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O náufrago das estrelas
O náufrago das estrelas
O náufrago das estrelas
E-book361 páginas4 horas

O náufrago das estrelas

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Sobre este e-book

Um estranho caso de reencarnação

Graças à hipnose regressiva, foi recuperada dos recônditos do tempo uma lenda perdida da história da humanidade. Uma mulher revive uma vida em meio a um povo que se lembra da história de suas origens. Uma espaçonave caiu na região entre o Alasca e o Canadá há milhares de anos. Para ajustar-se às condições severas e aos raios brutais de um sol alienígena, os sobreviventes foram forçados a cruzar com os aborígenes locais. Foi a única maneira de assegurarem a sobrevivência de sua raça. Seu sangue ainda corre pelas veias de certas tribos nativas norte-americanas? Dolores Cannon, hipnotizadora e investigadora psíquica, pesquisou este caso singular de regressão a vidas passadas.

Em Guardiões do jardim, lemos a história da semeadura original do planeta Terra por alienígenas do espaço exterior. Este livro explora a possibilidade de outros alienígenas terem vindo à Terra, alguns intencionalmente, alguns acidentalmente, e cruzado com os povos deste planeta.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de ago. de 2023
ISBN9798215175347
O náufrago das estrelas
Autor

Dolores Cannon

Dolores Cannon is recognized as a pioneer in the field of past-life regression. She is a hypnotherapist who specializes in the recovery and cataloging of “Lost Knowledge”. Her roots in hypnosis go back to the 1960s, and she has been specializing in past-life therapy since the 1970s. She has developed her own technique and has founded the Quantum Healing Hypnosis Academy. Traveling all over the world teaching this unique healing method she has trained over 4000 students since 2002. This is her main focus now. However, she has been active in UFO and Crop Circle investigations for over 27 years since Lou Farish got her involved in the subject. She has been involved with the Ozark Mountain UFO Conference since its inception 27 years ago by Lou Farish and Ed Mazur. After Lou died she inherited the conference and has been putting it on the past two years.Dolores has written 17 books about her research in hypnosis and UFO cases. These books are translated into over 20 languages. She founded her publishing company, Ozark Mountain Publishing, 22 years ago in 1992, and currently has over 50 authors that she publishes. In addition to the UFO conference she also puts on another conference, the Transformation Conference, which is a showcase for her authors.She has appeared on numerous TV shows and documentaries on all the major networks, and also throughout the world. She has spoken on over 1000 radio shows, including Art Bell’s Dreamland, George Noory’s Coast to Coast, and Shirley MacLaine, plus speaking at innumerable conferences worldwide. In addition she has had her own weekly radio show, the Metaphysical Hour, on BBS Radio for nine years. She has received numerous awards from organizations and hypnosis schools, including Outstanding Service and Lifetime Achievement awards. She was the first foreigner to receive the Orpheus Award in Bulgaria for the highest achievement in the field of psychic research.Dolores made her transition on October 18, 2014. She touched many and will be deeply missed.

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    O náufrago das estrelas - Dolores Cannon

    A descoberta da lenda

    HÁ MAIS DE QUINZE ANOS, venho explorando a história através da hipnose regressiva. Durante esse período, fui ficando cada vez mais convencida de que a história registrada, a história à qual fomos expostos na escola, pode ser muito pouco precisa. E atualmente, desconfio até do pequeno percentual que pode estar baseado em fatos. A história, do modo como a conhecemos, é árida e estéril, sem forma e substância, formada basicamente por fatos e números inanimados. Fatos que raramente lidam com as pessoas que viveram nessas épocas e as emoções que sentiram. Sinto que a história também tem sido romantizada através da literatura, dos filmes e da televisão, até ter uma semelhança apenas mínima com aquilo que realmente aconteceu no passado. No meu trabalho, viajo regularmente através do tempo e do espaço para visitar pessoas enquanto estão vivas nesses períodos passados, ouvindo de seus próprios lábios a história sendo vivida. Não re-vivida pela mente de um autor, mas enquanto está realmente sendo vivenciada. Tenho descoberto a verdadeira substância de que é feita a história, não aquela que encontramos nos livros de história.

