Para quem não está habituado, o melhor mesmo será preparar-se para uma aproximação cuidadosa. É uma espécie de murro no estômago que passa primeiro pelo nariz. O odor a amoníaco afasta os incautos, com vapores no retronasal que exigem alguma coragem na primeira garfada. E mesmo depois da confeção, o melhor é tomar um banho… pode por isso imaginar-se o nível do odor que circula no ar. Os mais sensíveis deverão abster-se.
Claro que num mundo epicurista onde o prazer e o gosto são suaves, frescos e soft, este prato exige ter tudo no sítio e mais alguma coisa. Mas é uma experiência que marca, como todas as que valem a pena. Sobretudo se feita na praia pelos pescadores da Ericeira, onde nasceu o petisco.
José Sardinha, da Confraria da Caneja d’Infundice, confessa que uma das melhores descrições feita até hoje do prato coloca-o como equivalente a “postas de pescada num urinol do Rossio”.
Isto porque sendo a caneja um peixe cartilagíneo e sem bexiga, acaba por ter a sua carne “contaminada” diretamente pela ureia e ganhar forte odor. Abriu-lhe o apetite?
Mas o estômago dos jagozes (nome que se dá