Traficada: Diário de uma Escrava Sexual (Portuguese Edition)
De Sibel Hodge
4.5/5
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Sobre este e-book
Chamo-me Elena e era um ser humano. Agora sou escrava sexual.
Se estiver a ler este diário, estou morta ou consegui fugir…
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Traficada: Diário de uma Escrava Sexual é um romance curto realista, cativante, que leva às lágrimas, inspirado em testemunhas de vítimas reais e na pesquisa ao submundo do tráfico sexual. Foi classificado como um dos 40 Livros Mais Relevantes Sobre os Direitos Humanos pelos Institutos Acreditados Online.
Estima-se que todos os anos 800.000 pessoas são traficadas por fronteiras internacionais – 80% das quais são mulheres e raparigas. (Fonte: Departamento de Estado Norte-Americano, Relatório sobre o Tráfico de Pessoas: 2007)
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Avaliações de Traficada
10 avaliações4 avaliações
- Nota: 4 de 5 estrelas4/5Uma triste história. Pois a gente ouve muito falar em histórias assim.
- Nota: 4 de 5 estrelas4/5ispirador e é uma história muito fascinante.
- Nota: 3 de 5 estrelas3/5bom
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Há pelo menos vinte anos que ouço histórias tristes como esta, tendo até mesmo por um período trabalhado como voluntário auxiliando mulheres nestas condições tanto no Brasil como na Índia. Quando escrevi o livro Justiça, dediquei uma parte do livro para falar deste problema. Este livro é uma denúncia do tamanho da depravação humana e sua perversidade, somos piores que animais. Este problema é complexo, envolve várias instâncias da sociedade, mas não é impossível de se resolver, basta ter boa vontade. Mas, como no livro, há muita gente grande e autoridades metidas nisto, e por isto nunca acaba. Há algum tempo soube de uma garota de programa que escreveu um livro, que virou filme e ela ficou famosa por contar detalhes da sua vida de prostituta. Diferente da nossa personagem deste livro, a outra era livre e se gloriava em fazer algo tão terrível. Está mulher que escreveu o livro legitimou a prostituição, e na cabeça de muitos homens estas mulheres como a personagem do livro fazem sexo estúpido por prazer e dinheiro. Um livro para nos levar a pensar, repudiar, denunciar e acolher... Recomendo vivamente a leitura!
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Traficada - Sibel Hodge
Traficada: Diário de uma Escrava Sexual
Chamo-me Elena e era um ser humano. Agora sou escrava sexual.
Se estiver a ler este diário, estou morta ou consegui fugir...
Traficada: Diário de uma Escrava Sexual é um romance curto realista, cativante, que leva às lágrimas, inspirado em testemunhas de vítimas reais e na pesquisa ao submundo do tráfico sexual. Foi classificado como um dos 40 Livros Mais Relevantes Sobre os Direitos Humanos pelos Institutos Acreditados Online.
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Traficada: Diário de uma Escrava Sexual
por
Sibel Hodge
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Copyright © Sibel Hodge 2011
Os direitos morais da autora foram assegurados.
Todas as personagens deste livro são fictícias e qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é pura coincidência.
Estima-se que todos os anos 800.000 pessoas são traficadas por fronteiras internacionais – 80% das quais são mulheres e raparigas. (Fonte: Departamento de Estado Norte-Americano, Relatório sobre o Tráfico de Pessoas: 2007)
Dia 1
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Pela primeira vez desde criança que estou perdida. Não faço ideia de onde estou, embora não tenha viajado para longe, por isso devo estar ainda na Moldávia. Lembro-me de, aos quatro anos, me ter perdido num mercado movimentado. A minha mãe voltou-se para regatear uns vegetais com uma feirante e eu deambulei sozinha, seduzida por algo bonito e de cores vivas que vi à distância. Desapareci num mar de pernas e, quando me voltei novamente para procurá-la, não a consegui encontrar. Obviamente que comecei a gritar e a chamar por ela. Quando finalmente voltámos a juntar-nos, abracei-a com força e não queria largá-la nunca mais. Depois disso, segui-a por todo o lado durante semanas para que nunca mais acontecesse o mesmo.
Agora estou perdida e a minha mãe não me pode ajudar. Não há quaisquer choros ou gritos que me tirem daqui. Já tentei.
Estou ciente do que se passa. Já ouvi as histórias das aldeias próximas, mas nunca pensei que pudesse acontecer comigo. Nunca pensamos, não é?
Confiança. É uma pequena palavra que pode ter um efeito tão grande na nossa vida.
Confiei na minha melhor amiga quando esta me contou que o namorado nos podia arranjar um emprego num casino na Itália. Não tinha qualquer motivo para duvidar dela. Somos amigas desde que aprendemos a falar. Durante este tempo todo, nunca pensei que me traísse. Será que sou ingénua ou serei simplesmente parva? Tenho a sensação de que irei fazer esta pergunta muitas vezes durante os próximos dias.
Não há mais nada a fazer de momento senão sentar-me e pensar numa maneira de sair daqui. Mas, de algum modo, receio que seja impossível. Decidi manter este diário caso nunca mais saia. Está escondido na minha mochila, num espaço por baixo do forro, na base. Se eles o encontrarem estarei num grande sarilho. Talvez escrevê-lo me impeça de enlouquecer e, oxalá, a minha família acabe por saber o que me aconteceu.
Consigo ver a cara enrugada da minha mãe e o sorriso desdentado da minha filha Liliana. A Liliana tem quatro anos e é a minha vida. Preciso de sobreviver por ela, mas disseram-me que, se tentasse escapar, a matariam - a ela e à minha mãe. Vi o ódio gélido nos seus olhos enquanto me descreviam detalhadamente o que lhes faria, e sei que não hesitariam em cumprir as suas ameaças.
Devia explicar como me prenderam neste pequeno quarto algures a Moldávia, porque preciso que saibam que nada disto é culpa minha.
Tenho vinte e dois anos e vivo numa aldeia pobre. A maioria das pessoas vive de parcos recursos – talvez com menos de um dólar por dia. A Moldávia tem uma taxa muito elevada de desemprego e dizem que é um dos países mais pobres da Europa. Houve pessoas na nossa aldeia que venderam os rins no mercado negro só para conseguirem comprar comida. Conseguem ganhar cerca de $500 por um rim. Podem fazer as contas para verem a fortuna que é. Gostava de saber qual será o valor para uma escrava sexual.
Houve também quem tivesse vendido os filhos aos gangues de traficantes de escravos. Soube de uma senhora que perdeu o marido, tinha sete filhos e já não conseguia alimentá-los, por isso vendeu três das filhas à mafia do sexo. Sempre tive curiosidade em saber o que aconteceu às suas filhas. Talvez estejam aqui, neste lugar, e eu as voltarei a ver.
Como pôde ela fazer isto às próprias filhas? As filhas estariam melhor mortas do que a sofrer as coisas que têm que aguentar. Se estiverem vivas, estão, com certeza, num inferno. Penso da cara inocente da Liliana, do modo como se aconchega a mim para que lhe conte uma história. Ela confia em mim. Como poderia eu colocá-la em perigo? Para salvar os meus outros filhos? Será essa razão suficiente?
Natália, a minha chamada melhor amiga, contou-me que o namorado Andrei tinha conhecimento de uns empregos num casino em Itália, onde os salários rondavam os €500 por mês. Por