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Paixão Eclipse
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E-book256 páginas4 horas

Paixão Eclipse

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Sobre este e-book

Eu me apaixonei por aquilo que eu inventei de você...

Yoki era uma mulher atraente, independente e apaixonada pelo seu trabalho. Aos 36 anos ela sentia que ainda não estava realizada e que necessitava de algo desafiador, foi quando decidiu abrir seu coração para viver uma paixão em 4D. Ela estava em busca de algo que a fizesse sentir que ainda era uma mulher exuberante e com a vida toda pela frente; queria se sentir viva.

Então decidiu viver a história de amor perfeita e se envolveu em uma paixão avassaladora – e fulminante. Porém o que ela não sabia eram as consequências que essa paixão traria para sua vida e para os seus ideais...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de set. de 2018
ISBN9788547311032
Paixão Eclipse

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    Pré-visualização do livro

    Paixão Eclipse - Egladja Alonso

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço infinitamente a Deus, em primeiro lugar; e a todos meus amigos, especialmente aqueles que me ajudaram com opiniões e inspirações para este livro: Osman Duque Gomez, Jussara de Carvalho Horber, escritora Elane de Queiroz, coach Rita Pires, lvan Rodrigues de Jesus, Cintia Lima. Também quero ressaltar a ajuda de amigos que direta ou indiretamente contribuíram para que essa história se tornasse realidade: Flor Kung, Cris Fehr, especialmente Willian Barbosa – que fez parte da inspiração final desta obra –, minha estilista Jilvanete Buhler, meus filhos Andressa e Andrew, Productions Bruna Aeppli, minha amiga do coração Maja Nikolic, Vanda Sidronio e Antônio Pinheiro.

    APRESENTAÇÃO

    Se foi paixão ou loucura, isso agora eu não saberia responder. Só sei dizer que ela sentiu um turbilhão de sentimentos que a fez vibrar, chorar, cantar, gritar, sorrir e viver... Viver, sim uma linda história de amor!

    Teve o privilégio de sentir a complexidade de viver a magnitude da paixão. Paixão essa considerada uma grande loucura! Porém quem nunca viveu uma grande loucura, uma grande paixão? Quem viveu sabe muito bem que esses sentimentos podem trazer boas e más recordações. É como viver por um tempo desconectado da realidade, absorvendo novas emoções, quebrando regras, e quando você se dá conta, se sente apaixonado pela Lua, sentindo o Sol, abraçando as árvores, e percebe então que a paixão é um sentimento capaz de tirar a sua razão, é um mistério inexplicável. Mas, ao mesmo tempo, privilegiado é quem já provou tamanho sentimento.

    Yoki viveu uma grande história de amor consciente, amor Xamã. Ela se encantou pelo seu modo de caminhar, seu sorriso faceiro, seu bom humor e o seu jeito único de ser. Cada vez que os seus olhos se encontravam, ela sentia borboletas na barriga e um frio percorrer a sua espinha. As mãos umedeciam ao mesmo tempo em que se sentia dominada pelo desejo causado pela fúria de hormônios que percorria todo o seu corpo. Estava definitivamente alimentada pelo elixir da paixão. Mesmo consciente do perigo que estava correndo, o seu cérebro despertava para o novo, e o alarme da razão já não importava.

    Yoki queria provar esses sentimentos, antes desconhecidos para ela. Ela não sabia explicar o porquê, mas a verdade é que estava inebriada e queria viver esse sentimento, mesmo que depois a solidão batesse à sua porta. Ela queria provar dessa fonte, estava sedenta. Queria provar a euforia das emoções mais intensas, sentir tudo o que fosse possível e viver a plenitude desse sentimento que tomava conta de todo o seu ser.

    PREFÁCIO

    Em uma mistura entre realidade e fantasias, a autora descreve uma intrigante história de amor e paixão.

    Uma característica marcante é a riqueza de detalhes com que a trama é descrita, nos envolvendo e convidando a fazer parte do enredo de tal maneira que nos tornamos personagens silenciosos, que participam de toda a história como observadores.

    A narrativa tem como protagonista Yoki, uma mulher cheia de vida, extremamente dinâmica, apaixonada por música e salsa, e organizada a ponto de ter o seu futuro todo planejado, mas que é surpreendida por uma paixão avassaladora que a coloca em uma complexa situação tendo que decidir entre a razão e o desejo.

