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As Finanças do Dragão: o sistema financeiro chinês
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As Finanças do Dragão: o sistema financeiro chinês
E-book405 páginas4 horas

As Finanças do Dragão: o sistema financeiro chinês

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Sobre este e-book

O livro aborda a evolução do sistema financeiro chinês, a partir do processo de abertura e reformas começadas em 1978. Um sistema que, em 45 anos, evoluiu de um modelo de monobanco para se tornar o segundo maior do mundo. A obra é construída majoritariamente de documentos oficiais chineses.
O sistema financeiro chinês combina Estado, mercado, desenvolvimento e Partido Comunista em uma perspectiva própria e singular, diferentemente dos sistemas ocidentais e do antigo sistema soviético, reformando-se a todo tempo, conforme as decisões dos governantes chineses.
Hoje, o sistema financeiro da China está presente em quase todo o mundo, com diversos tipos de instituições, financiando obras em quase todos os continentes. A presença financeira chinesa pode ser notada em iniciativas, como a criação do novo Banco de Desenvolvimento do BRICS e o projeto Cinturão e Rota (Rota da Seda). Em quase tudo o que é produzido e exportado pela China, tem no sistema financeiro chinês um importante componente. Não é possível entender a China de hoje sem conhecer o seu sistema financeiro.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de mai. de 2024
ISBN9786527028499
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    As Finanças do Dragão - Marcello Azevedo

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    CAPÍTULO 1

    O INÍCIO DAS REFORMAS DO SISTEMA FINANCEIRO CHINÊS (1978-1990)

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    O sistema financeiro chinês, em meados dos anos 1980, ainda era bastante arcaico, baseado no Banco Popular da China (BPC), fundado em 1948, e que seria transformado também em banco comercial em 1978. O BPC exercia as funções de banco central clássicas, tais como o controle e a emissão de moedas e o controle das divisas internacionais, como também exercia quase todas as funções bancárias, conforme descrito por Molyneux (2011) ¹.

    For a long time, the Chinese banking system was organized around the People’s Bank of China (PBOC), which was established in 1948 and for some 30 years assumed the functions of commercial bank, supervisor, and government treasury. From 1979, under the opening and reform policy introduced by Deng Xiaoping, the PBOC was given the function of a supervisory body and of a central bank (MOLYNEUX, 2011, p. 4).

    Segundo Molyneux (2011)², as reformas do sistema financeiro começaram entre os anos de 1978 e 1993 com o surgimento de quatro novos bancos públicos que passaram a desempenhar funções que eram originalmente desempenhadas pelo Banco Popular da China, controlado diretamente pelo Ministério das Finanças.

    Na mesma direção, de acordo com Mendonça (2015)³, os quatro grandes bancos públicos criados na primeira reforma do sistema financeiro chinês foram exatamente o Banco da China, que centralizaria as transações de comércio exterior, o Banco da Construção da China, para financiar os grandes projetos de investimento, o Banco da Agricultura, para o crédito agrícola, e o Banco do Comércio e da Indústria da China, para o financiamento de atividades comerciais e industriais.

    Neste mesmo período dos anos 1980, foram também criados bancos de capital misto, tais como o banco das comunicações, em 1987, e a autorização do primeiro banco de propriedade de um grupo empresarial privado: o Citic Industrial Bank. Neste mesmo período, segundo Mendonça (2015), já seria possível identificar também a existência de cerca de 1.200 cooperativas de crédito urbano destinadas ao financiamento de pequenos negócios nas cidades.

    Dessa forma, os anos 1980 foram marcados por um importante processo de transmutação do sistema financeiro chinês com o estabelecimento ou restabelecimento de grandes bancos especializados de capital público, conhecidos como os quatro grandes e, sobretudo, em sua segunda metade, com o crescimento de intermediários financeiros para além desses quatro grandes. Podemos sintetizar o sistema financeiro chinês nos anos de 1980 na elaboração de Mendonça (2015):

    No entanto, a despeito do início de um movimento de diversificação e até, pode-se armar, liberalização do sistema financeiro chinês, os quatro grandes continuaram a dominar o sistema, exercendo papel crucial no financiamento das decisões de gasto dos agentes atuantes na economia, de propriedade estatal ou privada (Mendonça, 2015, p. 346).

    Deng Xiaoping já apontava a necessidade de reformas no sistema financeiro chinês em meados dos anos 1980:

    Great advances should be made in the reform of the banking system. Banks should perform all the functions of banks. Yet ours have not been banks in the true sense of the word; they have only issued currency and held reserves. Since we don’t know much about banking, we could invite foreign specialists in this field to advise us (Editorial, 1994, p. 193).

