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O Reencontro
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O Reencontro
E-book307 páginas4 horas

O Reencontro

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Sobre este e-book

André Gomes é um jovem com uma grande carreira na área de informática. Uma proposta inesperada de uma das maiores empresas do país faz com que se desloque para a cidade de Vilamoura. Andreia é carteira em Vilamoura e tem uma vida feliz com o filho. Até que numa pequena distração, quase deixa o seu filho afogar-se. É André quem o salva e ao cruzarem o primeiro olhar descobrem o que é amar verdadeiramente. Mas este amor pode estar condenado devido a um segredo bastante bem guardado do passado! Tudo o que nesta relação foi construído pode num abrir e fechar de olhos ser completamente destruído. Poderá o amor ser verdadeiramente forte? Será que a vida lhes dará uma segunda oportunidade? Ou será este segredo demasiado pesado para que tal aconteça?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de ago. de 2022
ISBN9791222068923
O Reencontro

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    Pré-visualização do livro

    O Reencontro - Tânia Alexandra

    Prefácio

    Quero felicitar a Autora pela satisfação com que li a sua obra. Em primeiro lugar, gostei d’ O Reencontro, pois fala de uma história de amor simples. É uma obra que cativa desde o início até ao fim. Com uma escrita leve e personagens cativantes. É impressionante como a imaginação da autora nos transporta aos lugares da história. Em segundo lugar, nota-se a paixão que a autora tem nas palavras que escreve. Esta é a sua primeira obra, mas espero atenciosamente pelas próximas que tenho a certeza que estão por vir.

    Cristina Carvalho

    Prólogo

    Num dia quente e húmido de verão, onde a paixão e a ilusão acabam sempre por confundir e invadir o coração dos jovens. Principalmente dos mais sensíveis, fazendo-os sonhar, fazendo-os acreditar, fazendo-os viver intensamente cada experiência, cada aprendizagem, cada toque, cada cheiro, fazendo-os querer mais, encontrando capacidades para além do que imaginam. Onde o mundo parece irreal. Onde se acham com poder para mudarem tudo o que quiserem. Onde pensam que as atitudes realizadas por cada um não poderão sofrer qualquer espécie de consequências. Onde não imaginam, nem se importam que possam magoar os outros. Onde a amizade às vezes pode ser traiçoeira e mudar a vida de uma pessoa para sempre.

    É nessa altura insensata e irresponsável da vida, que um jovem, que tinha a escola completamente a seus pés, devido ao facto de ser o capitão da equipa de basquetebol, tornando-o no rapaz mais importante daquela escola, onde se quisesse poderia escolher os amigos que queria, onde adorava ter liberdade para fazer o que quisesse, sem regras, sem satisfações, sem o sufoco de uma relação. Não que desvalorizasse as pessoas ao redor dele, ou até mesmo as miúdas, mas as relações tinham de ser eventualmente passageiras e por esse facto não queria nenhuma rapariga para um compromisso sério, que lhe pudesse tirar a liberdade que tanto o caracterizava, e que eventualmente pudesse fazê-lo desprender do seu objetivo: ser campeão escolar de basquetebol. Mas encontrava-se no verão, as preocupações escolares mantinham-se em pausa e poderia aproveitar o calor, a natureza, a companhia dos amigos mais importantes, aproveitando também a magia das longas noites quentes que fazem despertar o calor dos sentimentos resguardados no interior de cada um de nós. Foi nessa altura que, sem se aperceber e querer, começou a sentir um carinho diferente pela sua melhor amiga.

    Continuava a não querer nada de sério, mas tomou a decisão de se deixar levar, aproveitar os momentos únicos que com ela passava. Afinal estavam de férias e o seu objetivo só começaria quando o ano letivo recomeçasse.

    Passavam os dias juntos, ainda com mais frequência, passeando à beira-rio, olhando o luar, contemplando as estrelas todas as noites, durante todo o verão. Cada olhar que trocavam, fosse por querer ou sem querer, era como fogo ardendo dentro de cada um deles. A confusão que se passava na cabeça dela fê-la um dia, quando a noite já se prolongava, ir a casa dele para falarem acerca dos últimos dias. Para saber se também se sentia confuso como ela. Quando lá chegou, respirou bem fundo. Mandou-lhe uma mensagem a dizer que estava à sua porta e que precisavam de falar. Enquanto esperava nervosa ia andando sobre o passeio, batendo com os dedos sobre o visor do telemóvel. A pensar nos bons momentos que passaram juntos, pensando no outro lado dele, que acabou por conhecer e que estava disposta a continuar a conhecer. Ouvindo a porta virou-se, ficando a vê-lo aproximar-se. Começou a abrir a boca para falar e a supressa foi enorme, deixando-a sem qualquer tipo de reação quando a beijou bastante apaixonado. Assim parecia. Como ela não disse nada, ele ficou a observá-la, e, com cuidado, pegou-lhe na mão, e com a outra passou-a pelo cabelo colocando-o por trás da orelha. Ambos sorriram e conduziu-a ao seu quarto, sem fazerem o mínimo barulho, pois não queriam acordar os pais dele. Passo a passo, degrau a degrau subiram de mãos dadas até ao piso superior, em direção ao quarto dele. Calmamente ele abriu a porta do quarto e entraram com o mínimo de cuidado para não chamarem a atenção.

