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Couro E Renda
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E-book344 páginas5 horas

Couro E Renda

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Sobre este e-book

Esta romancista leva a pesquisa para o próximo nível…

Kristen é uma divorciada que escreve um livro que retrata os desejos mais sombrios entre quarto paredes, mas precisa de experiência pessoal para inspirar a sequência de seu inesperado e excitante best-seller.

Devon, aposentado do Navy SEAL e proprietário de um clube privado, fica muito feliz em ajudar. Depois de um fim de semana de educação prática e atraente, o relacionamento temporário deles se transforma em algo mais profundo.

Porém, enquanto lutam contra a sua ligação inesperada, um assassino coloca Devon na sua mira e Kristen é apanhada no fogo cruzado. Eles sobreviverão com seus corações e vidas intactos?
IdiomaPortuguês
EditoraTektime
Data de lançamento1 de jan. de 2024
ISBN9788835467267
Couro E Renda

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    Pré-visualização do livro

    Couro E Renda - Samantha Cole

    CAPÍTULO UM

    — Droga!

    Kristen Anders fechou o notebook, tirou os óculos e passou os dedos pelos longos cabelos castanhos, exasperada. Olhando para o relógio digital no decodificador, não conseguia acreditar que já eram 13h. Três horas desperdiçadas. Se não desenvolvesse um enredo viável, logo ficaria louca. Agora que a mudança para Tampa estava concluída, suas coisas estavam desempacotadas no apartamento alugado de dois quartos, e as caixas de mudança vazias estavam na lixeira, ela não tinha mais desculpas para não voltar ao seu último romance. Nenhuma desculpa, exceto seu maldito bloqueio criativo.

    Na mesa, seu telefone tocou, e ela revirou os olhos ao ver o nome na tela. Exatamente o que precisava… Jillian Tang. Sua editora a havia dado três semanas para lidar com tudo o que estava envolvido na mudança antes que começasse a exigir um novo esboço da trama. E, conforme o calendário da Playgirl que seu primo a havia dado como presente de feliz divórcio, essas três semanas haviam chegado e passado há quatro dias, e tudo o que Kristen tinha era um título provisório.

    Apertando o botão de atender, levou o telefone ao ouvido.

    — Oi, Jillian.

    — Não me diga oi, Jillian, a menos que você já tenha algo mais do que um título provisório.

    Couro e Renda seria a continuação de seu primeiro romance nem-um-pouco-tradicional, Cetim e Pecado, pelo qual seus leitores enlouqueceram.

    — Ainda não, e antes de gritar comigo, você quer rápido ou caprichado?

    A risada de Jillian ultrapassou os limites normais, e Kristen teve que sorrir. Elas falaram simultaneamente:

    — Parece algo que meu ex-marido diria.

    Ambas sabiam o que era se divorciar de um marido traidor. Depois que sua risada desapareceu, Jillian voltou ao assunto original.

    — Você sabe que seus leitores estão morrendo de vontade de colocar as mãos em seu próximo romance BDSM. Continuo chocada que você tenha seguido esse caminho depois de nove romances tradicionais, mas com a forma como suas vendas dispararam, não estou reclamando.

    Os dois primeiros livros de Kristen foram e-books autopublicados. Após terem sido baixados em grande número e recebido críticas elogiosas de seus leitores, Jillian a contatou com uma proposta para se tornar uma autora endossada pela Red Rose Books. Ela ficou emocionada desde que foi procurada pela grande editora especializada no gênero romance, uma honra com a qual a maioria dos escritores autopublicados só poderia sonhar. O acordo beneficiou ambas as partes. A Red Rose Books contratou uma escritora nova e popular com uma base de fãs estabelecida esperando ansiosamente por seu próximo livro, e os livros de Kristen agora estavam disponíveis em versão impressa, áudio e digital. Ela não precisava mais lidar com edição, upload, designs de capas e promoções.

    — Também não estou reclamando, mas não consigo nem decidir qual personagem deve se tornar meu novo herói.

