Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Linha extrema: Onde estava meu limite?
Linha extrema: Onde estava meu limite?
Linha extrema: Onde estava meu limite?
E-book193 páginas2 horas

Linha extrema: Onde estava meu limite?

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Quantas vezes na vida você disse sim, querendo dizer não? Eu disse sim em quase tudo na vida, até entender que isso poderia ser feito de outra forma.
A linha extrema do meu limite, também foi a linha do autoconhecimento, que através de um processo terapêutico digno, possibilitou a libertação de situações que vivenciei.
Compartilho alguns fatos sobre minha história de vida e contribuo com análises sobre o processo de desenvolvimento pessoal através da psicoterapia e da técnica de escrita sensível e terapêutica.
Abordo em detalhes a temática do abuso sexual, que foi tema central do meu processo terapêutico, com o intuito de desmistificar conceitos que se tornaram enraizados na sociedade, prejudicando o diálogo e as reflexões.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento24 de out. de 2022
ISBN9786525429281
Linha extrema: Onde estava meu limite?

Relacionado a Linha extrema

Ebooks relacionados

Autoajuda para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Linha extrema

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Linha extrema - Renée Zeidan Sidoti

    Dedicatória

    Dedico este livro a toda e qualquer pessoa que seja e queira ser tratado, primeiro, como um ser humano.

    Dedico especificamente às mulheres que por algum motivo se perderam em sua caminhada e querem recomeçar de algum ponto de partida.

    Dedico a todas as pessoas que querem conhecer por uma outra ótica o que é um processo terapêutico.

    Dedico a todas as pessoas que, de alguma forma, ainda possuem afeto, se afetaram ao longo da vida e hoje buscam refazer seus laços, internamente.

    Dedico a pessoas que sofreram abuso sexual e que, ao longo da vida, não se sentiram contempladas ao se posicionarem.

    Dedico a todas as pessoas que receberam rótulos e julgamentos, mas que querem buscar novo sentido para isso.

    Dedico a quem já se visualizou perdido em sua carreira e precisou recomeçar muitas vezes.

    Dedico à minha sobrinha Beatriz, pela qual tenho um amor tão incondicional que me fez renascer das cinzas, em todos os sentidos, e me fez buscar a força do feminino quando deixei de acreditar que isso era possível, para que eu pudesse doar, do pouquinho de fibra que me restava, para ela.

    Dedico às figuras femininas da minha família, em especial, à minha prima Tata, que não está conosco no plano terrestre, mas sempre foi uma das maiores incentivadoras das mulheres e sempre apoiou meu processo de escrita. De onde estiver, saiba que sentimos saudades.

    Agradecimentos

    Agradeço à espiritualidade e a todos os seres superiores que de alguma forma ampararam minha caminhada e auxiliaram no processo de ouvir o meu chamado interno.

    Agradeço à minha família, que sempre me apoiou em todos os sentidos, para que eu não desistisse dos meus sonhos.

    Agradeço ao Rafa, meu companheiro de vida, minha conexão mais rara, que, apesar de eu acreditar piamente que ele não é deste planeta, faz com que o tempo aqui na Terra seja leve e proveitoso.

    Agradeço à Eliana, minha terapeuta, que, com toda a sua delicadeza, seu lado exótico, auspicioso e toda a sua fortaleza, me ofereceu um processo terapêutico digno, respeitoso e me devolveu literalmente à vida;

    Agradeço a todos os integrantes que se fizeram presentes nas histórias deste livro e na minha vida e que de maneira indireta contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal.

    Introdução

    A ideia de escrever esse livro e compilar quase todos os textos que já escrevi vem de um processo terapêutico, de um chamado interno e de uma grande e antiga vontade de partilhar reflexões a respeito de temas centrais para o ser humano, para que cada pessoa possa, através da leitura, acessar todas as possibilidades de se (re)olhar, e assim, chegar também ao seu mundo criativo, qualquer que seja ele.

    Desde pequena, a paixão pela escrita era natural, mas manifestava-se apenas na escrita de um diário, de cartas, de poemas e de versinhos para os mais próximos. Só estimulei essa área após a expansão de consciência, quando de fato comecei a terapia.