    Sou regressionista, ou seja, uma hipnotizadora que se especializa em terapia de vidas passadas e reencarnação e a pesquisa e investigação deste fenômeno. No meu trabalho, descobri que, longe de ser romântico, volta e meia o passado estava repleto de fome, desespero e frustração. Antes do conhecimento moderno sobre higiene e germes, o mundo era um lugar incrivelmente sujo e ignorante. Não digo isto para depreciar nossos ancestrais, mortos há tanto tempo, pois desconfio que nossos descendentes, daqui a algumas centenas de anos no futuro, talvez olhem para nós com o mesmo espanto. Essas pessoas fizeram o melhor que podiam com aquilo que tinham e não poderíamos esperar que fizessem algo diferente, pois estavam lidando com os conhecimentos de sua época, assim como estamos lidando com os nossos. Mas acredito que minhas aventuras no passado revelaram um retrato mais preciso das vidas dessas pessoas do que romances populares ou programas de televisão. Algum dia, pretendo incorporar minhas descobertas sobre história num livro e mostrar o verdadeiro panorama do tempo, contado por aqueles que o viveram.

    Mas este livro vai concentrar-se na vida de um homem que viveu há tanto tempo atrás que todo conhecimento de sua época perdeu-se completamente. Os cientistas gostariam que acreditássemos que, se houve algum ser humano vivendo naquela época remota, certamente teria sido um selvagem ou primitivo habitante de cavernas. No mínimo, não seríamos capazes de nos comunicarmos com ele. Os especialistas afirmam presunçosamente que somos intelectualmente muito superiores. Para ser justa com eles, explorei vidas passadas em tempos pré-históricos, quando os pacientes realmente reviveram vidas de natureza animalística, sob o predomínio de emoções, impulsos naturais e desejos. Também examinei casos nos quais os pacientes estavam nos estágios de desenvolvimento pré-humanos. Descobri que a alma eterna adapta-se ao seu ambiente e aprende a funcionar dentro de suas limitações. A importância de qualquer vida está nas lições aprendidas com ela. Mas creio que esta história mostra que o ser humano não mudou muito desde o início dos tempos. Suas características externas e seu mundo mudaram, mas não seu núcleo essencial, a centelha divina que faz dele um ser humano. Os mesmos sentimentos e emoções sempre estiveram ali. Mudou apenas a maneira como reagimos a eles e aprendemos com eles.

    A história é relevante. Ela nos é transmitida da maneira como foi percebida pelo repórter, pelo registrador, pelo escriba. Não podemos esperar que o ser humano seja totalmente objetivo na narração de um evento. Ele teria de permitir que o ponto de vista ou as opiniões de seu superior entrassem na narrativa. Para entender o que digo, é preciso observar como dois repórteres de emissoras diferentes apresentam o mesmo evento do noticiário. Tenho visto isso com muita frequência em meu trabalho com regressão. Os pensamentos do camponês são diferentes dos do rei, e as opiniões do soldado diferem das do general. Quem terá o retrato mais fiel do evento? Cada visão é precisa para o indivíduo que a recebe. Ela é verídica até quando conflita com a visão mais ampla, registrada como fato histórico.

    Mas, o que dizer da história que não nos foi transmitida? Com certeza, não podemos ser ingênuos a ponto de acreditar que aquilo que está registrado é tudo que existe. Não podemos pensar que se não temos o registro de alguma coisa, ela não aconteceu. Creio que deve ter havido muitas civilizações de grande porte, abrigando milhares de pessoas, que existiram muito antes do advento de nossa história atual. Esperamos encontrar evidências concretas delas algum dia. Com a ajuda de meus pacientes, voltei aos tempos dos antigos astecas e maias, vivendo em selvas densas. Também explorei o continente perdido da Atlântida, revivendo seu terror diante do desaparecimento de suas terras sob as furiosas ondas do maremoto. O fato de terem sumido da memória não significa que essas pessoas não viveram, amaram, sonharam e tiveram esperanças, tal como fazemos nos dias de hoje.

