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Delírio: Emoções
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Delírio: Emoções
E-book201 páginas2 horas

Delírio: Emoções

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Sobre este e-book

Sejam bem-vindos à Península Delírio!
Um lugar onde ninguém é normal e a realidade tende a ser bem imprevisível. Acompanhe a história de Tion, um garoto que cresceu preso na Sala Branca até a sua adolescência sem contato com nada além de um livro infantil que ensina crianças a descobrirem as suas emoções.
Quando o garoto finalmente consegue sua liberdade, ele sai determinado a realizar o desejo de conhecer e sentir os complexos sentimentos humanos. Mas Tion não é humano, e por isso seu corpo irá reagir de forma diferente a estes sentimentos. O que acontecerá?
Na Península Delírio ninguém está seguro, e o perigo é iminente...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de nov. de 2022
ISBN9786555614749
Delírio: Emoções

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    Delírio - Pedro Reis

    Delírio: Emoções

    Pedro Reis

    Delírio: Emoções

    Delírio: Emoções

    Copyright © 2022 by Pedro Reis

    Copyright © 2022 by Novo Século Editora Ltda.

    EDITOR: Luiz Vasconcelos

    GERENTE EDITORIAL: Letícia Teófilo

    COORDENADORA EDITORIAL: Amanda Moura

    ASSISTENTE EDITORIAL: Gabrielly Saraiva

    PREPARAÇÃO: Paola Sabbag Caputo

    DIAGRAMAÇÃO: Laura Camanho

    REVISÃO: Flávia Cristina Araujo

    CAPA: Hiroshi Satoi

    ILUSTRAÇÕES DE MIOLO: Thomas Henrique Rodrigues dos Reis

    EBOOK: Sergio Gzeschnik

    Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Angélica Ilacqua CRB-8/7057

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Literatura infantojuvenil brasileira.

    GRUPO NOVO SÉCULO

    Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11º andar – Conjunto 1111

    CEP 06455­-000 – Alphaville Industrial, Barueri – SP – Brasil

    Tel.: (11) 3699­-7107 | E­-mail: atendimento@gruponovoseculo.com.br

    www.gruponovoseculo.com.br

    Sumário

    Prólogo

    Delírio

    Emotions

    Bem-vindo a Sólidos

    Propostas

    Um delírio de fatos

    Bem-vindo à casa

    Tristeza

    Unknown, o palhaço louco

    Frank Walker

    Um delírio de fatos

    A noite em Sólidos

    O perigo iminente

    O Grande Conselho

    Preparações

    Caixa e Crowbar

    Um delírio de fatos

    Jornadas

    Um delírio de fatos

    Penumbra

    O surto de palhaços

    Suas soluções

    Bons amigos, boas promessas

    Slash

    Tion solto

    Emoções

    Um novo dia

    Emotion Tion

    O fim de um delírio

    Agradecimentos

    Prólogo

    Será dia ou noite? Às vezes gostaria que a Sala Branca fosse algo além dessas paredes brancas brilhantes. Aqui, posso dar vinte passos que o fim do cenário me encontra. O lugar não é muito grande e também não é nada confortável, o chão é duro e não tenho nada para vestir. Sempre que deito, preciso rolar diversas vezes, de um lado para o outro, para achar uma posição confortável apoiada nas paredes.

    O brilho da Sala Branca é tão forte que passa a impressão de que o ambiente é enorme, mas a realidade não chega nem perto disso.

    Gosto de colocar meus olhos bem pertinho do chão e ficar mexendo minhas mãos como se fossem humanos bem pequenos, finjo que estão perdidos em uma enorme caverna branca luminosa e sem saída e, como não conseguem fugir, morrem no final.. será que vou ter o mesmo fim dos meus personagens?

    – Faz quantos anos que estou aqui…?

    Nunca tive paciência para contar o tempo, mas, considerando que não tem memória alguma sobre o mundo lá fora, acredito que você esteja aqui dentro desde bebê e agora está na fase da adolescência! – responde a voz da minha cabeça com toda sua sabedoria.

