Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Reconstruindo Charlie: Os Segredos da Família de Charlie
Reconstruindo Charlie: Os Segredos da Família de Charlie
Reconstruindo Charlie: Os Segredos da Família de Charlie
E-book251 páginas3 horas

Reconstruindo Charlie: Os Segredos da Família de Charlie

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Charlie Costigan tem um segredo. A vida em sua casa tem ido de mal ao pior quando ela protege sua mãe de outro repetido ataque de seu pai bêbado. Meia-noite. Roupas jogadas dentro de uma mala velha, ela corre pegar o ônibus com uma carta para tios desconhecidos. “Esta é minha filha. Acolham-na como se ela fosse um dos seus.” Determinada, Charlie começa de novo. Sozinha com seu segredo.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de dez. de 2018
ISBN9781547559732
Reconstruindo Charlie: Os Segredos da Família de Charlie

Relacionado a Reconstruindo Charlie

Ebooks relacionados

Suspense para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Reconstruindo Charlie

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Reconstruindo Charlie - Charmaine Gordon

    Reconstruindo Charlie

    por Charmaine Gordon

    Charlie Costigan tem um segredo. A vida em sua casa tem ido de mal ao pior quando ela protege sua mãe de outro repetido ataque de seu pai bêbado. Meia-noite. Roupas jogadas dentro de uma mala velha, ela corre pegar o ônibus com uma carta para tios desconhecidos. Esta é minha filha. Acolham-na como se ela fosse um dos seus. Determinada, Charlie começa de novo. Sozinha com seu segredo.

    Reconstruindo Charlie

    por Charmaine Gordon

    Copyright Charmaine Gordon 2018

    Publicado por Vanilla Heart Publishing

    Licença de Uso deste Ebook

    Este ebook é licenciado apenas para uso recreativo próprio e não pode ser revendido ou oferecido a outras pessoas. Se gostaria de compartilhar este livro com outra pessoa, favor comprar uma cópia adicional para cada destinatário. Caso esteja lendo este livro e não o tenha comprado, ou não tenha sido comprado apenas para o seu uso individual, favor devolvê-lo e comprar a sua própria cópia. Obrigado por respeitar o trabalho árduo desta autora.

    ––––––––

    Prólogo

    Em 1996, eu matei meu pai.

    O meu velho Pai tinha muita experiência com batidas. Batidas de uísque. Batidas inesperadas, as quais eu logo aprendi a prever, as quais faziam barulho assim que seu cinto tocava nossa pele. Mas alguns de nós conseguiam escapar. Eu não, nem minha Mãe. Nunca minha Mãe. Eu sou a irmã mais velha. Eu não queria que meus irmãozinhos vissem seu amado pai se tornar um monstro no dia do pagamento. Em todo pagamento.

    ––––––––

    Capítulo 1

    Eu ouvi o som alto da televisão antes de abrir a porta. Minha mãe sempre procurava se distrair. Quem sabe dessa vez, ao invés de ficar nos batendo, ele assistisse o Minnesota Twins acabar com o Boston Red Sox. Fizesse escândalo a cada jogo, xingasse os árbitros, gritasse que o estádio Hubert H. Humphrey não era bom o bastante. 1996. Não estava sendo um ano muito bom para os Twins. Nesse dia de pagamento, depois de acompanhar meus irmãos, eu corri para casa a tempo de ficar com minha Mãe.

    A porta da frente bateu tão forte que os pratos do armário chacoalharam. O tesouro de minha Mãe – um ovo de porcelana pintado – rolou até a beira, ficou ali por um segundo e deu um salto mortal até o piso de madeira. O ovinho quebrou com a força de uma bomba. Minha Mãe olhava para os pedaços de uma vida que ela tinha vivido muito tempo atrás. Seu rosto ficou branco, destacando cada sarda, e eu fechei minhas mãos bem forte.

