Sebastião havia muito tempo, porém em conversa com Emerson Rios, seu amigo de travessias marítimas e piscinas, teve o incentivo que faltava com a promessa de dividir esse novo trabalho com ele.

    Emerson Rios já é escritor com várias obras técnicas em sua área de trabalho em TI, assim como escreveu também romances, contos sempre muito bem humorados, obras de reminiscências e viagens. Ter essa ajuda foi fundamental para Sebastião. Houve, também, a ajuda do acaso. Os Produtores do Filme Palace Dois, três quartos com vista para o mar tiveram também um papel definitivo, pois durante a pandemia enviaram para nossa casa uma enorme caixa plástica contendo todo o material e documentos emprestados por Sebastião e outros moradores, que foram utilizados como fonte de informações para fazer o filme. Depois desse presente inesperado, não houve como não trabalhar nessa ideia.

    A caixa veio mais cheia e trouxe várias informações que, tanto ele quanto eu desconhecíamos após 22 anos da tragédia. Sebastião mergulhou de cabeça nos processos, nas entrevistas, nas reportagens e principalmente nos laudos técnicos dos diversos peritos, tanto os oficiais, quanto os contratados pela associação, quanto pela defesa do próprio Sérgio Naya.

    Emerson por sua vez, também teve de fazer uma imersão nesse tema, uma vez que ele, até o início dos trabalhos, só conhecia o tema de notícias publicadas nos jornais. Para ele coube também a avaliação cronológica dos fatos e o desenvolvimento do tema, para que não ficasse uma leitura densa demais, o que às vezes é difícil por tudo o que aconteceu desde a madrugada do dia 22 de fevereiro de 1998.

    Sebastião quis também incluir alguns textos jurídicos e das perícias técnicas presentes nos processos criminal e cível para que, de alguma maneira, sirva para o entendimento e aprendizado de estudantes de Direito e Engenharia.

    Nós, as esposas, Sandra e Junia, tivemos a função de revisoras e incentivadoras, como sempre.

    Tanto Sebastião quanto Emerson não têm a intenção de que esse livro seja definitivo e encerre todo o assunto Palace Dois. Ambos têm certeza de que a qualquer momento, novidades ou novos acontecimentos no âmbito judicial possam sempre surgir. Esse é um tema que verdadeiramente não se acaba.

    Boa leitura!

    Junia Luz Rodrigues

    Parte 1

    Capítulo 1

    Primeiro de Janeiro de 2020 — O Sonho do Sebá

    O mar sempre povoou o meu imaginário, seja nos meus melhores sonhos, seja pelas lembranças amargas que me traumatizaram e que mais adiante vou detalhar. Nessa madrugada eu estava ainda sonhando. Talvez a visão do mar no meio do pesadelo seja a razão dos meus sonhos posteriores, ou quem sabe sonhar com o mar não seja uma maneira de amenizar o trauma do pesadelo.

    Acordo na madrugada do Ano Novo. Estou ainda atordoado pela bebida, pois havíamos comemorado a passagem de ano e talvez eu tivesse me excedido no álcool. O teto do quarto ainda girava um pouco. Decido então tomar a segunda dose de sal de fruta.

    Consigo agora dormir melhor. E logo aparecem as primeiras imagens que me são trazidas pelo sonho profundo em que eu estava entrando.

    Junia, minha esposa, aparece com umas chaves nas mãos e se dirige a uma área externa ao nosso futuro apartamento onde há cadeiras e mesas. Ela vai entrevistar uma pessoa para uma reforma no imóvel. E eu continuo a inspecionar o prédio onde vamos morar e que talvez fosse o prenúncio do pesadelo que realmente aconteceu e nos marcou profundamente.

    Entro numa sala bem ao lado da portaria voltada para o mar e escuto conversas vindo do lado de fora do edifício. Para minha surpresa, são nadadores já dentro d’água preparando-se para uma travessia, alguns acertando suas roupas de Neoprene, toucas, óculos e alguns colocam seus tampões de orelha para evitar que entre água. Entre eles, vejo alguns amigos fominhas de mar, como o meu amigo Escritor, Engenheiro de Sistemas, Empresário e Cronista Emerson Rios. A presença de nadadores ali é grande. Todos os atletas estão bem próximos ao prédio, e alguns deles apoiados nas janelas da portaria, porém já dentro da água, o que só poderia ocorrer mesmo em sonho.

    Há um vento quente e permanente e a temperatura da água está até agradável, porém o céu apresenta nuvens sombrias.

    De repente tudo muda e, muito lentamente, as ondas começam a invadir a parte interna do prédio. E eu começo a retirar alguns objetos do chão e passo a colocá-los sobre outros móveis para que não sejam danificados. Não vejo nesse momento os meus amigos que aguardavam a largada da travessia. O sonho e o pesadelo se confundem.

    As ondas continuam a subir.

    Chamo Junia mais uma vez e ela pede que eu aguarde mais um pouco porque a entrevista com o encarregado da obra ainda não acabara.

    Nessa mesma noite, antes de dormir e já de madrugada, nosso querido e único filho Victor me abraça e diz que eu estou bem alegrinho, possivelmente pelo efeito dos espumantes. De fato, eu já havia tomado cervejas e essa mistura se mostrou perigosa para mim. Na vez anterior em que misturei cerveja com espumante, eu sonhei com meu filhão ainda bebê de fraldas me dando broncas em inglês, tentando entender o porquê de eu estar criando uma vaca malhada gigante no subsolo do Aeroporto JFK em Nova Iorque. Victor hoje ainda brinca comigo que, se algum dia eu escrever algo sobre esse sonho louco, a capa do livro deverá mostrar uma grande vaca cor de rosa e com malhas negras e ao seu lado o menininho de fraldas com o dedo em riste ralhando com o adulto.