    — Merda, preciso correr para uma reunião. — Kristen podia ouvir o farfalhar de papéis do lado de Jillian. — Escuta. Entre naquele mundo de fantasia em sua cabeça e imagine cada um desses caras bonitões. Um deles se destacará. Ligo para você amanhã, e é melhor você ter uma resposta para mim. Amo você. Tchau.

    Deixando cair o celular ao lado do notebook, Kristen suspirou. Levantou e foi para o quarto principal, puxando a camisa por cima da cabeça. Ela esperava que um banho quente, seguido de uma mudança de cenário, ajudasse a fazer sua criatividade fluir. Além disso, estava com fome. Talvez fosse hora de dar uma olhada no pub irlandês a alguns quarteirões de distância. Ela passou pelo Donovan's várias vezes nas últimas semanas e percebeu ser um lugar popular. Não parecia muito lotado na hora do almoço, mas ficava cheio no happy hour e permanecia assim noite adentro.

    Caminhando pelo quarto, pensou em ligar para Will para irem juntos comer alguma coisa, mas a ideia saiu de sua mente tão rápido quanto surgiu. Por mais que adorasse a companhia do primo, porque ele sempre conseguia fazê-la rir e relaxar, Kristen sabia que não conseguiria realizar nenhum trabalho com ele por perto.

    Não muito após a sua chegada à Florida, Will se ofereceu para mostrar os lugares em Tampa e apresentá-la para todos os seus amigos, sendo que ele era a única pessoa que conhecia na área. Infelizmente para ela, a maioria das pessoas que ele saía eram gays, não que houvesse algo de errado em ser gay. Ela já estava confortável com a homossexualidade do primo há muito tempo, e embora tivesse bons momentos com a galera de Will, ela estava cansada de recusar as propostas de encontro das amigas lésbicas dele. Kristen não tinha nenhum interesse sexual em mulheres, e nenhum dos homens do círculo de amigos do primo estavam interessados nela, além de amizade. Eles eram um grupo de ótimas pessoas, mas desde a finalização de seu divórcio, ela queria voltar ao campo de batalha de encontros. Não estava em busca de um relacionamento estável, seu casamento falho a azedou para qualquer coisa permanente, mas talvez o lance de ter amigos com benefícios poderia ser algo que gostaria de encarar. Contudo, a questão dos benefícios poderia ser um problema.

    Ela não era tão boa assim no sexo, e, sendo honesta, isso a entediava. Ela achava que até poderia finalmente admitir para si, muito embora seu ex-marido, Tom, usou esse fato como desculpa para a trair. Mesmo que pudesse ter orgasmos com a masturbação, ela nunca havia conseguido gozar durante o sexo. No começo de seu casamento, Tom falava que era porque ela não conseguia relaxar o suficiente para aproveitar, o que talvez Kristen poderia ter concordado. Ela estava tão nervosa na primeira vez, querendo agradá-lo, mas sem saber como. Mas após seis meses de sexo decepcionante, seu marido começou chamá-la de frígida e não-responsiva. Talvez fosse, mas sem ter nada para comparação, ela não tinha certeza se isso era verdade. Ela havia sido uma virgem de vinte e quatro anos em sua noite de lua de mel, e Tom foi o único homem com quem ela alguma vez dormiu junto.

    Ela parou em frente a sua cômoda e pegou um grande envelope contendo os papéis de seu divórcio. Algumas semanas após o seu primeiro aniversário de casamento, ela descobriu que Tom havia a traído com diversas mulheres antes e depois do casamento. Ela o expulsou de casa no mesmo dia, mas não conseguia mais nem pensar em fazer sexo com qualquer pessoa até o momento em que a tinta estivesse seca nestes tristes papéis. Mesmo que o seu ex tivesse ou não feito o mesmo, ela tomou os votos de matrimônio literalmente e não conseguia partir para outra até que tudo isso estivesse finalizado. Embora os documentos em suas mãos estivessem assinados há duas semanas antes de mudar-se para Tampa, ela não encontrou uma oportunidade para alçar voo ou correr livremente, como Will já havia tão eloquentemente dito.

