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Perdão como remédio para todos os males
Perdão como remédio para todos os males
Perdão como remédio para todos os males
E-book191 páginas2 horas

Perdão como remédio para todos os males

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Sobre este e-book

Nesta jornada a qual chamamos de vida seguimos o círculo das reencarnações. Através das sucessivas passagens pela matéria, aos poucos vamos nos despojando de nossas imperfeições. Tereza sentiu na pele o peso de suas faltas e viveu cada uma de suas futuras reencarnações a fim de resgatar suas dívidas do passado, até o dia em que se tornou Lúcia e foi capaz de amar alguém além de si própria. Encontrando abrigo na prática do trabalho na seara do amor, fez dele o seu porto seguro, dando início a uma nova fase da sua existência. Com a permissão divina e da espiritualidade maior, Lúcia volta ao seu passado e o traz ao seu presente, mudando o rumo de sua própria história, transformando-o no seu futuro. Encontrando forças e amparo na ajuda que recebeu de sua família espiritual, buscou o resgate de um amor perdido no tempo movida por um dos sentimentos mais nobres do amor: o perdão. Mas, para viver tudo isso, Lúcia sabia dos riscos que correria e acreditou, até no último suspiro de esperança que existia, que poderia ajudar na transformação da existência daquele a quem tanto amava, possibilitando-lhe a sua última chance de despertar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de ago. de 2016
ISBN9788583383147
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    Perdão como remédio para todos os males - Sabrina Medeiros

    ciclo

    — Capítulo 1 —

    Lúcia volta no tempo e conta a sua história...

    Lembro-me daquela vida como se fosse hoje – diz Lúcia –, pois conforme as leis naturais, a reação de minhas escolhas acompanhou-me por mais de mil anos. Tereza, era assim que me chamava, e custo a acreditar em tudo que vivi e fui capaz de ser e fazer em uma época de vida dura e desigual, em que não estávamos preparados para entender a nossa verdadeira essência e condição neste mundo. Um teste que precisei viver e fui reprovada, perdendo a oportunidade que recebi de evoluir moralmente.

    Minha mãe era uma mulher de poucas palavras. Endurecida pelas vicissitudes da vida, nos criou sem maiores gestos de afeição. Nossa relação era baseada no medo e a partir das ordens que nos dava. Sempre esperei que me abraçasse ou demonstrasse algum tipo de amor materno, mas isso nunca aconteceu.

    Ensinou a mim, como filha mais velha, a cuidar dos pequenos e ajudar nas tarefas domésticas e, mais tarde, a fazer os deveres que eram de sua responsabilidade na fazenda em que vivíamos.

    Nossa relação foi sempre distante, pois a maternidade lhe dava muitos afazeres e rotinas que precisava manter para o nosso próprio sustento.

    Já meu pai era trabalhador braçal e os filhos, na sua mentalidade, sendo homens, deviam ajudar o pai na lida, e a mulher servi-los na volta para casa do trabalho. Considerando que nesse tempo estávamos todos vivendo um período de grande preconceito, um dos pontos fortes era em relação às mulheres e aos negros.

    Quando eu tinha 12 anos de idade minha mãe que já não se encontrava muito bem há algum tempo; doente, veio a desencarnar. Foi um momento difícil para todos nós, pois a amávamos acima de qualquer uma de suas atitudes. Meu pai ficou sem saber o que fazer, visto que a vida, como ele próprio dizia, havia lhe deixado com 13 filhos para criar.

    No início, entregou-se à tristeza, mas conforme foi se recuperando, organizou as coisas para que pudesse trabalhar e nos sustentar.

    Foi então que ele ordenou que eu deveria ajudá-lo, sendo a responsável pela criação dos meus irmãos, cuidando da rotina da família, assim como minha mãe fazia.

    Essa nova condição me fazia sentir-me injustiçada pela vida que tinha e por vezes acreditei ter herdado a negação de minha mãe em relação à bondade de Deus.

