Para ver e ouvir
CENTRO DE ESTUDOS VITIVINÍCOLAS DO DÃO
A GUARDIÃ DAS CASTAS ANTIGAS
De todas as 91 castas com que trabalha – excetuando as mais usuais, como as tintas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen e a branca Encruzado – a Uva Cão será aquela cujos estudos estão mais avançados, porque foi a mais desejada.
No histórico Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão – há registos que apontam para a atividade de viveirista e fornecedor de porta-enxertos desde 1958 e até antes disso -, Vanda Pedroso é a guardiã de um vasto património genético que a própria e a sua equipa souberam recuperar e propagar. Engenheira agrónoma de formação e com quatro décadas de trabalho desenvolvido na região, conhece como poucos a história das castas autóctones regionais.
“Se recuarmos ao final do século XIX, encontramos uma relação enorme de castas. Umas que ainda hoje reconhecemos pelo mesmo nome; outras em que conseguimos estabelecer a sinonímia para os nomes atuais; outras ainda para as quais não conseguimos estabelecer relação com as que existem hoje. Era preciso ir para o campo, encontrar essas castas e preservá-las. O problema é que, durante muito tempo, não existiam as condições ideais, pois não basta encontrá-las, é preciso preservá-las – onde preservar esses materiais e com que dinheiro”, resume.
Em 2010, através do Proder, foi possível obter o financiamento necessário e lançar um projeto para a recuperação desse património. “Do ponto de vista da preservação, todo o material que foi prospetado está na Porvid, em Pegões. O trabalho de prospeção feito durante os anos de projeto não ficou concluído, pois não se encontrou tudo aquilo que se queria e continuamos a fazer esse trabalho de campo, mesmo sem o apoio financeiro” para tanto, sublinha.
O objetivo do projeto era, ao longo dos três anos de vigência, “prospetarmos 4.000 genótipos”, resume Vanda Pedroso. O trabalho de campo “foi feito em parcelas de vinha velha que tivessem grande quantidade de castas. Tivemos a facilidade de deteção dessas vinhas porque aqui funcionava o registo central vitícola, através do qual passou a ser feito o seguro vitícola – e como