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Um Lugar Onde Você Pertença
Um Lugar Onde Você Pertença
Um Lugar Onde Você Pertença
E-book671 páginas6 horas

Um Lugar Onde Você Pertença

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Sobre este e-book

Um aproximação repentina faria bem a uma garota triste? Um amor à primeira vista faria bem a seu coração partido? Sophia havia se decepcionado muitas vezes com o amor, mas não imaginava que poderia senti-lo de novo. OBS: esta obra trata de assuntos delicados como bulliyng, depressão, auto mutilação, suicídio entre outros. Em momento algum busco romantizar e/ou incentivar tais atos. A obra não é nada mais que um romance trágico e baseado em fatos reais. Deixando isto claro, espero que tenham uma boa leitura.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de jul. de 2020
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    Pré-visualização do livro

    Um Lugar Onde Você Pertença - Nina Vianna

    Para minha família e amigos que

    sempre estiveram comigo.

    1

    Sumário

    Carta do Autor ................................................................................................................................... 5

    Prólogo .............................................................................................................................................. 6

    Capítulo 1 .......................................................................................................................................... 7

    Capítulo 2 .........................................................................................................................................10

    Capítulo 3 .........................................................................................................................................13

    Capítulo 4 .........................................................................................................................................17

    Capítulo 5 .........................................................................................................................................21

    Capítulo 6 .........................................................................................................................................26

    Capítulo 7 .........................................................................................................................................32

    Capítulo 8 .........................................................................................................................................37

    Capítulo 9 .........................................................................................................................................43

    Capítulo 10 .......................................................................................................................................48

    Capítulo 11 .......................................................................................................................................53

    Capítulo 12 .......................................................................................................................................58

    Capítulo 13 .......................................................................................................................................64

    Capítulo 14 .......................................................................................................................................70

    Capítulo 15 .......................................................................................................................................76

    Capítulo 16 .......................................................................................................................................84

    Capítulo 17 .......................................................................................................................................90

    Capítulo 18 .......................................................................................................................................97

    Capítulo 19 .....................................................................................................................................104

    Capítulo 20 .....................................................................................................................................108

    Capítulo 21 .....................................................................................................................................115

    Capítulo 22 .....................................................................................................................................121

    Capítulo 23 .....................................................................................................................................127

    Capítulo 24 .....................................................................................................................................133

    Capítulo 25 .....................................................................................................................................137

    Capítulo 26 .....................................................................................................................................144

    Capítulo 27 .....................................................................................................................................148

    Capítulo 28 .....................................................................................................................................155

    Capítulo 29 .....................................................................................................................................162

    2

    Capítulo 30 .....................................................................................................................................165

    Capítulo 31 .....................................................................................................................................171

    Capítulo 32 .....................................................................................................................................177

    Capítulo 33 .....................................................................................................................................182

    Capítulo 34 .....................................................................................................................................188

    Capítulo 35 .....................................................................................................................................194

    Capítulo 36 .....................................................................................................................................201

    Capítulo 37 .....................................................................................................................................207

    Capítulo 38 .....................................................................................................................................213

    Capítulo 39 .....................................................................................................................................220

    Capítulo 40 .....................................................................................................................................226

    Capítulo 41 .....................................................................................................................................232

    Capítulo 42 .....................................................................................................................................236

    Capítulo 43 .....................................................................................................................................242

    Capítulo 44 .....................................................................................................................................250

    Capítulo 45 .....................................................................................................................................257

    Capítulo 46 .....................................................................................................................................263

    Capítulo 47 .....................................................................................................................................271

    Capítulo 48 .....................................................................................................................................278

    Capítulo 49 .....................................................................................................................................286

    Capítulo 50 .....................................................................................................................................292

    Capítulo 51 .....................................................................................................................................299

    Capítulo 52 .....................................................................................................................................306

    Capítulo 53 .....................................................................................................................................312

    Capítulo 54 .....................................................................................................................................318

    Capítulo 55 .....................................................................................................................................324

    Capítulo 56 .....................................................................................................................................330

    Capítulo 57 .....................................................................................................................................337

    Epílogo ............................................................................................................................................343

    Agradecimentos ..............................................................................................................................353

    3

    4

    Carta do Autor

    Caro leitor(a),

    Venho através desta carta para esclarecer certos detalhes que aparecem nesta obra.

    Primeiramente quero deixar claro que este livro se trata de uma obra fictícia com alguns fatos verídicos que vieram a acontecer em minha vida particular, mas não citarei quais dos fatos são verdadeiros e quais são ficção.

    Agora com relação aos assuntos abordados quero deixar registrado que são apenas para dar enredo a estória, não estou aqui para romantizar assuntos sérios e nem para criar gatilhos.