    A QUESTÃO DA REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO CHINÊS ANTES DE 1990

    Segundo Chen (1992)⁴, em 26 de novembro de 1986, o Banco Popular da China emitiu uma resolução provisória chamada de medidas provisórias do Banco Popular da China sobre divisas e garantias de empréstimos para empresas de investimento estrangeiro visando promover a realização de empréstimos por parte de investidores estrangeiros. O modelo de garantia estabelecido seria a hipoteca.

    Os recursos deveriam ter direcionamento, prazos e condições das operações, assim como a constituição de reservas garantidoras das operações. As operações estavam limitadas às Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) e deveriam ser feitas em instituições autorizadas pelo Banco Popular da China e acompanhadas pelo Departamento Estatal de Controle de Câmbio. A resolução reafirma ainda a autoridade do BPC sobre a regulamentação do funcionamento financeiro chinês.

    Em 17 de junho de 1987, foi emitida uma nova resolução do BPC sobre a administração de operações de bancos estrangeiros e joint ventures em zonas econômicas especiais. A resolução previa a exigência do aporte de capital estrangeiro no montante igual a 40 milhões de yuans, após 30 dias de autorização de funcionamento das instituições, as quais deveriam, no mesmo período, depositar 50% do capital previsto, o qual ficaria retido e proibido de ser remetido ao exterior. A regulamentação versa ainda sobre a questão dos depósitos bancários, em moeda estrangeira e moeda nacional, das reservas obrigatórias e seu percentual e controle. A regulação também prevê os procedimentos para a concessão de crédito em moedas estrangeiras e moeda nacional, a quem preferencialmente deveriam ser direcionados os recursos, sejam empresas estrangeiras estabelecidas na China, joint ventures, governos, organizações coletivas ou empresas de capital chinês no exterior. Para efeitos garantidores, a legislação determina que o montante de capital emprestado não pode ultrapassar mais do que 20% do capital das instituições financeiras. As entidades financeiras devem manter cerca de 25% de depósitos compulsórios sobre todas as suas operações.

    O BPC também baliza os parâmetros para remessas internas e externas de valores e seus limites e destinações e a quem devem ser permitidas as remessas internacionais em processos de importação e exportação. Tais remessas e recebimentos de capitais estão limitados a bancos estrangeiros, joint ventures e bancos estabelecidos no exterior de capital chinês.

    Somente poderão realizar operações financeiras as instituições estabelecidas formalmente na China, em condições estabelecidas pelo BPC. Todas as instituições devem se submeter a auditorias e controles do BPC sobre todas as suas operações.

    Em 10 de novembro de 1987, foi editada uma outra resolução que alterava a questão do controle e do monitoramento dos empréstimos e dava uma forma mais precisa de qualificação sobre eles, diferenciando os empréstimos por tipologia, origem e destinação. Tanto os créditos recebidos do exterior como oriundos de empresas públicas e privadas agora passam a ter uma contabilização e controle específico por parte do BPC. O conjunto do controle do processo será exercido pelo Departamento Federal de Câmbio, detentor inclusive do poder de cancelar ou proibir operações.


    1 MOLYNEUX, P. (org). Banking in China. 2. ed. Londres: Palgrave Macmillan, 2011. 334 p.

    2 MOLYNEUX, P. (org). Banking in China. 2. ed. Londres: Palgrave Macmillan, 2011. 334 p.

    3 MENDONÇA, R. R. A. Sistema financeiro chinês: Conformação, Transformações e Controle. In: China em Transformação, Dimensões Econômicas e Geopolíticas do Desenvolvimento. Rio de Janeiro: IPEA, 2015. Cap. 7.

    4 CHEN, Y, C. Selections of Chinas Financial Laws, and Regulations. In: Almanac of China’s Finance and Banking. Pequim: People China Publishing House, 1992. p. 231-252.

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    CAPÍTULO 2

    O SISTEMA FINANCEIRO CHINÊS NOS ANOS 1990

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    Iniciaremos nossa análise do desenvolvimento do sistema financeiro chinês no início dos anos 1990, com base em documentos oficiais do governo chinês. Esses documentos foram publicados tanto internamente quanto disponibilizados publicamente para as entidades do sistema financeiro da China. São frutos de uma colaboração entre o Ministério das Finanças do Governo da China e o Banco Popular da China.

