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E-book550 páginas4 horas

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Sobre este e-book

Walton é um jovem californiano depressivo e problemático que sempre se envolve em brigas e acidentes, muito para a decepção de seu pai. Tudo muda no verão de 2003 durante uma viagem a Oklahoma, Walton vê sua vida se transformar radicalmente ao conhecer um grande amigo e encontrar o amor de sua vida no lugar mais improvável.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de fev. de 2022
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    Pré-visualização do livro

    Buddy - Paulo Nascimento

    Buddy

    A força da amizade

    Paulo Nascimento

    WALTON PARKS ................................................................ 7

    O ACIDENTE ..................................................................... 25

    NO INSTITUTO CORRECIONAL .................................... 45

    OS LOCOS ATACAM ......................................................... 73

    O ESQUEMA DE EL JEFE ................................................ 95

    FOCOS DE REVOLTA .................................................... 113

    ESTOURA A REBELIÃO ................................................ 141

    OS NOVOS RUMOS DE WALTON ................................ 163

    BUDDY ............................................................................. 187

    SURGE UMA GRANDE AMIZADE ................................ 207

    O NOVO TREINADOR .................................................... 235

    A DESCOBERTA DO AMOR .......................................... 267

    TRISTE DESPEDIDA ...................................................... 295

    UM VERÃO INESQUECÍVEL ........................................ 331

    A Deus, sem Ele nada é possível

    Aos meus pais, grande fonte de inspiração

    Capítulo 1

    Walton Parks

    Bom, como eu começo… ah, sim. Vou começar dizendo que não era minha intenção contar essa história, é muito pessoal.

    Mas meu noivo insistiu para que eu contasse a nossa história, primeiro porque é linda e merece ser compartilhada e segundo porque convenhamos, eu conto melhor do que ele. É a história de um rapaz e seu grande amigo, dois espíritos livres que se encontraram a si mesmos e um ao outro pela força da amizade.

    Aconteceu aqui mesmo em Midwest City, Oklahoma, mas na verdade começou em San Diego, Califórnia, terra natal do nosso rapaz.

    O nome dele é Walton Walker Parks, é filho de Anne Walker Parks e Brandon Parks. Trata-se de um garoto muito rico e por um tempo quase que na mesma medida de natureza digamos peculiar, seu pai é dono da Parks Telecom, uma das maiores empresas de telecomunicações dos Estados Unidos. Devo dizer que ao contrário de hoje em dia Walton sempre foi um rapaz rebelde e contestador que sempre se meteu em encrencas.

    Começou quando ele tinha dezesseis anos de idade e se meteu em sua primeira briga, foi em um clube noturno no centro da cidade. Walton estava se divertindo enquanto dançava com uma garota até que um cara uns três anos mais velho se aproximou 7

    e começou a dar em cima da garota na frente dele. Claro que isso o deixou bastante irritado, mas inicialmente ele tentou evitar confusão. Porém como o cara não os deixava em paz Walton foi obrigado a intervir.

    — Qual é, cara! — ele disse um tanto alterado, mas ainda no controle. — Não dá para ver que ela está comigo? Cai fora!

    — O que faz aqui, Parks?! — disse o outro rapaz em resposta. —

    Não é hora de o bebê estar na cama?

    Obviamente tal provocação fez o sangue de Walton ferver, muito irritado ele partiu para cima de Tony, o outro cara, que sendo mais alto e mais forte o atingiu com um soco no rosto.

    Walton revidou com um soco no peito de Tony e então começou uma grande confusão, uma briga feia que acabou envolvendo quase todos no local e acabou uns dez minutos depois com três rapazes indo para o hospital e Walton e Tony indo parar na delegacia.

    No outro dia após passar a noite em uma cela apertada Walton foi liberado quando seu pai acertou tudo com a polícia, Brandon achou que seu filho aprenderia com a experiência, mas posso dizer que foi exatamente o contrário. Naquele mesmo ano Walton se envolveu em duas outras grandes brigas, uma no San Diego High School, o colégio onde ele estudava, quando um de seus colegas começou a provocá-lo falando mal de seu pai, essa quase lhe custou uma expulsão.

    A outra foi no natal quando saiu com outros seis rapazes e moças da sua idade, acabou bêbado e brigando com um oficial 8

    de polícia por causa de uma advertência dada a um de seus colegas que dirigia sem habilitação.