    Ainda na madrugada, escuto Dalila (Delilah) cantada por Tom Jones e abraço Junia, chamo Victor e sua querida Andressa, Regina e André, os queridos anfitriões gaúchos e sogros de nosso filho, e dançamos juntos e alegres por uns minutos. Victor, sempre muito atento e observador, continua achando o pai bem alegrinho.

    Creio que essa mistura de ideias de festas aliadas a uma grande preocupação ambiental vem de longa data. O álcool tem essa magia de despertar imagens alegres e sérias em sonhos esporádicos, mas o mar sempre aparece como uma visão talvez no meio de um pesadelo.

    No sonho, Junia termina a entrevista com o encarregado e diz que já está pronta para subir e começar a mudança para o novo apartamento. Rapidamente, respondo:

    — Não vai ter mudança e o que eu queria te mostrar com tanta ansiedade era essa já enorme proximidade do mar com o prédio e a entrada de água na portaria.

    — Esse prédio não vai suportar por muito tempo as batidas das ondas, a infiltração das águas em suas bases e em toda a parte estrutural. E o solo logo estará comprometido.

    Junia, sempre muito sensata, me olha preocupada e já começa a mudar de ideia.

    Esses sonhos recorrentes que me povoam e às vezes me atormentam à noite estão ligados com um pesadelo real que ocorreu em 1998. E foi a partir desse dia, cujos detalhes irei narrar adiante, que começaram a surgir os sonhos com a água do mar, mas apenas pela imagem que ficou gravada num determinado momento, e não pela invasão das águas em si. O sonho se apropriou de um pesadelo real e tudo se misturou.

    Capítulo 2

    22 de fevereiro de 1998 — O pesadelo que virou realidade

    Sebastião e Junia já estavam no quarto, talvez até sonhando, quando Victor, o filho único, entra e cutuca o pai. Ainda meio sonolento e sem saber direito onde estava, ele explica a razão de estar no quarto àquela hora da madrugada:

    — Pai, está fazendo um ruído esquisito e bastante desagradável vindo do meu aparelho de ar-condicionado.

    Ainda meio dormindo, Sebastião se levanta para verificar o que estava ocorrendo no ar do quarto. Junia percebeu alguma movimentação e resmunga alguma coisa sobre desligar o ar, mas permaneceu na mesma posição na cama.

    Sebastião examina o aparelho, mexe em alguns botões, mas não consegue resolver o problema que incomodava o filho. Acha melhor desligar o ar-condicionado e no dia seguinte procuraria alguém para consertá-lo, o que na verdade seria quase que impossível durante o carnaval conseguir alguém para fazer esse serviço. A sua formação técnica era de Farmacêutico Industrial e consertar aparelhos elétricos não era o seu forte, mas iria conversar no dia seguinte com os porteiros do prédio para ver se eles conseguiam alguém para dar uma olhada.

    Victor colocou um filme no aparelho de VHS, foi se distrair e esquecer do barulho estranho que o tinha incomodado. Sebastião volta à sua cama para continuar sonhando. Quem diria! O filho também acabou dormindo mais tarde, apesar do calor do verão carioca.

    Victor estava com sono leve e disse ter ouvido, lá pelas 02h00 da madrugada, já no dia 22 de fevereiro de 1998, domingo, vozes e um burburinho na área externa do edifício. Realmente, ele não sabia do que se tratava, pois moravam no 22º andar em um duplex, e sem entender a razão do falatório, resolveu continuar dormindo.

    Eram exatamente 04h25minutos da madrugada, e essa hora nunca mais saiu da memória de todos eles, pois o que aconteceu naquele momento foi o início de um pesadelo. Estavam dormindo, quando foram despertados por um forte estrondo e seguido por um tremor intenso no apartamento. O tempo de duração do barulho deve ter sido de alguns segundos, que mais pareciam uma eternidade. O casal se sentou na cama sem saber o que estava acontecendo. Tudo balançava sem parar e a primeira impressão era de que estava ocorrendo um tremor de terra, o que era impossível de acontecer na cidade do Rio de Janeiro. Escutaram um barulho forte como se algo rasgasse no ar. Dona Regina, mãe de Junia e sogra do Sebastião, já bastante idosa e que naquela época morava com eles, acordou e começou a gritar o nome da Junia. O casal ouviu os gritos e se abraçaram muito assustados. Não sabiam o que fazer, pois era uma experiência que nunca haviam passado. Chamaram pelo Victor e ele, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo, apareceu no quarto deles e estava também perdido, querendo saber o que estava acontecendo. Desceram os três correndo para acalmar Dona Regina. Ficaram os quatro abraçados na sala tentando entender o que ocorria do lado de fora.

    Era uma situação difícil de explicar e de entender naquele exato momento. Tinham sido pegos de surpresa, no meio da noite, e estavam sem o controle da situação. Num primeiro momento, acharam que fosse um raio que por acaso tivesse caído em cima do prédio, embora não estivesse chovendo, e a outra hipótese, mais absurda, seria que estava ocorrendo um terremoto, embora isso não seja comum aqui nessa região do Brasil.

    Acenderam as luzes da casa, e correram para a varanda do andar inferior para tentar entender o que estava ocorrendo. Viram muita gente lá embaixo e muitos carros do Corpo

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