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Medjugorje - os sete primeiros dias
Medjugorje - os sete primeiros dias
Medjugorje - os sete primeiros dias
E-book515 páginas7 horas

Medjugorje - os sete primeiros dias

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Sobre este e-book

Uma reconstrução jornalística-investigativa detalhada e imparcial através de materiais inéditos e entrevistas com testemunhas lança luz sobre os acontecimentos dos primeiros dias das aparições de Medjugorje, de 24 de junho a 3 de julho de 1981, cuja autenticidade o Vaticano considera positiva.

 

Hoje, Medjugorje é governada pelo Vaticano através de um enviado especial do Papa. "Medjugorje - Os primeiros sete dias" foi inspirado nas conclusões não oficiais da Comissão Internacional de Inquérito da Santa Sé para Medjugorje, que o Papa Bento XVI confiou ao Cardeal Camillo Ruini e que deu um parecer positivo sobre a autenticidade destes "primeiros sete dias", ou seja, os dez dias de aparições de 24 de junho a 3 de julho de 1981.

 

O autor falou às testemunhas da época: todos os seis videntes, franciscanos pároco Pe. Jozo Zovko, pais de visionários, seus vizinhos e amigos, ou seja, pessoas que lhes foram mais próximas naqueles primeiros dias. Ele também utilizou toda a literatura da época, bem como materiais únicos - gravações de áudio das conversas com os videntes daqueles primeiros dias, que foram gravadas pelo Pe. Jozo Zovko e foram preservados até hoje.

 

De tudo isto foi criado um livro de especial dinâmica e forte autenticidade, descrevendo detalhadamente todos os acontecimentos da época, que, como se supõe, poderia ser a base para o reconhecimento oficial das aparições de Medjugorje.

 

O livro é adequado para céticos e para aqueles que encontram o fenômeno Medjugorje pela primeira vez, e também contém alguns detalhes inéditos. , desconhecido até mesmo para os devotos de Medjugorje.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de dez. de 2023
ISBN9798223272670
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    Pré-visualização do livro

    Medjugorje - os sete primeiros dias - DARKO PAVICIC

    Introdução de Teresa Vaz para o leitor de língua portuguesa

    Numa manhã de 2020 gritaram-me dentro da minha própria casa:

    - Estás sozinha! Estás sozinha!

    O meu mundo desabou. O meu coração ficou partido em mil pedacinhos e a incompreensão tomou conta de mim.

    Telefonei à minha amiga Beatriz Castellano, contei-lhe o sucedido e ela começou-se a rir. Riu com a forma maravilhosa e única com que só ela o faz e disse-me:

    - Teresa, tu não estás sozinha! A Nossa Querida Mãe do céu está contigo. Tu é que não estás com Ela. Fala com Ela, reza-Lhe e ouve o tem para te dizer. O Seu amor é muito grande e Ela vai-te guiar e proteger. Assim fiz. Peguei num terço que a minha mãe me tinha dado na minha primeira comunhão e percebi que não sabia rezar. Usei a internet para o fazer já que só me lembrava da Avé Maria e do Pai Nosso. Senti nesse momento um conforto e uma proteção tão grandes que comecei a rezar o terço todos os dias.

    A situação no meu lar continuava a ser muito difícil, mas aqueles trinta minutos acalmavam todo o meu ser. Passados vários meses, estava eu a ver uma revista quando li que uma espanhola, de quem gostava muito, tinha ido a Medjugorje.

    Voltei a telefonar à minha amiga Beatriz e perguntei-lhe:

    - Beatriz, tu conheces Medjugorje? - Riu-se outra vez e respondeu:

    - Claro que sim!

    Perguntei-lhe:

    - Como é que eu nunca ouvi falar desse sítio?

    Ela respondeu-me:

    - Porque as coisas vêm quando têm que vir.

    - QUERO LÁ IR! - disse-lhe eu.

    Voltei à internet e fiquei apreensiva. Como é que eu vou chegar sozinha e neste estado de tristeza a uma aldeia na Bósnia- Herzegóvina? Até então, e enquanto eu tratava da casa e dos filhos, o pai deles organizava a outra parte onde estavam incluídas as viagens. Descobri que se podia ir em grupo, mas depois de ter contactado com vários organizadores ninguém me respondeu. Disse então ao pai dos meus filhos:

    - Preciso de ajuda! Quero ir a Medjugorje, mas não sei como.

    Ele respondeu:

    - Eu vou contigo.

    Obrigada por essa frase eu vou contigo..

    Estávamos em Medjogorje, cada um para seu lado, quando encontrei um pequeno grupo de portugueses. Chamaram-me a atenção porque estavam alegres e muito risonhos. Perguntei-lhes como é que tinham lá chegado, disseram-me que tinham ido com o Padre Carlos Macedo e deram-me o seu contacto. Passado um mês, estava eu a trabalhar nos Arcos de Valdevez e decidi telefonar-lhe para saber onde é que celebrava a missa. Disse-me que não tinha paróquia e que celebrava missas pelo país inteiro e que, mais ou menos uma vez por mês, ia a Barcelos. Eu já não trabalhava há 14 anos, não sabia onde ia morar nem o que fazer à minha vida e deixei de pensar no assunto.

    O meu contrato nessa vila acabou, e fui colocada numa escola do Porto. Este contrato também acabou e, em Janeiro, informam-me que iria começar a trabalhar em Barcelos. Não podia ser coincidência. Telefonei novamente ao Padre Carlos Macedo e fui à missa mensal na quinta-feira seguinte. Fiquei maravilhada com a celebração já que incluía confissão, terço da Misericórdia e Mariano, Adoração e Oração de cura. Saí de lá nas nuvens e, durante esse inverno, não faltei uma única vez.