    E isso foi apenas o começo. Nos anos seguintes Walton seguiu em uma espiral de decadência, tornou-se ainda mais irritadiço e rebelde, o que ele aliava a uma atitude um tanto…

    contemplativa. Talvez isso se devesse ao fato de não ter mãe, Anne faleceu quando Walton tinha apenas oito anos de idade, ou pelo fato de ter um pai ausente que só se preocupava com sua empresa e sua fortuna.

    Fato é que com o passar do tempo Walton começou a se meter em mais e mais problemas, problemas cada vez maiores.

    Namoradas ele só teve duas em toda a sua vida até me conhecer, uma delas atendia pelo nome de Donna LeBoyer. Ela era capitã dos Mountain Lions, equipe de cheerleaders de San Diego High School, e uma das garotas mais populares do colégio.

    Os dois mantinham um relacionamento um tanto estranho.

    Brigavam e discutiam na maioria do tempo por qualquer assunto, no entanto estavam juntos o tempo todo. Acho que isso acontecia porque Donna era muito ciumenta e Walton sempre foi um espírito livre, fico feliz de não ser como ela, por isso está dando tão certo entre nós.

    Bom, ao completar dezoito anos Walton enfim conseguiu sua tão desejada habilitação e já podia dirigir para onde bem quisesse. Ele já era um ás do volante, mas raramente se arriscava porque se fosse pego dirigindo sem habilitação estaria com grandes problemas, quando começou a dirigir regularmente as confusões aumentaram.

    9

    Uma vez em agosto de 1999 ele teve seu primeiro acidente automobilístico, aconteceu uma noite quando saía de uma festa.

    Walton dirigia tranquilamente, em velocidade moderada, quando tentou ultrapassar um caminhão parado na faixa de pedestres e subitamente um grupo de pessoas surgiu de trás do veículo. Ele sequer percebeu as pessoas, ou o sinal vermelho, mas ainda assim no último segundo conseguiu frear o carro e por pouco não feriu todas aquelas pessoas, apenas duas tiveram arranhões.

    Porém esse acidente fez Brandon decidir ter uma conversa séria com o filho, a primeira desde a morte de Anne.

    — Walton, entre aqui. — Brandon disse com um tom firme e então ele entrou no escritório de seu pai.

    — O que foi, pai?

    — Temos que conversar, conversar sério.

    — Olha, pai. Foi um acidente…

    — Eu sei, Walton. Mas acontece que não foi o primeiro problema em que você se meteu. O que há de errado com você, garoto?

    — Não tem nada de errado comigo, pai.

    — Devo dizer que eu não concordo. Há dois anos eu venho te tirando de uma encrenca atrás da outra. Já te tirei da delegacia seis vezes, já menti e subornei para te livrar de problemas várias vezes. Ah, e não vamos nos esquecer daquela acusação de estupro que eu fiz desaparecer.

    Tentei várias vezes fazer o Walton me contar que história é essa de estupro, mas ele nunca me contou.

    10

    — É claro que tem algo acontecendo com você, Walton. — seu pai continuou.

    — E o que sugere que eu faça?

    — Fale comigo! Me diz o que está errado.

    Walton preferiu guardar silêncio, o que forçou Brandon a tomar uma decisão.

    — Muito bem, se não quer falar comigo então vai falar com a doutora Paxton.

    Sandra Paxton era a psicóloga que tratou de Walton uns anos atrás logo após a morte de sua mãe Anne. Logicamente ele não reagiu muito bem a determinação de seu pai.

    — Mas pai, eu não preciso de psicólogo. — ele disse, embora tudo nele mostrasse o oposto.

    — Acho que precisa sim. — Brandon manteve sua determinação.

    — Ou vai ver a doutora Paxton ou pode dizer adeus a sua habilitação.

    — Isso não é justo!

    Porém ordens são ordens, mesmo quando não parecem justas. Três dias depois em uma manhã de terça-feira lá estava Walton na sala de espera aguardando para ter a sua hora com a doutora Paxton, não demorou muito e ele adentrou a sala da psicóloga que estava exatamente do mesmo jeito após tantos anos.

    — Olá, Walton. — disse a doutora com um tom bastante simpático. — O que traz você a minha sala depois de seis anos?