    Colocando o envelope de volta onde estava, ela sentou na beirada da cama e abraçou uma de suas almofadas decorativas. Quando se tratava de sexo, Kristen acreditava que poderia tentar ou largar fora, mas já havia perdido a intimidade. Ela apertou a almofada mais forte e percebeu o que ela mais sentia falta. Eram os abraços de conchinha e as conversas na cama que acontecia após o sexo. Ela poderia viver ser o ato em si, mas parecia ter se passado séculos desde a última vez que tinha se aconchegado em um corpo quente e se sentido contente.

    Contente. Ah? Que palavra mais chata.

    Os seus leitores ficariam chocados em saber que a autora de um livro best-selling sobre BDSM estava somente contente com sua vida sexual. Azar a vida não fosse uma história de romance quente, com um herói sensual e bonitão batendo em sua porta, pronto e preparado para levantá-la de seus pés, jogá-la na cama, despi-la totalmente para fazer coisas safadas e sensuais com ela.

    Certo, até parece que isso aconteceria. Porém, isso acabou em uma boa ficção. Fantasias. Fantasias de sexo delicioso e sujo.

    Embora sua própria vida sexual estivesse em falta, Kristen havia lido muito livros eróticos pelos anos e decidiu apimentar seu último livro baseando-o em um clube privado de sexo para os ricos e famosos. Para sua surpresa e choque, a obra tornou-se um sucesso maior ainda do que os seus primeiros quatro de nove livros de romance água com açúcar todos juntos. Agora, ela deveria escrever uma sequência ainda mais excitante que seus fãs estavam clamando, e ela nem consegue decidir qual dos coadjuvantes de seu primeiro livro ela usará para escrever a história.

    Deveria usar o Mestre Zach, o ator sexy que gosta de açoitar suas submissas até o orgasmo, como seu novo herói? Ou Mestre Wayne, o bilionário loiro que preferia compartilhar suas mulheres com seu melhor amigo, Jonah. Ou talvez ela deveria escolher o Mestre Xavier, dono do clube de sexo Couro ao qual todos pertenciam. Ele era o forte, do tipo taciturno ao qual as mulheres sempre se atraiam nos livros de romances.

    Kristen jogou a almofada de volta na cama e ficou de pé para tirar suas calças de moletom. Ela se despiu delas e de sua camiseta, jogando as roupas no cesto de roupas sujas ao caminhar até o banheiro. Alcançando a torneira, ligou o chuveiro, deixando a água esquentando enquanto retirava sua calcinha. Quando ela entrou na banheira, a água quente a envolveu tanto quanto pensava no Mestre Xavier. Ele não havia sido o personagem principal de Cetim e Pecado, mas o homem ficcional tomou os pensamentos em algum lugar da mente dela em suas seções de escrita.

    Em sua cabeça, ela inventou uma figura de um homem alfa forte, assim como ela havia o descrito em seu livro — o mesmo homem alfa que de alguma maneira acabou encarando-a por alguns momentos em suas próprias fantasias. Com 1,87m de altura, cabelo extremamente preto, olhos azuis brilhantes, um queixo esculpido com um toque quadrado e um corpo que faria com que qualquer mulher adulta heterossexual tirasse sua calcinha imediatamente. Ela imaginou sua voz grossa de Dom ressonando em sua mente enquanto ele dizia a ela para tocar-se enquanto ficava lá em pé assistindo tudo. Pegando o frasco de seu sabonete líquido favorito, ela derramou uma pequena quantidade em sua palma antes de devolvê-lo à prateleira da banheira. Fechou os olhos e esfregou suas mãos por sua pele quente com movimentos leves e sensuais.

    Toque seus seios, ele diria. Brinque com seus mamilos. Aperte e puxe-os.

    Kristen fazia o que o seu Dom de fantasia dizia a ela, suas mãos acariciando suas mamas volumosas. Enquanto ela brincava com as partes sensíveis entre seus polegares e indicadores, as sensações aumentadas de prazer alcançaram diretamente o seu clitóris, fazendo-o pulsar. Fazendo-a querer ser tocada lá.

