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Apenas o que importa: Um convite a um modo elevado de viver
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Apenas o que importa: Um convite a um modo elevado de viver
E-book119 páginas1 hora

Apenas o que importa: Um convite a um modo elevado de viver

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Sobre este e-book

Esta é uma obra dedicada à discussão objetiva de grandes temas como a Realidade, a Ordem, o Ser e o Bem, como forma de trazer o homem moderno de volta ou resgatar um sentido existencial mais pleno. O livro busca dissipar a cortina de fumaça do mundo moderno, com suas inúmeras pseudo-questões, malabarismos retóricos e infinitas distrações que alienam e deslocam o ser-humano de seu centro metafísico e unificante na alma.
IdiomaPortuguês
EditoraBookba
Data de lançamento28 de nov. de 2023
ISBN9786585384582
Apenas o que importa: Um convite a um modo elevado de viver

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    Pré-visualização do livro

    Apenas o que importa - Raphael Gerst

    "Àqueles que buscaram refúgio em nada menos

    que a Verdade."

    Introdução

    Segundo o filósofo Henri-Frédéric Amiel, ordem significa luz e paz, liberdade interior e domínio livre sobre si mesmo. A busca dessa benfazeja e auspiciosa ordem e plenitude não nos vem de graça, mas é fruto de um processo ininterrupto de aprimoramento da alma. Na contramão dessa persecução, experimentamos uma palpável sensação de que o mundo atual vem engenhosamente irradiando uma potente força dissociante de natureza multifacetada e multiforme, cujo resultado se manifesta em um ambiente cada vez mais caótico e aflitivo.

    Engana-se quem pensa que as grandes questões do homem moderno têm como objeto os temas dominantes da atualidade, tais como a salvação do planeta e a busca pela liberdade individual. Essas são meras exteriorizações de algo mais profundo, que as permeia e fundamenta. A verdadeira luta contemporânea é pelo domínio total da consciência humana e de sua autonomia de pensamento. Nesse sentido, a produção em larga escala de elementos que estimulam a divisão, o rancor e o tribalismo, cuidadosamente disseminados pelas onipresentes redes sociais e mídias em geral, somada a um meio social e artístico cada vez mais empobrecido de ideias, porém rico em entretenimento alienante, transformaram-se em obstáculos formidáveis para uma vida em paz e harmonia, plena de potencialidades construtivas e cujas ações encontrem sentido e repouso no sumo Bem.

    Mas se o horizonte de possibilidades humanas tivesse se amesquinhado a ponto de não retorno ante a banalidade reinante, não haveria por que estendermos essa discussão, poderíamos simplesmente parar por aqui e nos entregar com resignação à alienação geral. Não é o caso. Nossa civilização também produziu uma farta gama de recursos que nos auxiliam a buscar uma vida mais significativa, seja por meio da vida intelectual consistente, do aprimoramento de nosso senso de ordem e harmonia, da reordenação de hábitos, busca espiritual e assim por diante. Todos eles trazem aspectos fundamentais ao desenvolvimento humano e têm sido, alguns por milênios, fonte de estudos e inspiração para a busca do Sublime. Uma dificuldade compreensível é encontrar esses pontos de vista direcionados aos tipos de desafios que enfrentamos hoje, pois não são necessariamente os mesmos que atormentavam o Homem no passado.

    A proposta deste singelo trabalho, portanto, é lembrar que (ainda) nos são disponíveis e prontamente acessíveis todos os meios necessários para pôr ordem no caos pós-moderno, abrindo caminho para uma realidade mais plena de sentido e direcionada para querer o Bem e conhecer a Verdade, nossa vocação essencial. Foi evitado aqui o pedantismo de infundir respostas prontas, mas trazer reflexões necessárias para uma investigação aprofundada dos grandes temas da vida. Parte-se aqui da seguinte premissa: se ainda temos a capacidade de escolher livremente, precisamos aceitar todo o ônus do projeto de vida que escolhemos viver, passando ao largo de conceitos de sucesso maceteados dos onipresentes manuais de felicidade modernos.

    Mas se é na fragmentação do ser e na corrupção intelectual que atuam os principais vetores modernos, a sua nêmesis, sob a forma de uma unidade existencial coerente e coesa, é o campo onde se faz a contraposição dessas forças dissociantes. Sob essa égide, entram em cena nessa discussão quatro elementos, a saber: o aprimoramento do intelecto, a busca da ordem, a ação virtuosa e a vida contemplativa, que trabalham em uníssono na persecução da autonomia pensante e da elevação humana. Nessa proposta não estão contempladas quaisquer artimanhas, mas a construção de um projeto de vida que visa a uma realidade mais significativa e plena de sentido, independentemente do status social, financeiro ou estágio de vida de cada um.

