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Morte, Luto e Imortalidade: olhares e perspectivas
Morte, Luto e Imortalidade: olhares e perspectivas
Morte, Luto e Imortalidade: olhares e perspectivas
E-book163 páginas1 hora

Morte, Luto e Imortalidade: olhares e perspectivas

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Sobre este e-book

Allan Kardec explica estar a morte ligada ao instinto universal de 'conservação', comum a todos os seres vivos, destacando, porém, que, no plano do homem, manifesta-se pela presença da consciência. A presente obra analisa os dois tipos de morte: a concreta, quando a pessoa morre de fato e a simbólica, chamada de "morte em vida", relacionada por rupturas ou perdas que ocorrem durante a vida do ser humano (separação conjugal, a transição para a adolescência, a transição para a velhice, a perda da saúde).
Um trabalho que nos traz, brilhantemente, uma nova ótica sobre o significado da "morte, da vida, da imortalidade e do luto", constituindo-se numa análise crítica, analítica, progressiva, livre-pensadora e oferecendo-nos profundas reflexões à luz da filosofia espírita.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de jun. de 2023
ISBN9786588535646
Morte, Luto e Imortalidade: olhares e perspectivas

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    Morte, Luto e Imortalidade - Jerri Almeida

    Capa_Frente.png

    Copyright © 2023 – Jerri Almeida

    1ª edição eletrônica: junho de 2023

    Capa & Diagramação: Gabriela Dias

    Projeto eletrônico: Gabriela Dias

    Revisão: Roberto de Carvalho

    Coordenação editorial: Murilo Viana

    ISBN 978-65-88535-64-6

    Morte, Luto e Imortalidade | Jerri Almeida

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem autorização do Letra Espírita.

    Contato e pedidos:

    vendas@letraespirita.com.br

    (22) 2738-0184

    Dedicatória

    Ao meu filho Germano Quadros.

    Ao amigo Silvano F. Marques, que nos deixou prematuramente e que, de alguma forma, inspirou este trabalho.

    A todos que vivenciam suas mortes e seus lutos. A vida surpreende com vida.

    Agradecimentos

    À minha esposa, Gizelda Quadros, pela leitura crítica de sempre.

    Aos amigos Marcelo Alacarini e

    Jainete Borba, pela leitura, revisão e sugestões ao texto original.

    Sempre Vida

    Marcelo Alacarini

    De muito abalei minha vida, fugindo da morte.

    De tantos que nela chegaram, sem choro esqueci

    de mim, em febril negação, à procura da sorte,

    monção em navio, à deriva, sem vela até aqui.

    Os anos se passam, segundos se escoam,

    passadas tão largas, que até tropecei

    nas pedras que esperam, tempos que ecoam,

    momentos tão vivos de amor releguei.

    Mas antes que a vida em vão terminasse,

    parei no caminho, pungido em dor,

    e em lágrimas a visão iluminasse

    tudo que em tudo existe, é amor.

    Ansiedade aplacada, a passo caminho,

    despedido da morte, que tive ao nascer,

    na trilha da vida, com flor e espinho,

    aprendendo a morrer, que também é viver.

    Introdução

    Escrevo este livro no ano em que a pandemia da Covid-19 assola o mundo. Milhares de famílias se defrontam com a perda de algum parente ou amigo. Famosos e anônimos, ricos e pobres, ocidentais e orientais, de todas as etnias, enfrentam o mesmo vírus. O tema da morte ressurge, inexoravelmente.

    No clássico filme do diretor e roteirista sueco Ingmar Bergman, O sétimo selo (1957), Antonius Block, um cavaleiro templário retorna para a Europa após ter combatido nas Cruzadas por dez anos. No regresso ao lar, Antonius se depara com a morte, devidamente caracterizada. O filme se passa na Idade Média durante o século 14, dizimada pela Peste Bubônica. Assombrando e ceifando impiedosamente milhares de vidas, a morte estava agora face a face com o corajoso cavaleiro. Na tentativa de esquivar-se de sua presença sempre inoportuna, Antonius Block lhe propõe uma partida de xadrez. O jogo, decisivo e tenso, irá durar vários dias, dentre os quais Block estará muito próximo da morte e decidirá seu destino. Se for derrotado, deverá partir com ela. Mas, se for vitorioso, a morte o deixará voltar ao seu castelo, abandonando-o por um bom tempo.

    A morte continua, apesar dos avanços da biomedicina, da genética e da tecnologia, atemorizando o ser humano em pleno século 21. Sendo o destino dos vivos, tem sido um tema indigesto. Recalcada, estigmatizada, tornada tabu nas sociedades principalmente ocidentais, a morte e o morrer são temas universais e inesgotáveis.

    Seja na Pietà de Michelangelo, que retrata a mãe em prantos com o corpo de seu filho, ou na novela: O senhor e o homem, de Tolstoi, que contrasta a morte de um comerciante com a de um camponês, estamos diante de uma problemática existencial exclusiva de quem vive.

    Os sentidos e significados socioculturais atribuídos à morte nas diversas culturas, desde tempos históricos muito remotos, são indícios da importância deste fato para a nossa espécie. Portanto, por mais que se pretenda, não há como ignorar o fenômeno biológico e cultural da morte. Mas estar diante dela, como o cavaleiro de Bergman, implica na perspectiva de lidar com perdas, seja de alguém que amamos, por quem sentimos afetos, ou dos aspectos materiais da existência. Lidar com essas rupturas nem sempre é tranquilo ou simples.