    Ele cambaleou um pouco, agitando uma chave de roda no ar; musculoso por causa dos trabalhos com a britadeira que havia feito para a cidade por toda sua lamentável vida e caindo de bêbado. Flores voaram da mesa com respingos de água e estilhaços de vidro. Xingando, ele foi atrás de minha Mãe. Dessa vez eu estava pronta. Eu arranquei a ferramenta das suas mãos imundas e dei um golpe certeiro. Ele caiu destroçado, não se mexia. Tinha sangue por toda parte no chão limpo da cozinha de minha Mãe. Eu fiquei ali, olhando pro meu pai e pensando em como ia ser difícil para minha Mãe limpar todo aquele sangue, em como ele era o pior pai do mundo, assustando a todos nós, machucando minha Mãe e a mim. Eu respirei muito rápido e quase vomitei. Nós estávamos a salvo agora graças a esse ato horrível com o qual eu não sabia como viveria.

    O grosso cabelo acaju de minha Mãe caía solto do seu coque. Ela estava tão linda se abaixando perto dele, pressionando seu dedo em seu pescoço como se ela fosse uma policial. Na ponta dos pés, ela puxou a corrente do ventilador de teto, trazendo sem querer suas mangas pra trás. Marcas pretas e azuis cobriam seu braço. Eu as contei. Minha Mãe tinha bem mais que eu. Veio uma brisa gostosa. Até que ela limpou minhas impressões digitais da chave de roda e deixou as suas.

    Eu vi minha Mãe se transformar de uma quieta e refinada Liz Costigan a alguém que eu não conhecia.

    - Chega de aparências na minha casa - ela disse. Ela enfiou a mão nas calças dele igual uma trombadinha e achou um punhado de dólares e moedas. Minha Mãe me disse, me dando o dinheiro:

    - Eu acho que ele bebeu o resto do pagamento. Desculpa por não ter mais. Vamos fazer suas malas.

    Ela estava no comando, essa nova mãe, e eu não a questionava. Um vento gelado soprava dentro de mim, minha Mãe me arrastou para o meu quarto. Eu continuei olhando para trás esperando que ele viesse atrás de nós.

    - Alcança a prateleira de cima pra mim, Charlie. Traz a mala pra baixo.

    As mãos de minha Mãe acariciavam uma mala de couro que eu nunca tinha visto.

    - Eu fiz minhas malas e fugi dezesseis anos atrás, – ela disse. – Eu era intensa, indomável.

    - Você já se arrependeu, minha Mãe?

    - Eu tenho você e Jimmy, e minhas menininhas. Toma um banho. Vou estar ocupada agora. - Ela me empurrou até a entrada do banheiro.

    Eu ouvi minha Mãe abrindo e fechando gavetas, sabia que ela estaria muito ocupada para mim por um tempo e engatinhei de volta até aquela bagunça sangrenta para ter certeza de que ele realmente estava morto. Seus olhos pretos tinham se tornado um olhar vazio. Tremendo, eu corri até o banheiro. Mesmo um banho quente não conseguia me esquentar e o sangue não queria sair. As palavras rodavam na minha cabeça. - Sai, sai, mancha maldita. - Eu esfreguei até machucar. Eu mesma, Lady Macbeth.

    Enrolada em uma toalha, eu vi minha Mãe colocar todas as minhas roupas na mala dela. Eu não conseguia me mexer. Ele está morto dentro da casa e ela está fazendo minhas malas. . . pra quê? Minha Mãe ainda pegou um vestido pendurado atrás do closet, dobrou e colocou por cima. O barulho do zíper da mala fechando me trouxe de volta. Eu tirei uma das tábuas do assoalho do closet, peguei meu dinheiro e o escondi numa pochete que eu tinha comprado numa loja de segunda mão. Minha Mãe aprovou com a cabeça.

    - Vista isso, - ela disse, me dando uma calça jeans e uma camiseta de manga comprida. Eu tirei algumas roupas íntimas da mala e vesti. - Pega um corta-vento. Tem ar condicionado no ônibus.

    Tirando um medalhão dourado de uma corrente grande que ela usava em volta do pescoço, ela disse: - Segura seu cabelo, filha.

    Nós ficamos cara a cara, seus olhos castanhos nos meus. Eu ouvi um suave clique quando ela colocou o gancho no fecho em meu pescoço. Ela beijou o medalhão e deixou ele deslizar pra baixo da minha camiseta.

    - O que tem no medalhão, minha Mãe?