    Para mim, escrever sempre foi o formato mais sensato de curtir uma bela de uma fossa, ou seja, de acessar sentimentos que ninguém acessa, de se abrir para um lado íntimo que poucos querem adentrar, afinal, olhar para isso é se responsabilizar pelo que vem junto, sabendo que nesse junto tem muita coisa.

    Ouvi desde pequena que eu dizia coisas que ninguém entendia e que falava de coisas sobre as quais ninguém queria falar, que eu reparava demais, que eu observava demais e que eu era mimada demais. Quanto mais eu ouvia isso, mais vivo tudo ficava dentro de mim. Eu guardava sensações e sentimentos que, quando saíam, provocavam uma espécie de explosão e, com isso, poucos entendiam minhas atitudes.

    Hoje, escrever representa para mim a libertação de processos pelos quais passei e que me trouxeram até aqui com mais clareza e convicção dos meus propósitos.

    Cada trecho aqui compartilhado, cada capítulo pensado, fala da perspectiva dessa construção do meu eu no mundo, de percalços e superações.

    Neste livro, você encontrará textos atemporais, escritos em itálico e elaborados em outros momentos, anexados a reflexões atuais, a respeito de temas que vivenciei, mas que falam de situações pelas quais todos nós em algum momento passamos.

    A proposta e objetivo do livro é retomar textos que escrevi, que contêm uma linguagem mais poética e metafórica, para contar cada história por trás da história, todas as reflexões que acessei para chegar à minha transformação interna. Convido você a pensar junto e conhecer comigo tudo que se torna disponível quando estamos em parceria com o nosso eu criativo. É também abordar um conteúdo tão sensível e distante do olhar da sociedade, que é o abuso sexual, e tornar-se, mesmo que pouco a pouco, o acesso a essa temática, algo possível de ser pensado e discutido.

    No decorrer dessa trajetória tive grandes pessoas que me auxiliaram e incentivaram, cada um com sua contribuição, cada um em seu momento.

    Minhas principais inspirações foram minha mãe, que desde a nossa infância, incutiu em mim e na minha irmã, o desejo de uma fala que não estava clara; Eliana, minha terapeuta há mais de seis anos, que, com toda sua delicadeza e perspicácia, me incentivou sempre e permitiu que muitas elaborações psíquicas fossem acessadas; Iana, que foi a minha primeira mentora no mundo profissional e sempre mostrou que é possível trabalhar com o que se ama fazer; Mariana, que trabalhou comigo na época que era do RH e que recentemente também se arriscou a escrever (ao vê-la, algo que estava adormecido em mim despertou); a página do Instagram Precisava Escrever, com a qual nos momentos em que recomecei a escrever, em 2013, me identificava com cada palavra disponível ali; Mônica, uma grande amiga, que me ensinou a caminhada de termos uma missão no mundo e reconhecermos o quanto somos abençoados; Gabriel, o Pensador, Emicida e Chorão, que pareciam cantar coisas que estavam só na minha cabeça; Rafael, que é meu parceiro de vida e companheiro, que por tantas vezes leu cada texto (até mesmo os anteriores a ele) e contribuiu com conversas maravilhosamente íntimas sobre cada coisa que eu falava e escrevia; Liliane, que trabalhou comigo no Lar dos Velhinhos e que sempre que eu sentia que precisava alcançar alguma nova reflexão, ela com sua simplicidade, me enviava um vídeo, um texto, sem interferir na minha autonomia de cura; Pablo, que é meu amigo-irmão, e que durante um bom tempo fez questão que eu escrevesse para a editora que ele trabalhava, pois acreditava em cada coisa que eu fazia; Professor Ulisses, da faculdade, que, ao ouvir minha homenagem na formatura, me abraçou e pediu que eu não desistisse do que ali havia começado.

    Para chegar até aqui, muitas coisas aconteceram e por muitas outras adiei esse projeto, por medo, por insegurança, por cobrança, por falta de entendimento.

