Silêncio

De Ômar Souki

Cansado de tanto procurar, jovem executivo encontra, no silêncio, o amor de sua vida!

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 30 de set. de 2021

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Silêncio

plenitude de amor

Ômar Souki

Silêncio

plenitude de amor

Cansado de tanto procurar, jovem executivo encontra, no silêncio, o amor de sua vida!

Copyright  Ômar Souki

Editoração e capa

Aderivaldo Santos

FICHA CATALOGRÁFICA

Silêncio: plenitude de amor / Ômar Souki. —

S7222s

Piedade dos Gerais: Mundial, 2021.

240 p.

1.Ficção I.Título.

CDU 82-3

Elaborada por Rinaldo de Moura Faria - CRB-6 nº 1006

ISBN: 978-85-8014-009-5

Editora Mundial

Rua São Francisco, 17 – Vale Imaculada Conceição CEP: 35526-000 – Tel [phone]

Piedade dos Gerais - MG

Brasil

Dedico a

Thomas Keating,

William Meninger e

Adolfo Temmer,

luzes no caminho do

meu silêncio.

Sumário

Frodenheim ............................................................................. 11

Ulrik.......................................................................................... 15

Retorno a Frodenheim ......................................................... 19

A busca do silêncio ................................................................ 23

O pesadelo ............................................................................... 35

A plenitude em mim vai habitar ........................................ 45

Silêncio como fonte de sabedoria....................................... 53

A dança sagrada do silêncio ................................................. 69

O pássaro da felicidade ......................................................... 73

Transformação é Vida........................................................... 87

As leis no dia-a-dia ................................................................. 99

A missão de Frodenheim ...................................................105

Os pensamentos ...................................................................111

A dor .......................................................................................117

Ingrid.......................................................................................133

O amor ...................................................................................143

A força transformadora do amor .....................................161

O falso eu ...............................................................................177

A noite dos sentidos ............................................................187

O acidente ..............................................................................197

O retorno de Ingrid .............................................................203

O Eterno Amor....................................................................211

A nuvem do não-saber ........................................................221

O doce sabor do silêncio ....................................................229

Quando orar, entre no seu quarto,

feche a porta, e ore ao seu Pai em segredo,

e o seu Pai, que está em segredo,

vai recompensar você!

Mateus 6, 6

Significado dos nomes principais Ingrid: bela deusa da fertilidade.

Ulrik: líder nobre, próspero e bem afortunado.

Godfried: paz de Deus.

Emil: que emula, tenta igualar ou exceder, rival.

Frodenheim: lar da sabedoria.

Nordland: terra do norte, destino.

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Capítulo 1

Frodenheim

A procura de Ulrik começou quando tinha 16 anos, no distante vilarejo de Frodenheim (pronúncia-se

frondenraim), situado em um país chamado Nordland.

Frodenheim atravessou o tempo com uma população que variava de 5 a 6 mil habitantes. Originou-se de uma antiga povoação viking reconhecida pela sabedoria de seus anciãos.

Era lá que os líderes de várias tribos buscavam ensinamentos para orientar o povo. Com o tempo, o culto à sabedoria desapareceu, mas, a partir dos anos 70 do século XX, um grupo de monges beneditinos redescobriu o local, construindo ali um novo centro de irradiação de conhecimento, sabedoria e espiritualidade. Em um terreno doado pela prefeitura, situado em uma elevação próxima ao povoado, construíram um mosteiro. Criaram uma comunidade 11

dedicada ao silêncio, que aceitava receber pessoas de centros urbanos que estivessem à procura de paz para a alma e de alívio para as dores do coração.

Godfried foi o primeiro abade. Veio de um mosteiro beneditino aonde chegavam com regularidade monges de outros países, inclusive do Tibet. Portanto, Godfried aliou seus conhecimentos do cristianismo com as antigas tradições tibetanas. Depois de longo convívio com os sábios do Tibet, Godfried sugeriu a formação do mosteiro de Frodenheim, administrado por beneditinos, mas que era aberto para o mundo. Amor, silêncio, disciplina e fé em Deus eram as principais regras. Dentre elas, a principal era a do amor, que deveria se traduzir, no cotidiano, em tolerância, docilidade, caridade e misericórdia. Pre-dominava em Frodenheim, uma atmosfera de silêncio e informalidade, onde as pessoas se sentiam parte de uma grande família. Todos eram tratados pelos seus próprios nomes. Mesmo o abade, era simplesmente Godfried, e não frei ou padre Godfried.

Com o passar do tempo, esses monges foram adicionando novas repartições ao projeto original e construíram uma imponente edificação de pedra, semelhante à dos antigos mosteiros medievais. Viviam dos frutos da terra e recebiam contribuições de livres pensadores e personalidades espalhadas pelo planeta. Como Frodenheim era um experimento inovador, despertava a atenção de gente famosa e autoridades que apoiavam a iniciativa. Depois de alguns anos virou atração turística e a venda de suvenires também contribuía para a manutenção do lugar. Devido ao apelo do amor, do silêncio e do estudo 12

das leis do universo, para lá se dirigiam jovens de várias partes do mundo. Também alguns meninos e meninas do lugarejo passaram a se interessar pela vida monástica e freqüentavam o mosteiro. Dentre eles estava Ulrik, que não desejava ser monge, mas que, desde cedo, sentia-se atraído pelas práticas daquela comunidade.

