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Pequeno Manual De Hermenêutica Filosófica
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E-book315 páginas2 horas

Pequeno Manual De Hermenêutica Filosófica

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A pesquisa resultante na presente obra provém e se presta, originariamente, a contribuir, especialmente, à elucidação e consequente melhoria no tratamento do que, de maneira geral, se pode chamar de interpretação. Sabido é que, sobretudo nas sociedades contemporâneas — com especial participação e influência do uso de ferramentas digitais de comunicação, como as redes sociais — o espaço para o debate e entendimento entre os sujeitos tem se visto cada vez mais dificultoso. Tal dificuldade se aprofunda, em meu entender, com maior força, em razão de uma característica específica do panorama atual: a cada vez menor capacidade e interesse dos agentes em verdadeiramente compreender os demais interlocutores, não raro transformando-se, a imensa maioria dos diálogos virtuais, em reles combate e medição de forças ( bélicas , ainda que digitais), com intuito único de extermínio, achincalhamento público do outro e consequente, embora “paradoxal”, obtenção de aprovação social. Não pretendemos aqui discutir o grau de participação que a própria mecânica algorítmica das redes possui na formação desta espécie de ambiente. É inegável, porém, o fato de que o eventual progresso de nossa espécie, a partir de um efetivo confrontamento dialético de ideias, tem se tornado cada vez mais árduo, senão até que improvável. Basta uma simples e rápida participação em qualquer meio virtual para se verificar a total hostilidade de tais ambientes, onde aquele que hoje efetivamente nutrisse o desejo de contribuir com o avanço de qualquer pauta, ver-se-ia completamente frustrado ao perceber que os indivíduos da contemporaneidade, especialmente em sua faceta virtual/informática, não mais demonstram o mínimo interesse em realmente solucionar questões atinentes a todos, perdendo-se, na imensa maioria das vezes, nas rasas disputas de ego e na colocação do outro enquanto inimigo, a ser, a qualquer preço, não compreendido, mas exterminado. Nada obstante, é justamente em tal espécie de ambiente onde não raro se postula pelo quase sacro direito (ilimitado) à manifestação da própria opinião. Pois bem... observando o contexto recém-explicitado, busquei, em meus estudos, entender, então, e antes de tudo, de que maneira e até que ponto o sujeito, eventualmente interessado num efetivo debate de ideias, poderia postular pela legitimidade de sua posição — seja no mérito, referente ao conteúdo a ser eventualmente debatido, seja na forma de o abordar, qual seja, a dialética. Em outras palavras, me interessei, originariamente, por investigar se, e em que medida, um sujeito pode se dizer portador de uma verdade mais ou tão verdadeira quanto a dos demais, a ponto de postular por sua legítima participação no tratamento e debate público de determinado assunto, posto suas teses implicarem, ao menos, em algo a mais do que uma reles opinião, como hoje vulgarmente tratada, ou seja: como algo análogo a gosto, enquanto verdade subjetiva íntima e, por estas razões, tão auto evidente quanto individual, no sentido de valer apenas para o sujeito que nela crê. Se me pedissem para traduzir em poucas e simples palavras a inquietação originária e motriz de minhas investigações, diria que se resume à seguinte questão: de que maneira aquilo que digo pode (e deve) ser considerado válido ou verdadeiro, ou, ainda, legítimo, para além dos meus juízos mais íntimos e pessoais, a exemplo de minha reconhecidamente impopular preferência por sorvete de morango aos demais sabores? Pois nesta senda, percebi, ao longo de meus estudos, que, antes mesmo de saber se meus pensamentos e juízos poderiam, com efeito, serem considerados legítimos — enquanto fidedignos ao que de fato existe — eu deveria, antes, lograr elucidar o que eles estavam, de fato, a dizer. Seguramente, não posso postular em prol de meus posicionamentos se não logro, antes, averiguar no que de fato estou crendo e manifestando. Apercebi-me, entretanto, que, antes mesmo de investigar o real sentido e a fidedignidade de minhas crenças e discur
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de nov. de 2022
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    Pequeno Manual De Hermenêutica Filosófica - Guilherme Diehl De Azevedo

    PEQUENO MANUAL DE HERMENÊUTICA FILOSÓFICA

    SOBRE O AUTOR

    Guilherme é Advogado, Filósofo e Poeta. Gaúcho nascido em Porto Alegre/RS, graduou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui Mestrado em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), com dupla titulação em Estudios Politicos pela Universidad de Caldas/Colômbia. Atualmente dedica estudos especialmente às áreas da filosofia da Linguagem e da Hermenêutica Jurídica e Filosófica.¹

    DEDICATÓRIA

    Dedico a presente obra à minha esposa Tamires, a quem amo, admiro e respeito, de forma infinita e ascendente – sempre mais do que ontem, e menos do que amanhã! – e à minha filha Alice, que nos brinda com a sua vida, modificando e ressignificando as nossas.