    Como ponderou Norbert Elias: Na verdade não é a morte, mas o conhecimento da morte que cria problemas para os seres humanos.¹ De todas as espécies vivas, somente o ser humano possui consciência de sua própria finitude biológica no planeta. Portanto, é com base nessa consciência que adotamos, individual e coletivamente, precauções e formas de evitar ou retardar o máximo possível esse instante crucial.

    Além disso, é preciso pensar sobre o conteúdo cultural: mítico, religioso, filosófico, literário, construído pela humanidade, em diferentes tempos, sobre os sentidos da vida e da morte. Tal questão implica numa leitura mais ou menos profunda da identidade e da natureza humana. Assim, também, o tema da morte estimula medos e esperanças, pessimismo e otimismo, dependendo do ângulo em que é examinado.

    Nossa época, apesar de suas várias conquistas científicas, ainda alimenta inúmeros desafios no tocante ao diálogo sobre a morte e o morrer. Desejamos distanciar, prorrogar o máximo possível essa conversa. É desconfortável dialogarmos sobre um assunto, ponderam muitos, sobre o qual não temos domínio.

    Interditar a morte não a excluirá de nossa experiência. Por sua vez, refletir sobre ela pode ser um caminho para torná-la mais humanizada. Isso irrompe, necessariamente, em alguns processos. Um deles implica em viver a vida numa profunda intensidade humanista. Essa perspectiva reduz o nível de arrependimentos, desgostos e culpas, aumentando o grau de satisfação em se ter vivido experiências que agregaram elementos positivos. Um segundo processo diz respeito à morte do outro, e o quanto isso pode nos afetar. O sofrimento decorrente da morte de uma pessoa próxima, sua ausência no cotidiano, na convivência, produz emoções, sentimentos e sofrimentos. Parentes e

    amigos trazem conforto, mas após retornarem para suas casas, o que fica de fato é o luto que nos cabe elaborar com equilíbrio e serenidade.

    O terceiro processo refere-se à superação dos mitos e representações das teologias do medo, daquilo que as religiões procuraram nos convencer ao longo do tempo: dos castigos eternos, decorrentes de nossa própria humanidade e incompletude, ou de uma paz angustiante produzida por uma ociosidade infinita. Mas também é preciso desconfiar de certas afirmações, muito mais pessoais do que científicas. O paradigma oficial – de certos cientistas dogmáticos em suas verdades – defende que morrer é um mergulho no nada, uma espécie de sono eterno e de fim da história. A ideia do nada, num Universo tão inteligentemente bem ordenado, parece não contar com muita lógica.

    A filosofia espírita, nascida na França em 1857, trouxe elementos importantes de pesquisa e reflexão sobre a morte e o morrer. Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, redefiniu o olhar sobre a morte por meio de suas investigações e conclusões. Tributário em vários aspectos, do idealismo grego e do iluminismo do século 18, o pensamento espírita, segundo o filósofo Herculano Pires, apresentou racionalmente o homem como um ser interexistencial, distante dos velhos mitos religiosos, crenças dogmáticas e do existencialismo que nada mais concebe que o fisiologismo materialista.

    A revolução de Kardec persegue um caminho crítico, racional e confortador. Com base nas investigações de Rivail sobre um conjunto de fenômenos que agitavam a França nos anos de 1850, especialmente nos salões parisienses, em que mesas movimentavam-se aparentemente sem nenhuma intervenção das pessoas presentes – o espiritismo se desenvolveu ao longo dos quinze anos em que Kardec se dedicou aos estudos dessa fenomenologia.

    O resultado de suas investigações e análises foi um mergulho mais profundo sobre a identidade e natureza humana, com impactos na forma de se significar a morte e o morrer. Não se trata, no entanto, de mais uma verdade fechada, absoluta ou dogmática. A filosofia espírita é aberta ao questionamento, sua força, como afirmou Kardec, consiste no apelo que faz à razão e ao bom senso.

    Este livro pretende revisitar o tema da morte numa abordagem sociocultural, tendo como base de reflexão o paradigma oferecido pelo pedagogo francês Denizard Rivail, e suas contribuições para naturalizar o fenômeno da morte como dimensão da vida. A perspectiva do morrer como instância do existir, como permanência da consciência e não como estágio final da história, representa um impulso criativo na redefinição do que é a vida.

    Mas, evidentemente, existem muitas questões para serem pensadas. Angústias, incertezas morais, medos imaginários, sentimentos de vulnerabilidade, de perdas afetivas e de vazio que, por vezes, alimentam a mente humana diante da morte. É natural. Estamos tratando de um assunto que vem unindo, ao longo da história, o mistério e o sofrimento.

    Diríamos que o sofrimento pode se tornar ainda maior na sociedade contemporânea, cujos valores hedonistas, destacam a estética do prazer e do bem-estar como fundamentos da felicidade. Ou seja, a cultura atual tenta, de muitas formas, negar a morte. Por outro lado, a aceitação de nossa finitude biológica, no plano da materialidade existencial, pode implicar na vivência de experiências com maior vigor emocional, com mais intensidade de sentimentos.

    Em matéria publicada na revista americana Psychology Today² em 2014, pessoas que estiveram, por algum fato, próximas da morte, revelaram que após passarem por essa experiência desenvolveram uma nova capacidade de viver o presente, com um sentimento maior de gratidão e de sensibilidade humanista. O contato com a morte, ou com o tema da morte, pode, portanto, tornar humanos mais humanizados.

    O objetivo deste livro é exatamente nos

    aproximar de algumas dessas análises, contribuindo,

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