    Comecei a escutar essa voz dentro de mim há vários anos. Certa vez, estava sentado, olhando para o teto brilhante e azul, quando escutei alguém perguntar se eu estava bem. Demorei muito tempo para perceber que ela faz parte de mim, mas hoje a chamo de voz da cabeça.

    Devo admitir, o lugar em que estou é muito isolado e solitário, então gosto da sensação de não me sentir abandonado. Gostaria que a voz tivesse um corpo próprio, assim, nossas conversas seriam bem mais agradáveis. Gosto dela, está sempre pronta para responder às minhas perguntas quando estou perdido. Agora mesmo é um exemplo bem claro, tirou uma dúvida enorme minha, é muito inteligente.

    – Voz, por que acha que sou um adolescente? Eu também ganho poderes nessa fase da vida?

    Bem, Tion, adolescentes costumam ser maiores que crianças e têm vozes mais grossas, e você se encaixa nessa descrição. Dizem que, quando a adolescência chega, a fase da chatice vem junto. Quer considerar isso como uma habilidade especial? – responde a voz calmamente.

    – Não, acho que não quero esse poder. Emanuel não gosta de pessoas chatas, isso deve ser ruim – concluo ao fechar os olhos para pensar um pouco.

    Aparentemente, agora sou um adolescente, então, devo estar preso dentro desta sala há algo entre 17 a 22 anos. Eu queria poder escolher minha idade, voltar a ser criança. Não tenho um motivo específico para isso, talvez seja porque Emanuel é uma criança.

    Sobre Emanuel, ele faz parte do meu único passatempo, uma obra de arte literária que transcende a mistura das palavras e imagens. Com apenas quatro páginas, Emotion Emanuel tomou anos de minha atenção com toda sua magnitude e complexidade.

    O livro aborda os desafios da vida de uma criança humana que acaba de fazer 7 anos e agora precisa enfrentar a sua fase de crescimento enquanto descobre suas emoções. A partir do momento em que vi o que as emoções são capazes de fazer, sabia que precisava colocar isso como razão da minha existência.

    Nunca pude sorrir, franzir minhas sobrancelhas, forçar meus músculos para pulsarem mais forte quando estivesse irritado nem chorar antes de me deitar em uma cama confortável.

    Todas essas ações demonstram vida e… não me sinto vivo, estou apenas seguindo o roteiro que esta sala escolheu para mim. Gostaria muito de poder ver humanos de perto. Esse livro faz parecer que as emoções são tão normais, e acho que seria interessante passar por essa experiência.

    Será que é errado eu me imaginar na vida dos outros? Esse humano pode viver todos os dias da sua vida em um mundo cheio de luz, trevas, pessoas e emoções, enquanto eu estou em um cubo branco, uma Sala Branca.

    Até as minhas noites são complicadas. Emanuel descreve dormir e sonhos como rios imaginários divertidos. Uma vez sonhou que era o rei dos cavalos do gelo e que tinha uma espada mágica elétrica ao seu lado; outra vez, que era um nadador profissional que conseguiu cruzar os mares sem esforço.

    Admirável…

    Os meus sonhos são diferentes. Queria poder ser rei por algumas horas, mas a experiência sempre é a mesma, chifres e mais chifres, imagens escuras com agulhas nas mãos. Nunca sinto nada durante esses sonhos, é como se eu estivesse morto e as agulhas perfurassem todo meu corpo, sem parar, até eu acordar.

    Está certo que talvez eu tenha um superpoder dormindo, mas não é a imaginação. Quando estou com sono, durmo e acordo sem a sensação; quando tenho fome ou sede, fecho os olhos e, ao me levantar, já passou. Até mesmo quando o enjoo vem, apenas repito o processo e, assim que desperto, fico em perfeito estado.

    A verdade é que todo esse progresso está sendo repetitivo demais. Acho que aceitaria trocar a habilidade de saciar as necessidades do meu corpo por alguns minutos ou horas de imaginação infinita.