    11

    — Meu pai.

    — Ok, Walton. Quando estiver pronto podemos começar.

    Exceto por essa forçada interação foram trinta e cinco minutos de total silêncio. A doutora Paxton nada dizia querendo que Walton tomasse a iniciativa de se abrir e Walton nada dizia por medo ou por constrangimento, após esse longo hiato foi ele quem quebrou o silêncio.

    — Olha, doutora Paxton. — ele disse como que se justificando.

    — Eu realmente não queria estar aqui, meu pai acha que eu preciso de terapia só porque eu sofri um acidente estúpido.

    — Entendo. — falou a doutora com aquele tom neutro que sempre o irritou. — Quer falar sobre isso?

    Surpreendentemente ele quis, explicou sobre o acidente que sofrera e sobre seus sentimentos conflitantes antes dele. Daí a sessão começou a evoluir, mas vinte e cinco minutos depois acabou. Por iniciativa própria Walton marcou outra sessão para a semana seguinte… talvez ele só precisasse conversar com alguém.

    Por um tempo a terapia até que funcionou, Walton conseguiu passar seis meses longe de encrencas. Contudo o que é para acontecer sempre acontece, após esse período de calmaria Walton se meteu em outra confusão.

    Dessa vez foi em uma das festas que ele costumava frequentar nas noites quentes de San Diego. Em fevereiro do ano 2000 estava ele na casa de um de seus ex-colegas de San Diego 12

    High School quando de repente foi cercado por outros três rapazes.

    — Aí, Walton! — disse-lhe um deles. — A gente soube que você anda tirando onda com aquela sua lata velha, está atrapalhando nosso lance.

    — Qual é, Robin. — Walton retrucou. — Está aí todo estressadinho porque não ganha de mim numa corrida.

    Robin Matthews, famoso promotor de corridas clandestinas, na verdade um rachador profissional, já tinha uma breve história com Walton. Ele começou a se envolver com rachas uns dois meses antes quando se reencontrou com Robin…

    por incrível que pareça por um total acaso, desde então foram três corridas entre eles com três vitórias de Walton.

    — É assim, Walton?! — Robin não gostou nada da provocação.

    — Eu e você, agora!

    — Ok, Robin. Mas que tal tornar as coisas um pouco mais interessantes?

    — Como assim?

    — O vencedor leva o carro do perdedor.

    — Se é assim que você quer vamos lá!

    Nisso lá foram eles para a Broadway que logo se encheu de gente. Robin estava a bordo de seu Porsche Carrera vermelho e Walton acelerava furiosamente sua BMW prata, pelas janelas dos carros eles se encaravam com cara de poucos amigos. Então 13

    uma das garotas que ali estavam se preparou para dar o sinal de largada.

    — Senhores, preparem-se! — ela disse.

    Os dois começaram a acelerar os motores até que a garota deu o sinal para a largada e os dois saíram acelerando seus carros pela avenida revezando-se na dianteira. Tudo transcorria normalmente, para uma atividade ilegal, até que saiu do cruzamento com a 6th Avenue uma ambulância que corria com uma vítima de enfarto para o Scripps Mercy Hospital.

    A ambulância saiu da esquerda, lado pelo qual vinha Robin, com a sirene soando. O rapaz se assustou e freou bruscamente cantando pneus para não colidir frontalmente, acabou batendo de lado na ambulância e desmaiou ao bater o rosto no volante. Por sua vez a BMW de Walton, em altíssima velocidade, se chocou contra a traseira do Porsche e ele continuou correndo… só foi parar uns quinhentos metros à frente.

    Resultado da corrida: ambos os carros destruídos, Robin com um braço, uma perna, três costelas e o nariz quebrados, Walton com ferimentos leves no rosto, braços e no peito. Mais que isso os dois estavam com um grande problema, obviamente a polícia foi chamada para atender a ocorrência. Robin foi levado para o hospital mais próximo e Walton foi tratado no local e logo levado para a delegacia pela sétima vez, nessa oportunidade acusado de direção imprudente.

    Como não era mais menor de idade e já tinha antecedentes Walton, assim como Robin, foi a julgamento. Por ser o organizador do evento Robin Matthews foi condenado a seis 14

    anos de prisão, já Walton foi condenado a seiscentas horas de serviços comunitários e teve sua habilitação apreendida até o término do cumprimento da sentença.