    - Duas irmãs, minha querida Charlie. Uma esperta. Uma idiota. - Minha Mãe sorriu o sorriso mais triste que eu já vi. Ela segurou meu rosto em suas mãos. - Sim, eu tenho uma irmã, sua tia Eleanor. Agora escuta bem. Dinheiro e educação. O mais importante. E mais uma coisa, minha preciosa, não deixe os meninos sentirem o seu cheiro. Fique limpa. Isso é uma coisa que eu esqueci de fazer.

    Confusa e com medo, eu não estava acostumada com ela tomando decisões rápidas. Quaisquer decisões.

    - Eu vou chamar a polícia depois que você sair. Foi legítima defesa. Tem anos de registros de abusos nos hospitais. A União vai nos dar apoio financeiro. O seu trabalho é criar uma vida nova. Pegue um ônibus pra Chicago. Minha irmã mora lá.

    Ela pegou uma caixa de uma gaveta da minha mesinha e abriu. Um papel chique de carta, daqueles antigos, com cheiro de flores. Respirando fundo, ela escreveu com sua caligrafia impecável. Eu sempre acreditei que a minha mãe tinha muitos segredos. Finalmente eu tive um gostinho de um deles antes de partir. Não era justo; eu me sentia igual minhas irmãzinhas quando elas batiam o pé com força contra o mundo. Eu não queria ir embora. Ela enfiou duas folhas de papel em um envelope que combinasse e acrescentou um endereço.

    - Não perca isso, Charlie. É o seu passaporte para uma nova vida.

    Eu não conseguia falar. As palavras não saíam da minha garganta. Eu li o nome que minha Mãe tinha escrito. Sra. Stuart Alfred. Eu abri o zíper do bolso lateral da minha mochila e guardei o envelope com cuidado.

    - Não deixa ela te rejeitar. Ela é minha irmã mais velha. Ela odiava seu pai.

    Eu nunca a vi chorar antes, enxugou rapidamente assim que suas lágrimas caíram.

    Estado de pânico ativado. - E se ela não estiver lá?

    - Ela vai estar lá, como sempre. Eu mantive contato com ela. Não sempre. Só o suficiente.

    Tão autoconfiante, essa nova mãe.

    - Charlie, - minha Mãe me olhou nos olhos tão profundamente como se ela estivesse tirando uma foto, - não me ligue. Eu vou ligar pra você quando eu tiver algo a dizer. Agora vai logo. Ainda não tá tarde pra pegar o ônibus.

    Minha Mãe me abraçou e eu corri.

    Quinze anos, viajando sozinha pela primeira vez. A primeira coisa que eu fiz foi ir direto ao banheiro. Poucas pessoas no terminal de ônibus. Uma placa dizia que o ônibus pra Chicago ia partir em meia hora. Meia-noite. Depois de me trancar na cabine, eu contei o dinheiro. Meu dinheiro. Não era muito. Duzentos e vinte e três dólares e quarenta e dois centavos. Passagem de ônibus, lanche, táxi para Lake Shore Drive, fosse onde aquilo fosse. Parecia lindo.

    Eu enfiei meu longo cabelo herdado da minha mãe em um chapéu achatado da loja de segunda mão; tirei o que estava na frente da passagem e da comida quando o ônibus chegou e eu estava pronta. Eu ia jogar essa nova vida como um jogo de xadrez, pensar movimentos à frente. Ok. Quando eu chegasse em Chicago, eu ia colocar o vestido da minha mãe e me limpar para causar uma boa impressão pra Tia Eleanor e pro Tio Stuart.

    Mas e se eles me odiarem e baterem a porta na minha cara? Jamais, criança. Você é fogo puro. Desde o começo da escola, os professores falavam de você quando eles não sabiam que você estava escutando. Esperta, eles diziam. Muito potencial.

    Andando duro, eu cheguei perto do guichê, diminuí o volume da minha voz e pedi uma passagem só de ida pra Chicago. O homem atrás do vidro não olhou pra mim quando disse boa viagem, criança. Uma passagem passou por baixo das grades depois que eu paguei menos do que esperava. Um ônibus expresso. Eu podia estar já limpa no Lake Shore Drive pelas dez da manhã. O motorista avisou que ia dar partida. Eu subi, sentei perto da frente e deixei minhas roupas por perto, fiquei feliz que ninguém tentou sentar perto de mim, a menina durona no segundo banco. Eu comi uma barra de cereal e bebi uma garrafa de leite. Jantar.