    Olhava para aquelas crianças e tinha vontade de fugir, não sentia compaixão e até cheguei a planejar minha fuga daquele lugar, mentalmente, por várias vezes. Mas desistia por medo, pois naquela época uma mulher sozinha não teria nenhuma chance fora do lar.

    Sofria a infância perdida silenciosamente, tinha sonhos que acreditava nunca poder realizar e, no fundo do meu ser, a amargura tomava conta de mim. Revoltava-me com a ideia de ter perdido minha mãe tão cedo e Deus ter me dado uma vida tão ingrata, como eu a considerava. Sonhava com a vida adulta e a possibilidade de libertar-me daquela situação e não entendia por que tinha que ser assim, muito menos o que tinha feito para viver tendo tantas responsabilidades.

    O tempo passou e senti cada dia como uma tortura, um castigo. Meus irmãos também foram obrigados a amadurecer muito cedo e sentiam falta de algo que naquele momento de minha existência não era possível que eu lhes desse.

    Meus irmãos foram crescendo e, como a mais velha, também me tornei uma mulher. Sentia, no fundo do meu ser, ódio pelo tempo que considerava perdido em minha vida e as acusações eram constantes no ciclo familiar.

    Apesar do pouco tempo que tinha para me cuidar, era muito bonita e os traços de minha mãe e a aparência jovial me ressaltavam mais ainda. Sabendo disso, já estava aprendendo a usar ao meu favor e sonhava com o momento em que sairia daquele lugar para uma nova vida.

    O tempo foi passando e meu pai, com a idade avançando, ficou menos intransigente e, aos poucos, foi perdendo a autoridade que exercia sobre mim. Dessa que fui me libertando e desliguei-me do medo e da obediência que sentia por ele. Não cumprindo suas ordens, saía de casa sem dar-lhe maiores explicações.

    Encontrava-me sempre com Adriana, amiga de infância que me ajudava a ver as oportunidades que poderia vir a ter como ninguém, induzindo-me a levar a vida que ela havia escolhido por acreditar que não havia outra opção para viver se não esta.

    Apesar de gostar muito dela, não a considerava feliz e não queria de jeito algum ter o mesmo destino que minha amiga, já que sonhava com muito mais e faria o possível para obter a vida que sempre sonhei.

    Foi na busca de realizar meus sonhos, em mais um dia de passeio pela cidade, que era como chamávamos os lugares que eram mais povoados e com comércio local naquele tempo, que conheci Alberto, através de minha amiga Adriana.

    Nós logo nos envolvemos emocionalmente. Não tinha por ele uma grande afeição, mas acreditei que aquele homem que entrara na minha vida seria a porta aberta para minha salvação.

    Nos encontramos muitas outras vezes e o levei para que minha família o conhecesse. Meu pai foi contra nossa relação, pois não sabíamos nada sobre Alberto, o qual poderia se tratar de uma pessoa mal-intencionada. Mas eu confiava em Adriana e o fato é que não levei em conta as suas preocupações de meu pai ao meu respeito, pois ele só deveria estar dizendo aquilo para me convencer a ficar e facilitar a vida de todos, como sempre foi, ou eu acreditava que era.

    Com a pressa que tinha de sair daquele lugar, o casamento por interesses não tardou a acontecer. Meu pai, Abelardo, teve que aceitar, mesmo contra a sua vontade. Casada, enfim, sinto-me liberta para uma nova caminhada e acredito que minha vida irá mudar para melhor. Com trabalho arrumado por meu pai, Alberto e eu vamos morar na fazenda vizinha, onde o ele assume os cuidados e as tarefas do local.

    Logo nos primeiros anos de nossa união, tenho meus dois filhos e experimento a alegria de ser mãe, mas de uma forma egocêntrica, já que não suporto a responsabilidade que a maternidade acarreta.

    Alberto, no início de nossa relação, mostra-se calmo, tranquilo e não reclama de nada, assim acredito que, afinal, sou dona de mim. Nossa vida segue sem maiores desatinos e emoções e, ao passar dos anos, nós dois já mostramos uma insatisfação com a vida que levamos. Como consequência disso, nossos defeitos não tardam a aparecer.