    Juntei-me a um grupo de Oração Mariana onde recebia mensagens que muito me ajudaram a atravessar o inverno e todos os dias rezava o terço. Estava cada vez mais serena e alegre. Os rancores e os medos tinham cada vez menos força dentro de mim.

    Sabia que queria voltar a Medjogorje mas, mais uma vez, e porque ainda não estava inteira, não sabia como. Recebi uma mensagem do grupo de oração com as peregrinações de 2022 e pensei: não vou em grupo. Não conheço ninguém. Não me fazia sentido. Tentei arranjar alguém que quisesse ir comigo, mas tão em cima da hora já toda a gente tinha planos de verão e as viagens estavam caríssimas. Pedi a Nossa Senhora que me guiasse e, ao acordar, já tinha a resposta. Telefonei à organizadora e nessa mesma manhã reservei o meu lugar.

    Dia 23 de agosto fui para Medjogorje com um grupo de 50 pessoas e com o meu estimado Padre Carlos Macedo.

    Queria muito comprar livros já que, os que tinha levado no ano anterior, me tinham ajudado a passar o inverno com mais serenidade assim que, na segunda manhã pedi ao padre recomendações. De repente ele disse:

    - Há um livro muito bom, mas ainda não está traduzido em português!

    Eu respondi:

    - Não importa! Eu leio também noutras línguas.

    Ele parou por um momento com uma expressão única e disse:

    - É uma pena que ainda não esteja traduzido, quando começarem os segredos (referia-se aos 10 segredos de Medjogorje) toda a gente o vai querer ler.

    - Padre Carlos, eu traduzo-o! Olhou para mim e eu repeti:

    - Eu traduzo!

    Estava dito.

    Nessa manhã íamos visitar o Cenáculo, mas eu estava demasiado inquieta e decidi não ir. Abri o computador e comecei a procurar o autor de Medjogorje, os primeiros sete dias, pois pensava que ele vivia por perto e que o podia convidar para tomar um chá e falar da tradução. Percebi imediatamente que não ia ser fácil conseguir o seu número de telefone ou email privados. Telefonei então ao meu amigo Kristijan Vasilij, filho dos donos do hotel onde eu tinha ficado no ano anterior e de quem tinha ficado muito amiga.

    - Kris, preciso da tua ajuda para encontrar uma pessoa, estás disponível?

    - Sim, Teresa! Esta manhã não trabalho, dá-me 10 minutos.

    E assim foi, pouco tempo depois veio ter comigo.

    - Kris, preciso do número de telefone de Darko Pavicic.

    - Não tenho o número, Teresa. Ele é uma pessoa importante e não trabalha aqui.

    - Preciso mesmo Kris, ajuda-me!

    Ficámos a olhar um para o outro, algum tempo depois, ele disse:

    - Já sei, Teresa! Já sei como te vou ajudar.

    E assim foi. Arranjou-me o número e eu entrei imediatamente em contacto com o autor.

    E aqui está este livro traduzido em português. Espero que desfrutem de tão preciosa leitura e que vos acrescente conhecimento sobre Medjugorje. Conhecimento que caminha de mãos dadas com amor, com alegria, com fé e com tudo o que sentimos quando olhamos para o seu esplendoroso céu.

    E enquanto traduzia este livro a minha fé foi crescendo de forma grandiosíssima e foi-me dada uma certeza inequívoca da existência, da presença e da perseverança que a Nossa Mãe Celeste tem para connosco. Ela, lutadora incansável, quer levar-nos a Jesus, Seu filho. Quer que conheçamos o Espírito Santo, o doce hóspede da nossa alma e assim chegar ao imenso Amor que é Deus, nosso Pai.

    Toda esta certeza me chegou através, primeiro da oração, das adorações Marianas, de pessoas que conheci, de livros que me ofereceram...

    Agradeço todos os dias que a bela Rainha da Paz me tivesse chamado a este sítio, agradeço ter conhecido o Seu terno amor e todas as maravilhas com que me tem presenteado e que tão feliz me fazem ser.

    Falem com Ela, Ouçam-nA, rezem-Lhe. Ela ama cada um de vós e está à vossa espera.

    Todo o meu carinho.

    Teresa Vaz

    Introdução:

    OS PRIMEIROS SETE DIAS

    Depois de que o respeitado especialista no Vaticano Andrea Tornielli revelara no seu blog The Vatican Insider (maio de 2017), os resultados da investigação sobre os fenómenos ocorridos em Medjugorje, (realizada por uma comissão especializada, liderada pelo Cardeal Camillo Ruini como chefe, uma pessoa escolhida especialmente para esse efeito pelo Papa Emérito Bento XVI), comecei a investigar, por conta própria, o que aconteceu durante os primeiros sete dias das aparições. Como Tornielli publicou, foram esses primeiros sete dias que, provavelmente, poderiam servir de base oficial para o reconhecimento do fenómeno Medjugorje. A pergunta de um milhão de dólares para todos era: e por que considerar apenas os primeiros sete dias importantes e não todos os outros? Seria apenas uma questão de embaralhar o simbolismo da perfeição bíblica que é atribuído ao número 7? Não nos esqueçamos que foram sete dias os que Deus Pai usou para criar o mundo segundo o Gênesis...