    Eu me senti como uma ladra abrindo a carta da minha mãe pra irmã dela, mas eu não consegui resistir. Cuidadosa, muito cuidadosa pra não rasgar o envelope, eu descobri que a minha mãe não tinha passado cola. Ela me conhecia tão bem.

    Querida Eleanor,

    Você já se perguntou sobre as ligações em que ninguém falava e desligava por todos esses anos? Era eu, com vergonha de dizer alô e querendo ouvir sua voz. Dezesseis anos se passaram desde que a sua irmã tonta fugiu. Eu paguei por isso, querida. Eu me arrependo muito de não ter escutado você e o Stuart. E então já era tarde. Eu estava grávida da jovenzinha que está na sua frente e me sentindo muito humilhada pra pedir seu conselho.

    Por favor, acolha-a, Eleanor, e faça dela uma dos seus. Eu não posso cuidar devidamente dessa filha tão prendada e corajosa. Ela é esperta e inteligente como a tia dela, e ambiciosa. Você não vai se desapontar. Eu tentei e consegui ensiná-la tudo o que você me ensinou. Ela é uma aluna melhor do que eu era.

    Meu marido está morto e agora a minha família e eu ficaremos bem. Charlotte é a única da qual eu não consigo dar conta. Nós a chamamos de Charlie e esse nome é perfeito pra ela.

    Envio meu amor pra você e pro Stuart, e espero que possamos nos ver de novo.

    Sua irmã,

    Elizabeth

    Eu dobrei a carta e coloquei de volta no envelope. As manchas de lágrimas eram minhas ou de minha Mãe?

    Eu não era muito de rezar, mas essa parecia uma bora hora para uma oração simples. Fechando meus olhos, eu rezei pra Deus por uma vida decente pra minha família. Quando eu abri meus olhos, uma imagem de meu Pai caído no chão apareceu na minha frente. Tremi muito.

    Olhando dentro da noite, as luzes passando rápidas, eu me perguntei como foi que tudo tinha saído do controle. Não era minha culpa. Um bebê nasce, os pais cuidam. Se eu algum dia fosse uma mãe, era assim que eu faria. Eu ia proteger meus filhos e amar. . .

    Ninguém pra dividir a história. Jamais. Uma estrada solitária adiante cheia de segredos.

    Os meus pensamentos foram para um lugar secreto bem no fundo da minha cabeça onde eu enterrei o que tinha acontecido essa noite.

    Algumas lágrimas escaparam. Eu balancei minha cabeça. Uma imagem melhor apareceu. O plano pra Charlie Costigan. Pra decolar o mais alto que eu pudesse voar.

    Chicago.

    A primeira a descer do ônibus com as minhas roupas, a primeira a procurar a placa do banheiro. Eu me apertei por uma multidão com a intenção de ser a primeira a entrar e a primeira a sair. Assustada e excitada pelos estranhos e pelos barulhos altos que eu nunca tinha ouvido, eu usei cada pedaço da minha força assim como um volante atravessando o campo. Algumas moças me olharam fixo quando eu entrei e riram quando meu chapéu caiu no chão. Meu cabelo estava uma bagunça. Eu balancei minha cabeça bem forte, usei meus dedos pra ajeitá-lo rapidamente e dei uma olhada no espelho. Não estava boa o suficiente para minha Tia e meu Tio.

    Arrastando minhas coisas pra cabine mais próxima, eu tranquei a porta e inspecionei a mala de minha Mãe. Certamente, ela tinha colocado seu pente de pérolas e sua escova favoritos em um bolso lateral, com mais alguns lenços e um desodorante. Eu sussurrei obrigado e comecei. Tirei a calça velha e a camiseta da viagem. Cheirei minhas axilas. Não estava tão ruim. Eu me lavei na pia, deslizei pra dentro do vestido de mangas compridas e escovei meu cabelo sem parar até ele brilhar. Meus tênis não eram da última moda, mas eles eram tudo o que eu tinha. Eu dei uma voltinha. Charlie Costigan, você não parece exatamente a capa da Vogue. Eu olhei de novo. Eu era a imagem de minha Mãe.