    Percebo, então, que Alberto vai se mostrando, tornando-se outra pessoa, muito diferente daquela que conheci, entregando-se ao vício do álcool com a desculpa de que é a nossa condição financeira que o deixa assim.

    Vivemos, naquele tempo, repetitivos conflitos e as brigas fazem parte do cotidiano do nosso lar, verbal e até fisicamente.

    Minha liberdade tão sonhada se torna um grande pesadelo e percebo que de fato ela nunca existiu, apenas deu uma brecha para se tornar pior, pois agora não tenho mais meu pai para me proteger e preciso, pela primeira vez de verdade, me virar sozinha.

    Recordo-me das vezes em que meu pai chegou em casa cansado do trabalho e me agradeceu por estar lhe ajudando, e sinto um remorso muito grande por não ter lhe retribuído nem sequer com um sorriso.

    Alberto, por sua vez, demonstra um comportamento obsessivo e começa a vigiar meus passos. Cobra-me por coisas que não fiz, torturando-me dia após dia.

    Sempre bêbado, parece me odiar, cobrando um amor que não tenho para lhe dar e mutuamente retribuo desejando que ele morra, odiando-o com a mesma intensidade.

    Já os nossos filhos, mesmo pequenos, assistem a tudo e, do meu jeito, amo-os, cumprindo meu papel de mãe, protegendo-os a cada noite de bebedeira.

    Acreditei, naquela época, não ter o que fazer para mudar minha vida, pois nesse período de minha evolução a mulher não sobreviveria fora do lar. Também não seria bem-vista com dois filhos nos braços. Não poderia arriscar, ou as coisas se tornariam piores para todos nós.

    Nas vezes em que Alberto demonstrou arrependimento, não o perdoei, dizendo a ele que se era obrigada àquela relação, seria dessa forma, demonstrando minha indiferença.

    Alberto ficava transtornado e saía de casa como um furacão. Quando isso acontecia, sentia-me aliviada por longo tempo. Mas, após refletir, me questionava e não entendia por que não conseguíamos ficar juntos sem brigarmos.

    Assim, ocorreram diversos desentendimentos, pelos mais variados motivos. Meus filhos assistiam a tudo e já demonstravam estar acostumados com aquela triste situação e realidade em que eram obrigados a viver.

    No trabalho e no relacionamento com os amigos, Alberto era muito calmo. Seu comportamento violento destinava-se somente à nossa casa. Já que fora do ciclo familiar era gentil com todos, isso me impossibilitava de fazer qualquer crítica a seu respeito.

    A fé religiosa, que podia ser o remédio para as nossas dores, nem sequer era lembrada. Íamos à igreja de vez em quando para manter uma cultura social e quando voltávamos para casa nem lembrávamos mais dos ensinamentos ouvidos.

    E a história segue, pois em uma madrugada fria de inverno, Alberto acorda-me dizendo que sentia fortes dores no estômago e que não suportaria esperar o dia clarear. No primeiro momento, o questiono se não foi porque bebeu demais, mas logo percebo que a situação é séria e saio correndo para pedir ajuda.

    No caminho até a casa de seu Ernesto, dono da fazenda em que morávamos, encontro Tobias, negro que trabalha na casa de nossos patrões, e peço então para que ele os acorde, avisando do ocorrido.

    Logo dona Olívia e seu Ernesto chegam e corremos para minha casa, sem nos apegarmos em maiores explicações. Entro na frente deles apressadamente e encontro Alberto agonizando, sentindo muitas dores. Ele diz que não aguentará mais. Seu Ernesto tenta tranquilizá-lo, confirmando que o médico já foi chamado e não tardará a chegar.

    Tobias também está conosco e logo recebe a ordem de esperar o médico, mostrando-lhe o caminho até a nossa casa.

    Dessa forma, ele sai rapidamente e se posiciona a esperar na entrada da fazenda. Alberto perde os sentidos e não ouvimos mais seus gemidos. Então fitamos os olhos uns nos outros e não temos coragem de ir ver o motivo do seu repentino silêncio.