    Uma grande distorção quebra todo o meu padrão de vida em segundos. O chão treme violentamente e impede que eu levante. Uma sensação esquisita passa pelo meu corpo – até que ela é relaxante, gostaria que se repetisse algumas vezes, não veria mal algum nisso.

    A minha ideia muda de repente. A luz de uma das paredes se torna ainda mais intensa e branca do que de costume. Meus olhos são forçados a se fechar, ao mesmo tempo que um poderoso estrondo toma conta do ar e faz com que meu ouvido se irrite violentamente.

    Logo depois, um forte vento me empurra, força minhas costas contra a outra parede da sala. Não sinto dor alguma, só uma fadiga sem limites puxando meu corpo para o chão. Consigo abrir os olhos por alguns segundos antes de me entregar ao cansaço; diante de mim vejo uma luz poderosa em branco, azul, laranja e verde. Todas essas cores criam um redemoinho colorido admirável.

    – Que majestosa explosão! – comento antes de fechar os olhos novamente.

    Delírio

    Uma prisão ou um cubo… não! A melhor forma de descrever minha antiga casa é Sala Branca. Fui submetido a olhar apenas para o vazio do branco constante por tanto tempo! Anos se passaram e apenas pude sentar, rolar ou saltar até ficar cansado.

    Tinha apenas duas visões à minha disposição: um infinito branco e um infinito escuro, quando fechava meus olhos. É claro que, após tantos anos em um completo limbo, uma gloriosa recompensa caiu diante de mim. Foi a primeira vez que escutei o som de algo se espatifando. Sabia que não podia ser meu corpo, pois estava sentado e não senti nada fisicamente. Algum outro corpo se aproximara.

    Diante de mim, um belíssimo livro manifestou toda a sua glória. Emotion Emanuel, uma obra sobre uma destemida criança humana que precisa vencer os desafios do seu dia a dia enquanto aprende sobre as emoções.

    A obra é constituída por quatro páginas que contam como Emanuel sobreviveu aos perigos da vida e como as emoções passaram a influenciá-lo. A capa é a parte mais admirável: desenhada à mão, uma arte bem torta e mal pintada. Acredito que o autor tenha enfrentado muitas dificuldades que atrapalharam o processo de finalização das ilustrações, mas isso não compromete a experiência. Ainda é a coisa mais linda que já vi.

    Ver Emanuel superar todos os perigos da vida, ir à escola e conversar com outros humanos, me inspira a querer sentir emoções como ele. Ainda continuei por muito tempo perdido na Sala Branca depois que o conheci, mas, desta vez, algo me deixava em dúvida, o livro colorido, cheio de vida e de humanos, uma gloriosa obra literária. A partir daquele momento, decidi que algum dia conheceria os humanos e que também sentiria todas as suas emoções.

    Minha cabeça focava apenas em ler Emotion Emanuel, mas somente o tempo poderia responder quando eu finalmente teria a chance de conhecer os humanos.

    Em dada ocasião, uma onda de luzes negras e brancas, acompanhadas de nuvens poluídas, abriu com força um buraco na Sala Branca. O impacto não me machucou, sequer fez com que meu corpo saísse do lugar. Minha maior preocupação era que estragasse o livro. Por sorte ele continuou intacto.

    Quando toda a fumaça se dissipou, um caminho de liberdade colocou-se diante de mim. O meu destino finalmente se abriu. Eu poderia ir atrás das emoções humanas.

    As emoções mostram que, apesar de diferentes, nós, seres humanos, ainda podemos ser iguais em alguns sentidos. A raiva faz com que quem a sente pare de pensar com clareza, a tristeza machuca e tira a força de vontade, por exemplo. Talvez por isso a própria humanidade seja algo a se admirar.

    A capacidade de nunca ser igual, de poder desfrutar das situações que o mundo proporciona e manifestar emoções variadas, dependendo do que você vive, é muito admirável. Não vejo a hora de finalmente poder conhecer essas criaturas magníficas que são os humanos!

    Ouvi boatos de que Delírio não é um lugar muito legal de se viver, mas há muitos humanos lá, então, fico no lucro.