    Creio que esta história que descobri e que estou apresentando neste livro é um desses pequenos incidentes esquecidos que precedem nossa história conhecida. Embora lide com viajantes das estrelas e tenha um quê que lembra a ficção científica, creio que se trata mesmo de um conto desconhecido de pessoas que poderiam muito bem ter sido nossos próprios ancestrais. Pessoas cuja presença ficaram ocultas até agora. Elas continuariam ocultas se não tivessem sido evocadas dos recônditos sombrios da mente subconsciente de uma jovem através da técnica de hipnose regressiva.

    Trabalho continuamente com muitas pessoas diferentes que desejam fazer regressão a vidas passadas por uma ampla gama de motivos. Estes motivos podem ir da mera curiosidade até a busca de respostas para problemas de sua vida atual. Fiz muitas terapias relacionadas com as causas de fobias, alergias, doenças e relacionamentos kármicos problemáticos. Muitas dessas pessoas ouviram falar de meu trabalho e entraram em contato comigo, e outras foram recomendadas. Nunca precisei procurar clientes. O interesse por estes fenômenos é muito mais difundido do que as pessoas poderiam imaginar. Viajei centenas de quilômetros para fazer essas sessões na privacidade das casas dos pacientes. Sempre hesito em recusar um cliente, pois nunca sei qual será o excelente paciente pelo qual estou procurando, aquele que me proporcionará a próxima excursão espantosa até o desconhecido. Essas pessoas nunca são identificáveis por suas aparências externas e por isso não tenho como saber quais os conhecimentos que possuem em seu subconsciente antes de levá-los ao transe. As vidas passadas comuns, cotidianas, são encontradas com muito mais frequência que as bizarras. O exemplo deste livro demonstra que nunca sei ao certo o que estou procurando enquanto não o descubro. Nunca sei o que vai acionar minha curiosidade insaciável, inspirando minha busca por mais conhecimentos.

    Não tinha ideia de que um excelente paciente sonâmbulo seria encontrado no meu próprio quintal, digamos assim. Conhecia Beth há muitos anos porque ela frequentou a escola na mesma época que meus filhos. Agora, estava com quase 30 anos e trabalhava num departamento da universidade local. Embora tivesse mantido contato com ela esse tempo todo, nunca tínhamos falado de assuntos metafísicos. Fiquei sabendo, não fazia muito, que ela se interessava por meu trabalho. Estava curiosa para fazer uma regressão. Quando marcamos a data de nossa primeira sessão, achei que esta seguiria o padrão que costumo encontrar durante essas primeiras sessões.

    Descobri esse padrão repetitivo em 90 por cento dos pacientes de primeira viagem. Para mim, isso é uma espécie de prova, especialmente porque o indivíduo não conhece o padrão e sequer sabe o que espero que aconteça. Geralmente, os outros 10 por cento que não seguem esse padrão estão procurando alguma coisa específica, e, se tivermos sorte, poderemos atingir esse objetivo. A maioria de meus pacientes não tem essas metas em mente, e assim emerge um padrão.

    Uma característica desse padrão é que na primeira vez que seu subconsciente lhes permite explorar seus arquivos de memória, geralmente emerge uma vida monótona, tola e material. Uma vida insignificante, na qual cada dia é bem parecido com o seguinte e certamente não estimula fantasias. Digo que não é significativo porque não significa nada para mim. Mas surpreendo-me com frequência ao perceber que o material tem algum significado mais profundo para a pessoa que o está revivendo, geralmente uma relevância importante da qual eu nunca teria suspeitado. Tenho caixas e caixas repletas de material deste tipo, que nunca teriam importância suficiente para um livro, a menos que alguém estivesse compilando a visão histórica dessas pessoas. Acompanhei centenas dessas vidas comuns, esperando que algum paciente apresentasse uma história que merecesse ser explorada mais a fundo.

