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Crônicas E Contos De Amor
Crônicas E Contos De Amor
Crônicas E Contos De Amor
E-book150 páginas1 hora

Crônicas E Contos De Amor

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Sobre este e-book

Nossas vidas são repletas de acontecimentos cotidianos aos quais não damos muita atenção. Porém, um olhar mais sensível e atento pode transformá-los em crônicas e contos divertidos, emocionantes e nostálgicos e nos fazer reviver momentos que estão adormecidos em nossas lembranças e corações, trazendo de volta emoções e sentimentos esquecidos. É disso que trata esta obra. Com certeza é uma leitura que vai mexer com suas memórias. Anna Karina Borges Soares Brandão Margoni
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de out. de 2021
Crônicas E Contos De Amor

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    Crônicas E Contos De Amor - Eliane Oliveira

    PARTE I - Crônicas

    Conselheira Sentimental

    Acho interessante porque apesar de minha situação atual de encalhada (e espero, temporária), minhas amigas têm o costume de me escolherem como conselheira sentimental e/ou confidente.

    Fico com pena delas pelo problema que estão passando, em primeiro lugar e, em segundo, por escolherem tão mal sua conselheira, já que sou uma sozinha-mor. Sei estar sozinha e, na maioria das vezes, gosto da liberdade que esta condição traz. Por isso, para todo problema amoroso dou sempre o mesmo conselho: - dá um pé na bunda dele.

    Normalmente são as mulheres que desabafam sobre seus amores. Os homens não reclamam nunca sobre isso. Ao menos comigo. Parece que realmente eles têm uma certa dificuldade em lidar com sentimentos e, mais ainda, de verbalizá-los.

    Exceto um caso extremo de separação iminente, nenhum homem jamais me confidenciou seus problemas de coração. Quando eles acham que estão enfartando, sim, eles sempre me falam. Normalmente não passa de uma dorzinha muscular, mas...

    Já ouvi, no entanto, descrições detalhadas de relações sexuais mantidas por eles. Os homens têm que trabalhar melhor essas questões ou, talvez, eu tenha que treinar melhor meus ouvidos, ajustando-os à ótica masculina, porque esta é a forma que eles encontram para falar de seus relacionamentos, por meio do sexo. Esquisito, não??

    Já fui confidente de um gay, amicíssimo, que não só me revelou sua homossexualidade como me tornou sua confidente quanto à paixão intensa que sentia por um amigo nosso, amigo em comum, do dia a dia.

    Aquilo foi enlouquecedor! Na realidade, foi foda! (Ops, não sei se posso escrever isso, vou maquiar:) Foi phoda!

    Não queria trair a amizade nem de um nem de outro, muito menos deixar de proteger a um e ao outro das consequências desastrosas que aquela história poderia causar.

    Resultado: o gay levou um fora e o hétero manteve uma distância segura depois da revelação. Distância essa do gay e de mim! Com o tempo acabamos nos reaproximando, mas foi tudo muito delicado.

    Fora que os homossexuais quando amam, amam! Era algo atroz na vida do meu amigo. Uma paixão fulminante, dramática, tipo Maysa (cantora célebre de fossa, de fundo do poço, de paixões suicidas).

    Mas, apesar da minha dificuldade pessoal com relacionamentos amorosos, eu sou uma estudiosa do assunto. Se tivesse feito psicologia, com certeza teria uma tese de doutorado sobre relacionamentos amorosos, seria PhD em relacionamentos amorosos mal sucedidos.

    E até pelas dificuldades que enfrentei, tentei me aprimorar no assunto. Fiz terapia, li vários e vários livros, conversei com as pessoas, estudei os relacionamentos que havia a minha volta com afinco científico e quando eu não tenho a resposta, eu pergunto.

    Tenho grandes e sinceros amigos, que respondem com sinceridade e, por tudo isso, acho que tenho experiência e bagagem suficiente para ocupar o lugar que minhas amigas me reservaram em suas vidas.

    Aliás, tenho um exemplo fantástico de minha atuação: uma amiga atribui a mim o sucesso de seu casamento, pois segue todos os conselhos que lhe dei antes dele. O detalhe é que meu próprio casamento eu não consegui manter e, quando ela se casou eu lhe fiz um resumo de tudo que achei que no meu casamento estava errado. Ela, seguindo o caminho absolutamente inverso está muito bem, obrigada.

    Ostento, assim, com muito orgulho o cargo de conselheira e confidente, mesmo que, às vezes, o máximo que eu possa fazer seja ouvir. Dividindo experiências alheias acabo ampliando a minha experiência pessoal, com situações e soluções que talvez eu própria nunca tenha a oportunidade de viver.