    Um conflito interno se instaura quando a personagem se vê encurralada pelos seus princípios e valores, no difícil dilema entre manter sua vida de forma estável e segura ao lado do seu companheiro ou se entregar completamente ao que lhe parece uma aventura, ao sedutor Xamã, e viver um grande amor, daqueles capazes de tirá-la do eixo, fazendo-a ignorar todos os riscos e incertezas.

    Mesmo dividida entre a explosão de sentimentos e a sensibilidade moral, ela decide dançar a música que o destinou lhe tocou, se entregar a essa paixão, experimentar o tão sonhado amor, que por tempo havia guardado em seu coração, e viver momentos inusitados e inesquecíveis ao lado de Xamã, o amante perfeito. Momentos esses em que ela consegue se livrar de todas as prisões, se permitir à intensidade das chamas que ardem em seu corpo com muita sensualidade e romantismo.

    Emoção ou razão, quando o assunto é amor, qual dos dois deve ser o responsável por conduzir as nossas escolhas? Yoki se permitiu viver o amor, mas a sua escolha lhe trouxe muitos sofrimentos, já que ela não o fez por inteiro, optando por permanecer em uma vida dupla, por medo de perder a sua identidade, de viver de forma diferente do que havia projetado, de se ausentar de si mesma.

    Excesso de romance, de fantasia, de razão, de amor, de dor, excesso de tudo. Mas em uma época de mau uso das mídias sociais, afastamento do outro e de amores limitados, é preciso relembrar o amor que nos tira o sono e nos faz perder o ar.

    Rita Pires Soares

    Master Coach e Administradora

    Capítulo 1

    O XAMÃ E YOKI

    Egito Sharm El-Sheikh, 38°C, em 15/10, exatamente às 11h59min.

    O dia de sol era perfeito, faltavam apenas três dias para retornar à minha casa, pois vim para esse país para terminar meu segundo livro, um romance intitulado Inaiê. E assim, tendo cumprido a missão, estou feliz e ao mesmo tempo triste porque me afeiçoei aos personagens. Estou escrevendo há seis meses e isso fez com que eu me apegasse a eles, o que me levou a pensar sobre como um ser humano pode se apegar a um personagem imaginário, e até onde as nossas carências podem nos fazer chegar.

    Decidi aproveitar os dias que ainda tenho nesse lugar para começar a escrever meu outro livro. Ainda não estou certa sobre o tema, talvez eu escreva outro romance, com uma história de amor impossível.

    Eu sei que existem tantas pessoas por aí, passando por situações como esta, de um amor impossível, vivendo com alguém, mas o seu coração pertencendo a outro, sofrendo caladas, escondendo suas emoções, suas tristezas, se afogando no trabalho para ocupar sua mente, fugindo de si mesmas. Talvez eu encontre algo nessa história que se pareça com você ou comigo.

    Irei começar com uma noite de lua cheia porque sei que ela tem muita influência no amor. Por que a lua cheia? Porque foi numa noite de lua cheia que começou a história de amor entre Yoki e Xamã. Naquele dia Yoki acordou bem-disposta, feliz e não imaginava nem que era dia de lua cheia. Ela foi para o seu trabalho, e como amava o que fazia o dia passou rápido de modo que ela logo foi para casa, onde recebeu um telefonema de uma amiga que a convidou para ir dançar. Para Yoki era como perguntar se macaco queria banana, porque era um dos seus hobbies e isso fazia com que, mesmo estando cansada, ela optasse por ir de qualquer forma, e assim marcaram para as 21h30min na casa da amiga.

    Nessa noite não houve problema na escolha da roupa, ela arrumou-se rapidamente, fez uma leve maquiagem, e chegando a hora de sair despediu-se do seu companheiro com um beijo. Eles não eram casados, mas tinham uma união estável e se davam bastante bem, entre eles não existiam brigas, e a vibe deles era perfeita.

    Yoki pegou o carro, logo colocou uma música romântica, como sempre fazia, parou em frente à casa da sua amiga e lhe passou uma mensagem comunicando que já havia chegado. Ela sabia que era preciso esperar mais um pouco lá fora, pois sua amiga tinha um pouco de problema na escolha de sapatos. Bem na hora de sair não sabia qual calçar e estava sempre como que paralisada, diante dos mais de duzentos pares de sapatos que tinha em um quarto exclusivo. Essa era a sua paixão, e sempre que ia sair o problema se repetia. Seu nome era Potira, que significa flor, ela era 10 anos mais nova que Yoki, mas as duas tinham tanta sintonia que pareciam até irmãs, e quando estavam juntas não tinha para ninguém.

