Um dos maiores dilemas com que se debatem os produtores de Sauternes e Barsac passa por perceber de que forma poderão valorizar os vinhos doces que elaboram. A questão não é de agora. Basta recorrer às páginas do célebre “The World Atlas of Wine”, das lendas Jancis Robinson e Hugh Johnson, para sublinhar o lamento: “Lamentavelmente, os vinhos de Sauternes são subestimados mas incomparáveis, são uma especialidade que encontra escassos rivais. Potencialmente um dos vinhos mais longevos, depende de condições localizadas específicas, de um fungo e de uma técnica enológica incomuns”, escrevem.
Se excetuarmos desta equação o ícone Yquem, pela raridade e qualidade que possuem os vinhos doces destas “appellations” de Bordeaux são genericamente vendidos a baixo preço. Claro que falamos de garrafas habitualmente de 375ml, mas por comparação com os valores tantas vezes inflacionados de alguns dos restantes grandes vinhos de Bordeaux, teremos que concluir que os preços continuam aquém do que se poderia antever.
Acresce que o mercado mundial do vinho move-se permanentemente por tendências e modas, umas mais passageiras do que outras, e nestes tempos que vivemos todos os vinhos doces – incluindo os que são fortificados, o que até não é o caso – debatem-se com uma rejeição acrescida pela generalidade dos consumidores. Tudo o que implique calorias extra sofre rejeição.
A Covid tratou de expor ainda mais a situação e anos madrastos como 2021, de baixíssima produção devido às geadas