Godfried logo percebeu o potencial e a força interior de Ulrik. Ali estava uma pedra preciosa que precisava apenas ser lapidada para tornar-se um líder próspero e generoso, fonte de inspiração para seus semelhantes. O

abade decidiu que ele mesmo seria o guia espiritual daquele jovem. Passaria para Ulrik toda a sabedoria e a experiência adquirida nos seus 45 anos de intensa prática religiosa, viagens pelo mundo e leitura dos grandes mestres. Godfried atendeu ao chamado interior quando tinha 20 anos. Filho de pais milionários, estudava em uma das melhores universidades do mundo. Mesmo assim, decidiu abandonar tudo e seguir uma irresistível voz que o arrastava em direção a Deus. Ingressou em um mosteiro beneditino e ali permaneceu até os 33 anos, quando decidiu, junto com outros monges, fundar Frodenheim. Com o tempo, esse lugar transformou-se em fonte de inspiração para as pessoas que optavam pelo silêncio e pelo cultivo da sabedoria e da liberdade de espírito. Frodenheim representava a materialização de um dos sonhos do próprio Dalai Lama que, uma vez, disse: "Por minha própria experiência, aprendi que o método mais eficaz para superar os conflitos é o contato estreito e o intercâmbio entre os que têm crenças diferentes, não somente em um nível intelectual, mas também através de experiências espirituais profundas. Aí 13

está um método poderoso para desenvolver a compreensão e o respeito mútuo. É no curso de um intercâmbio que se pode estabelecer uma base sólida para construir uma verdadeira harmonia".

Baseado em antigas tradições cristãs e no freqüente convívio com os budistas, Godfried desenvolveu práticas avançadas de meditação que se tornaram os principais temas de seus ensinamentos. Suas idéias eram conhecidas pelos religiosos, mas permaneciam ainda restritas aos muros dos conventos e mosteiros de Nordland que visitava espora-dicamente. Quando tinha 65 anos, encontrou uma forte personalidade, alguém em quem, tinha certeza, valia a pena investir: o jovem Ulrik. Talvez Ulrik, dentre todas, seria a mais bela obra de Godfried. Sim, Godfried estava disposto a passar a sua sabedoria para Ulrik. Ele talvez conseguisse divulgar pelo mundo o precioso ensinamento que Godfried tinha adquirido com práticas regulares de silêncio.

Dentre as regras do Mosteiro de Frodenheim,

a principal era o amor, que deveria se traduzir,

no cotidiano, em tolerância, docilidade,

caridade e misericórdia.

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Capítulo 2

Ulrik

Apesar da atração que Ulrik sentia pelo mosteiro de Frodenheim, e do interesse e atenção que Godfried lhe dispensava, no fundo não era aquilo que ele queria para a sua vida, pelo menos, naquela época. Como o pai era o eletricista do vilarejo, Ulrik desejava formar-se em engenharia elétrica. Queria seguir a carreira de engenheiro e ser o orgulho do pai. Quando chegou a idade, mudou-se para Haakron, a capital de Nordland, onde concluiu a universidade. Devido ao seu preparo e talento especial, depois de sua formatura em engenharia elétrica, foi admitido na Nordlight, a maior empresa de eletricidade do país, onde conquistou enorme prestígio. Utilizava suas noites para estudar e logo completou seu MBA ( Master of Business Administration) em uma das melhores instituições do país.

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Apoiado pelo seu espírito empreendedor, seu conhecimento e sua extraordinária força de caráter, Ulrik chegou, com apenas 35 anos, a ser o presidente da Nordlight. Depois de 3 anos na liderança daquela enorme instituição, a empresa estava transformada e era considerada uma das melhores empresas para se trabalhar em Nordland.

Por isso, aos 38 anos, Ulrik era tudo que um jovem poderia almejar. Já era um líder próspero e generoso de uma grande empresa. Além disso, ajudava os pais que tinham permanecido em Frodenheim. Como era filho único, enviou os recursos necessários para que seus pais construíssem uma casa perto do mosteiro. Sugeriu que eles participassem ativamente daquela comunidade, à qual Ulrik tinha prazer e orgulho de ajudar com avultadas contribuições em dinheiro. Na mesma época, enviou os recursos necessários para que os pais comprassem para ele um chalé nas montanhas, onde pretendia passar suas férias e, eventualmente, morar quando tivesse se aposentado.

Tudo parecia um céu na vida de Ulrik até que veio a crise, uma profunda crise existencial. Havia um mês, tinha brigado com o amor de sua vida, Ingrid, com quem pensava se casar. Andava triste e desanimado. Para piorar as coisas, numa bela manhã de primavera, quando se preparava para ir trabalhar, o telefone de sua casa tocou. Era Anders, o novo abade de Frodenheim.