    O primeiro foi traduzido para o inglês, em 1992, e chamado de Almanac of China’s Finance and Banking⁵. No almanaque, não apenas estão delineadas a política monetária chinesa para o ano de 1991, mas também são apresentados dados abrangentes sobre a macroeconomia chinesa, bem como balanços e estatísticas das instituições financeiras que integravam o sistema financeiro chinês até o referido ano.

    Conforme destacado por Weihong (1992)⁶, a política monetária implementada pelo Banco Popular da China em 1991 tinha como objetivos o controle do volume total de empréstimos, o ajuste na estrutura de concessão de empréstimos, o fortalecimento da gestão dos empréstimos e a melhoria dos resultados econômicos. Além disso, visava manter a estabilidade do valor da moeda, apoiar o crescimento econômico por meio da utilização ativa dos fundos disponíveis nos bancos e fortalecer internamente o funcionamento do sistema bancário.

    A concessão de empréstimos era incentivada, porém sujeita a um rigoroso controle por parte do Banco Popular da China, que determinava o montante a ser emprestado no ano seguinte. Ao contrário dos bancos ocidentais, a expansão da base monetária chinesa não era determinada pela disposição dos agentes privados e públicos de tomar crédito. Mesmo os bancos especializados de capital misto estavam sujeitos às limitações impostas, e qualquer desvio desses limites precisava ser autorizado pelo Banco Popular da China ou pelo governo.

    Os casos individuais deviam seguir as prioridades do governo, tais como o financiamento da indústria básica, assim como energia e infraestrutura. Empresas e departamentos públicos que estivessem sujeitos a restrições por parte do governo, ou que demonstrassem baixa produtividade, irregularidades ou não alcançassem suas metas, não seriam mais elegíveis para receber créditos do governo. Uma exceção importante foi feita na concessão de créditos à agricultura e às cooperativas de crédito agrícola por conta de desastres naturais que atingiram a China em 1991, comprometendo a sua sustentabilidade alimentar.

    Em 1991, a política de expansão de crédito, apesar de controlada, começou a enfrentar uma série de problemas. Entre as questões identificadas pelo Banco Popular da China estavam a ausência de controle sobre a eficácia da política monetária, a falta de definição da estrutura de concessão e dos resultados esperados, bem como a insuficiência na concessão de crédito. Além disso, os créditos direcionados à agricultura estavam em declínio e apresentavam resultados decepcionantes, conforme observado pelo BPC.

    O ano de 1991 também marca o ressurgimento do mercado de ações e de seguros na China. Inicialmente, esses mercados estavam limitados às regiões de Xangai e Shenzhen, com a autorização inicial de dez empresas em Xangai e onze em Shenzhen. No entanto, o mercado de ações recém-criado já enfrentava uma série de problemas, incluindo o baixo volume de investimento, métodos de controle ultrapassados, regulamentação insuficiente e escassez de pessoal qualificado para operações desse tipo.

    Segundo Yixin (1992)⁷, no início dos anos 1990, foi estabelecido o controle sobre os recursos externos provenientes dos processos de exportação, após sua regulamentação pelo Conselho de Estado Chinês. Isso envolveu a implementação de regulações e regulamentações, juntamente com a definição de uma política cambial que se ajustasse ao cenário internacional e às condições da economia nacional. Nesse contexto, foi fundamental estabelecer a flutuação cambial dentro dos limites estabelecidos pelo governo chinês, bem como autorizar a abertura de casas de câmbio exclusivamente para residentes na China em território chinês.

    A abertura e a posse de moedas estrangeiras tiveram um impacto positivo para os cidadãos chineses, proporcionando-lhes a facilidade de remeter ou receber dinheiro do exterior. Além disso, essa medida garantiu às empresas a capacidade de manter moeda estrangeira para liquidar seus compromissos no exterior e facilitou o recebimento de investimentos estrangeiros.

    Tal liberalização trouxe problemas para a China, como a restrição ao controle macroeconômico, a perda do controle e evasão de divisas, assim como o descontrole do fluxo de capitais dentro da China. Os controles foram apertados, mas demonstraram claramente que os chineses precisavam aperfeiçoar os controles não só sobre seus recursos externos, mas também sobre suas variáveis macroeconômicas.

    Segundo dados oficiais, em 1991, já existiam cerca de 180 instituições financeiras na China operando com câmbio, o que demandava uma nova regulação e regulamentação do setor, dada sua importância para a economia chinesa. Essa necessidade de regulação resultou na criação do Centro de Controle do Câmbio, responsável por supervisionar a entrada e saída de moeda estrangeira do país.