    À Alice: se sempre pesquiso e escrevo para além das ambições individuais – com olhos a um mundo melhor e mais justo - hoje este propósito retumba com ainda maior vigor em meu coração, pois sei que o mundo que hoje busco modificar, é o que deixarei para você, filha querida. Obrigado por existir e me fazer continuar. Na senda de John Donne, jamais perguntes por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.²

    APRESENTAÇÃO

    A pesquisa resultante na presente obra provém e se presta, originariamente, a contribuir, especialmente, à elucidação e consequente melhoria no tratamento do que, de maneira geral, se pode chamar de interpretação. Sabido é que, sobretudo nas sociedades contemporâneas — com especial participação e influência do uso de ferramentas digitais de comunicação, como as redes sociais — o espaço para o debate e entendimento entre os sujeitos tem se visto cada vez mais dificultoso. Tal dificuldade se aprofunda, em meu entender, com maior força, em razão de uma característica específica do panorama atual: a cada vez menor capacidade e interesse dos agentes em verdadeiramente compreender os demais interlocutores, não raro transformando-se, a imensa maioria dos diálogos virtuais, em reles combate e medição de forças (bélicas, ainda que digitais), com intuito único de extermínio, achincalhamento público do outro e consequente, embora paradoxal, obtenção de aprovação social.

    Não pretendemos aqui discutir o grau de participação que a própria mecânica algorítmica das redes possui na formação desta espécie de ambiente. É inegável, porém, o fato de que o eventual progresso de nossa espécie, a partir de um efetivo confrontamento dialético de ideias, tem se tornado cada vez mais árduo, senão até que improvável. Basta uma simples e rápida participação em qualquer meio virtual para se verificar a total hostilidade de tais ambientes, onde aquele que hoje efetivamente nutrisse o desejo de contribuir com o avanço de qualquer pauta, ver-se-ia completamente frustrado ao perceber que os indivíduos da contemporaneidade, especialmente em sua faceta virtual/informática, não mais demonstram o mínimo interesse em realmente solucionar questões atinentes a todos, perdendo-se, na imensa maioria das vezes, nas rasas disputas de ego e na colocação do outro enquanto inimigo, a ser, a qualquer preço, não compreendido, mas exterminado.

    Nada obstante, é justamente em tal espécie de ambiente onde não raro se postula pelo quase sacro direito (ilimitado) à manifestação da própria opinião. Pois bem... observando o contexto recém-explicitado, busquei, em meus estudos, entender, então, e antes de tudo, de que maneira e até que ponto o sujeito, eventualmente interessado num efetivo debate de ideias, poderia postular pela legitimidade de sua posição — seja no mérito, referente ao conteúdo a ser eventualmente debatido, seja na forma de o abordar, qual seja, a dialética.

    Em outras palavras, me interessei, originariamente, por investigar se, e em que medida, um sujeito pode se dizer portador de uma verdade mais ou tão verdadeira quanto a dos demais, a ponto de postular por sua legítima participação no tratamento e debate público de determinado assunto, posto suas teses implicarem, ao menos, em algo a mais do que uma reles opinião, como hoje vulgarmente tratada, ou seja: como algo análogo a gosto, enquanto verdade subjetiva íntima e, por estas razões, tão auto evidente quanto individual, no sentido de valer apenas para o sujeito que nela crê. Se me pedissem para traduzir em poucas e simples palavras a inquietação originária e motriz de minhas investigações, diria que se resume à seguinte questão: de que maneira aquilo que digo pode (e deve) ser considerado válido ou verdadeiro, ou, ainda, legítimo, para além dos meus juízos mais íntimos e pessoais, a exemplo de minha reconhecidamente impopular preferência por sorvete de morango aos demais sabores?