    Bullying, depressão, automutilação e entre outros do mesmo gênero são assuntos de uma grande sensibilidade que podem ter diversos efeitos em diversas pessoas, podem ser tratados como gatilhos e romantização errada de tais assuntos, mas nesse caso não é o meu objetivo.

    Aqui trago uma estória com assuntos sérios para que vocês que lerem tenham mais atenção com casos que venham a apresentar sinais de quem sofre de tais agressões/doenças. Não quero fazer do meu livro um gatilho e nem o escrevi para romantizar tais atos aqui apresentados, esta obra foi criada apenas para ser uma forma de desabafas e iniciar uma carreira.

    Questões esclarecidas, espero que tenham uma boa leitura e gostem do livro.

    Nina Vianna.

    5

    Prólogo

    Encontrei todos lá me esperando, mas meus olhos se prenderam a figura de cabelos loiros de pé. A postura ereta e as feições sérias, ao lado dela estava Eric para que tivesse certeza que cumpriríamos o veredicto do júri. Comecei a sentir as lágrimas brotarem e parei olhando minha mãe, a mesma seriedade inabalada.

    Cordelia parecia um robô sem sentimentos.

    -Por favor.

    6

    Capítulo 1

    -Espero que dessa vez você aprenda, Sophia. –Carmen disse antes de abrir a porta.

    -Eu duvido muito disso. –ri baixo e antes que eu entrasse a mulher me puxou de volta.

    -Estou falando sério Sophia, já é a quinta vez que você vem pra detenção em menos de duas semanas. O que você quer da sua vida?

    -Você não vai querer saber. –puxei meu braço me livrando de seu aperto e logo entrei na sala.

    Tive a grande surpresa de encontrar o novato sentado em uma das carteiras do meio. Ele mal chegou na escola e já está na detenção? Garoto mal.

    -É bom vê-la novamente senhorita Mason. –o diretor logo tirou minha atenção do revoltado de preto. Apenas acenei para ele e me sentei atrás do novato

    –Daqui a duas horas eu volto e por favor, se comportem.

    Assim que o velho saiu, coloquei os pés em cima da mesa e peguei meu celular junto as fones,o volume estava no máximo e fiquei olhando para o nada lembrando da briga que tive com a líder de torcida.

    (Flashback On)

    -Oi coisinha estranha. –a voz esganiçada de Gabrielle fez meus tímpanos doerem.

    -Qual é gralha, meu ouvido não é penico. –falei tampando meus ouvidos.

    A garota ficou irritada, chegando ainda mais perto agarrou em meus cabelos me fazendo gritar de dor. Gabrielle começou a rir e aquilo era o que ela queria, me humilhar, uma vez que ninguém jamais conseguiu isso.

    -Então cadê a valentona do colégio? Não vai se defender? Por que não chama o papai e a mamãe pra te defender? Ah é mesmo, você não pode porque não tem pai e mãe.

    Meu coração havia disparado. A raiva estava me consumindo. Aquela garota ia me pagar. Com um movimento de mão joguei a morena no chão e sem demora, sentei em cima da mesma distribuindo socos, tapas e arranhões por todo seu rosto, pescoço e braços.

    7

    -Então Gabrielle, por que você não chama o papai e a mamãe agora? Cadê a garota que humilha todo mundo? –as palavras saiam em um tom raivoso, as pessoas em volta gritavam, mas não tinham coragem suficiente para se meter ...

    (Flashback Off)

    -Ei! Oh do cabelo roxo! –o novato me tirou dos devaneios quando puxou um dos meus fones e ficou me encarando –Acho que agora você me ouve não é.

    -Quem você pensa que é pra fazer isso? –perguntei franzindo o cenho.

    -Sou Charlie Mitchell e você roxinha? –apenas bufei virando o rosto para o outro lado –Nervosinha você.

    -Me erra novato. –falei guardando meu celular e os fones na mochila. Pude ouvir o tal Charlie rir baixo e o mesmo saiu de onde estava para se sentar ao meu lado. Ok,esquece a atração que eu senti, esse garoto é um completo idiota.

    -Agora falando sério, qual seu nome? –o mesmo falou calmo e me olhando com um sorriso de canto.

    -Sophia.

    Os olhos do garoto estavam em mim e que olhos. O tom de castanho era lindo e eu acabei me perdendo neles.

    O silencio que se instalou acabou sendo interrompido pelo toque do meu celular que tratei de atender.

    (Ligação On)

    -Alô.

    -Se você não aparecer na janela agora, juro que a gente te deixa para trás. –

    era algo impossível não reconhecer Jack pela sua gentileza.

    -Estou chegando ai.