    Com a instituição do Centro de Controle do Câmbio, o número de instituições financeiras foi reduzido para cem, as quais receberam autorização para operar nas grandes cidades, zonas econômicas especiais e determinadas províncias. Essas empresas, que lidam com câmbio, devem ser de propriedade de chineses residentes e conduzirem suas operações em dólares. Todos os recursos dessas empresas devem ser mantidos em contas bancárias chinesas, sendo proibida a transferência para agentes estrangeiros.

    O processo de reformas e abertura na China foi conduzido de maneira controlada pelo governo, focalizando áreas específicas do território conhecidas como zonas econômicas especiais. Nessas regiões, foram oferecidas condições especiais para as empresas, e com elas vieram os bancos estrangeiros. No período, os bancos estrangeiros estavam predominantemente baseados em Hong Kong, que era um protetorado britânico até 1999.

    O primeiro banco estrangeiro a oficialmente solicitar autorização para ingressar na China foi o Banco Japonês da Importação e Exportação, ainda no início dos anos 1980. As regras para a concessão de autorizações para a implantação de bancos estrangeiros na China só foram definidas pelo Conselho de Estado, inicialmente em 1983, e consolidadas em 1985.

    Os estabelecimentos financeiros estrangeiros deviam ser constituídos em parceria com instituições financeiras chinesas em regime de Joint Venture. A absorção de tecnologia e capital estrangeiro era uma estratégia fundamental para o governo.

    Conforme indicado pelo almanaque, em 1991, já havia 120 bancos estrangeiros de 30 nacionalidades distintas operando nas zonas designadas, além de 3 instituições financeiras e 2 companhias de seguro atuando na China. Além disso, havia 217 escritórios de representação de instituições financeiras estrangeiras, todos concentrados nas zonas econômicas especiais e nas principais cidades, como Pequim, Xangai e Tianjin.

    A regulação chinesa diferencia as autorizações de acordo com os tipos de estabelecimentos. Aqueles que possuem apenas escritórios de representação têm permissão para realizar atividades como consultas, pesquisas, assessorias e estudos para instituições financeiras chinesas e estrangeiras, porém são proibidos de conduzir operações financeiras na China. Eles também podem oferecer serviços de consultoria e participar de joint ventures financeiras.

    Segundo Yixin (1992)⁸, em 1991, havia 41 bancos de joint ventures, nos quais instituições financeiras estrangeiras operavam na China dentro dos limites geográficos e operacionais estabelecidos pelo governo. Os bancos autorizados a operar na China realizavam uma variedade de atividades, incluindo concessão de crédito, câmbio, remessas internas e externas de capital, liquidação financeira de operações de exportação e importação, investimento em moedas locais e estrangeiras, fornecimento de garantias bancárias, seguros e outras operações financeiras aprovadas pelo governo.

    É importante ressaltar que o funcionamento e a instalação dessas instituições financeiras em território chinês estão estritamente sujeitos à regulamentação do Banco Popular da China. Elas também estão sujeitas ao controle da administração federal de controle do câmbio e devem submeter seus controles contábeis ao BPC. Além disso, essas instituições devem apresentar os percentuais de capital chinês e estrangeiro, sendo que o capital estrangeiro não pode exceder 50% da sociedade. Também é exigido um capital mínimo de 80 bilhões de yuans, que deve ser integralizado até 30 dias após a autorização. Esses recursos garantidores devem ser depositados em bancos chineses.

    O Banco Popular da China (BPC) é o banco central chinês, dirigido pelo Conselho de Estado, e é encarregado de formular políticas financeiras, monetárias e creditícias. O BPC desempenha um papel crucial na regulação financeira e no controle das variáveis macroeconômicas do país. Além disso, é responsável pela supervisão e controle de todo o sistema financeiro, assim como pelo abastecimento de dinheiro no país, conforme observado por Yingjei (1992)⁹.

    O BPC é responsável por garantir e fiscalizar a implementação da política econômica federal, além de ajustar as demandas de dinheiro e crédito de acordo com os objetivos estabelecidos pelo governo. Ele formula programas de intervenção federal, quando necessário, e também organiza e controla a balança de pagamentos. Além disso, o BPC tem autoridade para aprovar ou rejeitar a instalação de instituições financeiras, controlar as reservas internacionais e regular os fluxos de capital do exterior. O banco supervisiona todo o mercado financeiro e desempenha um papel importante na qualificação de dirigentes para o sistema financeiro, além de participar de atividades internacionais em nome do governo chinês.