    A Comissão, (conforme expresso por Tornielli), concluiu positivamente sobre a autenticidade das aparições ocorridas entre 24 de junho e 3 de julho de 1981. A votação obtida foi a seguinte: 13 votos favoráveis da Comissão quanto à natureza sobrenatural dos eventos dos primeiros sete dias, um voto contra e um voto neutro. A Comissão do Vaticano, como ele especificou, determinou que os meninos eram psicologicamente saudáveis, que as aparições os apanharam completamente de surpresa e que nada do que vivenciaram foi produto de qualquer influência supostamente doentia dos franciscanos que dirigiam a paróquia, nem de ninguém relacionado com o seu pequeno mundo, podê-los-ia ter influenciado de uma forma ou de outra. O mais surpreendente é que, apesar das prisões e interrogatórios da polícia, os meninos não renunciaram a afirmar o que diziam ver, mesmo sob ameaças de morte. A Comissão também rejeitou a hipótese de que os eventos pudessem ser causados por influência demoníaca (conforme tudo o afirmado por Andrea Tornielli).

    No final de 2013 ou início de 2014, recebi os resultados do Cardeal Ruini. A Comissão estava composta por teólogos de prestígio -bispos e cardeais-, pessoas de bem, extraordinariamente coerentes e corretas. O estudo Ruini, em conclusão, foi muito bom. Foi então que surgiram algumas dúvidas no departamento da Congregação para a Doutrina da Fé, pelo que se decidiu enviar a cada membro da Feria quarta (em latim significa quarta-feira, uma reunião mensal dos membros da Congregação) a documentação completa do estudo, incluindo até detalhes que pareciam contrários à conclusão primária da investigação Ruini. Lembro-me que fui informado num sábado ao anoitecer… 

    Foi então quando algo no meu interior me sussurrou que aquilo não era de todo correto...Senti que esse documento, que tão bem tinha sido elaborado, se punha, de repente, como que em dúvida ou como que em leilão... Desculpo-me pela rude comparação, mas é o único que se me ocorre para descrever os meus sentimentos a esse respeito. Considerava que a investigação tinha sido desenvolvida com cuidado e extrema correção, então...porquê este inesperado actuar? Foi durante uma manhã de domingo que o prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé recebeu uma carta escrita à mão, por mim, na qual lhe pedia que, em vez de enviar a sua opinião à Feria quarta, a deveria enviar a mim pessoalmente- disse o Papa Francisco num voo desde Fátima em maio de 2017.

    A Comissão dividiu as suas conclusões em duas partes. Assim se expressou Tornielli, denominando como a segunda fase, sobre aqueles acontecimentos sucedidos depois de 3 de julho, que eram os que levantavam mais suspeitas e um ou outro desentendimento entre os entendidos. Na realidade, a Comissão situava as dúvidas num contexto de conflito entre o Bispo local e os Franciscanos, assim como o facto de que as aparições eram pré-anunciadas e contadas por cada suposto vidente.

    Estas visões continuam apesar de que os videntes dizerem que acabariam, coisa que não aconteceu. Também está a parte dos segredos com um certo tom apocalíptico, que os videntes dizem ter sido revelados, escreveu Tornielli, acrescentando que, num segundo momento, a Comissão votou em duas fases distintas. Em primeiro lugar tiveram em mente os diversos frutos de Medjugorje, separando os mesmos da conduta particular de cada vidente em concreto. Neste ponto específico, três membros e três especialistas afirmaram que os benefícios eram positivos; quatro membros e três especialistas concluíram que havia traços positivos e, os restantes especialistas (três), expressaram a sua preocupação ao encontrar pinceladas positivas misturadas com certos efeitos negativos.

    Para a segunda fase, os membros da Comissão tomaram em consideração as condutas particulares dos videntes e, para isso, doze membros declinaram dar uma opinião, enquanto que dois membros decidiram opinar contrariamente à veracidade das aparições. A Comissão sublinhou que os videntes de Medjugorje não tinham recebido nenhum acompanhamento espiritual específico e que, durante muito tempo, não tinham atuado como um grupo unido, senão de forma individual e muito pessoal.

    Tornielli manifestou então, que a Comissão Ruini parecia concluir que talvez fosse positivo sugerir ao Santo Padre que levantasse a proibição de organizar peregrinações a Medjugorje, coisa que, até ao momento se regia sobre a norma de que não era apropriado que sacerdotes peregrinassem a Medjugorje, embora fosse admitido que o fizessem no caso de acompanhamento pastoral-espiritual aos seus paroquianos peregrinos.

    ...

    Ao mesmo tempo, a Comissão considerou conveniente que a paróquia de Medjugorje se submetesse, a partir daquele momento, ao controlo direto da Santa Sé, a fim de reorganizar a sua situação pastoral para uma definição mais concreta (neste caso, para definir a paróquia de Medjugorje como Santuário Pontifício ).

    Tal proposição foi sustentada por razões estritamente pastorais. O que realmente se pretendia era tratar com cuidado delicado, cheio de afeto, o acompanhamento de milhões de peregrinos, com o propósito de evitar a possibilidade de formação de pequenas igrejas paralelas e problemas semelhantes. Da mesma forma, foi considerado essencial projetar uma abordagem cuja transparência financeira na paróquia de Medjugorje fosse correta. " Obviamente, essas medidas não implicam o reconhecimento da natureza sobrenatural das aparições ", esclareceu Tornielli.

    Foi na festa de Nossa Senhora de Lourdes, a 11 de fevereiro de 2017, que o Santo Padre Francisco nomeou o Arcebispo polaco de Varsóvia-Praga, Monsenhor Henryk Hoser, como seu enviado a Medjugorje. Um ano depois, ele nomeou um Visitante Apostólico de Medjugorje, com o objetivo específico de melhorar a pastoral, já difícil e complicada devido ao grande número de peregrinos.

    É por isso que este livro tem como titulo Medjugorje: os primeiros sete dias,(com o subtítulo Toda a verdade de 24 de junho a 3 de julho de 1981). A intenção do mesmo é, portanto, cobrir todos os possíveis fatos ocorridos naqueles primeiros dias chocantes, incluindo as entrevistas realizadas com os principais protagonistas de um período tão crítico, as conversas gravadas com o pároco do momento, Padre Jozo Zovko, e claro, com os videntes.