    Use e abuse dessa relação. Tenha seu conselheiro particular. Seja um conselheiro também.

    Se me escolher, vou adorar!

    Passou

    Segunda-feira: A irritação.

    Acordei indisposta. O som do despertador me soou estridente. Talvez um pouco menos do que a voz da empregada falando com o cachorro exatamente embaixo de minha janela.

    Cachorro esse que fica me encarando com cara de poucos amigos toda vez que chego em casa e não paro para lhe fazer festinha.

    Aliás, parece que todos hoje estão com o olhar de poucos amigos em minha direção. Como a melhor defesa é o ataque, preparei o meu melhor olhar de poucos amigos e assim passei o dia.

    Terça-feira: A ira.

    Nem precisei de despertador. Fui acordada pelo próprio cachorro, que invadiu meu quarto. Joguei-lhe o chinelo, que ele aceitou de bom grado e levou para o quintal, achando que eu estava brincando de pega-pega. Recuperei o chinelo. Babado. Beeemmm babado. Com isso me atrasei, perdi o início de uma reunião, que parece que foi o único momento agradável do dia: aquele que eu perdi.

    As pessoas só falavam bobagens, tomando meu tempo que, certamente, serviria para coisa melhor, como, por exemplo, atender a gerente do banco a tempo de impedi-la de devolver o cheque do condomínio que eu esqueci de assinar. Condomínio no qual eu fui praticamente barrada porque parece que todo mundo soube do cheque devolvido – apenas não informaram o motivo.

    Quarta-feira: A tristeza.

    O despertador não precisou tocar. Quem disse que dormi? Irritada com o dia atribulado e em vão, passei a noite acordada, me revirando de um lado para outro e me lembrando de todos os caras idiotas com os quais eu saí nos últimos cinco anos. Engraçado, me lembrei de cada discussão, de cada pequena deslealdade, de todas as mães deles que não gostavam de mim e me levantei assim, sentindo-me rejeitada, perdida, abandonada, desquerida...

    E assim me arrastei por todo o dia, suspirando fundo, sem uma alma bondosa para me perguntar o que estava acontecendo, porque eu estava tão sorumbática, tão acabrunhada, tão... tão....

    Cheguei em casa ansiosa para brincar com o cachorro, que não se dignou sequer a me abanar o rabinho.

    Quinta-feira: A animação.

    Acordei duas horas antes do horário normal. O dia estava lindo, o sol radiante, os passarinhos cantavam. Dei um banho no cachorro!

    Dei aumento para a empregada.

    Levei bombons para os colegas de trabalho, e flores para alegrar o dia.

    Liguei para mamãe só para desejar bom dia. Para meu último ex-namorado. Para a mãe dele também.

    Acordei assim, sentindo-me amada e querida. Amando e sorrindo. Cantando e cantarolando.

    Sexta-feira: A depressão.

    O sono não veio de novo. Só ficava lembrando que meu cão não me amava mais. E de todo mundo que não me amava mais. E de como a vida pode ser triste e cinzenta e como o mundo é cruel.

    Tomei dois comprimidinhos básicos para, afinal, dormir. O bendito relógio não despertou e a empregada foi ao médico de manhã. Perdi a hora.

    Hora perdida, levantar para quê? Quem sentiria minha falta? Ninguém. Vai ver até já colocaram outra pessoa em meu lugar, mais alta, mais loira, mais magra, mais bonita. Vai ver até que deram meu cachorro para ela, já que ele não deu um pio o dia inteiro.

    Melhor nem levantar da cama. Liguei a TV pelo controle remoto. Coloquei só um dos olhos para fora e fiquei assistindo aqueles programinhas de verdades familiares e prendas domésticas. Cercada por bastante chocolate e salgadinhos, com gordura trans, por favor.

    Sábado: Graças aos céus a TPM passou!

    Eu sou eu de novo. Pelo menos até o mês que vem.

    O canalha

    O que eu mais admiro no canalha é sua constância. Ele nunca irá te surpreender, porque em toda e qualquer situação que se exigir dele um mínimo de caráter, ele falhará.

    Toda oportunidade que ele tiver, demonstrará o quanto é canalha. Se lhe for exigido um mínimo de hombridade, ele sucumbirá. A hombridade nunca lhe foi apresentada.

    Não precisa temer o canalha. Confie. Ele certamente lhe trairá. Não há dúvidas sobre isso.

    O que não deixa de ser

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