    Ser sonâmbulo é o principal requisito para o tipo de pesquisa de que preciso em função de sua capacidade de se tornar literalmente a outra personalidade em todos os detalhes. Este tipo entra num nível de transe tão profundo que se lembra de pouquíssimas coisas depois que acorda. Para eles, ficaram apenas dormindo. Geralmente, suas únicas recordações são esboços de cenas, semelhantes a sonhos. Pacientes assim não são comuns e considero-me afortunada por ter localizado esses de que falo em meus livros. Este tipo ideal consegue entrar num transe muito profundo, praticamente revivendo aquela vida. Qualquer outra coisa, especialmente a vida que estão vivendo neste momento, deixa de existir. Neste sentido, é muito parecido com atravessar um túnel do tempo. Por isso, considero-me uma exploradora e viajante do tempo. Como tal, sinto que preciso fazer toda pergunta concebível que possa imaginar. Fazendo isto, creio que descobri muitos conhecimentos que as pessoas comuns desconhecem e que possivelmente também serão desconhecidos para autoridades em história.

    Na minha primeira sessão com Beth, ficou óbvio, no mesmo instante, que era sonâmbula. É muito incomum que material com esta excelente qualidade surja logo na primeira sessão com um paciente. Talvez a razão tenha sido o nível de confiança (extremamente importante) que já havia sido estabelecido, pois não éramos estranhas. Normalmente, antes e durante a primeira sessão, passa-se muito tempo criando esse tipo de relacionamento, essencial para o sucesso. No caso de Beth, isso não foi necessário. Fiquei surpresa com a facilidade com que ela entrou no nível profundo de transe. Ela regressou imediatamente a uma vida passada e começou a falar de informações ocultas. Ficou claro que ela foi uma observadora durante os cinco minutos iniciais, fundindo-se totalmente com a outra personalidade depois, momento em que este mundo de vigília deixou de existir para ela.

    Sua primeira imagem foi a de um grande campo, parcialmente cercado por pinheiros. Sua primeira visão de vida foram algumas reses reunidas no campo. Depois, viu uma trilha e sentiu vontade de segui-la. Ela levou a uma pequena aldeia, formada por 15 a 20 casas. Essas casas não eram familiares nem para ela, nem para mim. Eram feitas de madeira com telhados de palha e venezianas nas janelas. Uma edificação se destacava: era diferente porque era a única com dois andares. O primeiro andar era de pedra e o segundo de madeira. Parece-me uma hospedaria. Há um cartaz pendurado na porta da frente. Vejo sua forma. Mas o sol está brilhando de forma errada, não consigo ler o que está escrito.

    Pedi-lhe para olhar para si mesma, descrevendo suas roupas, e ela ficou surpresa quando descobriu que era um homem. Estava descalça e usava calças bege folgadas, feitas de lã crua, com um pano marrom escuro enrolado várias vezes em torno da cintura. Além disso, usava um colete de couro que era preso por nós na frente. Ela comentou, Devo ser homem. Não vejo seios. Era o corpo de um adulto jovem, de pele escura e cabelos pretos curtos. É espantoso ver como esta constatação raramente perturba o paciente que se vê no corpo de um estranho do sexo oposto. Eles aceitam isso prontamente e prosseguem em sua descrição. Ela usava um tipo de boina, fazendo o movimento de quem o tira e o examina. É uma boina de couro. Tem uma copa de tamanho médio e uma aba que pode ficar para baixo ou para cima. Uso a aba para baixo, na frente, para ficar com sombra nos olhos. O sol é muito intenso. É um dia quente. Então, ela tornou a colocar a boina e esfregou a mão no queixo. Não tenho barba no rosto.

    Durante essas sessões, preciso fazer muitas perguntas para tentar descobrir a época e o lugar antes de avançarmos. Normalmente, respostas bem simples determinam essas coisas. Como sua roupa era muito indefinida, perguntei-lhe se usava ornamentos ou joias. Então, Beth descobriu que usava uma espécie de amuleto em torno do pescoço. Era um saquinho de couro pendurado por uma fita. Ela fez os movimentos de quem está abrindo e examinando o interior do objeto. Surpresa, disse, Há uma pedra aqui. É uma gema sem acabamento, tosca. Quero dizer quartzo, mas não parece ser quartzo. Tem como que um fogo dentro dela. Parte dela é leitosa e parte é transparente, de cor azulada, escura. Dá para ver dentro dela; a centelha é azul esbranquiçado e as extremidades são azul-escuro. Cabe facilmente na palma da mão.