    (Ligação Off)

    Recolhi minhas coisas indo até a janela e vi meus amigos com uma escada, dei uma risada baixa jogando a mochila para eles. Deixei um pequeno recado para o diretor no quadro negro e então notei o novato me observando quando o mesmo riu.

    -Vai ficar aqui ou vai comigo? –Charlie pegou suas coisas e me seguiu escada à baixo encontrando meus amigos no final.

    -Então vamos? –Jack perguntou me abraçando por trás.

    -Claro, mas só preciso fazer uma coisa. –peguei em minha bolsa um convite e fui até o garoto que já se afastava –Oh novato.

    8

    -A roxinha resolveu falar comigo. –o garoto falou se virando para mim.

    -Que se dane. –ele riu ainda me olhando –Mas enfim, espero que você apareça. –lhe entreguei o convite e voltei aos meus amigos.

    Logo fomos embora e por alguns instantes, não consegui parar de pensar no novato de olhos chocolate.

    9

    Capítulo 2

    Chegando em casa e passando pela porta, encontrei minha avó, Mary, no meio da sala de braços. Sua expressão era séria e eu já esperava pelo pior.

    -Foi parar na detenção de novo Sophia? E fugiu dela pelo visto, não é mesmo? –sua voz trazia seriedade e desapontamento.

    -Olá minha avozinha amada, eu estou bem sim e a senhora? –tentei ser o mais irônica possível, mas com dona Mary esse feitio era quase impossível.

    -Não estou para brincadeira Sophia. –seu grito me deixou assustada. Minha avó nunca havia chegado aquele ponto comigo –Seu avô e eu damos de tudo para você e seus irmãos, é assim que você retribui? Entrando em brigas sem motivo e fugindo da detenção?

    Não consegui dizer nada, fiquei apenas olhando a mulher a minha frente sem saber o que fazer direito. Dei uma pequena risada, baixa e forçada.

    -Sabe dona Mary, só tenho uma coisa a dizer. –olhei nos olhos da mais velha com os meus já marejados, uma magoa surgiu no meu coração e se espalhou por todo meu corpo em questão de segundos –Eu não pedi nada disso, sou muito grata por tudo que a senhora e meu avô fizeram e tem feito por nós, mas se não quiser fazer mais eu não ligo. –os olhos da mulher a minha frente mudaram da seriedade para surpresa –E outra, se aconteceu algo errado a culpa não é minha.

    Não desconte em mim seja lá o que tenha acontecido assim como eu não desconto em ninguém aqui dentro o que acontece comigo lá fora.

    Arrumei a mochila no ombro e fui para meu quarto, no corredor estavam meus irmãos no batente de suas portas. Peter parecia preocupado e Mandy tinha os olhos marejados. Ver meus irmãos, as pessoas que eu mais amo, daquele jeito era triste.

    Suspirei pesadamente e me tranquei no cômodo, joguei a mochila em qualquer canto e sem conseguir segurar mais acabei chorando. Chorei pelo meu passado. Chorei pela briga na escola. Chorei pelos meus irmãos. Chorei por me sentir fraca. Meu corpo já não agüentava mais, meu psicológico muito menos. O que mais eu tinha que fazer para me livrar de tudo de ruim que acontecia?

    10

    Respirei fundo indo até o banheiro, tomei um banho quente para tentar relaxar, voltei ao quarto secando o corpo e logo em seguida me vesti o mais rápido que pude, peguei minha bolsa e saindo do quarto dei de cara com Peter.

    -A gente tem que conversar. –meu irmão estava sério e preocupado, o que me deixou curiosa.

    -Sobre o quê? –perguntei ajustando a alça da bolsa em meu ombro.

    -Mamãe esteve aqui e tava atrás de você. –engoli em seco e respirei o mais fundo possível. Olhei o garoto e a aflição junto ao medo era visíveis em seus olhos.

    -Se ela bater aqui de novo, sabe o que fazer e para onde mandar ela ir. –

    Peter assentiu fazendo-me sorrir de canto enquanto colocava os óculos escuros –

    Agora vou indo e não se preocupe, nada vai acontecer com vocês.

    O garoto me abraçou e logo sai de casa. Uma coisa que eu não conseguia ser era dependente dos outros e cada um dos meus vícios sustento sozinha me desdobrando entre dois empregos, não apenas para isso como também para ajudar em casa.

    Primeiro destino era o centro, bem na galeria do rock.

    Fim do expediente. Depois de atender o último cliente, ajudei Scoth a fechar a loja e logo saímos em direção a seu carro.

    -Que tal uma bebida pra esquentar o sangue? –o garoto perguntou assim que paramos em frente a minha casa.

    -Obrigada pelo convite, mas tenho que me manter sóbria. Amanhã vou para o restaurante. –rimos baixo e ele concordou.