    Abra mais suas pernas, meu amor. Deixe-me ver diretamente sua boceta. Ela me pertence e quero ver o que é meu. Quero vê-la enfiar o dedo lá para mim.

    A respiração dela aumentou assim que deslizava uma mão por sua barriga. Ela queria ir mais rápido, mas sabia que o Mestre Xavier nunca permitiria isso. Ele a puniria se aumentasse a velocidade sem a permissão dele. Talvez a espancaria na bunda com suas mãos grandes e fortes, ou talvez a levaria à beira do orgasmo repetidamente, continuando até a negar o derradeiro êxtase.

    Assim mesmo, querida, toque sua boceta. Esfregue seu clitóris perolado para mim. Imagine serem meus dedos tocando-a, amando-a. Suave e devagar. Que garota boazinha. Imagine minha língua entre suas pernas, lambendo seu doce creme.

    Kristen gemeu à medida que seus dedos obedeciam às ordens de seu Mestre como se eles tivessem a mesma mente própria.

    Você gosta disso, gosta sim, querida. Ele não pergunta, afirmaria isso como um fato, e ela não negaria. Não poderia.

    Você me sacia, querida. Você me faz querer pegá-la por trás e foder sua boceta, devagar no começo. Tão devagar até você começar a implorar para ir mais rápido. Com mais força. Implore, querida, implore.

    — Por favor… — sussurrou Kristen em voz alta assim que sentiu a pressão aumentar, ameaçando a levar até o limite em um vasto abismo.

    Mais rápido, querida. Mais rápido. Goze para mim, meu amor. Agora!

    Então, ela voou. Gritando em seu alívio, seu corpo tremeu com a força do orgasmo, o qual a derrubou enquanto tentou, mas falhou em manter-se em pé. De alguma maneira, ela acabou de joelhos no chão da banheira sem se machucar. Ofegando por ar como se ela tivesse corrido mais de um quilômetro em alta velocidade, ela abaixou sua mão entre suas pernas assim que os últimos impulsos que percorriam seu corpo diminuíram.

    Caralho! Esse foi o orgasmo mais explosivo de sua vida inteira, e foi somente com sua mão enquanto o homem de suas fantasias que sonhava dizia a ela o que fazer. Isso foi uma loucura — insano, mas maravilhoso!

    Assim que ela voltava à realidade, percebeu que a água que batia em suas costas estava fria. Levantando-se em suas tremidas pernas, pegou o xampu e apressou-se para lavar e enxaguar seus cabelos antes que fosse tarde. Assim que desligou a água e pegou uma tolha recém-limpa, Kristen sabia que tinha tomado sua decisão. O Mestre Xavier seria definitivamente seu herói em Couro e Renda.

    CAPÍTULO DOIS

    Meia hora depois, carregando sua pasta com notebook, Kristen adentrou no Donovan’s Bar & Grill e sentiu-se apaixonada pelo local. Uma combinação de mesas altas com cadeiras em madeira escura e paredes em verde-esmeralda davam ao pub uma atmosfera confortável. Fotos grandes de paisagens irlandesas e pontos de interesse penduradas em vários agrupamentos em três das quatro paredes. A quarta parede à sua direita era o cenário para um lindo bar de cerejeira com detalhes em latão. Nele poderiam haver uma sala com espaço suficiente para comportar pelo menos vinte e cinco pessoas, com espaço adicional entre o bar e as mesas para aqueles que preferiam ficar de pé. Atrás do bartender e das fileiras de garrafas de bebidas havia um espelho grande emoldurado com a mesma madeira de cerejeira. As esculturas no estilo celta na moldura faziam dela uma obra de arte, e Kristen imaginou quanto tempo deve ter levado para se fazer tal peça de mobília tão majestosa. Acima do espelho, diversas telas planas de televisões estavam penduradas pelo teto e todas estavam sintonizadas em canais de esportes, exceto um que mostrava as notícias do dia. As TVs estavam sem som, enquanto uma música de rock clássico tocava pelas caixas de som escondidas pelo salão com o volume alto o suficiente para ser ouvido, mas ainda permitindo que todos pudessem conversar sem que tivessem que falar alto.

