RV - Ao longo dos anos muitos criticaram um certo adormecimento da indústria da cortiça, sobretudo relacionada com os problemas de TCA. Consegue quantificar o investimento que a Amorim empreendeu nos últimos anos para melhorar a qualidade das rolhas disponíveis?
Consigo. Começamos algures pelos anos 2000, em que tivemos uma década de investimento profundo, de muito trabalho de casa, de perceber o fenómeno, as soluções, como conseguiríamos ultrapassar este problema, que era nosso e que tínhamos obrigação de resolver. Conseguimos resolver isso muito com recursos internos, trazendo competências de investigação do exterior, do mundo académico para dentro da nossa empresa, articulando essas competências com centros de investigação fora do grupo, em Portugal e também laboratórios espalhados pelo mundo. Penso que, finalmente, conseguimos superar essa debilidade que já tardava a ser ultrapassada, com muito trabalho e um investimento que deve estar a rondar os 200 milhões de euros só na Amorim, desde 2000 até hoje.
RV - Quem exigiu o avanço tecnológico que hoje assistimos na Amorim. A indústria do vinho ou a competitividade da própria indústria corticeira?
Há uma mudança geracional que estava mais sensível a colher os argumentos expostos pela indústria vitivinícola. E há também um fenómeno exógeno, na medida em que a indústria da cortiça foi ameaçada por produtos alternativos. Portanto, não foi um sinal de visão estratégica ou de muita inteligência, tínhamos que lutar pela sobrevivência da rolha de cortiça e a única forma que tínhamos passava por dar mais fiabilidade e