    Depois de meia hora ela chega pedindo desculpa pelo atraso, mas isso já não deixava Yoki com raiva nem muito menos chateada, pois já estava acostumada com os atrasos da amiga. Yoki, além de meiga era paciente, e quando estava indo dançar ou tinha algum compromisso marcado e algo não saia como ela havia planejado, nada tirava o seu humor. Enquanto dirigia alegremente pela autoestrada Yoki viu um gato preto no outro lado da rua, que a deixou meio assustada, ela olhou para sua amiga que estava ali do seu lado e falou: Você viu o gato preto? Ao que Potira respondeu Não Yoki, eu não vi.. Potira, supersticiosa por natureza, temeu a visão que a amiga acabara de ter e disse: A noite não vai ser boa!, e Yoki respondeu: Não é verdade, essa será a melhor noite que já tivemos. Potira olhou para Yoki sem entender nada, mas continuaram a viagem feliz. Durante o percurso erraram o caminho, mas como ainda era muito cedo elas nem se preocuparam; depois de meia hora as duas chegaram ao lugar desejado. Potira, como sempre, acendeu um cigarro enquanto Yoki se preparava verificando seu carro, se estava tudo em ordem, e assim as duas saíram animadas, conversando como sempre, pois quando estavam juntas não faltava assunto. Chegando à portaria do clube, deixaram seus casacos, receberam duas taças de Prosecco, foram em direção à sala do clube onde existiam três salas de danças, sendo uma com música foxtrote, outra de salsa, e mais uma disco, mas era sempre na sala de salsa que as duas ficavam. Mesmo não sabendo dançar bem a salsa, elas se sentiam bem naquele ambiente, e assim cumprimentaram algumas pessoas que lá estavam e caíram logo na dança. As duas não se importavam muito se alguém as chamasse para dançar ou não, elas dançavam sozinhas, e quando dançavam esqueciam-se do mundo lá fora, tinham sensações de alegria e se sentiam felizes. Nesse momento procuravam viver intensamente e riam o tempo todo.

    Potira essa noite estava deslumbrante e o tempo todo era convidada para dançar. Yoki não percebia que estava sendo vigiada por uma pessoa, alguém que ela já conhecia há uns oito anos e por quem nunca havia sido percebida, anteriormente. Durante esse tempo, em todos os lugares que ela ia ele estava. Ela não tirava os olhos dele e desejava muito dançar com ele, pois o achava charmoso. Porém, por ele ser o professor de dança e Yoki não saber dançar bem a salsa, esse momento não foi realizado. Mas agora, tanto tempo depois, Yoki estava mais descontraída; a música era agradável, ela dançava ao lado de Potira e sem que ela o percebesse ele chegou ao meio do salão, segurou-a pela mão e a convidou para dançar. Encostou o corpo ao seu, suas mãos se juntaram nesse momento e ela sentiu que algo aconteceu, pois seu corpo estremeceu. Era como uma magia, os dois dançavam como se os seus corpos já se conhecessem há muito tempo. Xamã era o nome dele, ele a apertava e aconchegava mais o seu corpo no dela. Yoki, apertando as suas mãos, dançava como nunca tinha feito em toda a sua vida; a química entre eles era tão forte que ela já não sentia mais os pés no chão, os dois viajavam naquela música e naquele momento, como se as duas partes se completassem. Ela fechou os olhos enquanto o ouvia dizer em seu ouvido Gosto de dançar com você. Você e linda!. Yoki perdeu as palavras naquele momento, não sabia o que dizer, tentava, mas as palavras não saiam e quando conseguiu dizer alguma coisa ela simplesmente agradeceu. Apesar de Yoki ser uma mulher decidida e saber o que queria, existia nela um pouco de timidez. Quando a música acabou, Xamã beijou sua mão e agradeceu pela dança.

