Asas Abertas: A. B. Simpson: Um Estudo Das Alturas Da Espiritualidade
De A. W. Tozer
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Sobre este e-book
Na preparação deste trabalho, deixamos os sapatos desamarrados, e nos consideramos abençoados por este feito.
A. W. Tozer
The late Dr. A. W. Tozer was well known in evangelical circles both for his long and fruitful editorship of the Alliance Witness as well as his pastorate of one of the largest Alliance churches in the Chicago area. He came to be known as the Prophet of Today because of his penetrating books on the deeper spiritual life.
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Asas Abertas - A. W. Tozer
CrossReach[1]
CONTEÚDO
Introdução
Um: Nasce Uma Criança
Dois: Com O Entortar Do Galho
Três: Da Pata Do Leão
Quatro: Ele Escolhe Pedras Amaciadas
Cinco: Ele Salta Sobre A Parede
Seis: Ele Alimenta As Ovelhas De Seu Pai
Sete: Ele Faz Um Pequeno Voo
Oito: O Modesto Ouve Uma Voz
Nove: O Sonhador Chega
Dez: A Sombra Cai
Onze: Ele Encontra A Fonte Da Juventude
Doze: Pela Nuvem E Pelo Fogo
Treze: Galhos Sobre A Parede
Quatorze: Ele Sai E Retorna
Quinze: Ele Dança Perante A Arca
Dezesseis: De Volta À Terra
Dezessete: Aleluia! Estou Cansada
Dezoito: Por-Do-Sol
Sobre CrossReach Publications
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INTRODUçÃo
Qualquer homem que tenha motivos para esperar (ou temer) que alguém algum dia escreva a história de sua vida faria bem por orar que não caia nas mãos de um inimigo, um discípulo, um rival ou um parente.
De todos os homens, estes são os piores biógrafos. Seus relacionamentos com o assunto os posicionam onde não podem vê-lo como realmente é, então a figura que pintam, por mais interessante que possa ser, nunca é fiel ao original.
Nossos inimigos raramente nos conhecem bem o suficiente para escrever sobre nós. A pessoa que acham que conhecem—e odeiam—não é a pessoa que somos. Por este motivo, um inimigo tende a desenhar uma caricatura, e não uma imagem real. Ele com certeza evidenciará seus preconceitos e animosidades, e casualmente trará à tona pequenas projeções impensadas que não se provam, mas facilmente podem ser vistas de forma errada como espinhos.
Um discípulo normalmente fará um trabalho tão ruim, de um ponto de vista artístico, quanto um inimigo, embora por um motivo totalmente diferente. Ao invés de espinhos ele pode, com a mesma infidelidade aos fatos, escrever como em uma harpa, e os resultados não serão nada melhores no final. Deixe as verrugas,
disse Lincoln quando se sentou para seu retrato, e para o eterno crédito do artista, ele teve a coragem de obedecer. Mas discípulos de verdade nunca veem verrugas, e se uma for apontada para ele, argumentarão que é um detalhe indiferente, causado por uma mancha na foto.
George Washington teve o infortúnio de ser respeitado e amado por todos. Parson Weems atentou para isso. Ele descreveu uma vida de Washington que afixou uma grande lacuna entre ele e todo americano comum daquele dia em diante. O menino bonitinho de bochechas rosadas, a inocente machadinha e o discurso sentencioso que Weems entregou ao mundo nunca poderão excitar verdadeiramente as afeições de homens e mulheres sinceros. Mas me pergunto se as verrugas de Lincoln e seu cabelo desgrenhado não possam ter criado um laço secreto de simpatia entre ele e duas gerações de rapazes americanos. Ninguém quer um herói perfeito demais.
E onde está o homem que pode escrever uma biografia justa de um rival reconhecido? Fazer isso não é da natureza humana. Não importa o empenho na tentativa, não podemos nos forçar a dizer todas as coisas boas que devem ser ditas sobre um homem quando sabemos que cada pena que depositamos em seu chapéu deve ser tirada do nosso. É por isso que é difícil fazer uma avaliação justa de uma figura pública sendo um contemporâneo de seu mesmo campo.