    Tentámos unir num só livro e pela primeira vez, tudo o que aconteceu, a surpreendente sucessão de eventos com uma expectativa frenética cheia de sobrenaturalidade, incluindo os medos inerentes ao momento, as dúvidas, a extraordinária determinação dos videntes e das pessoas locais… Em suma, quisemos analisar o conteúdo dramático e celeste que marcou fortemente o tempo vivido.

    Como?

    Este livro nasce como resultado de uma investigação consciente, de conversas com os videntes e de muita colaboração das pessoas que participaram nesta extraordinária aventura sobrenatural dos Primeiros sete dias. Para a sua elaboração foram tidos em conta documentos essenciais de tais momentos primários, tentando reconstruir os acontecimentos de forma séria e cabal, com um estilo jornalístico clássico. Foram transcritas declarações e reflexões que testemunham os acontecimentos desses primeiros e surpreendentes dias, tendo em conta um grupo inicial composto pelos videntes, seis homens e mulheres extraordinários, a quem pude ter acesso .

    Vamos começar então, com a apresentação de cada um deles:

    Em primeiro lugar, devo mencionar Iván Dragičević, filho de Zlata e Sanko, Ivan nasceu a 25 de maio de 1965, em Bijakovici, uma das cinco aldeias que pertencem à paróquia de Medjugorje. Depois de passar pelo ensino médio, ele foi empregado de restaurante. É um dos videntes que ainda vivenciam aparições diárias e foi escolhido pela Nossa Mãe para guardar nove segredos no seu coração (até agora). Da mesma forma, a Virgem pediu-lhe que rezasse por duas intenções muito importantes para Ela: pelos jovens e pelos sacerdotes. Também lhe pediu para formar um grupo de oração, ao qual Ivan respondeu fielmente. Iván viveu momentos de certa incerteza quando, na sua juventude, nasceu nele uma preciosa vocação sacerdotal que o levou a entrar em dois seminários teológicos (em Visoko e em Dubrovnik). No entanto, durante os seus estudos teológicos, ele vivenciou circunstâncias adversas que o inquietaram, teve dúvidas e calmamente decidiu sair daquele caminho. A vida levou-o a conhecer uma peregrina americana (Laureen Murphy) em Medjugorje em 1989 , com quem, após quatro anos de namoro, se casou (1994). Eles formaram uma família de quatro filhos: Kristina Marija (1995), Mikela (2000), Daniel (2001) e Mathew (2008). Atualmente vivem em Boston (EUA), embora passem longos períodos em Medjugorje.

    A segunda vidente é Vicka Ivánkovic-Mijatovic. Filha de Zlata e Pero, nasceu em Bijakovici, a 3 de setembro de 1964, sendo a quarta de oito filhos (tem quatro irmãs e três irmãos). Quando jovem, ela estava a preparar-se para trabalhar na fabricação de têxteis. A Santíssima Virgem confiou-lhe, até agora, nove segredos e pediu-lhe que rezasse pelos doentes. Vicka ainda hoje vive aparições diárias e tem a alegria de ter recebido de Nossa Mãe o pedido de escrever a Sua vida, tarefa que cumpriu, transcrevendo o ditado da Virgem em três cadernos completos que um dia serão editados e publicados, na data que o céu mandar. Ela é casada com Mário, com quem se casou em janeiro de 2002 e com quem tem dois filhos: Marija-Sofia (nascida em 2003) e Ante (2005). Ela e sua pequena família vivem em Krehin Gradac, uma pequena vila perto de Medjugorje.

    A terceira vidente é Marija Pavlovic-Lunetti, filha de Iva e Filip. Ela nasceu a 1 de abril de 1965, em Bijakovici. Estudou numa pequena escola em Medjugorje e terminou a sua formação como cabeleireira em Mostar. Como Iván e Vicka, Marija ainda tem aparições diárias e a Nossa Mãe, através dela, transmite uma mensagem para a paróquia e para todo o mundo todos os dias 25 de cada mês. Recebeu da Virgem a missão de rezar pelos consagrados e pelas almas do purgatório. Ela é casada com Paolo Lunetti, um italiano que a levou para morar em Monza, (perto de Milão). Foi em Milão que se casaram em 1993 e hoje são pais de quatro filhos: Michele Maria (1994), Francesco Maria (1994), Marco Maria (1998) e Giovanni Maria (2202). Maria e Paolo passam longos períodos em Medjugorje.

    Quarta vidente: Mirjana Dragičević-Soldo. Ela é filha de Milena e Jozo e nasceu a 18 de março de 1965, em Sarajevo, onde também concluiu o ensino médio e estudou agricultura. Mirjana teve aparições diárias até 25 de dezembro de 1982, data em que a Nossa Mãe lhe confiou o décimo e último segredo. Após o estupor inicial, ela foi informada pela Virgem que continuaria a vê-la apenas um dia por ano (todos os dias 18 de março). De 2 de agosto de 1987 a 2 de março de 2020, ela teve a alegria de receber aparições todos os dias 2 de cada mês. A Mãe do Senhor encarregou-a de rezar por aqueles " que ainda não conheceram o amor de Deus " (não crentes). Mirjana é casada com Marko Soldo desde 1989, com quem tem duas filhas: Marija (1990) e Veronika (1994). Ele vive com a sua pequena família em Bijakovici.