    Ao aproximar-se de Yoki, Potira disse-lhe, sorrindo: Uau, vocês dois dançaram lindo demais, e formam um belo par., ela sorriu e respondeu: Você viu como essa noite está sendo maravilhosa? Estamos nos divertimos muito., Yoki disse isso lembrando-se do gato preto que havia visto naquela noite, e apesar de saber o significado daquele gato preto preferiu não compartilhar com a amiga pois também ela não costumava acreditar em tudo que lia. Ela amava os livros, lia de tudo e queria saber de tudo que estava acontecendo no mundo, mas tinha os seus próprios conceitos sobre o que lia e via, e não queria encher a cabeça da sua amiga com coisas que nem mesmo ela acreditava tanto. As duas continuaram dançando, então Yoki viu Xamã em seus olhos, olhando para ela e logo se lembrou dos olhos do gato. Xamã era um homem de aparentemente uns quarenta e seis anos, alto, moreno claro, sem cabelos, com aparência de um egípcio, mas sua alma era de um cigano. Tinha os olhos grandes castanhos que brilhavam e um olhar firme, emoldurado por sobrancelhas bem definidas e grossas. Estava vestido todo de preto, usava um perfume forte, mas de uma fragrância extremamente agradável, e Yoki não resistiu em olhar para sua direção, fixou-o em seus olhos como se quisesse descobrir algo. Foi esse o seu erro, Xamã a enfeitiçou naquele momento, era como se o seu coração fosse tirado, e algo aconteceu. Os dois olhos se encontraram e Yoki foi arrebatada por uma paixão avassaladora. Mais uma vez ele a chamou para dançar, e enquanto dançavam, conversavam, riam e ele perguntou se ela tinha alguém, logo a ela que não gostava de mentir, confirmou que sim e explicou-lhe que tinha um companheiro, e que embora eles não fossem casados, conviviam. Como costumam reagir os homens em situações como essa, ele apenas disse: Que pena!, e continuou a dançar; dessa vez mais juntinhos, pela sintonia que sentiam um com o outro.

    Xamã era professor de salsa e a dança para ele corria em suas veias, e em sua alma. Quando dançava era como um guerreiro de uma tribo que se entregava de corpo e alma. Yoki vivia em outro mundo, o mundo da beleza, e havia muitos planos em sua vida para serem realizados; ela gostava de sentir-se livre, não gostava de ficar presa a ninguém; e nem a uma situação, pois ela é uma amante da liberdade Ela sabia que o mundo em que Xamã vivia não era seu mundo; era como se ela fosse à lua e ele o sol, mais existia algo em comum entre eles, que era a dança e o romantismo, os olhares continuaram cada vez mais intensos, e mesmo quando estavam distantes um do outro, seus olhos se encontravam.

    Yoki pensava: Oh, meu Deus, estou em perigo!, mas gostava dessa sensação. A noite já estava passando e eles não tinham trocado telefones quando, de repente, ele sumiu, já não estava mais ali. Tinha chegado o momento de ir embora e Yoki, sem alternativas de encontrá-lo, saiu com Potira do clube. Aduas conversavam alegremente sobre a noite enquanto caminhavam em direção ao carro, mas mesmo em meio a tantas conversas e sorrisos, o seu pensamento não saia de Xamã, seu perfume ainda estava em sua roupa. Ela pensava: Ele saiu e não se despediu de mim..., por outro lado achou bom que tivesse terminado dessa forma, era mais seguro. No entanto, lá no fundo ela sabia que essa historia ainda não havia terminado.

    A caminho de casa, mais uma vez ela viu o gato preto, dessa vez ele passou bem mais próximo dela e ela pensou: Que estranho, um gato preto em uma autoestrada, em uma noite escura. Mesmo assim ela conseguia ver o gato, o que era mais estranho era porque só ela o via, e quando o viu pela segunda vez falou: Potira, o gato outra vez!. As duas ficaram por um momento em silêncio, até que esse foi quebrado com as conversas sobre a noite.

    Yoki deixou Potira em casa e foi para a sua, desceu do carro, tirou os sapatos para não fazer barulho ao entrar, olhou para o relógio e já era 2h15min, tirou a blusa, levou até o nariz sentindo o perfume de Xamã e pensou: Não lavarei essa blusa, quero sentir mais uma vez esse perfume, daí ela foi para a cama e o seu companheiro já dormia. Deu-lhe um beijo, e pensou como o seu companheiro era uma pessoa boa; colocou sua cabeça no travesseiro, e começou a pensar na noite que tinha tido, pensava em Xamã, lembrava-se dos seus olhos e de quando ele pegou em sua mão, lembrou também de quando ele lhe deu um abraço e de quando ela sentiu o seu corpo.