    Após checar a decoração do local, ela se percebeu analisando os clientes presentes. Poucas mesas eram ocupadas por grupos de duas a quatro pessoas, e uma dupla de veteranos discutindo de maneira naturalmente agradável sobre algum evento esportivo tendo se acomodado ao fundo da barra do bar. Dando mais alguns passos no salão, Kristen olhou para os fundos do pub e quase se engasgou. Caramba! Sentados e em pé do outro lado do bar, conversando com o bartender, haviam seis homens que eram tão majestosos quanto o próprio bar. Como se fosse um calendário da Playgirl fantasioso tornando-se realidade.

    — Quem precisa de doze gostosões quando se tem seis a disposição? — ela murmurou para si mesma. Cada um poderia dar conta de dois meses, e Kristen estaria mais do que feliz.

    — Oi, posso ajudar?

    Kristen virou a cabeça para encarar a linda moça jovem que havia surgido ao seu lado. Ela estava vestida com uma camiseta polo preta com os dizeres Donovan’s Bar & Grill bordado no lado esquerdo do peito e um par de calças jeans. Seu cabelo loiro avermelhado e longo estava preso em um rabo de cavalo, e sua aparência geral era arrumado mais que uma maneira relaxada como a atmosfera do bar.

    — Oh, oi… quero dizer, sim — Kristen gaguejou, então pausou, esquecendo-se onde estava e o motivo de ela estar lá. Tudo bem, coloque suas partes femininas e suas células cerebrais no lugar, ela pensou consigo mesma. Não fazia muito tempo que ela havia visto um grupo de homens lindos antes, mas, droga, a testosterona vinda daquele grupo quase a fez derreter ali mesmo.

    Respirando fundo, ela recuperou sua postura e falou à garçonete que estava ali para comer algo, e não, não estava esperando por ninguém. Ela estava ali para comer sozinha. Isso mesmo, ela pensou. Completamente sozinha. Mesa para um. Oh, pensando bem, pelo menos com os maravilhosos no bar e sua fantasia de mais cedo no chuveiro, ela deveria ter inspiração mais do que o suficiente para começar a história do Mestre Xavier.

    A jovem mulher pegou o cardápio do balcão de entrada mais próximo e gesticulou em direção ao restante do salão.

    — Gostaria de uma mesa simples ou em um nicho?

    — No nicho, por favor. — Kristen levantou sua pasta de notebook para a moça ver. — Será mais fácil para conseguir trabalhar um pouco.

    — Entendi. Sem problemas. Temos alguns clientes regulares que vem trabalhar aqui nos seus intervalos de almoço. Eles dizem que os nichos são mais confortáveis do que as mesas do pub.

    Kristen seguia a amigável garçonete e percebeu estar sendo direcionada cada vez mais perto do grupo dos Gostosões Musculosos. Os únicos nichos vagos eram os que estavam à esquerda do pub, diretamente em frente a eles.

    — Aqui está. — A moça coloca o cardápio na mesa que estava indicando a ela. Era a segunda mesa antes de chegar à porta da cozinha. — Posso oferecer algo para beber?

    Kristen abaixa sua pasta e senta-se voltada para pub.

    — Vocês têm chá gelado?

    — Sim, temos. Com ou sem açúcar?

    — Com açúcar, por favor.

    — Claro. Voltarei em instantes. Ah, os pratos especiais estão na última página do cardápio.

    Ela sorri, enquanto a jovem moça aproxima-se do bar e faz o pedido. Adoravelzinha. Sendo que era dia útil, era óbvio que a garçonete não era mais estudante do ensino médio, talvez por um ou dois anos. E se Kristen tivesse que adivinhar, ela deveria ter dezoito ou dezenove anos.