    Jakov Colo é o quinto vidente. Filho de Jaka e Ante, nasceu em Sarajevo a 6 de março de 1971, embora viva em Bijakovici desde a infância. Aprendeu o ofício de serralheiro e, após o ensino médio, ajudou os Franciscanos da paróquia de Medjugorje com trabalhos de escritório. Jakov sentiu um chamamento precioso para liderar uma instituição de caridade conhecida como  As mãos de Maria . Ele vive aparições da Virgem cada dia 25 de dezembro, no Natal, mas até 12 de setembro de 1998 teve a alegria de vê-La diariamente. Foi nessa data, (a sua última aparição diária), que recebeu o último segredo. Naquela ocasião, a Nossa Mãe prometeu-lhe que a veria para o resto da vida (uma vez por ano, como dissemos, no Natal). Da mesma forma, ele recebeu o pedido da Virgem para rezar sempre pelos doentes. Em 1993, após dois anos de namoro, casou-se com Annalisa Barozzi, uma jovem italiana de Asola (perto de Mantova), que conheceu enquanto trabalhava temporariamente em Itália. Ambos formaram uma família de três filhos: Arijanna Maria, David Emmanuel e Myriam, com quem vive em Bijakovici, embora passe longos períodos em Itália.

    E, finalmente, Ivanka Ivánkovic- Elez, sexta vidente do grupo. Filha de Jagoda e Ivan, nasceu a 21 de junho de 1966 em Bijakovici. Tem um irmão mais velho e uma irmã. Quando as primeiras aparições aconteceram, Ivanka estava a fazer estudos secundários focados em questões económicas, estudos que abandonou, logo depois. Ivanka experimentou o grande privilégio de ser escolhida pela Virgem para ser a primeira vidente, pois foi a primeira pessoa a vê-La. Teve aparições diárias até 7 de maio de 1985, data em que a Virgem lhe confiou o décimo e último segredo. Nossa Mãe Celestial garantiu-lhe que receberia aparições uma vez por ano (todos os dias 25 de junho), uma data fundamental na história de Medjugorje, pois é o aniversário do seu início. Recebeu das mãos da Virgem a missão de rezar pelas famílias. Casou-se com Rajki Elez em dezembro de 1986 e são pais de três filhos: Kristina (1987) e o jovem Josip (1990 ), e Iván (1994). Ela vive com sua família na pequena vila de Miletina, cuja paróquia é Medjugorje.

    O segundo grupo de testemunhas é formado por pessoas próximas aos videntes. São pessoas muito conhecidas por eles, pessoas que conviveram quase diariamente com os meninos durante aqueles primeiros e cruciais dias, meses e primeiros anos. Eram testemunhas que viveram os acontecimentos muito de perto e partilharam um destino semelhante ao dos videntes. Além de seus familiares e parentes, neste, devemos incluir também um pequeno grupo de sacerdotes: Padre Jozo Zovko que era o pároco de Medjugorje e que foi injustamente condenado pelos militares e pelas autoridades comunistas da época, a três anos e meio de prisão. Não podemos esquecer o seu capelão, (Padre Zrinko Cuvalo), bem como vizinhos, como Marinko Ivánkovic e sua esposa Dragica, ou Iván Ivánkovic, que eram muito chegados aos videntes e que, assim como eles, sofreram perseguição da polícia militar. O caso de Iván Ivánkovic, -vizinho dos meninos-, foi preocupante: foi condenado a três meses de prisão por apenas partilhar abertamente com seus colegas (na fábrica onde trabalhava), um acontecimento curioso: tinha visto girar com os seus próprios olhos a grande cruz de cimento instalada no pico do Monte Kricevak em Medjugorje, um fenómeno também observado por um grande número de moradores.

    O terceiro grupo de testemunhas é formado por pessoas que conheciam os videntes e que ocasionalmente estavam com eles. Estas testemunhas viveram também muito diretamente os factos sobrenaturais desses primeiros dias, tão cruciais. Entre eles destaca-se Grgo Kozina, um entusiasta trabalhador radiofónico que conseguiu fazer gravações às crianças , durante as primeiras aparições. Ficava junto delas diariamente na colina, observando os videntes com grande cuidado e interesse, fazendo uso do gravador constantemente. Para a preparação deste livro falei com a maioria daquelas testemunhas que ainda vivem e usei fontes e escritos essenciais ( como o do inspetor da polícia Iván Turudic e da doutora Darinka Glamuzina, ambos muito interessantes). Também fiz um trabalho de compilação das gravações de áudio que incluíam as primeiras conversas com o pároco da altura (Jozo Zovko), com os videntes . Fiz esforço para transcrever tais conversas de forma literal, sendo meticuloso a ponto de não mudar pequenos detalhes gramaticais. As crianças falavam nelas (conversas) no seu dialeto local, cheios de excitação, expressando com inocência aquilo que estavam a experimentar. Este último detalhe traz uma especial dinâmica e dá pinceladas de extraordinária autenticidade ao relato que os videntes procuram transmitir.

    ONDE?

    Quando estivemos em Nazaré durante a nossa viagem a Israel, durante um passeio noturno, eu disse à minha esposa: por favor, levanta a cabeça e olha para o céu…

    Porquê? perguntou ela a olhar para o céu estrelado.

    Olha… Maria observava esse mesmo céu sobre Nazaré, todas as noites. Tudo ao nosso redor mudou, mas apenas essa visão permanece intocada.

    Naquela noite observámos, prisioneiros do esplendor, aquele mesmo céu que, há tanto tempo, fora vislumbrado por Maria, José e Jesus...