    Nos despedimos e dei um aceno rápido depois de sair do carro, assim Scoth se foi. Estava sozinha novamente, aquela sensação ruim novamente, mas notei que estava sendo observada e ao olhar para o lado vi o novato me encarando. Um sorriso de canto estampado em seu rosto. Respirei fundo entrando em casa e todos estavam na sala assistindo TV, dei um beijo na testa de cada um de meus irmãos dando boa noite a todos e me tranquei no quarto.

    A água quente descia pelo corpo e junto a ela as lágrimas que não consegui segurar, foi então que peguei a lâmina dando cortes pelos braços e tronco.

    11

    Eu não me orgulhava nem um pouco do que fazia, sabia que era até um ato de covardia comigo mesma, mas era o único jeito que eu me sentia bem. E depois de tudo isso terminei meu banho e fiz os curativos colocando o pijama em seguida.

    Resolvi sentar na sacada do quarto e olhar as estrelas enquanto fumava um cigarro. Como em todas as noites desde que isso começou, tive pensamentos suicidas, a vontade de acabar com todos os problemas de uma vez para não voltarem mais. Então meus irmãos tomaram meus pensamentos, mais uma vez eles tomaram conta de cada cantinho da minha mente e a coragem se esvaiu. Eu não conseguia deixar eles sozinhos nesse mundo.

    E novamente, sem perceber, comecei a chorar, mas dessa vez foi alto demais e as luzes do quarto do vizinho se acenderam. Para minha surpresa era o tal Charlie Mitchell. Nossos olhares se encontraram e os dele trazia preocupação assim como suas feições. Pela primeira vez em todos esses anos não me importei que ele me visse sendo tão fraca e vulnerável, apenas desejei que aquele garoto de olhos doces estivesse ao meu lado.

    12

    Capítulo 3

    ( 06:45 a.m )

    Aquele era o quarto cigarro que eu fumava em 10 minutos desde que cheguei a porcaria dessa escola. Com o clima ameno não era tão estranho usar uma jaqueta de couro e óculos escuros. A atenção que eu tinha no cigarro entre os dedos foi tirada do mesmo quando senti um cheiro amadeirado, um cheiro muito bom por sinal e nem um pouco conhecido.

    -O que faz aqui sozinha roxinha? –bufei entediada e fiquei olhando para o nada. Percebi o garoto se sentar ao meu lado, mas resolvi o ignorar –Sabe, mesmo com esse seu jeito e não te conhecendo, fiquei preocupado. Quer conversar?

    -Existem certas coisas que é melhor guardar para si mesmo. –falei baixo dando o último trago no cigarro e o joguei fora.

    -Como quiser, mas se mudar de idéia sabe onde me encontrar.

    Charlie se levantou entrando no prédio e com uma respirada fundo fiz o mesmo. No corredor todos me olhavam como sempre, nojo, medo e muitos outros sentimentos que me irritavam, ignorando todos eles fui direto para minha sala. O

    novato estava lá, sentado em uma carteira no fundo e meio insegura me sentei ao seu lado.

    -Você vai no show da minha banda? –o olhei séria sem tirar os óculos.

    -Claro, será que posso levar alguns amigos? –o sorriso dele era fofo, isso eu não poderia negar.

    Dei um sorriso mínimo tirando alguns convites da mochila lhe entregando, Charlie pegando todos deu uma piscadela para mim. Pude sentir o rosto ficando corado e imediatamente me virei para frente.

    Todas as aulas já haviam acabado, parei em frente a meu armário para guardar meus livros e ao abrir o mesmo vários pacotes de camisinha caíram.

    Respirei fundo ajeitando os óculos e notei todos começarem a rir, o capitão do time de futebol, Trevor Collins, se aproximou pegando um dos pacotinhos e se encostou nos armários ao meu lado.

    13

    -Parece que a noite de alguém vai ser longa, não é mesmo? –o garoto ria junto dos outros. Ri sarcasticamente guardando minhas coisas e me virei para o idiota musculoso.

    -Essa palhaçada toda é por que eu bati na sua prostituta exclusiva? Ou por que eu não fui pra cama com você na semana passada? –as risadas logo pararam e a expressão de raiva no rosto do loiro me fizeram gargalhar.

    -Você pensa que é quem aqui, nanica? –Trevor tentou se aproximar de mim, mas dei uma joelhada no meio de suas pernas e o garoto foi ao chão gritando de dor.

    -Sou o pior pesadelo de quem mexer comigo. –sorri de canto e logo caminhei para fora pondo os fones no ouvido.

    A caminhada até em casa estava sendo tranqüila. Me peguei pensando em Charlie e seu sorriso, um sorriso fofo e infantil. Balancei a cabeça continuando meu trajeto, hoje eu mexeria com fogo e facas e aquilo para mim era uma ótima distração.