    Neste momento, ocorreu um fenômeno estranho que observei muitas vezes. Sua personalidade atual desapareceu e ela começou a se mesclar com a mente e as recordações daquele homem. Encontrei-a do lado de um riacho. Era diferente. Parecia conter uma centelha. Não entendo muito disto. Quem me explicou foi o sábio. Ele me disse que ela continha um espírito. Posso pedir orientação olhando para a pedra. Ela é como um amigo que me orienta. Olho para a pedra e surgem ideias.

    Quando isto acontece, sei que posso prosseguir e fazer perguntas mais claras sobre a vida que a pessoa está tendo nesse momento. Perguntei-lhe se ele morava na aldeia.

    Às vezes. Sou caçador. Moro ao relento. Não gosto de ficar limitado por um teto. Passo a maior parte do tempo nas colinas. Caço aquilo que aparece. Aquilo de que a aldeia precisa. Principalmente cervos.

    Ele disse que usava arco e flecha, mas a descrição das roupas e da casa não sugeriam um nativo norte-americano. Perguntei se ele era um bom caçador.

    Sim. Sou cauteloso. Por isso, sou bom. Não podemos nos mexer muito depressa e nem sermos ruidosos como... um javali excitado. É preciso ser cauteloso. Paciente. Deixe a pedra ajudá-lo, espere. Seja um só com a floresta. Seja um só com o vento. O cervo vem. Você pede desculpas ao cervo por tirar-lhe a vida, mas a aldeia precisa dele. Você mata o cervo. Leva-o à aldeia. Compartilhamos com todos. Há um sujeito que é habilidoso para trinchar o cervo. Outro sabe trabalhar o couro e outro lida com os ossos. É bom para todos. Há alguns que sabem cultivar cereais. Cultivam o suficiente para todos. Há pessoas que são boas pescadoras, pegam peixes no riacho. Eu sou caçador.

    O único líder da aldeia era o sábio. Ele explicou: Ele é chamado de sábio porque pode resolver problemas em benefício de todos. E ele se comunica bem com os espíritos. Entende coisas que normalmente não entendemos.

    Agora, estava óbvio que ela estava num transe de nível profundo e então eu poderia prosseguir e perguntar nomes, datas e lugares. Em estados mais leves, é mais difícil obter esse tipo de informação. Ele disse que seu nome era Tuin. Pedi-lhe para repetir, pois era um som estranho e tive dificuldades com ele. Ele o pronunciou rapidamente, e por isso as duas sílabas se misturaram. Tive mais dificuldade para descobrir o nome do lugar.

    Ele explicou. É só a aldeia. Somos só nós e o resto é mato. Temos alguns campos capinados. Cultivamos os campos; são rodeados por florestas e temos montanhas por perto. Mas não há mais ninguém. É apenas 'a terra'.

    Eu recebi respostas como essa muitas vezes de pacientes que regrediram até vidas anteriores primitivas. São simplesmente as pessoas e o lugar onde vivem é a terra. O que poderia ser mais natural? Por que precisariam de nomes? Sabem muito bem quem são e onde moram.

    Um modo de obter informações que podem determinar a localização é perguntar sobre a comida que ingerem. Perguntei o que cultivavam nos campos.

    Grãos... trigo. Não tenho muita certeza do nome dos grãos. Sou caçador. Quando cozidos, são saborosos. Quando caço para a aldeia, compartilho tudo. Cultivamos outras coisas: legumes, feijões diferentes. Algumas raízes, umas alaranjadas, outras vermelhas. Têm formas diferentes, ora compridas, ora redondas. Não sei como se chamam. As árvores têm frutas suculentas, boas de se comer num dia quente de verão. As mulheres preparam a comida para todos. Temos um lugar central onde há panelas grandes. Elas preparam cozidos muito bons. Cada mulher tem uma horta, acho que é onde cultivam ervas.