    Emoções… a base de todo o dia a dia da humanidade.

    Emoções… talvez não exista nenhum ser humano em todo o universo que não saiba o que é ter sentimentos.

    Emoções… um dos fatores que torna cada humano único e admirável.

    Emoções… aquilo que tanto desejo.

    Às vezes, a voz na minha cabeça me pergunta: Por que você diz que nunca sentiu emoções se vive dizendo que os humanos são entupidos de sentimentos?. Eu queria ter a resposta, mas não acho que terei base para isso. É um pouco difícil, faz cerca de trinta segundos desde que eu finalmente pude ver a luz do sol, e metade desse tempo passei de olhos fechados, me acostumando com o brilho forte e amarelado que me queimava.

    É uma quebra de expectativa. Achei que fosse morrer dentro da Sala Branca, mas, aparentemente, alguma explosão acidental me tirou daquele cubo. Considero a situação um pouco estranha, porque sempre pude ver os humanos em Emotion Emanuel, mas agora não encontro nenhum deles aqui.

    Seguro forte o livro com as duas mãos. É o meu único bem e o mais precioso que eu poderia desejar. Um livro com tamanha genialidade jamais deveria ser deixado para trás. Irei com ele atrás da civilização humana.

    É apenas uma hipótese, mas talvez até seja melhor que não tenha ninguém em volta: acabo de reparar que estou sem roupas, diante de um terrível mar de areia. No fabuloso conto de Emanuel, todas as crianças humanas e até os pais do personagem vestem roupas. Não quero insultá-los, quero aprender com eles. Preciso me cobrir rápido e dificilmente poderei fazer isso aqui no meio do nada.

    Meus pés tocam uma superfície diferente, pela primeira vez. A Sala Branca sempre foi sólida e constante, a areia é muito diferente, é dura e molenga ao mesmo tempo. Forçar meu pé apenas fará com que eu afunde por meio segundo e dificultará meus passos seguintes. Finalmente, uma realidade nova está diante de mim, e tudo que preciso fazer para chegar até ela é caminhar.

    É essa, então, a superfície dos humanos? Eu esperava algo mais organizado. Mas prefiro não os julgar, são responsáveis por tantas criações incríveis que prefiro fingir que esse chão é bom. Os passos são difíceis, mas nada que possa me ameaçar. Posso seguir caminhando, apesar de sentir algo invisível segurando meus braços e me impedindo de continuar.

    Eu hesito em andar, a minha cabeça gira, e volto a olhar os destroços do que sobrou da Sala Branca, um poderoso cubo branco subterrâneo agora reduzido a um vazio casulo de ferro. Nunca encontrei a porta da liberdade dessa coisa. Bem, pelo menos não até hoje.

    O que foi? Está com saudade da Sala Branca? – pergunta a voz da minha cabeça. Ela está calma, mas acelera com o tempo.

    Achei que a voz da minha cabeça se manifestaria mais cedo para palpitar sobre a situação. Gosto da sua companhia. Foram longos e solitários anos preso na Sala Branca. Por sorte, tive a voz para me auxiliar. Nem sei o que eu faria se não tivesse alguém para me dar direção.

    – Eu acho que não, esse chão é fofo e consistente ao mesmo tempo, mas ainda prefiro isso àquela rigidez da Sala Branca – meus olhos finalmente abandonaram o antigo lar que me segurou a vida inteira. Estou livre para escolher meus sonhos e caminhos. – Talvez eu sinta falta da previsibilidade da Sala Branca. Não estou fora nem há cinco minutos e já fui enganado: achei que esse lugar estaria cheio de humanos, mas estou sozinho aqui. Delírio não é nem um pouco previsível!

    Não espere que o deserto seja bom para brincar, o calor vai destruir sua pele em breve e esse lugar não pode mais protegê-lo. Então, o resultado será previsível, a menos que você encontre um abrigo logo – explica a voz com toda sua sabedoria. Ela pausa por alguns segundos, como se estivesse em plena análise. – Que tal tentar ir até aqueles muros? Acredito

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