— Ulrik, não nos falamos por algum tempo. Liguei recentemente para agradecer-lhe pelas contribuições da Nordlight para Frodenheim, mas você estava viajando para o Japão.

Ulrik percebeu, pelo tom de voz de Anders, e pela hora da chamada, que se tratava de algo bastante sério.

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— Anders, aconteceu algo com meus pais?

— Não, Ulrik, foi com Godfried. Ele está muito doente e pede para ver você. Acho que o encontro dele com o Pai está próximo.

— Onde está Godfried?

— Continua no mosteiro, onde está sendo tratado.

Você pode vir logo?

— Sim, hoje mesmo estarei em Frodenheim.

Uma dor profunda atravessou o coração de Ulrik.

Há exatamente 22 anos ele tinha decepcionado Godfried com a decisão de ir para a cidade grande. Godfried queria prepará-lo mais para a vida e para os negócios, mas agora era tarde. Uma torrente de pensamentos negativos inundou a cabeça de Ulrik, e ele começou a falar sozinho.

—E se Gofried morrer? Jamais saberei o que ele tanto queria passar para mim. Eu me lembro que ele me disse que eu precisava primeiro criar uma forte base espiritual para depois ir para Haakron. Essa base nunca foi feita.

Talvez agora seja tarde demais.

Agarrou afoitamente o telefone e ligou para a empresa. Falou com sua secretaria.

—Celina, não poderei ir hoje. Cancele todos os meus compromissos. Godfried está doente e preciso estar lá. Ele está muito mal, é caso de vida ou morte.

Ulrik chamou um táxi que o levou até a estação de trem. Pegou o primeiro trem para Oduris, cidade próxima a Frodenheim. Foram as 4 horas mais longas de sua vida.

O tempo não passava. A ansiedade dominava seu ser e sua conversa interna se acelerava.

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—Eu achava que Godfried iria me esperar. Eu, que o admirava tanto, achava que ele viveria para sempre. Eu pensava que talvez, um dia, pudesse assentar-me com ele, com todo o tempo do mundo, e formular as perguntas que ficaram sem resposta. Cheguei a um cargo de liderança, sou admirado, tenho prestígio, muito dinheiro. Mas, no fundo, no fundo, estou vazio. Será que tudo seria diferente se eu tivesse visitado o Centro de meu ser, do qual tanto falava Godfried, mas que eu jamais tive tempo de contemplar?

Tudo parecia um céu na vida de Ulrik até que veio a

crise, uma profunda crise existencial. Havia um mês

que tinha brigado com o amor de sua vida,

Ingrid, com quem pensava em se casar.

Andava triste e desanimado.

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Capítulo 3

Retorno a Frodenheim

Na estação de Oduris, o pai o aguardava. Ulrik alegrou-se de vê-lo tão bem. Abraçou-o com um longo e afetuoso abraço. Foram direto para o mosteiro. Aproximou-se do leito de Godfried, que estava de olhos fechados.

Pegou em sua mão.

—Godfried, sou eu, Ulrik.

Godfried entreabriu os olhos, que foram iluminados pelo brilho dos olhos azuis de seu antigo pupilo. Abriu um sorriso.

—Eu sabia que você, algum dia, retornaria a Frodenheim, mas não sabia quando. Agora estou velho e doente.

Talvez ainda possamos retomar nosso diálogo, já há muito interrompido, se essa for a vontade de Deus.

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—Godfried, durante todos esses anos, fugi do meu próprio Centro, mas sempre acreditei em uma Força Superior que rege nossas vidas. Nos momentos difíceis foi a Deus que implorei ajuda. E, agora, novamente peço a ele que reanime as suas energias para que possamos retomar nosso convívio.

—Estou com 87 anos, mas sinto que ainda não posso partir. Você Ulrik, acredite, é a minha obra inacabada. Seu sucesso no mundo dos negócios, só fez confirmar aquilo que eu pensava de você: que é capaz, muito capaz. Você tem o talento necessário para divulgar para o resto do mundo os segredos que ficaram enclausurados, por tanto tempo, dentro dos muros de Frodenheim.

—Prometo-lhe que permanecerei ao seu lado até o seu restabelecimento total. Depois voltarei a Haakron, arrumarei minhas coisas, e voltarei novamente para Frodenheim. Dessa vez não deixarei passar a oportunidade de tê-lo como meu mestre e minha inspiração.

Aquela promessa de Ulrik trouxe vida nova a Godfried. As palavras de Ulrik foram um sopro de vida para o debilitado corpo de Godfried. Uma semana mais e Godfried já havia deixado o leito e, lentamente, retomava suas atividades no mosteiro. Ulrik retornou a Haakron, reuniu-se com a diretoria da Nordlight e comunicou a sua intenção de retornar a Frodenheim para ser o seguidor de Godfried. Largava prestígio, posição social e dinheiro. Ele que era um líder empresarial estava disposto a abandonar, pelo menos temporariamente, os privilégios da vida