    Muita coisa mudou em Medjugorje desde os primeiros dias das aparições até ao momento do nascimento deste livro. Em primeiro lugar, mudou o aspeto exterior da aldeia, uma vez que em vez das pequenas casas de campo, inicialmente foram criadas pensões para o acolhimento de peregrinos, e hoje grandes hotéis. As pessoas também mudaram. Principalmente os videntes, que em 1981 eram crianças e hoje são adultos com filhos adultos. No entanto, o céu de Medjugorje, continuou o mesmo. É o mesmo céu com a mesma disposição de estrelas como aquela noite entre 24 e 25 de junho de 1981, quando, ao fim da tarde, os primeiros videntes viram uma bela senhora lindamente vestida de branco no Podbrdo, parte da colina Crnica perto Bijakovići, uma fração de Medjugorje. Naquela noite, o imenso amor que os seus corações sentiam transformou-se em medo, a graça transbordou e suas vidas tornaram-se, de uma só vez, em testemunhas de importância mundial

    Medjugorje tem sido durante todos estes anos, incluindo o tempo de elaboração do presente livro, bem como o tempo que vai usar para o ler, o único lugar do mundo onde o céu se mistura com a terra , junta-se ao homem e onde exatamente isso continua a acontecer todos os dias. Neste lugar ungido, o Céu rasgou-se, abriu as suas veias e desceu, como um manto macio, sobre a terra. O céu e a terra fundiram-se aqui num ponto transcendente de uma forma extraordinariamente mística. Hoje continuámos a lutar para entender o que aconteceu, racionalizá-lo e tirar conclusões que nos ajudem a entender a importância desses eventos abismais e sobrenaturais. Pode ou não acreditar-se, como aconteceu sob o já mencionado céu de Nazaré, onde ainda estão penduradas as mesmas estrelas que brilharam sobre Jesus, Maria e José há milénios, e que também brilharam sobre aqueles que decidiram acreditar ou não acreditar. ...

    À medida que este livro se desenrola, devemos também compreender que este não é o ponto crucial. Para mim, como jornalista e publicista que escreveu exclusivamente sobre religião e temas religiosos nos últimos 30 anos, o desafio diante de mim era poder coletar, processar e documentar material como o que a Comissão liderada pelo Cardeal Ruini considerou valioso nos primeiros dias das aparições. Espero que sirva, pelo menos, para fornecer informações cruciais à Igreja. Da perspetiva do céu que cobre Medjugorje, não importa quando os eventos desconhecidos previstos acontecerão; eu diria que até a dúvida se eles vão ou não acontecer um dia. Porque digo isso? Simplesmente porque a Igreja visível e tangível, que cura o mundo através do poder dos Sacramentos, já vive em Medjugorje.

    De qualquer forma, não importa como veja o sucedido, esses primeiros dias são importantes para entender tudo o que tem acontecido desde então. Em primeiro lugar, deve analisar-se que cada dia estava carregado do simbolismo de tempos que condensavam acontecimentos importantes, que, ao longo dos anos, foram sendo decifrados pouco a pouco. Há muitos mistérios ocultos e incompreensíveis que continuam a acontecer. (Para entendê-lo, deve continuar a ler…) Os primeiros dias foram, portanto, vitais. Eles revelam as coisas incríveis que aconteceram num momento de choque entre o céu e a terra. E houve algo extraordinário e de imensa força e importância: da eleição inédita e misteriosa dos videntes ou da ausência, naquele preciso dia, do padre local por motivos pastorais. Ou como a transmissão oral exclusiva de tudo o que aconteceu naqueles primeiros dias (já que um relâmpago espalhou toda a sua força pela estação dos correios e decidiu queimar as linhas telefónicas de toda a cidade) e assim, muitas outras coisas.

    Por tudo isto, desde os primeiros dias, milhares de pessoas foram atraídas ao local, para os acontecimentos, (e isso apesar da séria perseguição militar e policial!) As autoridades comunistas não ficaram felizes... Foram muitos os obstáculos, mas a verdade é que as aparições continuam até hoje; elas seguem o seu percurso misterioso e provavelmente o farão quando terminar de ler este livro.

    Os primeiros dias das aparições dizem-nos que todas as vezes que visitamos Medjugorje (mesmo que seja a primeira vez), devemos ainda olhar para aquele céu estrelado que cobre o Podbrdo (o Monte das Aparições), sem esquecer nunca que o céu de Medjugorje é o mesmo céu de ontem, hoje e amanhã.

    É o céu sob o qual o tempo, a história, as pessoas e os destinos, o homem e sua fé mudaram.

    Darko Pavicic

    O PRIMEIRO DIA: 24 DE JUNHO DE 1981

    Vimos A Virgem

    Naquela tarde de outubro, em Medjugorje, a suave carícia do calor que arrasta os últimos vestígios do verão ainda perdurava. Acompanhado pela brisa, saí a pé do coração da aldeia em direção à casa de Marinko Ivánkovic. Eu já tinha sido avisado de que o reconheceria se parasse ao pé do Podbrdo, onde ainda está a antiga casa da família de Vicka. Uma vez em frente à porta daquela casa, se se olhar para a direita e seguir o caminho que leva à Cruz Azul, ver-se-á uma casa onde uma placa diz -Draga e Marinko , disseram-me. É precisamente aí que reside o casal, numa casa em que oferecem alojamento aos peregrinos.

    O Monte Podbrdo está localizado na vila de Bijakovici, anexada à parte norte de Medjugorje. Apenas 2 quilómetros separam esta pequena vila da Igreja de Santiago, localizada no coração de Medjugorje, o que significa que leva cerca de meia hora para chegar ao pé da montanha. Naquela estrada, deparo-me hoje com grandes ou pequenos grupos de peregrinos, sempre a caminhar com expectativa em direção ao monte conhecido como " O Monte das Aparições ; alguns estão a subir e outros a regressar, mas curiosamente quase todos trazem um rosário na mão. Este fato é extraordinariamente incomum para o resto do mundo. No entanto, em Medjguorje é um costume, um hábito geral que não envergonha ninguém…. Digamos que é um ato natural "e não é por isso estranho ver pessoas entrar nas lojas com rosários nas mãos ou pendurados ao pescoço ou simplesmente a passar o rosário entre os dedos de uma mão, enquanto rezam absortos nas suas caminhadas.