    Desde março de 2021, esse desejo retornou mais fortemente. Foi quando voltei a escrever de maneira esporádica e comecei a investir mais tempo nisso, e assim, todas as sensações e prazeres que tinha antes foram reaparecendo.

    Lembro que quando comentei com a minha terapeuta que tive uma ideia nova e que queria publicar meus textos antigos ela ficou muito feliz, pois ela sempre soube que isso preenche minha essência.

    Essa caminhada de recomeço teve um início bem contido, pois recentemente tinha comprado um notebook (para facilitar no trabalho home office), tinha vendido meu carro, trocado por uma moto e estava fazendo adequações e mudanças, dessas que fazemos com o início do ano, de pensamento e planejamento de projetos pessoais.

    Salvei todos os textos antigos, mexi e remexi, separei conteúdos, distribui por temáticas, comecei a escrever e parei umas dez vezes, até decidir o que eu queria realmente alinhar. O interessante de tudo isso foi que, quando comecei esse processo, minha vida pediu uma reflexão a respeito da minha relação com o trabalho e, com isso, na terapia, o tema limite estava fortemente aparecendo. Comecei a investir muito nesse entendimento. Compreendi que o mais adequado era entender toda essa complexidade que se apresentava e que bom que foi dessa forma, pois essa reflexão encorpou toda a ideia de escrita.

    Vem comigo entender todo esse processo e se identificar do começo ao fim?

    Capítulo 1

    Nasce uma escritora

    Menina que ainda escreve

    O primeiro texto data de quando montei minha página no Facebook, o Espaço Trocas Terapêuticas, onde divulgava também o meu trabalho como psicóloga.

    Sempre acreditei que, ao colocar os pensamentos nesse espaço, as pessoas também poderiam acessar um pouco do formato como trabalho, o que facilitaria a busca e o acesso das pessoas ao processo psicoterapêutico.

    Quando percebi, estava escrevendo toda semana, surgiam pedidos de texto e parcerias em blogs.

    O personagem/pseudônimo que criei, #meninaqueaindaescreve, foi uma lembrança dos diários e cartinhas, uma maneira respeitosa de dizer que continuei sendo aquela menina. E continuo...

    Desde que comecei a ler e escrever, já me encantei com muitas histórias, desde A Bolsa Amarela a Depois Daquela Viagem.

    As matérias da escola que mais me encantaram sempre foram Português, História, Filosofia e Sociologia.

    Quando aprendi a fazer textos descritivos, cheguei a achar que estava muito errada no mundo, pois pulei a fase da descrição objetiva e fui direto para a descrição subjetiva, mas graças a uma professora compreensiva não fui repreendida por queimar mais essa largada (de muitas que vivo pulando).

    E então comecei a escrever, ora em diários, ora em cartinhas e em outras em atividades da escola.

    Uma grande amiga vivia dizendo que eu era uma romântica, pois ainda escrevia versos. Eu ficava louca com isso, pois achava o máximo escrever, exprimir um sentimento sempre foi maravilhoso nessa minha cabeça.

    Durante muito tempo deixei a escrita em segundo e quase em terceiro plano, utilizando-a somente no necessário, no dia a dia, nos estudos e eventualmente nos relacionamentos.

    Até que comecei a escrever textos enormes em cadernos, que não eram mais os diários, visto que não era só da minha pessoa que falava, queria falar de tudo, de todos, captar cada sensação, cada pensamento, cada reflexão que via e ouvia por aí, queria entender cada letra de música, cada filme, cada tudo!

    Tive a oportunidade de escrever e homenagear os amigos/alunos na colação de grau e fiquei extremamente contente, pensando com cuidado em cada detalhe que escreveria. Para surpresa ainda maior, quando fui abraçar os professores, um deles, especial também, professor de Psicologia Social, sussurrou em meu ouvido: E nasce uma escritora, não deixe de escrever, aprimore isso, você tem potencial.

    Confesso que isso mexeu comigo durante muito tempo... Queria entender o que fazer.

    E então, com as redes sociais eu só continuei a fazer o que fazia: escrever.

    Muitas vezes fui confundida, mal interpretada, julgada, motivo de piada e satirizada por ter um conteúdo romântico agressivo dentro de mim, mas percebi que isso era reflexo da melhora que deveria fazer na escrita, pois assim atingiria um maior número de pessoas e um maior número de julgamentos também.