    Para Walton, um jovem de dezenove anos de idade, perder sua habilitação, seu direito de poder dirigir legalmente, era o fim.

    Após esse episódio ele começou a se tornar cada vez mais amargo e rebelde, se metia em brigas constantemente, apanhava e batia quase sempre e passou a ficar noites inteiras fora de casa.

    Tal fato passou a verdadeiramente preocupar Brandon. No fim daquele ano após observar uma radical mudança de comportamento em Walton ele decidiu ter outra conversa com o filho, o chamou para o seu escritório e foi direto na pergunta.

    — Walton, o que está acontecendo?

    — Como assim? — disse o rapaz como se estivesse tudo bem.

    — Ora, tem faltado no serviço comunitário, vem se metendo em brigas frequentemente e está passando noites e noites fora de casa.

    Qual é o seu problema?

    — Esse é o problema, pai! — aí o rapaz explodiu. — Todos me olham como se eu estivesse tramando alguma coisa! Todo mundo acha que eu tenho um problema, mas eu não tenho!

    — Desde que a sua mãe morreu eu tenho me mantido ocupado demais com a empresa, com o meu trabalho. Talvez para não pensar tanto nisso…

    — Não sabe como tem sido difícil, pai. — Walton abriu seu coração. — A pressão de todos os lados, todos querendo que eu aja como se estivesse tudo bem quando não está.

    15

    — Mas o que você quer?

    — Não sei, eu… não sei.

    — Puxa, Walton. Sinto muito por ter sido tão ausente esses anos todos.

    Então Brandon e Walton se abraçaram como há muito não faziam. Ele se sentiu bem melhor após essa conversa com seu pai, dias depois começou a trabalhar como auxiliar administrativo na Parks Telecom e por um tempo até que conseguiu ficar sossegado.

    Cerca de um ano depois ele enfim conseguiu cumprir suas horas de serviço comunitário, muito depois que o juiz deixou bem claro que se ele não cumprisse iria para a cadeia, e conseguiu de volta a sua habilitação. Isso e um emprego estável tornaram Walton um pouco menos rebelde… para o bem de todos.

    Em novembro de 2001, doze anos após a morte de sua mãe Anne, ele resolveu ir ao cemitério visitar o túmulo dela, o que não fazia desde criança. Ele levou algumas rosas — a flor favorita de Anne — ficou ali de pé contemplando a lápide, uma pedra preta de mármore com os dizeres "Anne Walker Parks – 1957-1989, amada esposa e mãe", com um nó na garganta e lágrimas nos olhos.

    — Oi, mãe. — ele disse com a voz embargada. — Me desculpe por não vir antes, tenho tido uma vida meio confusa. Aconteceu muita coisa desde que você se foi.

    Desde esse dia Walton passou a conversar frequentemente com sua mãe sempre tendo a certeza de que ela o ouve onde quer que esteja

    16

    O tempo foi passando e dessa vez parecia que Walton ia se estabilizar. Ele conseguiu se manter na Parks Telecom, não mais se metia em problemas e até começou a manter um relacionamento com uma garota chamada Claudia Stephens depois de anos de seu rompimento com Donna LeBoyer.

    Seis meses depois, em maio de 2002, Walton conseguiu de seu pai autorização formal para representá-lo em um simpósio de profissionais de telecomunicações na cidade de Nova Iorque, a proposito foi assim que Brandon descobriu talvez o maior segredo de seu filho.

    No dia seguinte a viagem de Walton por total acidente ao entrar no quarto de seu filho ele acabou por encontrar um pequeno estojo de couro e dentro dele uma seringa, um elástico de borracha e um vidrinho com um líquido transparente… morfina.

    Obviamente ele concluiu que seu filho era viciado em morfina e já havia muito tempo.

    Falando nele em Nova Iorque Walton arrumou uma nova encrenca. Na última das quatro noites do simpósio ele resolveu dar uma volta pelas ruas da Grande Maçã, subitamente parou em frente ao Avalon, entrou e começou a beber. Começou com uma cerveja e logo partiu para outra, outra e mais outra, após a sétima cerveja ele resolveu subir o nível de álcool, começou a tomar uísque.