    Não havia, naquela época primária, nem pousadas, nem hotéis. Hoje eu penso nessa imagem, quando ando por Medjugorje: as casinhas humildes que pontilhavam todas as ruas naqueles anos, com seus pátios e jardins, cheios de trepadeiras e plantas de tabaco. Tenho saudades daqueles rostos de gente boa que nunca sonhou em viver algo tão inusitado quanto o que tinham para viver, tanto para eles quanto para as suas famílias e a sua pequena aldeia; um lugar remoto na Herzegóvina onde não se suspeitava que algo assim mudaria, de uma só vez, o lugar humilde, até se tornar o centro espiritual mais importante do mundo. Porque Medjugorje, a partir daquele dia extraordinário, sofreria um antes e depois, na vida de milhões de pessoas dos cantos mais remotos do globo.

    Caminho até à casa de Marinko Ivánkovic, o vizinho tão próximo dos videntes, e não posso deixar de pensar nas perguntas que fervilham em meu coração. Ele viveu muito de perto os acontecimentos daqueles primeiros dias das aparições, tão cheios de incógnitas surpreendentes e incríveis. Como é possível que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor, tenha aparecido precisamente neste lugar e naquele momento histórico? Nem mais nem menos que a um simples e comum grupo de crianças! Não cabe na minha cabeça... O que aconteceu enquanto eles escalavam as pedras afiadas de uma montanha rochosa? E onde se pode entender a razão pela qual a Virgem os escolheu precisamente a eles, quando poderiam ter sido outros mais e melhor preparados espiritualmente? Eu perguntei-me se tudo poderia ser a imaginação de alguns miúdos sonhadores... Mas, e se não fosse? Talvez fosse verdade que a Nossa Mãe lhes apareceu. Eu estava cheio de vontade de saber o que um homem adulto como Marinko Ivánkovic poderia ter pensado naqueles momentos cruciais.

    O que pensaria ele sobre o que as crianças alegavam estar a viver? Mesmo se fossem apenas algumas crianças de cujas bocas fluía uma história fascinante!

    MARINKO NÃO ACREDITA EM VICKA OU MARIJA

    Marinko Ivánkovic é, sem dúvida, uma das pessoas essenciais, naqueles primeiros dias das aparições em Medjugorje. Ele estava com os meninos sem descanso, acompanhando-os todos os dias na subida do Podbrdo e também em todas as descidas. Ele ajudou-os a escalar as rochas afiadas e escorregadias, protegeu-os e pôde contar tudo o que tinha acontecido a cada um deles. Ele tinha uma proximidade muito parecida com a de um pequeno grupo de adultos que experimentava a alegria de estar muito perto dos videntes (tão próximos até quanto os pais das crianças). As crianças, apesar de tudo isso, não descansavam... Todos os dias, desde aquele inesquecível 24 de junho de 1981, elas encontravam-se com Nossa Mãe em Bijakovici, aquela pequena quinta aldeia que pertence à paróquia de Medjugorje, em terras herzegóvinas.

    - Dado, perguntei ao filho mais novo de Draga e Marinko. Onde está o teu pai? Eu conhecia Dado há muito tempo. Eu sabia que ele trabalhava como destilador de um tipo de conhaque espremido de uvas maduras, um hobby com que ocupava o seu tempo, no quintal de sua casa. Ele estava, nesse momento, a usar uma motosserra que fazia um grande ruído ao serrar madeira velha, cujas toras colocava logo, sob a grelha do fogo onde aquecia, com destreza lenta e delicada, o novo conhaque.

    - Ele está dentro da casa. Já o chamo …, disse-me enquanto subia ao terraço que dava para a entrada da casa. Lá encontrei Draga, a sua mãe deficiente, sentada na sua cadeira de rodas. Venha para o nosso churrasco mais tarde! ela exclamou.

    Lembre-se que é nosso costume convidar para um churrasco quando o conhaque estiver destilado… E hoje está com sorte! acrescentou Dado, enquanto me via fundir-me num caloroso abraço com a sua mãe.

    Marinko Ivánkovic deu-me um forte aperto de mão. Homem de tez firme e pele bronzeada, tem um olhar franco e límpido, capaz de iluminar o rosto endurecido pelos seus longos 70 anos.

    - Lembro-me de tudo como se fosse ontem, disse ele, convidando-me com um aceno de mão a sentar numa das cadeiras da sala de jantar. O barulho da motosserra começou novamente, no fundo do pátio...

    Marinko trabalhava numa oficina de reparação de automóveis em Mostar, quando os acontecimentos sobrenaturais invadiram a pequena aldeia, no verão de 1981. O seu dia consistia em ir cedo de carro à oficina de Mostar, uma pequena cidade medieval de grande beleza situada a 20 quilómetros da sua aldeia. Levava no seu carro vizinhos que, por motivos de trabalho, precisavam de transporte ou crianças que tinham que ir a Mostar para frequentar a escola, não tendo outro meio de chegar ao seu destino. Na manhã do segundo dia das aparições (25 de junho de 1981), Marinko tinha ido a Mostar com a sua esposa Draga, acompanhado por Vicka Ivánkovic e Marija Pavlovic, meninas que viviam nas ruas próximas à sua casa. Ambas tinham tido más notas na escola e foram forçadas a voltar a Mostar no verão para compensar o pequeno atraso escolar.