    ( Charlie )

    Ao longe eu via a palhaçada que faziam com Sophia. Aquilo me dava raiva, por que fazer esse tipo de coisa com alguém que estava quieto? Quando dei um passo para poder ajudar a garota, ela mesma já havia se livrado da humilhação que faziam.

    -Charlie, seu gordo! –me assustei com o grito de Richard saindo de meus devaneios e todos começaram a rir –Estava sonhando de olhos abertos?

    -Estava pensando. –os garotos se entreolharam e eu me mantive calado para minha própria proteção.

    -Oh Mitchell, o que é isso aqui? –olhei para Kevin que estava lendo um dos convites que Sophia havia me dado.

    -Peguei com uma garota que conheci. É do show da banda dela. –falei deitando na cama olhando para o teto.

    -Show? Eu vou. –TJ logo pegou um dos papéis e os outros não ficaram para trás.

    14

    Passamos mais um tempo conversando, marcando de levar alguns conhecidos, marcamos o horário para nos encontrarmos e eles se foram. Fiquei sozinho e aquilo era muito chato, não tinha com quem conversar ou o que fazer.

    Me peguei pensando em Sophia. Aquela menina havia me deixado realmente preocupado e queria saber o que tinha acontecido para ajudar. Respirei fundo passando as mãos pelos completamente pensativo.

    ( 21:30 p.m )

    Havia uma grande fila atrás de nós, com sorte conseguimos chegar cedo e ficaríamos perto do palco, como se minha real intenção fosse só essa. Mais ou menos 15 minutos depois liberam nossa entrada.

    O lugar era bem amplo com uma decoração típica de bares que só tocam rock. Eu e os garotos andamos até perto do palco e pude ver um dos amigos de Sophia terminando de montar a bateria, Richard por sua vez quase pulou para cima do lugar para ver o instrumento.

    -Tem um pedal duplo e um simples ali. –não tivemos outra reação se não rir.

    Poucos minutos depois, todos começaram a subir ao palco e o público gritava, por último entrou Sophia e senti meu queixo indo no chão. Ela estava completamente diferente da menina que via na escola sendo humilhada pelos outros, as roupas e a maquiagem a deixaram tão... maravilhosa.

    -Se a garota de cabelo roxo for solteira, eu vou cair matando. –TJ falou com um sorriso no rosto. Cheio de malicia.

    Apenas o olhei com reprovação e voltei para a garota, a mesma estava com os olhos fixos em mim. Os olhos castanhos banhados de tristeza e alegria. Sorri de canto sendo retribuído no mesmo instante, todos olhavam para a garota com admiração, certo pelo seu talento, mas eu não. Eu a olhava com admiração a sua força.

    Uma pequena saudação foi feita aos presentes e logo o show começou. Sua voz era grave e envolvente, Sophia era sexy sem ser vulgar e cada movimento que fazia chamava a atenção de todos ali, principalmente a minha. Em um momento ela chegou perto de um dos guitarristas passando as mãos por seu corpo, ato esse que me incomodou pois eu queria aquelas mãos no meu corpo. Mais um incentivo para tentar conquistá-la.

    15

    Ultima música. Um cover e Sophia apareceu no palco com a roupa parecida com a da vocalista da banda. Sexy e pronta para acabar com o coração de qualquer um que se atrever a brincar com o seu.

    A cada verso era uma gritaria nova. A cada movimento do corpo um assobio.

    Cada homem daquele lugar estava excitado apenas em olhá-la e Sophia sabia disso, sabia como envolver uma pessoa sem nem mesmo tocá-la. Ao final da música a garota de cabelos roxos tinha os olhos fixos em mim, rodava os dois guitarristas com movimentos sensuais então se sentou a minha frente e envolveu meu corpo com as pernas me puxando para perto. Todos a nossa volta gritavam e ficavam ainda mais eufóricos com a proximidade que estávamos.

    Se ela queria me enlouquecer, acabou de conseguir.

    16

    Capítulo 4

    ( Charlie )

    O show havia acabado, mas as pessoas ainda estavam eufóricas e cheias de energia. Richard acabou por conseguir subir ao palco e já estava atrás da bateria conversando com o casal da banda. Kevin e TJ estavam em uma rodinha de meninas, as mesmas rindo das idiotices dos dois. Eu estava encostado em um canto, olhava para todos os lados em busca de apenas uma pessoa.

    Avistei Sophia no bar, com a roupa do inicio do show e uma garrafa de cerveja na mão. Me aproximei devagar e as cenas da última música, principalmente a proximidade entre nós e a vontade de agarrá-la me consumindo, voltando a cada passo que eu dava na direção da garota.