    Pois nesta senda, percebi, ao longo de meus estudos, que, antes mesmo de saber se meus pensamentos e juízos poderiam, com efeito, serem considerados legítimos — enquanto fidedignos ao que de fato existe — eu deveria, antes, lograr elucidar o que eles estavam, de fato, a dizer. Seguramente, não posso postular em prol de meus posicionamentos se não logro, antes, averiguar no que de fato estou crendo e manifestando. Apercebi-me, entretanto, que, antes mesmo de investigar o real sentido e a fidedignidade de minhas crenças e discursos, deveria, ainda, compreender, devidamente, o que estaria em jogo ao falarmos sobre sentido de enunciados proferidos e/ou mesmo apenas guardados em meu íntimo enquanto crenças ou convicções.

    Partindo-se, pois, das reflexões por mim realizadas com o intuito inicial já antes referido, passei então a buscar, inicialmente, por aquilo que poderíamos, por exemplo, considerar como sendo o sentido de nossos enunciados. Nos meandros, então, de tal investigação, adentrei, como se poderá ver, em searas cada vez mais complexas, culminando — não ao fim, mas ao menos como presente instante de minhas investigações — na teoria Hermenêutica, que exploraremos a seguir e de maneira predominante no presente ensaio. Com efeito, como também poderá ser visto no decurso desta obra, a temática por mim então investigada parece naturalmente culminar — não como ponto final, mas ao menos como parada obrigatória — na teoria Hermenêutica, que, em uma acepção popular, pode ser entendida, justamente, como teoria ou estudo da interpretação — ou, ainda, da adequada compreensão.

    Neste sentido, uma vez que meus estudos ingressaram no ambiente da discussão Hermenêutica, e tendo eu buscado cada vez mais me aprofundar neste campo teórico, julgo agora ter logrado acumular e incluso produzir considerável material a este respeito. Isso de tal sorte a que, tendo eu estudado durante tanto tempo e com tamanha e imodesta dedicação — e tendo, sobretudo, me enamorado com o que descobri enquanto lia — senti e sinto hoje como necessária a transmissão a terceiros do que estudei. Sem a pretensão de, por ora, inovar com teoria inédita por mim construída. Não se trata disso e desta obra não é o que se deve esperar. O objetivo aqui é mais singelo: fornecer, enquanto manual, de fácil e, portanto, rápido acesso, uma exposição sintética, embora sem sacrifício ao rigor, das teorias pelas quais passei e que certamente modificaram quem fui, quem sou e certamente quem serei, especialmente na compreensão de mim mesmo e dos temas acima ventilados.

    Novamente, a pretensão aqui tampouco é descrever, mecanicamente, um rol de verdades absolutas acerca dos temas por mim investigados. Quis eu, apenas, com a presente obra, realizar, antes de tudo, por meio da reunião de minhas produções, um convite, a todos, à reflexão conjunta das questões aqui abordadas, fornecendo, ao leitor, as leituras e/ou compreensões que fiz do que li a este respeito. Espero, assim, que a presente e singela contribuição que aqui entrego possa servir, a quem lê, como impulso inicial à reflexão dos temas aqui propostos e, a partir disso, operar como chave de leitura/primeira compreensão ou aproximação dos mesmos, de sorte a lhe ser possível, sempre que necessário, a sua fácil consulta e revisão, por intermédio de uma análise sintética — e, espera-se, um tanto mais facilitada — dos principais pensamentos já realizados a seu respeito ao longo de nossa história.

    Neste ínterim, serão aqui revisitadas as obras de autores cujas produções e investigações compulsei ao longo de minhas buscas por respostas às questões antes mencionadas, sobretudo no que concerne à teoria Hermenêutica, enquanto lócus atual de meus estudos. Forneço, destarte, por aqui, ao leitor, as sínteses por mim elaboradas quanto às teorias de autores que corroboram ao aprimoramento de tal vertente teórica — nomeadamente, e com especial destaque aos pensadores Friedrich Schleiermacher, Wilhelm Dilthey, Franz Brentano, Edmund Husserl, Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer.

    Que a presente obra lhe auxilie nesta caminhada e lhe permita, antes que fechar qualquer convicção (definitiva e imutável), uma abertura ao aprimoramento de sua compreensão acerca da teoria Hermenêutica, mas, também, de nossas compreensões em geral, enquanto coletividade, e dos indivíduos, enquanto autocompreensão, com olhos à ascensão de nossas compartilhadas circunstâncias de mútua existência. Assim se efetivando, e ainda que mínima a minha contribuição, dar-me-ei já por inteiramente satisfeito.