    Marinko começou sua história:

    " A minha rotina começava às cinco da manhã, quando eu ia trabalhar. Naquela época, eu tinha um Volkswagen furgão, nele que cruzava com poucos transeuntes e um número muito pequeno de carros. O trânsito era escasso nos anos 80! E assim, houve muitas vezes em que a minha carrinha ficava cheia de vizinhos que precisavam daquele pequeno transporte. Às vezes, chegava a juntar até 15 amigos e conhecidos… dentro! 

    Naquela manhã, Vicka e Marija eram as minhas pequenas companheiras, pois tinham que fazer exames na Escola de Verão e assim que passávamos diante da igreja, Marija não conseguia pensar noutra coisa e exclamou: Marinko, ouça!: ontem à noite vimos a Virgem Maria. Olhei para ela de lado... Mas o que estás tu a dizer menina? Repreendi-a. É isso que a tua mãe te ensina, miúda?

    Bem… não fui quem a viu, respondeu Marija. Foi a Vicka ...

    Vicka ficou em silêncio sentada atrás do meu assento, enquanto a minha esposa, Draga, sentada ao lado dela, olhou para ela com surpresa.

    ***

    Marinko franziu a testa. Mas vamos lá ver, Vicka... Vamos ver... O que a Marija diz é verdade?

    Vicka olhou timidamente para o motorista, encolheu os ombros e respondeu: Sim... eu vi-A.

    Diz-nos imediatamente o que viste e onde! exclamou Marinko, já irritado. A menina olhou para ele confusa... Ela coçou a testa com um dedo agitado e começou a contar o que tinha acontecido na tarde anterior.

    Bem... Bem, vamos já verás ..., começou ela... Ontem à tarde, a irmãzinha de Marija, -Milka-, recebeu ordens da sua mãe para ir buscar o rebanho de ovelhas e trazê-las ao cercado. Mas deu-se a casualidade de esbarrar no caminho com duas meninas da vizinhança, Mirjana e Ivanka. Estavam agitadas ao pé do Podbrdo, faziam grande alvoroço e diziam que tinham acabado de ver uma mulher muito bonita. Imediatamente perceberam que era a Santíssima Virgem Maria!

    Marinko continuou a sua história dando mais detalhes: Indo em direção ao local onde hoje está localizada a Comunidade Cenáculo, Ivanka de repente saltou e exclamou, apontando para uns 100 metros acima: Olha, Mirjana! A Virgem Maria está no meio da colina!"

    Mirjana ergueu uma sobrancelha, deu-lhe um empurrão e repreendeu-a. És estúpida ou quê? Não se brinca com Deus e com a Sua Mãe…

    Foram essas coisas que Marinko me disse, lembrando-se da voz alegre de Vicka a contar, naquele dia distante, o que tinha acontecido a duas das suas amigas, no dia anterior.

    IVANKA FOI A PRIMEIRA A VER A VIRGEM

    Mirjana viu a Virgem depois de Ivanka e ambas correram para a cidade onde encontraram Vicka. Ela tinha fugido para o pé da montanha alguns minutos antes e tinha-se esbarrado contra dois meninos (ambos chamados Iván). Assim que eles ficaram para trás, Vicka decidiu subir o monte novamente, mas desta vez na companhia de outro pequeno grupo de meninos que, como ela, tremiam de medo ao ver uma mulher envolta em luz, no Monte Podbrdo.

    Marinko , Vicka explicou-me a caminho de Mostar. Fiquei com muito medo quando vi a Virgem. Desci a colina a correr tão rápido que perdi os meus chinelos. Entrei no meu quarto como um turbilhão e comecei a rezar como uma louca; imediatamente senti como a paz invadiu o meu coração e decidi voltar. E encontrei os meninos no mesmo sitio! Porque Ivanka, Mirjana, Milka e os dois Iváns estavam lá, a olhar espantados para a Virgem que carregava o Menino nos braços, que cobria e descobria com um véu.

    Os dois Iváns a quem se referia eram Iván Ivánkovic (20 anos, portanto o mais velho do grupo que estava no Podbrdo, e que só pôde ver a Virgem naquele único dia da sua vida) e Iván Dragičević que, desde então, se tornou um dos seis videntes permanentes de Medjugorje.

    A Virgem indicava-nos com um aceno de mão para nos aproximarmos, mas ninguém se atreveu a fazê-lo, naquele primeiro pôr do sol!

    Vicka , respondeu Marinko. Acredito em vós, mas... digo-vos também que, se Iván Dragičević me tivesse dito que viu a Nossa Mãe, eu dar-lhe-ia mil vezes mais crédito do que a qualquer uma de vós ... A sua afirmação foi baseada em conhecer bem a personalidade de Ivan (mais do que a de qualquer outro menino do grupo), pois o jovenzinho era tímido, humilde e calmo de coração, quando cumprimentava os homens de Medjgorje, enquanto trabalhavam no campo. O menino olhava de lado, murmurava um leve Bendito seja Jesus " e corava até às sobrancelhas por causa de sua timidez voraz. Todos sabiam como o seu temperamento era introvertido. Então, se o menino alegasse o mesmo que aquelas meninas, isso poderia indicar que, de fato, algo extraordinariamente incomum deveria ter acontecido.

    MIRJANA E IVANKA EM PODBRDO

    24 de junho de 1981, (festa de São João Batista), foi, naquele ano, à quarta-feira; e como acontecia em todas as regiões da Herzegòvina, era considerado feriado, o que permitia não ir trabalhar. E assim, os jovens e velhos da cidade podiam passar o dia a trabalhar placidamente nos campos, onde muitas famílias possuíam pequenos vinhedos e terras dedicadas ao plantio de folhas de tabaco.

    Naquela manhã ensolarada, Mirjana Dragičević acordou feliz; ninguém iria incomodá-la pedindo-lhe para trabalhar nas plantações de tabaco. Ela estava

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