    -Belo show, o som de vocês é legal. –falei já ao lado da roxinha ganhando sua atenção.

    -Só o som é legal? –a voz dela era sexy e seu olhar envolvente.

    -Claro que não. –me aproximei ainda mais da garota ficando atrás dela e envolvi sua cintura deixando o rosto bem próximo ao seu –Gostei ainda mais da vocalista. Seria ainda melhor se ela pudesse dar atenção ao fã número um.

    Pude perceber sua pele se arrepiar e ela riu baixo se virando para mim, seus olhos focaram nos meus e mais uma vez vi tristeza neles. A luxúria também se fez presente, ainda mais com a proximidade em que estávamos. Fiquei perdido naquela imensidão castanha dos olhos de Sophia e como automático baixei o olhar para seus lábios rosados. A garota percebeu meu ato e logo sorriu de canto mordendo o lábio inferior.

    -Não faz isso. –falei em um tom baixo para que apenas ela ouvisse.

    -Não fazer o que, novato? –seu sorriso havia se tornado malicioso e não pude deixar de retribuir.

    -Me seduzir. –puxei seu corpo para mais perto do meu, nossos rostos a centímetros de distancia.

    -Mas eu não estou fazendo nada. –Sophia se aproximou e eu achei que iria me beijar, mas seu lábios foram até minha orelha –Pelo menos não por enquanto.

    17

    Só a voz dela me fez e gemer baixo, a garota riu baixo e saiu dos meus braços deixando-me com uma certa sensação de vazio e uma vontade enorme de provar daquela boca. Passando as mãos pelos cabelos percebi uma pequena folha de papel presa a minha pulseira, a caligrafia feminina junto a um número de celular e eu já imaginava de quem era.

    Se quiser atenção terá que vir atrás de mim e caso não me ache, ligue.

    -Maldita. –ri comigo mesmo guardando o papel no bolso e logo indo atrás da de cabelos roxos.

    ( Sophia )

    Ao longe observava Charlie. Não sabia ao certo o que havia dado na cabeça de começar essa relação com ele, mas desde o momento em que vi preocupação em seus olhos quando me encontrou chorando, senti que poderia mantê-lo por perto. Eu poderia confiar nele.

    Meus olhos acompanhavam o garoto de olhos doces, o mesmo me procurava com determinação e aquilo estava sendo divertido mesmo sabendo que era covardia. Charlie tinha os olhos brilhantes e um sorriso crescente nos lábios quando finalmente havia me encontrado. Foi impossível não sorrir com aquilo. O

    garoto vinha em minha direção a passos firmes, ri baixo e comecei a ir ao segundo andar do local, Charlie me seguia a passos rápidos.

    -Será que agora eu ganho a atenção da minha musa? –a voz dele soou baixa me fazendo arrepiar. Seus braços serpentearam minha cintura me puxando para mais perto, seus olhos intercalavam entre meus olhos e os lábios.

    -Se for um bom fã ganha muito mais. –sorri de canto mordendo o lábio.

    -Você só pode ta brincando comigo. –o garoto riu baixo e mordeu o próprio lábio –O que deu na roxinha pra me dar uma chance?

    -Pensei bem. Achei você legal e aqui estou. Não quer? –aproximei meu rosto ainda mais do dele, nossas respirações se misturavam.

    -Quem sabe. –Charlie acabou com qualquer espaço que tinha entre nós.

    Os lábios dele eram macios, quentes e seu beijo era uma mistura gostosa de ternura e desejo. Paramos por falta de ar, o garoto então colocou as mãos em minha cintura me levando a parede mais próxima e prendendo meu corpo com o seu. Não demorou para que voltássemos a nos beijar, suas mãos percorriam da minha cintura as costas, levei meus dedos aos seus cabelos o puxando para mais perto.

    18

    -Se eu soubesse que ia acabar assim teria me aproximado antes. –o garoto falou um tanto sem fôlego e ri baixo o olhando. Depois de dar-lhe um beijo rápido, fui me afastando devagar –Quando te vejo de novo?

    -Se for para casa agora, consegue me encontrar ainda hoje.

    Sorri de canto sendo retribuída, o mais alto beijou as costas de minha mão e me afastei encontrando com meus amigos.

    Durante todo o caminho o sorriso não saia de meus lábios e Scoth percebeu, pois seu sorriso junto a piscadela direcionados a mim entregavam isso. Ri junto ao garoto e me perdi em pensamentos.

    Ao chegar em casa notei que todos já dormiam. Tranquei as portas e fui ao meu quarto tomar um banho, depois de vestir o pijama peguei o celular indo até a sacada me deitando na mesma. Olhava as estrelas e tocava as cicatrizes de meu braço pensando no que aconteceu mais cedo. Pensava em Charlie.