    A State Administration of Exchange Control (SAEC) é uma instituição governamental criada em 1979 e submetida ao Banco Popular da China. Sua principal função é controlar os fluxos de capital externo. Suas responsabilidades incluem regulamentar o fluxo de entrada e saída de capital, supervisionar os débitos externos, gerar dados estatísticos sobre o comércio exterior chinês e a balança de pagamentos, monitorar as reservas internacionais e gerenciar a política cambial. Além disso, a SAEC monitora os investimentos estrangeiros que entram e saem do país. Controla os investimentos chineses no exterior, inspeciona e controla o funcionamento de instituições financeiras estrangeiras na China e representa o governo chinês em reuniões de negócios no exterior, segundo Yixin (1992)¹⁰.

    O The Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) (Banco do Comércio e Indústria da China, em português) tem como objetivos prover fundos para financiar a produção industrial, incentivando a transformação e a inovação tecnológica, captando recursos externos e internos, oferecendo a crédito empreendimento chineses, e servindo como instituição de remessa de valores e papéis do exterior e para o exterior. O banco também opera como garantidor de operações de empresas e concede empréstimos em moeda estrangeira às empresas chinesas. Presta serviço de consultoria a empresas e concede créditos para que outros países possam adquirir produtos e serviços chineses. Em 1991, diante da expansão dos seus negócios, o banco foi forçado a buscar a sua informatização, uma revisão de procedimentos e uma melhor qualificação dos seus quadros dirigentes, conforme Zhang (1992)¹¹ e Jikun (1992)¹².

    O Banco Agrícola da China (BAC) é responsável por prover recursos e crédito para governos locais, empreendimentos, instituições, cooperativas agrícolas, propriedades coletivas ou individuais, atividades comerciais e industriais, e ser responsável pela poupança nas áreas rurais. Além também de prover serviços e consultoria financeira, viabilizar operações de câmbio e remessas de recursos do exterior e outros investimentos. No início dos anos 1990, o BAC já operava em 40 ramos de atividades bancárias em 30.556 localidades na China, conforme apontado por Yongwei (1992)¹³ e Shu (1992)¹⁴.

    O Banco da China (BC) é responsável por centralizar as operações com reservas internacionais da China, sendo inclusive responsável por fazer pagamentos e recebimentos em nome do governo chinês. Atuando também com questões cambiais que envolvem a moeda nacional, tais como remessa ao exterior. O BC também representa o governo chinês em organizações e reuniões internacionais. Com representações em diversos países do mundo, inclusive na América Latina, segundo Boc (1992)¹⁵ e Deyen (1992)¹⁶.

    O Banco da Construção da China (BCC) é conhecido por deter as operações de maior prazo de todo o sistema financeiro chinês, motivado pela natureza de suas operações. O banco é responsável por organizar, mobilizar e prover fundos para projetos de construção advindos do Conselho de Estado Chinês, buscando garantir fundos e processos que acelerem a execução das construções planejadas pelo governo.

    Especificamente, o BCC deveria executar o orçamento público para o setor das construções e organizar a colocação de recursos para as obras, gerir os capitais direcionados às construções, operar os diversos fundos destinados à construção, gerir as operações financeiras destinadas à construção, controlar os custos de instalação dos empreendimentos financiados, alongar o perfil creditício das operações, quando for necessário, conceder empréstimos habitacionais, controlar os estoques das dívidas, garantir capital de giro para os empreendimentos, abrir todas as linhas de crédito disponíveis, emitir papéis para captar recursos, prover todos os serviços bancários necessários e conduzir serviços bancários em nível internacional, conforme relatado por Daojiong (1992)¹⁷ e Shikun (1992)¹⁸.

    O China Investment Bank (CIB) (Banco de Investimento da China, em português) é especializado e destinado a buscar mobilizar fundos estrangeiros e os transformar em investimentos no desenvolvimento chinês. O CIB é formatado para atingir as normas internacionais mantendo independência operacional do governo e sendo gerido por seus dirigentes que respondem por seus atos, assim como o seu presidente. O banco é supervisionado pelo Ministério das Finanças e sua principal função é captar recursos estrangeiros e os transformar em operações de crédito para as empresas chinesas, inclusive intermediando e gerindo recursos oriundos do Banco Mundial, conforme assinalado pelo CIB (1992)¹⁹. A maior parte dos seus empréstimos se destina à produção de capital fixo de pequenos e médios negócios, principalmente se tais investimentos se destinarem a processo de modernização e ganho de produtividade das empresas. O CIB prioriza investimentos em indústrias leves e têxteis. Em caso de necessidade, o banco também pode financiar outros setores, tais como indústria química, maquinaria, eletrônicos e metalurgia. O banco também se utiliza do seu capital para financiar a aquisição de máquinas e tecnologias que serão internalizadas na China, garantindo um aumento da produtividade das empresas. Os critérios, as taxas e as condições são constantemente atualizadas diante das ondulações do mercado internacional.