    Porém, é oportuno questionar por que esses quatro eixos temáticos e não outra coisa. Baseado no que os grandes pensadores nos deixaram de legado, fica claro que uma vida plena de verdade é aquela que orbita em torno de um centro virtuoso, o qual ordena nossos pensamentos e nossas ações rumo a um Bem não fragmentário, pois simplesmente não pode haver uma vida plena sem uma Unidade ordenadora. Esses temas exercem um papel preceptoral e edificante em nossa alma, trazendo-nos de volta às coisas que são, de fato, importantes, dificultando nossa dispersão para um mundo cheio de distrações e bestialidade, que drenam nossas energias e nos contaminam a mente. Esse centro vital é a alma em seu sentido primevo.

    É fundamental não nos esquecermos de que a vida humana tem a peculiaridade de ser a única que não alcança sua plenitude naturalmente, mas por um longo processo de aperfeiçoamento, que nos permite alcançar tudo aquilo que podemos ser ou de tornarmos aquilo que somos, nas palavras de Píndaro. Portanto, a vida que nos é dada é realmente uma oportunidade singular e devemos trabalhar com intensidade em busca de aprimoramento e elevação. E essa tarefa nunca se dá por terminada.

    Contudo, antes de discutirmos os eixos construtivos, é necessário entendermos com bastante clareza e sem meias-palavras a situação na qual nos encontramos atualmente e suas peculiaridades, e isso será trazido à tona ao longo deste livro. É preciso entender os principais vetores que movem o homem de hoje, como ele se percebe neste mundo e quais são suas mazelas principais. O diagnóstico da conjuntura atual é o fator determinante para a escolha dos temas a serem trabalhados, portanto é de valia nos debruçarmos sobre isso de maneira que os pontos não pareçam desconexos e aleatórios, mas tenham fundamento.

    Esta singela contribuição foi cuidadosamente preparada nos seus aspectos teóricos e aplicados, com base em experiência pessoal e apoiada sobre um vasto material baseado tanto na tradição filosófica ocidental como oriental, que tem como objetivo nada menos que o estímulo à apuração do intelecto e do discernimento, o aprimoramento estético e o desenvolvimento das virtudes, com vistas a uma vida contemplativa, inclinada à fruição dos verdadeiros bens. A entrada dessas luzes permite a dispersão das obscuridades de nosso tempo, que aprisionam o pensamento, embrutecem a alma, nos paralisam perante as dificuldades, nos fecham para novas perspectivas de vida e obscurecem nossa visão espiritual. Basicamente, nos animalizam e escravizam. Sim, os obstáculos modernos são formidáveis, mas as portas de uma vida plena nunca se fecham por completo.

    Este franco e despretensioso trabalho foi pensado nos incomodados, aqueles irresignados que compreenderam que o mundo parece desvairado e estão em busca de uma visão mais alumiada da realidade. Mas não apenas isso, buscam saídas e opções desse ambiente tóxico geral e, acima de tudo, uma elevação do espírito para além de fórmulas e frases de efeito. O começo é mais que a metade do caminho, já dizia Aristóteles. Portanto, algo desadormeceu dentro de nós e já se encontra em marcha. É oportuno, antes de tudo, pedir perdão aos amigos pelos equívocos porventura cometidos. A meu favor, são todos ex ignorantia. E sigamos em frente.

    Parte I

    O mundo

    Um breve panorama da situação que nos encontramos

    Vivemos em uma época não apenas indiferente, mas fortemente anti-intelectual e, por continuidade, em uma profunda crise existencial. As grandes questões metafísicas e teológicas foram sendo substituídas por preocupações eminentemente prosaicas, corporificadas num amontoado de ideias e ações desarticuladas e voltadas in toto para o imanente. Para ratificar esse argumento, não é necessário nos debruçarmos em profundas especulações metafísicas, bastando apenas atentar para o nosso círculo imediato: a qualidade dos meios de comunicação, o padrão do entretenimento das pessoas, a maneira como se expressam, seus modos e suas preferências pessoais, como usam seu tempo livre, a qualidade das discussões de interesse geral, o nível da produção artística, e assim por diante. Vivemos em uma era alienante, cuja influência entorpecente, associada a uma sensação um tanto nebulosa de mal-estar geral, vai nos estreitando o horizonte de possibilidades.

    Nesta era, o apreço pela excelência é subvalorizado como mero preciosismo ou capricho pessoal. Como brilhantemente descrito por Ortega Y Gasset, mas também pelas crônicas de Nelson Rodrigues, vivemos na era do Triunfo do Idiota. São as massas que determinam e impõem seu modo de vida, e que não mais se acabrunham por expressar um gosto duvidoso, sua falta de inclinação intelectual, moral e estética, mas justamente parecem exaltar tais atributos como forma de autoafirmação orgulhosa da própria insipiência. Nesse ambiente, a única constância é a volubilidade, a oscilação, a absorção total e imediata da novidade, junto a seus novos jargões e regras pré-fabricadas, onde tudo é novidade, mas com data a expirar. Não existem

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