    Quando Tobias chega com o médico, este segue rapidamente para o quarto para vê-lo e nós aguardamos do lado de fora. Mas, no fundo, todos já imaginávamos o que havia ocorrido.

    A resposta não tarda a acontecer e a confirmação da morte de Alberto é dada sem maiores rodeios.

    A sensação nesse momento é de um vazio profundo, a certeza de uma escolha malfeita por nós dois e um final tão triste que não terá mais como ser reparado.

    Prestamos a Alberto a sua última homenagem e meus filhos ainda pequenos não entendiam direito o que havia acontecido. Meu pai convidou-me para voltar para casa e me comprometi a pensar sobre o assunto com mais calma, dando-lhe uma resposta posteriormente.

    Os dias passam e não sei ainda o que fazer, e muito menos do que viver, já que para ter como sustentar meus filhos não terei outra opção senão voltar a viver com meus familiares.

    Porém, para minha surpresa, percebo que alguém se aproxima do meu portão e não acredito no que vejo. É seu Ernesto, que nunca havia nos visitado, a não ser no momento em que Alberto passou mal e veio a desencarnar.

    Fico curiosa para saber o que ele quer, pois nunca manteve nenhum relacionamento com os seus funcionários, e muito menos com os negros daquela fazenda.

    – Seu Ernesto! – digo a ele surpresa.

    – Como vai, Tereza, mais calma com o ocorrido? – Ernesto pergunta.

    – Sim – digo –, a vida anda para frente, seu Ernesto, não é mesmo?

    – Certamente – responde ele –, que bom que penses assim. Gostaria de saber se tomou alguma decisão quanto ao fato de voltar a viver na casa de teu pai. És jovem e acredito que não queiras regredir no tempo.

    Envaidecida, gosto do que ele me diz.

    – É, tens razão, seu Ernesto, não suporto a ideia de voltar. Sou jovem e não mereço essa sorte. Mas, diga-me, que outra chance teria se não esta?

    – Vim te fazer um convite, Tereza! – disse-me Ernesto. Olívia está cada dia mais debilitada e preciso que alguém a ajude a organizar a rotina da casa com os criados, então pensei em ti. Mas, para isso, terás que morar lá. Há um quarto desocupado e acredito que conseguirás te ajeitar bem com os teus dois filhos.

    Demonstro rapidamente minha satisfação com a proposta e, na minha ignorância moral e intelectual, acreditando que serei alguém de muita importância naquela casa, digo:

    – Aceito, sim, será uma honra, ajudarei dona Olívia e ela não terá do que se queixar de mim, seu Ernesto.

    – Combinado, então, Tereza. Arrume tuas coisas e não perca tempo, estamos esperando. Quanto aos teus filhos, combinaremos as regras depois.

    Seu Ernesto vai embora e mal posso esperar para estar naquela casa grande, bonita, acreditando que seria uma grande oportunidade e enfim a vida começava a tomar um novo rumo.

    Os dias passam e já me sinto recuperada do acontecido e organizo tudo para mudar-me para casa de dona Olívia. Ela, por sua vez, recebe a mim e aos meus filhos com todo o carinho e respeito por nossa situação, colocando-me a par do trabalho e demonstrando confiar em mim para desempenhar a função.

    – Tereza, minha filha, quero que se sinta em casa e não deixe faltar nada para os teus meninos.

    – Obrigada, dona Olívia. A senhora é muito gentil.

    – Somente peço que não os deixe circular pela casa e os mantenha aqui nestas dependências dos fundos para não incomodar Ernesto.

    – Sim, senhora, eles são calmos e não irão causar nenhum problema.

    – Há outra coisa delicada que preciso lhe falar, Tereza, vou ser muito direta contigo. Sou casada com Ernesto há mais de quarenta anos e sei o marido que tenho. Ele já me deu muito trabalho envolvendo-se com as criadas. Portanto, não lhe dê abertura. Sou capaz de perdoar tudo, menos isso.

    – O que pensas de mim, dona Olívia? Jamais faria isso!

    – Não se ofenda, por favor, Tereza, só estou sendo honesta. Ele

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