Nossos parentes nos conhecem melhor do que qualquer um, mas mesmo assim não é seguro que sejam nossos biógrafos. Para começar, são suscetíveis à cegueira do orgulho e do afeto (sem mencionar o hábito desconfortável de se referirem a nós por apelidos que desejávamos terem sido esquecidos). A consciência de que alguém de seu próprio sangue e linhagem alcançou eminência age como um bom gole de vinho forte, tornando-os incapazes de fazer um julgamento sóbrio. Por uma lei bem conhecida da mente humana, eles se enaltecem a partir do parente ilustre, então o que temos é bastante ostentação secundária que não chega nem perto da realidade.
O melhor biógrafo vem de um país distante. Ele pode ver o assunto como ele é, e estando livre da desvantagem de uma relação próxima ele irá, se tiver uma quantidade adequada de inteligência e paciência o suficiente para se tornar familiar com os fatos, aproveitar da posição de apresentar uma figura razoavelmente precisa do que vê.
Sentimos que trazemos à tarefa de escrever este relato sobre a vida de Albert B. Simpson, se nada além, um coração compreensivo e uma abordagem mental objetiva. Pertencemos a outra geração, portanto estamos distantes o suficiente do assunto para ter uma perspectiva maior. Não somos e nunca fomos seus discípulos, embora a gratidão comum nos exija que testemunhemos ter sido beneficiados por sua vida e ensinamentos, mais especificamente por suas canções espirituais,
presentes imensuráveis que nos fazem sentir na obrigação de agradecer ao atencioso Deus que o trouxe à Igreja. A meditação sobre seus esforços e trunfos facilmente traz lágrimas aos olhos e nos dispõe à respeitosa oração. De fato, é difícil escrever sem paixão sobre alguém que possui a tremenda atração emocional de A. B. Simpson. O puro peso espiritual do homem nos preenche até estarmos carregados dele e, como Daniel, acabamos assombrados.
Mas apesar de tudo isso, tentaremos manter uma razoável objetividade em nosso tratamento do assunto em questão, como sua vida demanda.
Na preparação deste trabalho, deixamos os sapatos desamarrados, e nos consideramos abençoados por este feito.
CAPÍTULO UM: NASCE UMA CRIANÇA
Os grandes homens do mundo normalmente chegam incógnitos. Emerson era acostumado a, com reverência, por a mão sobre a cabeça de qualquer ouriço que passasse por seu caminho. Quem sabe,
dizia ele, mas posso estar passando a mão na cabeça de um futuro presidente.
Os jovens durões que se juntavam no quintal de Jesse em uma tarde de verão para brincar do antecessor do cavalinho
não teriam empurrado o filho mais jovem de Jesse para lá e para cá com tanta liberdade se tivessem feito a reflexão que os permitisse ver que estavam tomando liberdades com o maior rei que Israel já conheceu. Mas a cegueira possibilitou muitos dias gloriosos de diversão para os garotos da vizinhança, o que também garantiu que Davi tivesse uma infância normal e desinibida. Assim são as obras de Deus quando Ele prepara Seus santos e heróis: Ele os deixa irreconhecíveis pelo mundo até o dia de se mostrarem para Israel.
Praticamente tudo que sabemos das circunstâncias do nascimento do pequeno Albert é quem seus pais eram, e que era um dia muito frio quando ele nasceu. Afinal, ele nasceu em Bayview, Ilha do Príncipe Edward, Canadá, em 15 de dezembro de 1843, e qualquer dia em dezembro é frio na Ilha do Príncipe Edward.
O quarto simples aquecido por um forno onde foi ouvido seu primeiro choro de bebê—aquele som assustador, como nenhum outro na natureza, e sem nenhuma característica humana inerente a ele—foi abafado com a brisa do lado de fora pelo trabalho honesto do pai do bebê, o trabalhador James Simpson, mercador, moleiro e construtor naval.