    Uma mulher passou por ali e disse: - Vestido legal. Vintage?

    - Ah, sim. Obrigada.

    Como uma lady, eu caminhei até uma cabine de informações na construção gigantesca com ônibus e trens e placas demais.

    - Como eu chego em Lake Shore Drive? -  Eu disse.

    - A melhor opção é pegar um táxi, moça. Ali na frente.

    Eu corri pro calor da manhã de Chicago. Choque de cultura. Prédios enormes. Milhares de pessoas correndo como colônias de formigas perturbadas. Dez da manhã. Seria muito cedo pra bater na porta deles? Uma fila de táxis estava esperando. Eu me apressei como uma caipira, mas eu tinha que ser esperta. Não queria ser passada pra trás pelos motoristas espertinhos da cidade.

    Batendo educadamente na porta do táxi, eu perguntei ao motorista se ele sabia onde ficava o Lake Shore Drive. Quando ele latiu, - Entra aí - eu fui embora. Ninguém ia falar comigo daquele jeito. Eu procurei um rosto amigável e vi um policial, um cara mais velho de uniforme falando com um homem mais novo, roupas sem estampa. Ele tinha aquele olhar. Eu conseguia sentir seu cheiro. Minha Mãe sempre dizia, quando estiver em dúvida, pergunte a um policial. Hora de colocar uma expressão vaga na minha cara, e eu me aproximei.

    - Com licença, - falei com sotaque – eu estou tentando encontrar a minha tia. Ela trabalha em uma casa no Lake Shore Drive e todo mundo aqui é muito antipático. Por acaso tem algum meio de transporte seguro que eu possa usar? - Eu pisquei meus olhos, como minha Mãe fazia, e tentei parecer doce e idiota ao mesmo tempo. Era demais pra mim.

    Eles me olharam de cima a baixo, perceberam meu estado e decidiram ajudar. Chicago —uma cidade maravilhosa. O homem mais novo disse: - Eu moro perto do norte. Posso te dar uma carona. Beba alguma coisa, um chá gelado ou algo assim, e volte aqui. Patrick Donnelly, ao seu dispor, moça. - Ele me deu sua mão. Eu a apertei com cuidado pra não apertar muito forte, florzinha delicada que só eu. Seu amigo assentiu com a cabeça, como se dissesse bom trabalho, Pat.

    - Charlie Costigan, - eu respondi sorrindo.

    Chicago, você consegue ouvir meu nome?

    Eu passei por um quiosque e as bebidas frias já tinham acabado; então, fui no bebedouro.

    Quinze minutos depois, eu sentei perto de um cara de boa aparência em um Ford Taurus escuro, totalmente equipado com coisas de policiais. Nada mal para iniciantes. Ele fez manobras rápidas e suaves pelo tráfego pesado, buzinas ensurdecedoras. Ele não prestou atenção, mas eu sim, e ele virou numa esquina. Pra mim, um mundo se abria pra revelar meu futuro; um lugar ao qual eu traria minha família algum dia. Patrick dirigiu pela rua larga mais bonita que eu já tinha visto. É claro, eu nunca tinha estado em nenhum lugar que fosse fora das duras ruas da cidade que eu queria esquecer, mas isso era algo saído de um sonho.

    Me dando uma olhada, Patrick Donnelly sorriu. - Esta é a chamada Magnificent Mile. Michigan Avenue. Do seu lado direito você pode ver o Art Institute com as estátuas de leão. Todas as lojas famosas estão aqui, de ambos os lados da avenida. Viu a Sears Tower? - Ele apontou pro lado direito. - Lake Michigan fica logo do outro lado de todos os prédios. As praias, o zoológico. Que pena que é tão cedo. Nós poderíamos parar pra beber alguma coisa antes de eu te deixar. - Ele me deu uma olhada de canto de olho. - Ou quem sabe esta noite?

    Eu respondi, - Eu tenho quinze anos.

    A expressão dele estava impassível, embora eu consegui perceber rapidamente uma contração muscular em seu queixo.

    - Me ligue quando você tiver dezoito. - Nós rimos.

    Eu vi uma placa. Lake Shore Drive. De

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1