    Enquanto esperava pelo chá gelado de Kristen ser feito, um dos Seis Gostosões Musculosos inclinou-se e falou algo para a moça, o que a fez dar risadinhas e corar. Kristen franziu. Sério? O cara deve estar na casa dos trinta e poucos anos e aqui está ele, dando em cima de uma garota que provavelmente está na idade de ser isca para cadeia. Bem, nem todo mundo acha que pervertidos devem ser feios. Kristen sentiu uma urgência de falar algo imediatamente, mas ela não conhecia aquelas pessoas, e a garota parecia estar gostando da atenção.

    Ela estava prestes a se virar para retirar o notebook da pasta quando o movimento do outro ponto extremo dos Gostosões Musculosos chamou sua atenção. Seu fôlego falhou assim que colocou os olhos no par de olhos azuis gélidos do Mestre Xavier.

    Ai meu Deus! Kristen não podia acreditar. Se o Mestre Xavier fosse real, uma pessoa real, aquele seria ele. Ele tinha cabelo extremamente preto, um pouco comprido até a nuca, uma mandíbula firme mostrando quase seu ângulo quadrado e um corpo que quase a fez olhar ao redor para ver se nenhuma das poucas mulheres no pub não haviam abaixado suas calcinhas. Porém, foram aqueles olhos azuis maravilhosos olhando diretamente para ela como se conseguissem ver sua alma que a deixaram absorta. Provavelmente ela estava babando, mas, Senhor tenha piedade, não conseguia desviar o olhar.

    Quando a sobrancelha direita do homem se arqueou em um óbvio reconhecimento de sua encarada, sua boca ficou seca e ela desviou o olhar para o chão antes de voltar a olhar para cima. Apesar de seu olhar intenso, ela achou ter percebido o canto da boca dele ter levantado como se ele estivesse segurando um sorriso. Oh, Deus, ela adoraria ter visto ele sorrir e imaginou como teria transformado sua face. Ela sabia que seu sorriso seria devastadoramente lindo como o resto do corpo dele.

    Nada mudou, e os olhos dela voltaram-se de volta para os dele, sua pulsação batendo forte em suas veias. Assim que Kristen achou que se afogaria sem mesmo uma gota de água à vista, aqueles olhos desapareceram no instante em que a garçonete retornou, e seu corpo bloqueou a vista de Kristen para metade da barra do bar.

    — Aqui está. — A garota colocou o copo de chá gelado em frente a ela e pegou um bloco e uma caneta do pequeno bolso de seu avental amarrado na cintura. — Você decidiu o que vai querer?

    Balançando a cabeça, Kristen tentou recuperar o controle de seus sentidos e concentrar-se na pergunta.

    Humm… não. Você pode… — Ela limpou a garganta. — Você pode me dar mais alguns minutos? Eu ainda não olhei o cardápio.

    — Claro, fique à vontade.

    Ansiosa para ver aqueles olhos novamente, Kristen segurou seu fôlego assim que a jovem mulher saiu, somente para ver o seu modelo do seu Mestre Xavier de costas conversando mais uma vez com o bartender. Decepção percorreu por ela enquanto tomava um gole de seu chá gelado para saciar sua garganta seca e pegava o cardápio. Sem emitir um som, ela tentou fazer com que o homem pudesse virar-se novamente para seu olhar que oscilava entre o cardápio e a área do bar. Desta vez, ela recusou-se a observá-lo descaradamente e manteve sua cabeça voltada para baixo. Qualquer um que a visse pensaria que ela estava escaneando o cardápio, mas os olhos dela mantinham-se mudando de direção para olhá-lo pelo canto do olho.

    Alguns minutos depois, seu pedido de almoço foi feito, e Kristen se contentou com fato de que o homem não viraria novamente. Ela removeu o notebook da pasta, ligou-o e começou a trabalhar.

    Devon Cachorro Louco Sawyer não conseguia se conter. Ele estava acostumado a ser voyeur no clube, mas no bar do irmão do seu amigo, ele quase se sentia como um perseguidor nojento. Apesar do sentimento, ele ainda passava boa parte das últimas horas encarando o reflexo da morena pelo espelho. Bem, era justo, sendo que foi ela que começou a encará-lo primeiro. E sim, agora ele mudou de perseguidor nojento a estudante imaturo.