    ÍNDICE

    1. QUESTÕES PRELIMINARES…………………………………………………….8

    1.1 Da Interpretação em Geral……………………………………………………….8

    1.2 Definição de termos e um pouco de Semiótica e Filosofia da Linguagem………………………………………………………………………...……9

    1.3 Do Significado……………………………………………………………………12

    1.3.1 Concepção ideacional de significado………………………………………..13

    1.3.1.1 Concepção ideacional na Grécia Antiga………………………………….13

    1.3.1.2 Concepção ideacional moderna…………………………………………15

    1.3.2 Concepção referencial da linguagem……………………………………….17

    1.3.3 Concepção proposicional de significado……………………………………20

    1.3.4 Concepção pragmática de significado………………………………………23

    1.3.4.1 Concepção pragmática ambientalista…………………………………….25

    1.4 A Virada Linguística……………………………………………………………..28

    2. HERMENÊUTICA…………………………………………………………………32

    2.1 A Hermenêutica de Schleiermacher (1768 – 1834)………………………….35

    2.2 A Hermenêutica em Dilthey (1833 – 1911)…………………………………45

    2.3 A Teoria da Intencionalidade de Brentano (1838 – 1917)…………………49

    2.4 A Fenomenologia de Husserl (1859 – 1938)…………………………………53

    2.5 A Hermenêutica Fenomenológica de M. Heidegger (1889 – 1976)………63

    2.5.1 O primeiro Heidegger…………………………………………………………63

    2.5.2 O segundo Heidegger…………………………………………………………85

    2.6 A Hermenêutica Filosófica de H.G. Gadamer (1900 – 2002)…………….…90

    Considerações Finais………………………………………………………………105

    Referências………………………………………………………………………….108

    O quanto essa Arte de Escrever pareceu estranha quando da sua Invenção primeira é algo que podemos imaginar pelos Americanos recém-descobertos, que ficaram espantados ao ver Homens conversarem com Livros, e não conseguiam acreditar que um Papel pudesse falar […] Há um Relato excelente a este Propósito, referente a um Escravo Índio; que, ao ser mandado por seu Senhor com uma Cesta de Figos e uma Carta, comeu durante o Percurso uma grande Parte de seu Carregamento, entregando o Restante à Pessoa a que se destinava; que, ao ler a Carta e não encontrando a Quantidade de Figos correspondente ao que se tinha dito, acusa o Escravo de comê-los, dizendo-lhe que a Carta afirmara aquilo contra ele. Mas o Índio (apenas dessa Prova) negou o Fato com a maior segurança, acusando o Papel de ser uma Testemunha falsa e mentirosa.      Depois disso, sendo mandado de novo com um Carregamento semelhante e uma Carta expressando o Número exato de Figos que deviam ser entregues, ele, mais uma vez, de acordo com a sua Prática anterior, devorou uma grande Parte deles durante o Percurso; mas, antes de comer o primeiro (para evitar as Acusações que se seguiram), pegou a Carta e a escondeu sob uma grande Pedra, assegurando-se de que, se ela não o visse comer os Figos, nunca poderia acusá-lo; mas, sendo agora acusado com muito mais rigor do que antes, confessou a Falta, admirando a Divindade do Papel e, para o futuro, promete realmente toda a sua Fidelidade em cada Tarefa.³

    QUESTÕES PRELIMINARES

    Como dito em sede de apresentação, o intuito originário das investigações que aqui culminaram se funda nas inquietações do autor para com questões atinentes ao entendimento humano e à forma de encarar-se aquilo que o indivíduo e os demais interlocutores acreditam e verbalizam. Tais questões se resumem e/ou resultam na já antes referida investigação acerca da interpretação.

    De outra banda, como também já alertado em sede introdutória, o conteúdo deste ensaio presta-se, especialmente, a transcorrer acerca da teoria hermenêutica, sobretudo em sua acepção filosófica, uma vez que se tenha identificado tal área do saber humano como afeta, em muito, a tal espécie de estudo — ou seja, da interpretação. Neste sentido, optou-se por desenvolver a presente obra de maneira a apresentar, ao leitor, os pensamentos dos principais teóricos de tal corrente filosófica, fazendo-o, porém, pelos caminhos investigativos trilhados pelo autor, conforme

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