    Acabou adormecendo e teve um sonho com o mesmo gato preto que tinha visto na autoestrada. No sonho, o gato se aproximava dela, dos olhos dele saía algo em sua direção que fazia com que ela não conseguisse se mexer. Ela queria correr, tinha medo, mas seu corpo estava preso; tentou gritar, mas também não conseguiu. Nesse momento foi acordada pelo despertador, estava toda molhada de suor e pensou: Ainda bem que era só um sonho, tomou um banho e depois de terminar de tomar o café foi trabalhar, pois precisava agir rápido. O dia estava quente, o sol clareava a sala da sua casa e Yoki gostava quando tinha sol, ela ria quando isso acontecia. Foi pegar o ônibus, e como ainda faltavam oito minutos para ele chegar, sentou-se em um banco e ficou ali sentindo os raios de sol batendo em seu rosto, fechou os olhos para apreciar melhor esse tempo pois ela não queria pensar no sonho que teve; estava um pouco cansada, tinha muito trabalho, e muitas coisas para resolver. Ela procurou desviar o seu pensamento ouvindo música de meditação até que o ônibus chegou, então ela entrou, sentou-se ao lado de uma janela, pois ela gostava de fazer o seu percurso vendo as paisagens e as pessoas, apesar da rotina ela gostava sempre de olhar os rostos das pessoas e imaginar o que elas estavam pensando. Esforçava-se para não pensar na noite anterior, tinha medo do que estava sentindo.

    Chegando a sua parada, desceu sem pressa, entrou em um supermercado, fez uma pequena compra e caminhou mais dez minutos até o seu local de trabalho. Ao chegar pegou a sua agenda, e viu os compromissos que tinha para aquele dia, mas sentiu-se estranha, algo não estava como antes, aquele homem não saia de sua cabeça. Ela pedia que Deus lhe ajudasse para que o pensamento mudasse, pois não queria sentir o que estava sentindo. Por um lado gostava, e por outro tinha medo, e falava para si mesma: Ainda bem que não tenho o seu número dele, isso irá passar. Então mergulhou no seu trabalho e o seu dia passou rápido. Durante o dia foi fácil, era como se ela tivesse se esquecido de tudo, mas quando estava sozinha os seus pensamentos voltavam. Então ligou o rádio para ouvir uma música, mas ouvi-la tocar fez com que ela se lembrasse de Xamã. Ela gostava desse nome. Era um nome forte, assim como ele, uma mistura de cigano com egípcio, mas suas raízes eram cubanas. Yoki estava sentada em uma cadeira ao lado de onde a música tocava, as imaginações vinham sem ela que ela precisasse recorrê-las. Lembrava-se da forma como ele dançava, seu corpo vibrava de uma maneira peculiar, como um pássaro que voa. A sensação que ele demonstrava era de liberdade. Ele era a própria melodia em um só corpo, a música terminava, ela voltava para o seu mundo, até que desligou o som e ficou a pensar: O que esta acontecendo comigo? Só posso estar louca, fui enfeitiçada, só pode ser magia. Lembrava-se do gato preto, lembrava-se da forma como Xamã estava vestido, todo de preto, seus olhos brilhavam mesmo estando no escuro da discoteca. Lembrou-se que naquela noite era noite de lua cheia. A lua estava magnífica e bonita como nunca. Yoki pensava: Por que o gato? O que ele quis falar para mim? Se eu fosse supersticiosa teria voltado para o caminho. Talvez hoje não estivesse aqui com esse sentimento, como se fosse perseguida por um fantasma. Respirou fundo, na tentativa de que esse pensamento fosse embora.

    Como sempre ela era a última a sair do trabalho, seguiu para o seu ônibus, desfrutando do frescor e do céu estrelado daquela noite, onde pessoas e carros passavam por ela. Yoki mora em uma cidade com 8 mil habitantes, calma, sem muitos acontecimentos. De modo que quando ela queria algo diferente saía sempre da cidade. Yoki não era uma pessoa de ir para festas, gostava de dançar mas isso não era sua prioridade, existiam outras coisas que ela gostava mais de fazer. Na verdade ela era uma eterna amante do novo, isso a atraia de tal maneira que fazia com que sua mente estivesse sempre trabalhando à procura de algo novo e que a colocasse em movimento; mas também, em um delicioso contraste, gostava de ficar sozinha, quieta, sentia a necessidade desse momento consigo mesma, ela tinha muitas amigas, mas elas não entendiam a sua cabeça.

    Os dias iam se passando e a quinta-feira ia se aproximando, era o dia que ela poderia rever

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