    Ele e seus companheiros de equipe estavam tirando vantagem de um dia preguiçoso para almoçar e assistir ao jogo de beisebol do Tampa Bay Rays quando ele a percebeu olhando para seu amigo, Brody, conversando com Jennifer. Ela franziu para eles por alguma razão, e Devon imaginou o que ela poderia estar pensando. Os caras sempre estavam de brincadeira com Jenn, conhecida também como Baby-girl, e não havia nada de errado nisso. Se não fosse por eles, Devon não acharia que a sobrinha teria se ajustado a viver em Tampa tão rápido quanto foi. Os últimos seis meses foram difíceis para ela, mas era óbvio que ter tios substitutos por volta a ajudou no pior da transição. Entre eles e o conselheiro que Jenn estava indo, ela estava saindo da depressão e tocando sua vida para frente. Ele ficou feliz em perceber que ela estava sorrindo e fazendo mais piadas conforme o tempo passava. Ela pode ter perdido seus pais sem aviso e ter tido seu mundo virado de cabeça para baixo, mas seus tios estavam determinados em nunca a deixar esquecer que eles a consideravam parte da família também. Ela sempre seria amada e protegida por eles.

    Devon olhou bem para os cinco homens que eram como irmãos para ele — embora seu irmão mais velho, Ian, bem ao seu lado esquerdo, era o único entre eles que era seu parente de sangue. Os outros eram irmãos de coração. Eles já foram e voltaram do inferno juntos e, por algum milagre, sobreviveram somente com algumas cicatrizes de batalha. Eles sempre cuidavam um do outro, e era raro passar um ou dois dias sem se verem no trabalho na Tridente, se encontrando aqui no Donovan’s ou atuando no The Covenant, exceto se eles estivessem em uma missão.

    Brody Cabeção de Ovo Evans, em pé no final do bar onde Jenn pegou os pedidos do bar, era o brincalhão e paquerador do grupo, bem como o especialista em tecnologia permanente. O cara conseguia envergonhar qualquer hacker de computador, e apesar dos melhores esforços do FBI para recrutá-lo, Brody preferiu ficar com seu time — primeiro com os SEALs e agora com a Segurança Tridente.

    Marco Polo DeAngelis, o piloto de helicóptero e especialista em comunicação, estava sentando ao lado de Brody enquanto falava besteiras sobre o tão amado Dallas Cowboys de seu irmão. Marco nasceu e cresceu em State Island, Nova Iorque, e era eternamente fã dos Giants. Como ele mesmo fala, nenhum fã de respeito do Giants deixaria passar a chance de zoar um torcedor do Cowboys. Esta era a única rusga entre os dois homens — caso contrário, eles eram melhores amigos, tendo conhecido um ao outro desde o básico do treinamento do SEAL até serem do mesmo time. Diabos, eles são tão unha e carne que deixaram até mesmo a Marinha Americana ao mesmo tempo, para se juntarem a Tridente. Portanto, para seus amigos, não era surpresa nenhuma quando eles compartilhavam suas mulheres em algumas ocasiões. A dupla era bem conhecida entre as submissas no clube.

    Ele viu quando Brody encarou a morena e cutucou Polo, enquanto indicava com a cabeça na direção dela. O outro homem olhou por cima de seu ombro e sorriu para seu companheiro de ménage.

    — Desculpa, Cabeção, mas eu tenho planos com minha irmã esta noite. Talvez outro dia.

    Devon estava surpreso quando seu corpo tenso relaxou. Ele não havia percebido que seus músculos estavam rígidos com a ideia de os dois homens ficarem com a mulher que estava de olho ao menos pela última hora.

    O próximo da fila de seus amigos estava o nativo de Tampa, Jake Reverendo Donovan, o franco-atirador do grupo e irmão mais novo de Mike, proprietário do Donovan’s, que cuida do bar durante as tardes. Enquanto Mike aprendeu sobre o negócio de bar e restaurante com o pai e

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