    Uma, duas, três, quatro rodadas e Walton estava completamente embriagado, então foi para a pista de dança e avistou uma linda garota parada em um canto. Logicamente ele se aproximou dela, perguntou-lhe o nome – Linda Jones – e a chamou para dançar, ela começou a dar desculpas para não o 17

    acompanhar, mas devido à insistência de Walton resolveu ir… o que foi péssimo para o rapaz.

    Com muito álcool no sangue Walton começou a agarrar Linda de um jeito não muito cavalheiresco e ela começou a se afastar dele, porém quanto mais ela resistia mais ele avançava até que irritada a moça deu um tapa no rosto de Walton e saiu de perto dele. Óbvio que isso irritou muito o rapaz, ele foi até ela para deixar bem clara a sua vontade.

    — Você vem comigo! — ele disse já agarrando o braço dela. —

    Agora!

    Linda começou a gritar pedindo que Walton a largasse, mas ele fazia exatamente o contrário, então após uns segundos dois seguranças do clube se aproximaram deles e um dos homens perguntou a Linda:

    — Esse cara está te incomodando?

    — Esse idiota fica me agarrando! — Linda respondeu obviamente incomodada.

    — Acho que vai ter que ir embora agora, garoto. — disse o outro segurança já o abordando.

    O álcool tem um efeito interessante nos homens, faz muitos deles se acharem inquebráveis e foi o que houve com Walton naquele momento.

    — Sem essa, cara! — ele protestou. — Não pode me pôr para fora!

    18

    — Claro que posso! — Disse o segurança já avançando sobre ele.

    — Para fora, agora!

    Porém Walton estava disposto a permanecer ali a qualquer custo, avançou sobre o segurança e o acertou com um soco. O

    homem, mais alto e forte do que ele, o empurrou contra um outro rapaz que acertou Walton com um soco no olho direito e isso deu início a uma grande briga, logo quase todos os homens no clube estavam trocando sopapos. Não pude deixar de rir quando ele me contou essa história.

    Por sua vez os seguranças do Avalon estavam mais interessados em Walton que havia começado toda a confusão, logo seis deles o cercaram e trataram de imobilizá-lo. Em seguida o pobre Walton foi jogado para fora do local caindo no asfalto no exato momento em que uma viatura da polícia de Nova Iorque chegava ao lugar chamada por alguém ali.

    Imediatamente os policiais desceram do carro, um deles ajudou Walton, que mal se aguentava de pé devido a sua embriaguez, a se levantar enquanto o outro se aproximou da porta do clube e ali perguntou:

    — Certo, o que houve aqui?

    — Esse cara bebeu demais e começou uma briga. — disse um dos seguranças. — Tentamos retirá-lo, mas ele resistiu.

    Com base nos testemunhos do segurança e de outros frequentadores Walton foi detido por bebedeira e arruaça, foi levado para a delegacia mais próxima dali e fichado também em Nova Iorque… Walton conseguira a façanha de ter ficha criminal nas duas costas do país. Mais uma vez Brandon se encarregou de 19

    tirá-lo da confusão, dois dias depois Walton pôde retornar a San Diego e lá encontrou seu pai com cara de poucos amigos.

    — E aí, pai! — ele disse como se nada tivesse acontecido. —

    Tudo bem?

    — Senta aí. — Brandon disse sem cerimônia. — Temos que conversar.

    Walton sabia que quando seu pai lhe dizia que eles precisavam conversar não era algo agradável.

    — Qual é o problema, pai?

    — Você, Walton. — Brandon soava verdadeiramente desapontado com o filho. — Você é o problema! Fico pensando de mais quantas encrencas eu vou ter que te tirar.

    — Olha, pai…

    — Apenas escute! Essa sua confusão em Nova Iorque não refletiu apenas em mim, refletiu também na Parks Telecom. Você estava lá representando a empresa, faz ideia do que isso fez com a nossa credibilidade?

    — Sinto muito, pai. — Walton parecia bem arrependido. — Não vai mais acontecer.

    Mas por alguma razão o rapaz não tinha mais crédito com seu pai.

    — Não, Walton! — ele disse enérgico. — Não me venha com essa! Você sempre tem uma desculpa para cada encrenca em que se mete! Sempre me diz que não vai voltar a acontecer, mas sempre continua acontecendo!

