Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Amber
Amber
Amber
E-book98 páginas1 hora

Amber

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Ao se apaixonar por Ian - uma pessoa problemática - Clarice se vê entre esse amor não correspondido e suas amizades, tendo que optar por uma única opção.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de set. de 2015
Amber

Relacionado a Amber

Ebooks relacionados

Artes Cênicas para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Amber

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Amber - Flávia Bertelli

    1

    Meus pensamentos foram interrompidos quando vejo o garoto ruivo devolver o livro horizontalmente para a prateleira já desorganizada. Minha consciência implorou para que eu arrumasse os livros daquela sessão. Esperei ele se virar e sair pelas grandes portas de mogno esculpido da biblioteca e fui decidida até o livro, encaixei-o entre alguns outros, mas não antes de notar que era um livro de poesias.

    Um ruivo que lê poesias, pensei.

    Voltei ao meu livro didático de inglês, dizendo a mim mesma que por hora meu dever estava cumprido. Fiquei mais alguns minutos estudando com dedicação – mesmo muito cansada – e então me rendi. Decidi ir para casa.

    Onde você estava, mocinha? – perguntou ela.

    Fui até a geladeira e me servi de um pouco de água gelada. Vim caminhando da biblioteca até minha casa, estava suando e sedenta por qualquer líquido a disposição.

    Fui à biblioteca. – respondi, após alguns goles.

    Pra quê?

    Minha mãe era um pouco desconfiada de tudo. Mas acho que isso é bom, demonstrava que se preocupava comigo. Ela era a melhor mãe do mundo. Cozinhava, trabalhava, cuida de mim e de si mesma. Era um exemplo que eu poderia seguir.

    Queria estudar um pouco mais, já que não posso praticar ainda.

    Mas você já fez três anos de curso, não consigo entender... – disse ela, soltando o coque feito de seu cabelo longo e escuro.

    Esse curso não acaba mãe. Sempre temos mais coisas a aprender, mas preferimos parar quando eu acabei o ensino médio, se lembra? Vou aprender muito mais em menos tempo daqui alguns meses. Vai se orgulhar de mim. – respondi.

    Ela consentiu com a cabeça, fui até ela e beijei seu rosto. Subi para o quarto e liguei meu computador. Vi na caixa de entrada de emails um recebido a alguns minutos, de Bonnie – minha amiga de infância.

    Ela dizia que estava se mudando para a capital e lamentou não poder se despedir, pois tudo foi muito repentino, mas prometia manter contato mesmo que somente por email.

    As lágrimas se derramaram facilmente sobre meu rosto. Bonnie era para mim uma irmã. Nos conhecemos aos onze anos e seguimos amigas desde então.

    Durante o jantar, pensei somente nela. Pois naquela mesma mesa, fizemos bolos de chocolate, jogamos xadrez e dividimos pizzas. Senti-me muito sozinha, como se realmente faltasse um pedaço de mim.

    Mãe, eu recebi um email da Bonnie.

    Ela está bem? Geralmente ela vem aqui em casa para falar com você, aconteceu alguma coisa? – perguntou ela.

    Ela se mudou para a capital ontem, foi muito repentino.

    Sei o quanto ela é importante para você, mas não quero te ver assim... O que acha de visitá-la no próximo feriado?

    Consenti com a cabeça e recolhi meu prato da mesa. Subi para meu quarto e respondi o email dela.

    De: Clarice Henrich

    Assunto: Já sinto sua falta

    Data: 11 de Fevereiro de 2013, 22h17min

    Para: Bonnie R. Parker

    Querida Bonnie,

    Imagino que já está com tantas saudades de mim quanto eu estou de você. E agora, com quem comerei pizza aos sábados? Diga-me seu endereço, para que eu possa visitá-la no próximo feriado.

    Att. Clarice

    Fechei o notebook e me deitei. Tive uma noite de sono tranqüila e acordei às oito da manhã com o aroma de café fresco vindo da cozinha.

    Levanto-me e vou abraçá-la, como todos os dias.

    Bom dia... – disse a ela, sorrindo.

    Ela me beijou na testa, pegou a xícara de café e foi para o quarto.

    Entrei no banheiro e lavei o rosto, novamente me decepcionando com a imagem que vejo. Sempre acordo com olheiras enormes, mesmo dormindo bem. Minha tia Samantha dizia que é de família, e o pior é que ela tem razão.

    Então dei início ao ritual de todos os dias, para esconder minha pele e domar meu cabelo num rabo de cavalo alto. Já me disseram que pareço mais organizada quando estou com o cabelo preso – ainda bem que essas pessoas não podem ler meus pensamentos.

    Calcei meus tênis esportivos e meu moletom azul céu. Estava pronta para começar o dia. Como pretendia trabalhar no exterior, enquanto a data da viagem não chegava, arrecadava dinheiro passeando com os cães da vizinhança.

    A primeira vítima era Peter, um poodle francês muito dócil. Sua dona, a Sra. Gibs, era uma idosa lá pelos seus setenta anos e não podia passear com ele por já ter uma saúde debilitada. Então levei Peter para dar uma volta no bairro que, aliás, é um dos bairros mais tranqüilos da cidade.

    Na terça-feira, após deixar o pastor alemão Bobbie nas mãos de sua dona, fui até a uma cafeteria não muito distante do condomínio. Fui atendida por um jovem que aparentava a mesma idade que eu, muito simpático, aliás.

    Um cappuccino, por favor. – disse eu, colocando a franja atrás da orelha.

    Enquanto espero meu pedido, olho para as mesas à minha volta.

    Ele vestia moletom e calças largas, com o par de olhos verdes muito energéticos e familiares. Era o ruivo que vi antes na biblioteca. Estava com olheiras enormes, tão péssimas quanto as minhas. Aparentava não ter dormido bem e uma pontada de preocupação me atingiu, mas logo passou quando percebi meu cappuccino já no balcão de mármore à minha frente.

    Por um instante, pensei em ir me sentar na mesma mesa que ele, esquecendo-me completamente de que não fomos devidamente apresentados. Deixei essa ideia para lá, tomei meu cappuccino e, ao passar por sua mesa indo em direção às portas de vidro, lancei um olhar a ele.

    Ele me ignorou.

    Isso já era esperado, pensei, descendo à rua ensolarada pelo sol da tarde. Cheguei a casa e meti-me num banho frio, na esperança de esquecer o inesperado encontro de minutos atrás.

    Pensava naqueles olhos e sinto um arrepio singelo correr todo o meu corpo, como a brisa da manhã que balança as folhas das arvores.

    Sem fome alguma e sem conseguir tirá-lo da cabeça, me peguei sentada na cama, olhando para a franja caída sobre meus olhos, pensando em como seria quando finalmente nos falássemos. Com certeza eu estragaria tudo, falando de mais como sempre.

    Após algumas poucas horas de sono, calcei meu par de all stars, vesti minha jaqueta velha e prendi meu cabelo castanho medíocre num rabo de cavalo alto. Saí sem ao menos falar com minha mãe e ainda na calçada à frente da casa, coloquei os fones do Ipod nas orelhas.

    Parece que finalmente não penso mais nele, o que é bom.

    Não na esperança de encontrá-lo novamente – por mais incrível que pareça negar isso – resolvi passar

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1