    Fui incentivada por muitos amigos e familiares (cada um sabe que estou falando deles) e outros muitos não entendiam meu propósito (afinal, é sempre mais fácil achar que escrevo só indiretas).

    Gosto de escrever o que vejo/observo, o que sinto/vivo, o que quero/espero, o que gosto. De vez em quando, aproveito para passear em outras escritas, sejam críticas, aprendizados, políticas, pesquisas, etc. Gosto de compartilhar com o mundo se preciso.

    A #meninaqueaindaescreve passou por diversas adaptações até chegar aqui e passará por muitas mais.

    Muitos dos textos que escrevo são considerados mais do mesmo (relacionamentos e afins) hoje em dia, pois muitos sites falam disso e blogueiras também, mas proponho sempre um discurso de reflexão, o que dá margem para muita coisa.

    E de agora em diante pretendo continuar essa escrita, seja, por diversão, alívio de mente ou amor.

    Sempre ouvi que escrever dava trabalho, que ninguém tinha o hábito de ler e que quem tinha se interessava por outros temas, não pelo autoconhecimento, e do quanto isso estava batido.

    Não desistir foi um tema interno muito trabalhoso no início, pois eu já vivi situações em que voltei atrás e abri mão, o que gerava uma grande frustração e a sensação de ter um inacabamento sempre me rondando, o que abria um espaço enorme para a continuidade da insegurança. Logo o fato de não finalizar coisas se tornou o foco na terapia. Posteriormente, dei atenção ao sentimento de ser uma impostora, em conjunto com a dificuldade de celebrar meus próprios feitos e valorizar meu talento.

    Através desse tema, relembrei muitas coisas, uma delas foi uma apresentação de ballet, quando eu tinha 7 anos.

    Eu, minha irmã e minha prima frequentávamos uma associação de bairro, e lá havia diversas atividades para as crianças, como ballet, jazz e pintura.

    Lembro que ensaiamos para nos apresentarmos. Eu amava dançar e amava esportes, porém sempre me vi tímida dentro dessas atividades, e em algumas eu até travava e não queria fazer, mas isso não foi impeditivo para realizar o que gostava. Até que desenvolvi a habilidade de usar sapatilha de ponta, o que na época diziam que era difícil. Então me incluíram em uma apresentação coletiva, em que fui colocada na parte da frente do palco (claro, por ser baixinha também), para fazer os movimentos com a sapatilha de ponta.

    Eu tive medo. Hoje consigo nomear isso, pois eu era a única pequena da turma. Senti a responsabilidade de fazer bonito, de não errar, me cobrava muito e, para ajudar, não gostava de nada que gerasse muita falação. Nesse caso específico, a falação vinha dos pais responsáveis, que questionavam tudo. Além disso, sempre reparei, antes sem entender, que minha mãe tinha uma preocupação muito exacerbada pela opinião dos outros, bem como sobre o que estavam dizendo, o que fazia com que, a cada aula, eu ficasse muda, além do comum da timidez, pois eu sabia que chegaria em casa e haveria perguntas que eu não queria ou não saberia responder.

    Com o tempo, não percebi que o medo de ser avaliada e/ou julgada havia tomado conta também de mim. E não sabia dizer isso para ninguém.

    Durante a apresentação, notei que na plateia havia um menino que apontava para o palco e ria muito e passei a acreditar que era para mim. Nesse momento, a perna começou a bambear, o corpo a gelar e esquentar, senti um frio na barriga, um tremor na mão e, sim, uma puta de uma raiva e uma vontade de quebrar tudo.

    Eu não observei tudo, como sempre fazia, por conta desses sintomas que apareceram. Na sequência, saí correndo do palco e chorei. Não conseguia explicar por um tempo o que aconteceu.

    Dias depois, contei à minha mãe sobre o que acontecera e ela rapidamente respondeu que aquilo não era verdade, que era da minha cabeça.

    Sei que depois a vi assuntando com o pessoal sobre o incidente e insistiu

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1