    Ainda não tinha informações suficientes para identificar o lugar, por isso perguntei como eram os trajes das mulheres.

    A maioria usa uma saia comprida. Um tipo de camisa com mangas que se enrolam e sustentam os seios, cobrindo-os. Não sei como conseguem usar essas roupas tão apertadas. Nunca tive de lidar com esses trajes. Basicamente, têm diversos tons de marrom, mas algumas mulheres descobriram pedras bonitas – azuis, vermelhas, diversas pedras. Elas as costuram nas roupas ou usam-nas sobre os trajes para dar cor. Seus cabelos são compridos e elas os prendem de várias maneiras. Têm coisas presas nos cabelos, como se fossem facas com dois dentes. Mas não são facas, pois não cortam. Têm pedras presas e elas enfiam isso no meio de um punhado de cabelos e estes ficam presos no lugar, ficam bonitos. A maioria das pessoas da aldeia usa alguma espécie de calçado pois estão na aldeia. Quando saio para caçar, vou descalço. Os calçados das mulheres são justos nos pés, mas flexíveis. São feitos com o couro que tiram das minhas caças. Prendem-nos dos lados ou com cordões. Os homens... de algum modo, reforçam os solados para que os sapatos não se furem quando estão no campo. Para as mulheres, geralmente os sapatos vão até os tornozelos e assim elas ficam protegidas na altura da barra das saias. A saia chega até os tornozelos e os sapatos ficam acima da barra. Não sei quanto. Se eu perguntar, posso levar um tapa. Não quero que isso aconteça.

    Aparentemente, nesse lugar onde Tuin estava morando, os invernos eram muito frios e nessa época ele usava outras roupas. Suas calças eram mais grossas e ele usava um tipo de pulôver com mangas compridas e soltas. No frio, usava também um tipo de capuz para manter a cabeça e as orelhas protegidas. E em cima de tudo isso, uma roupa maior e solta, talvez uma espécie de poncho. Ele amarrava peles nas mãos e calçava botas de pele, mas a contragosto. Embora preferisse caminhar descalço, disse que não queria perder os dedos dos pés para o frio do inverno. Geralmente, essas roupas eram feitas de peles de diversos animais. As mulheres podiam fazer roupas com algum tipo de fibra, mas ele achava que as peles aqueciam melhor. Como a sobrevivência da aldeia dependia da habilidade de Tuin como caçador, ele precisava estar preparado para se aventurar nos piores climas, quisesse ou não. Tudo depende da comida, disse. Se tivermos comida suficiente, posso ficar numa casa e manter-me aquecido. Se a comida começar a ficar escassa, meu dever é sair e caçar.

    Tuin não tinha uma casa para morar como os demais. Preferia viver ao ar livre. Mas nesse clima, os invernos ficavam muito frios e com neve, e então ele precisava ficar a contragosto dentro de casa. Assim, quando precisava, usava um quarto pequeno na casa de dois andares. Essa edificação tinha uma lareira grande, deixando-a aquecida. Ele fez uma cama costurando e estendendo peles de cervo entre toras de madeira. Esse estrado ficava apoiado em pernas a uns trinta centímetros do chão e uma colcha de pele de urso deixava a cama bem confortável. Além dela, o único móvel do quarto era uma mesa e um banco, onde ele deixava água e um pedaço de pão. Ele explicou que bebia-se outra coisa na aldeia além de água.

    Tem uma bebida que os fazendeiros fazem com frutas que é muito boa. Ela nos anima e tem um sabor agradável. Se você beber demais, fica muito relaxado e ri muito. Não bebo muito porque gosto de estar em harmonia, e não me sinto em harmonia quando estou rindo demais. E alguns deles reclamam que ficam com dores na cabeça, não se sentem bem no dia seguinte. Isso prejudicaria a caçada. Obviamente, ele estava descrevendo uma espécie de vinho, mas parece que a bebida era consumida principalmente em comemorações.

    Além disso, ao que parece, Tuin não tinha família.