    Sorri verdadeiramente pela primeira vez e me senti bem, feliz fora do meu grupo. O garoto de olhos doces havia me dado liberdade. Eu tocava aquelas cicatrizes lembrando de cada momento que passei e o mais importante, não havia feito um corte novo desde que me aproximei de Charlie nessa manhã.

    E por falar nele ...

    -Ei roxinha. –me sentei olhando o garoto, o mesmo tinha um grande sorriso nos lábios e, estranhamente, me uma enorme vontade de beijá-los.

    -Ei novato. –o riso dele era contagiante e ali ficamos.

    Passamos um bom tempo naquele mesmo lugar, riamos, conversávamos e até fazíamos caretas, isso até resolvermos voltar cada um para seu quarto e continuamos nossa conversa por telefone. Durou até mais ou menos às 3 da manhã quando adormeci e sabia que tinha um sorriso no rosto.

    ( 06:30 a.m )

    Havia acabado de sair de casa e caminhava até a escola, os fones estavam altos e eu distraída prestes a acender um cigarro quando senti um braço se fixar ao 19

    redor de minha cintura e a mesma pessoa tirar o cigarro de meus lábios. Olhando para minha direita vi o par de olhos castanhos junto ao sorriso infantil.

    -Mas você é abusado não é mesmo. –ri baixo ouvindo Charlie fazendo o mesmo ao meu lado.

    -Você gosta, admita. –garoto me olhava de canto sem tirar o sorriso dos lábios.

    -Se acha muito gostoso. Quem disse que eu gosto? –me virei para o mais alto assim que chegamos ao colégio.

    -Se não gostasse não teria deixado eu te beijar, ou estou errado? –ele ergueu uma sobrancelha sorrindo de canto, retribuindo seu sorriso o puxei dando-lhe um beijo. Não deixei durar muito, mas acredito que deva ter matado ambas as vontades –É, eu sabia que não estava errado.

    Rimos um tanto quanto alto chamando a atenção de outros alunos para nós.

    Ignoramos completamente aquilo e seguimos para nossa aula conversando sobre assuntos aleatórios.

    A cada aula que passava conversávamos muito mais, os alunos nos olhavam de maneira como se estivéssemos fazendo algo estranho ou de outro mundo, mas na verdade era algo estranho. Pelo menos para mim era.

    Charlie era um cara legal, divertido e do tipo que se preocupa com as pessoas e eu amava pessoas assim, mas ainda havia medo dentro de mim. Medo de me entregar definitivamente e mais uma vez me decepcionar. Tinha em mente que se talvez me entregasse a alguém poderia ser a última vez que faria aquilo.

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    Capítulo 5

    ( Sophia )

    O último sinal havia tocado e eu junto a Charlie já estávamos do lado de fora da sala caminhando para casa. As vezes o garoto parava me dando um beijo e voltava a andar como se nada tivesse acontecido, eu apenas dava risada sem saber o que fazer.

    -Então, que tal dar uma volta comigo? –o moreno perguntou quando paramos em frente minha casa.

    -Não vou poder. Tenho que ir trabalhar. –vi ele baixar a cabeça e senti meu coração se apertar. Aquele garoto queria realmente ficar comigo.

    -Tudo bem, deixa pra uma próxima vez então. –o garoto sorriu tristemente e me deu as costas.

    -Charlie. –o chamei logo ganhando sua atenção –Meus amigos vão dar uma festa amanhã. Quer ir?

    -Claro. Com você vou pra qualquer lugar. –o sorriso infantil que tanto havia me encantado estava lá novamente. Foi impossível não sorrir de volta e mais impossível ainda não ficar corada com o que ele disse.

    ( Charlie )

    Com você vou pra qualquer lugar. Mas o que diabos foi o que acabou de acontecer? Isso é coisa de gente... Ah não. Não. Não. Não pode ser, eu não posso me apaixonar por ela assim do nada.

    -Eu estou completamente perdido. –me joguei no sofá pondo as mãos no rosto.

    -Tudo bem querido? –minha mãe perguntou parada ao meu lado e me olhava um tanto preocupada.

    -Estou bem mãe. –sorri para a mais velha e a mesma retribuiu voltando a cozinha.

    Decidi me levantar e ir ao quarto, as cortinas estavam abertas dando uma visão clara do quarto de Sophia. E falando nela, a mesma se encontrava em frente 21

    ao guarda-roupa usando apenas um conjunto de roupa íntima, o que deixou a mostra suas tatuagens bem distribuídas pelas curvas do corpo.

    E que curvas.

    Balancei a cabeça para tentar espantar qualquer pensamento impróprio que viesse a aparecer. Obvio que foi um ato em vão e nem mesmo um banho frio fez com que eu não tivesse alguns pensamentos pervertidos com Sophia.