Jane Simpson, a mãe, ouviu aquele choro e sorriu, e quando disseram que a criança era um menino, ela pode ter chorado um pouco também, mas suas lágrimas eram lágrimas de felicidade, não de tristeza. Seu primeiro filho era um menino, e quando já havia passado tempo o suficiente para ele engatinhar pelo chão e chamar pela mamãe
e pelo papai,
já havia morrido, e a luz se apagou no coração dela, e nem mesmo a presença de seus outros filhos, William Howard e Louisa, puderam trazê-la de volta. Então ela orou que Deus trouxesse outro filho para tomar o lugar daquele que se foi, e sua fé não permitiria que ele fosse nada menos do que um pregador ou missionário, embora, com atenção escocesa, ela tenha feito sua oração bem vaga: se o Senhor permitir, e ele viver para ser visto crescendo, e tiver essa vontade.
Não tinha como ser muito específica com o Deus Todo-Poderoso, mas, afinal, Ele poderia ouvir a sugestão.
E agora, qual deveria ser o nome do novo garoto? Bem, o simples James Simpson olhou sobre seus óculos e, com uma singular falta de imaginação, anunciou silenciosamente que ele deveria ser chamado Albert. James Albert era o nome do garoto que havia falecido, mas Albert era um bom nome, e economizaria esforço mental, então seria Albert. E a obediente esposa concordou, e timidamente sugeriu que um segundo nome fosse adicionado, talvez um bom nome Bíblico como Benjamin, se o pai pensasse bem. Talvez ela não pudesse contar ao marido o porquê—aquele homem bom e quieto que trabalhava todos os dias lia grossos livros sobre o Calvinismo, e tinha uma reputação de grande equilíbrio no temperamento—mas ela se lembrou de Jacó, e guardava com grande estima no coração a esperança de que esse garoto fosse seu Benjamin, o filho de sua mão direita. E assim ficou definido, Albert Benjamin Simpson seria seu nome.
E quando os vizinhos se juntaram para ver o novo rapaz, devem ter tomado nota—com aquela liberdade amigável que nos permitimos em algumas ocasiões—que o nome que soava nobre era muito pesado para um pequeno e doce filhote carregar, e que se vivesse um mês com um nome tão fino como aquele, já estaria criado! E o rosto da mãe preencheu-se de alegria, e até o pai se permitiu um sorriso considerável.
Aqui mesmo podemos ver aquilo que a história tem percorrido grandes distâncias para nos contar; que se você tiver uma boa mãe, não cabe ser muito particular sobre o seu pai; você não pode ter tudo. Dê ao garoto uma mãe superior, e ele dará conta do recado de alguma forma. As mulheres sabem bem disso, embora não digam isso na frente dos homens. Hannah olhou para o chão modestamente e não disse nada, mas procurava pelos seus atributos em Samuel—e os encontrou. E a esposa de Manoah, e a mãe das crianças de Zebedee, e Monica, e Suzanna Wesley; o que todos nos ensinam que não a mesma coisa que todo cientista sabe, que a grandiosidade segue a linhagem materna? Os homens têm vozes impressionantes, parecem sábios, e reivindicam os créditos de todo sinal de inteligência de seus filhos, mas o orgulho masculino leva uma bela surra da biologia.
Não há dúvidas sobre isso, Dr. A. B. Simpson, rapaz e homem, nunca poderá ser explicado sem falarmos de sua mãe, Jane Clark Simpson. Ela deu asas a ele. De uma boa linhagem escocesa ela viera, uma linhagem que podia traçar sua história desde os antigos dias heroicos da grande Escócia, das perseguições, e dos Covenantes e a luta por manter a fé viva após ter sido oferecida. Nervosa e temperamental, com mais do que um toque de romantismo, ela tinha uma alma grande demais para seu pequeno corpo. De mãe para filho, seguindo as leis da vida, seguiu esta grande alma, sensível, poética, amante da beleza, elevada. Pelo milagre da herança, aparecem nele as ambições dela, suas aspirações, sua imaginação ativa. Ela estava acostumada à fineza da alta sociedade, e nunca aceitou a vida monótona de esposa fazendeira canadense. Ela era, sem dúvidas, uma grande esposa e mãe para seu