    Não, sou sozinho. Sou caçador. Não tenho família permanente. Claro que tive pais; todos têm. Minha mãe é muito idosa. Talvez não viva muito. Meu pai – ela não tinha certeza de quem era o meu pai.

    Quando lhe perguntei se chegou a se casar, ele não compreendeu a palavra. Este é outro aspecto interessante da regressão a vidas passadas. Mostra a completa absorção do sonâmbulo na outra personalidade. Geralmente, uso palavras e conceitos perfeitamente compreensíveis em nosso mundo atual. Mas se forem estranhas ou ausentes para a época em que a outra entidade viveu, ela não consegue compreendê-la. Isto mostra claramente que a pessoa não está associada com a personalidade presente, pois do contrário poderia buscar essa informação e aplicá-la. Volta e meia, isso me coloca em posições incômodas. Preciso tentar descobrir uma definição simples para uma palavra comum para que a entidade a entenda. Na maioria das vezes, é difícil fazer isso no calor do momento.

    Dolores: Acho que você diria que é morar sob o mesmo teto. Casamento é viver com uma mulher.

    Beth: Nós vivemos com as mulheres. Temos filhos, e se você resolve mudar de vida ou a mulher decide que precisa mudar de vida, você passa a morar sob o mesmo teto com outra pessoa. E outra pessoa vai morar com a mulher.

    Essa foi a definição mais próxima de casamento que ele pôde encontrar.

    D: Então, você nunca fez isso?

    B: Não. Não gosto de morar sob um teto. Vivo ao ar livre. Há uma jovem de quem sou amigo. Conversamos. Posso lhe contar coisas que não posso contar para os outros. Mas ela quer alguém para viver na aldeia e ficar lá, e eu não gosto de viver assim. Mas é bom ter alguém com quem falar. Geralmente, converso com os animais.

    Passei a fazer perguntas sobre utensílios da mesa, pois às vezes podemos encontrar respostas nessa área.

    D: As pessoas da aldeia têm coisas com as quais comem?

    B: Sim. O carpinteiro pega pedaços de madeira. São pedaços achatados de madeira, mas ele tem ferramentas para cavar buracos neles para segurar aquilo que estamos comendo. Caso tenha líquido, como num cozido, ele não pinga. Usamos facas para cortar as coisas no tamanho certo. As mulheres têm palitos com ponta oca para mexer a comida e esta não fique grudada. As mulheres usam isso; creio que chamam de colher.

    Essas respostas não estavam me ajudando a descobrir a época ou o lugar. Aparentemente, era um povo que vivia de modo bem simples, mas não eram primitivos.

    D: Do que são feitos as panelas onde cozinham os alimentos?

    B: Geralmente, de argila. Há uma panela que o sábio usa. Não sei onde ele a conseguiu. É feita de uma coisa dura, não é pedra, mas é como um metal que brilha.

    Esta foi a primeira introdução de um elemento estranho nesta regressão, uma indicação de que nem tudo era tão simples e banal como parecia à primeira vista. Não me pareceu uma panela de cozinha comum.

    D: Brilha? Ela não é escura?

    B: Depende do espírito. Às vezes, é reluzente, de cor de ouro vermelho. Às vezes, é preta. Desconfio que ele deve ter duas panelas diferentes, mas são muito parecidas e ele diz que a cor muda por causa dos espíritos. Talvez sejam como a minha pedra. As lendas dizem que as coisas que temos foram trazidas pelos antigos há muito tempo.

    Ouvi menções aos antigos em muitas outras regressões. A expressão tem diversos significados. Geralmente, refere-se a ancestrais que tinham muitos conhecimentos ou que veneravam os velhos deuses. Normalmente, essas pessoas já haviam desaparecido, morrido ou eram tão poucas que ficavam escondidas, sob proteção. São consideradas muito especiais e habitualmente o paciente reluta em falar dos antigos. Estava esperando esse tipo de resposta protetora quando lhe perguntei o que queria dizer com essa expressão. Fui pega de surpresa com sua definição.

    B: Eles vieram… dizem as lendas que viajaram

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