    20

    — Nem sempre é culpa minha, pai.

    — Não é sobre de quem é a culpa. É sobre você e sua total falta de responsabilidade! Quando eu penso que tudo vai se ajeitar, que você vai se estabilizar lá vem Walton Parks metido em outra confusão! Até quando você pretende viver assim, filho?!

    — O que você quer que eu faça?! — Walton estava cada vez mais frustrado. — O que eu posso fazer para te agradar, pai?

    — Cresça, filho! Cresça como pessoa, Walton. Mude de atitude, dê um pouco mais de valor a sua vida!

    — Não tem o que valorizar na minha vida! — Verdadeiramente Walton estava em um abismo de autodepreciação. — Minha vida é um lixo! Um patético monte de nada!

    Então Brandon aproveitou para entrar no próximo assunto.

    — É por isso que você vem tomando morfina?

    A pergunta meio que pegou Walton de surpresa. Quer dizer, ele sabia que o segredo não duraria muito tempo, mas também não pensava que ia acabar tão cedo.

    — Desde quando sabe? — essa foi sua única reação.

    — Descobri uns dias atrás, por acidente achei isso no seu quarto.

    Ao ver o estojo Walton ficou um tanto abalado.

    — Desde quando vem tomando? — seu pai lhe perguntou.

    21

    — Desde o acidente no racha. — Walton respondeu ainda um tanto constrangido. — A dor não parava, então a enfermeira aplicou em mim. Gostei da sensação e então arranjei minha própria morfina.

    — Me diz, filho. Por que está tomando isso? Que dor é essa que você quer tanto afastar?

    — Sei lá. — Walton não tinha realmente uma resposta para essa pergunta. — A morfina me faz bem, não penso em nada e isso é bom. Mas não se preocupe, pai. Eu não tomo mais.

    — Não?

    — De repente eu notei que não preciso mais disso.

    — Isso é ótimo, Walton. Mas e quanto ao resto da sua vida?

    — Olha, pai. Eu vou tentar, eu prometo.

    — Fico feliz de ouvir isso. Se precisar de algo, qualquer coisa, saiba que pode contar comigo.

    — Obrigado, pai. Vou me lembrar disso.

    Pois é, ele tentou… tentou mesmo. Por nove meses Walton Parks foi um bom rapaz, ficou longe de encrencas e passou a trabalhar duro para mudar alguns aspectos de sua vida que realmente precisavam de alteração.

    Nesse tempo Walton reatou seu lance com Claudia Stephens, começou a demonstrar grandes progressos na Parks Telecom e até se tornou um motorista cuidadoso. Realmente ele estava perto de ser motivo de orgulho para Brandon quando aconteceu… infelizmente aconteceu.

    22

    Foi na noite de 12 de fevereiro de 2003, aconteceu em um cinema no centro da cidade. Lá estava ele com Claudia Stephens quando um rapaz, um sujeito bastante abusado por sinal, saiu de sua cadeira próxima do corredor da sala e veio se aproximando devagar até ficar do lado da garota praticamente abraçado a ela.

    Pouco depois começou a sussurrar coisas no ouvido dela.

    Obviamente que isso começou a incomodar Walton, afinal de contas ele é homem e não tem sangue de barata. Para evitar uma confusão ele e Claudia trocaram de lugar, mas aparentemente o tal rapaz não pensava da mesma forma.

    Discretamente ele se levantou e saiu pelo corredor, parecia que ia embora, mas logo ocupou o lugar vazio ao lado dela. Daí Walton realmente se irritou, levantou-se de sua cadeira e disse em alto e bom som:

    — Qual é a sua, cara! Não viu que ela tem companhia?!

    — Senta aí, cara. — disse o desavergonhado rapaz. — Está atrapalhando o pessoal.

    Isso fez o sangue de Walton ferver, mas não tanto quanto o que veio depois.

    — O que uma gatinha como você faz com um imbecil desses? —

    O importunador perguntou a Claudia que ficou entre sem jeito e incomodada.

    Foi o que bastou para Walton explodir de vez. Ele se levantou de sua cadeira, foi até o rapaz e o atingiu com um soco no nariz. Já sangrando o importunador se levantou, atracou-se com Walton e então teve início uma briga entre os dois.

    23

    Até hoje eu não entendo o que havia

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