    Para que o banco fosse capaz de lidar com os novos cenários econômicos e práticas financeiras, precisou investir pesadamente na informatização e na qualificação do seu quadro dirigente, assim como no processo de concessão de crédito, conforme assinala Chunling (1992)²⁰.

    O setor securitário chinês começa a viver um grande crescimento em conjunto com o crescimento das demais atividades financeiras da China, conforme Yumin (1992)²¹.

    A People Insurance Company of China (PICC) foi criada em 1988 para prover serviços securitários a seguros patrimoniais, seguros pessoais, securitização de operações, seguros de fiança e securitização agrícola. Agindo também como resseguradora, conforme determinação do governo. Participa de espaços acadêmicos de formação internacional do setor securitário, servindo também como resseguradores de grandes operações financeiras de grandes companhias.

    A empresa veio crescendo muito a partir dos anos 1990, participando de processos de seguro e resseguros, como também de processos de securitização com cerca de 90 países no início dos anos 1990.

    No mercado interno opera com todos os tipos de seguros para os mais variados públicos e perfis. A empresa mantinha exclusividade de atuação no território chinês até 1986. A partir da regulamentação do setor de seguros e resseguros, feita por conta do BPC, diversas outras empresas de seguros apareceram no mercado. A PICC também foi responsável pela formação de agentes de seguros em grande número das cooperativas agrícolas e urbanas, segundo relatos da própria PICC (1992)²².

    No mesmo período, podemos destacar a criação de fundos de investimento, tais como o China International Trust and Investment Corporation (CITIC), o China Everbright Groupe Ltd (CEG), o China Venturetech Investment Corporation (CVIC), o Shangai Securitites Exchange e o Shangai Wanguo Securities Company (SWSC). Surge também a primeira instituição de leasing: a China Oriental Leasing Company Limited (COLC).

    Mais reformas viriam a acontecer a partir de 1994, segundo Xuan (1995)²³, as alterações começaram com o Banco Popular da China que passou a exercer o papel de principal instituição financeira do governo e agindo como Banco Central da China. Além de ser responsável pela operação da política das variáveis macroeconômicas e pela política monetária em seu conjunto, a instituição também seria responsável pelo controle, fiscalização e regulamentação de todo o sistema financeiro chinês. Caberia também ao BPC a concessão de créditos especiais para as instituições financeiras públicas, conforme determinação do Ministério das Finanças. Sendo também responsável por produzir estudos e análises sistêmicas para o Ministério das Finanças.

    O BPC também seria responsável pelas reservas internacionais chinesas e o controle dos fluxos financeiros internos e externos em toda a China, e especialmente nas zonas econômicas especiais. Nesta mesma reforma, ficou decidido que o BPC deixaria de operar como banco comercial transferindo essas funções para outras instituições financeiras públicas especializadas, tais como o Banco do Desenvolvimento da China, o Banco do Desenvolvimento da Agricultura e o Banco da Importação e Exportação da China.

    O Banco do Desenvolvimento da China (BDC) passou a operar os financiamentos com maior prazo de interesse do governo chinês, provendo recursos também para obras de infraestrutura e financiando novas estruturas para a transformação tecnológica das indústrias de base chinesas. As especificações mais detalhadas veremos mais à frente.

    O Banco do Desenvolvimento da Agricultura financiaria as atividades no campo, provendo recursos para a manutenção dos estoques de comida governamentais e garantindo recursos para o desenvolvimento das regiões mais pobres do país.

    O Banco da Importação e Exportação da China financiaria a aquisição de tecnologias e de indústrias em larga escala, assim como financiaria as empresas voltadas para o mercado externo. Suas funcionalidades mais específicas serão elencadas mais à frente. Além de serem bancos especializados do governo chinês, passaram também a desempenhar funções cada vez mais comerciais.

    Neste mesmo processo de reforma, o Ministério das Finanças começa a liberalizar a variação das cotações de moeda estrangeira, conforme regras de mercado que veremos a seguir.

    A reforma da questão cambial era uma necessidade premente na China

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