    -Estou realmente perdido.

    ( 21:30 p.m )

    A música fluía alta nos fones acalmando minha mente e até mesmo minha alma. Completamente distraído, de olhos fechados e sem perceber o que acontecia a minha volta, senti um peso sobre meu corpo e lábios tocando meu pescoço. Foi impossível controlar o arrepio que correu o corpo e som que saiu baixo por meus lábios.

    -Olha só, ele ficou arrepiado. –a voz de Sophia soou com uma risada baixa fazendo-me rir também.

    -É o efeito que você tem sobre mim. –olhei para a roxinha que ainda tinha um sorriso no rosto.

    -Então, ouve uma mudança de planos. Arrume suas coisas porque você vai passar o fim de semana comigo. –a confusão deveria estar estampada em meu rosto, pois a garota gargalhava enquanto se colocava de pé –Meus amigos decidiram ir para uma casa de campo, achei que iria gostar de ir.

    Sem dizer uma palavra e apenas com um sorriso no rosto me levantei indo arrumar minhas coisas. Sophia deixou o quarto dizendo que ia me esperar com seus amigos e eu apenas assenti. Optei por trocar de roupa e acabei saindo de casa com duas mochilas junto ao violão, todos que estavam perto da mini van me olhavam com indiferença.

    -Charlie? –um garoto de cabelos castanhos e alto, muito alto mesmo, veio até mim e eu apenas assenti a sua pergunta –Scoth. Bom te conhecer.

    Sorri em cumprimento ao mais alto e o mesmo pegou minhas coisas arrumando no veículo enquanto os outros vinham se apresentar. Então vi Sophia na porta de sua casa com uma senhora que não aparentava ter mais de 50 anos e parecia um pouco nervosa.

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    -Problemas com os pais. –Jane, a melhor amiga de Sophia, parou ao meu lado olhando na mesma direção que eu –Você poderia conversar com ela, talvez ajude.

    -Como assim? –olhei a menor de cabelos negros que ainda olhava na direção da amiga.

    -Você sabe do que estou falando. –sorriu e foi até Scoth.

    Fiquei ainda olhando Sophia e notei a mesma passar as mãos no rosto como se estivesse chorando, fiz menção em ir até ela, mas Jack pegou em meu braço maneando a cabeça em discordância. Engoli em seco ficado no mesmo lugar apenas observando, foi então que a garota se despediu da senhora e veio até nós.

    -Tudo bem? –perguntei deixando a preocupação transparecer.

    -Melhor impossível. –foi tudo que tive como resposta e em seguida ela entrou na van, ficou no fundo entre as bagagens com os fones nos ouvidos.

    ( Sophia )

    Durante todo o trajeto da viagem as palavras de minha avó rondavam meus pensamentos me deixando irritada. O que ia mudar em minha vida saber que meu pai está no hospital e minha mãe resolveu ter saudade? Isso não ia fazer nenhum deles santos ou até mudar meus pensamentos sobre cada um.

    Quando a van parou fui a primeira a sair carregando minha mochila, pude ouvir Scoth e Jane me chamando, mas não dei atenção. Eu queria e precisava ficar sozinha. Parei de andar quando cheguei ao lago que ficava perto da casa, me sentei de frente para o mesmo abrindo a mochila e tirei uma garrafa de vodka e o maço de cigarros com o isqueiro, acendi um tomando um gole da bebida que desceu quente pela garganta.

    -Se destruir assim não vai acabar com os problemas, só cria mais alguns. –a voz de Charlie chegou aos meus ouvidos e vinha de trás de mim, mas não me dei ao trabalho de olhá-lo, apenas dei mais um gole da bebida e um trago no cigarro em seguida.

    O garoto apenas sentou ao meu lado pegando algumas pedrinhas próximas e começou a jogá-las na direção do lago, já eu fiquei apenas o observando e notei certa tristeza em suas feições. Seu olhar tinha preocupação. Respirei fundo apagando o cigarro e guardei a garrafa de volta na mochila, apoiei meu queixo nos joelhos abraçando as pernas.

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    -As vezes penso em desistir. Jogar tudo pro alto e acabar com a porcaria de vida que tenho. –Charlie voltou a me olhar, agora sério. Olhei em seus olhos segurando a vontade de chorar.

    -E por que não fez isso ainda? –meu olhar se tornou surpreso e o garoto ergueu uma das sobrancelhas –Se sua vida é tão ruim como diz, por que ainda está viva?

    -Meus irmãos preci...

    -Precisam de você? Por que acha isso? –o moreno me interrompeu com o tom de voz sério e era possível notar até uma certa magoa –Seus irmãos já são crescidos e sabem se defender.

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