    Quando fechou a porta atrás de si, rodou os calcanhares para olhá-la e encontrou-a em pé junto à cama com o olhar meigo que tinha, acompanhando os passos que ele dava, continuaram em silêncio, pois ambos não conseguiram proferir uma palavra por mais que quisessem. A sensação era boa demais para a quebrar com perguntas das quais tinham medo da resposta. Então ele tomou uma iniciativa. Reaproximou-se dela com cautela, passou-lhe a mão pelo rosto e com a respiração ofegante, e com o coração a mil, começou a beijá-la. Ela seguiu o instinto. Entregou-se ao beijo e esse impulso tão genuíno e tão sincero levou-os a ter uma noite de paixão e souberam a sensação do verdadeiro amor. Mal ela saberia o que iria acontecer no dia a seguir quando o sol nascesse. Mal saberia que todos os sonhos que tinha concretizado numa só noite iriam desaparecer como o pó quando está imenso vento, transportando-o para bem longe do seu alcance, transformando-o numa tempestade sem parecer ter fim.

    Quando acordou, sorriu ao contemplá-la, mas esse sorriso logo se desvaneceu, quando se apercebeu que se estava a sentir diferente e quando a olhou novamente sentiu-se a pior pessoa do mundo. Sentiu um punhal a atravessá-lo pois sabia bem que, por mais que lhe custasse, iria magoá-la, por mais que estivesse a gostar dela, tinha de se afastar já, antes que fosse tarde demais. Saindo da cama, colocou umas calças e começou a andar de um lado para o outro ganhando coragem para lhe falar, sentando-se novamente na cama, tocou-lhe para chamar a sua atenção fazendo-a virar para ele. Com um sorriso nos lábios olhou-o com ternura, mas ele desviou o olhar dela e nesse instante ela percebeu que não iria sair dali coisa boa. O seu coração já se estava a preparar para o inevitável.

    Mais uma vez ele levantou-se, virou-se de costas, colocou as mãos na cintura e virando-se com frieza disse-lhe que tinha sido um erro. Que nunca devia ter acontecido, que era uma loucura, uma fantasia, nada do que se tinha passado entre ambos tinha sido real. Que a amizade deles deveria acabar também ali, pois não faria sentido depois do que aconteceu continuarem próximos. Visto que tudo o que pensava, tudo o que sentia teria sido ilusão da sua cabeça. Era só um romance de verão, mas que acabara ali e para ela o esquecer. Ela ainda tentou dizer-lhe alguma coisa, justificar-se, pedir-lhe por tudo para não ser amargo, que não estava a reconhecer a pessoa que estava perante ela, mas ele não permitiu, agarrou-a por um braço e fazendo-a sair da cama mandou-a sair de casa e da vida dele para sempre.

    Desiludida e deslavada em lágrimas, vestiu-se e saiu de casa dele sem dizer uma única palavra. Batendo com toda a força a porta do quarto, desejando que os pais dele ouvissem para ficarem a saber que tipo de filho tinham em casa, mas esse desejo não aconteceu e o rancor começou a consumi-la em todos os passos que dava para fora daquela casa. Odiava-o para o resto da vida e queria esquecer tudo o que se tinha passado, no dia que achava ter sido o pior da sua vida.

    Por seu lado, ele nem se limitou a ir atrás dela, o assunto tinha de ser esquecido, poderia até estar a gostar dela, mas, apesar disso, ao levantar-se e antes de a magoar, tinha-se apercebido que não era a altura certa para amores. O objetivo dele era a sua prioridade e assim que o ano letivo recomeçasse iria colocar mãos à obra. Treinar o máximo dos máximos, continuar a ser o melhor dos melhores e se possível manter os acontecimentos do verão resguardados num local profundo do seu coração e do pensamento. Tarefa que provavelmente não iria ser muito difícil, pois apesar de andarem na mesma escola, o facto de serem de anos diferentes facilitava o afastamento da vista e do coração.

    E naquele dia foi realmente a última vez que ambos se voltaram a ver.

    I

    Agora aos vinte e oito anos, André Gomes, é um rapaz bem-sucedido, trabalha na área de informática sendo um dos melhores web designers da sua cidade. Vivendo no norte de Portugal, mais precisamente em Mirandela, uma das cidades mais belas do mundo, como tantas vezes gostava de mencionar e de se gabar.

    André adorava o cheiro da Natureza que banhava os montes rochosos nos dias quentes de verão, dando-lhe um brilho especial que a tornava única, aqueles passeios longos sobre o rio Tua, seguindo os passos da lua, em cada noite maravilhosa. O riso das crianças a andarem de bicicleta faziam-no sentir profundamente feliz. Apesar da tristeza que tinha sido ao perder o pai num acidente automóvel, a cicatriz começara a fechar e sentia que o mundo era um lugar de alegria. Era assim que o pai gostaria que pensasse e fosse feliz.

    Realmente era; André tinha na mãe uma enorme força, que o ajudava a ser a pessoa que se tornara. A mãe seria sempre o seu grande apoio, e vice-versa. Apesar dele já não morar na casa da mãe, esta não se sentia sozinha e desejava sempre que o filho a visse como se sentia: orgulhosa dele.

    André partilhava a casa com o grande amigo João que conhecia desde a primária, tal como ele, também João seguira informática. João era o amigo de todas as ocasiões desde os tempos de criança até aos tempos de agora e tal como ele, também não ponderava casar-se e perder a vida boémia que levava. Apesar da mesma idade, João já continha um certo cabelo branco, herança de família, mas, apesar disso, as raparigas achavam-no atraente. André sabia que viesse o que viesse, João estaria sempre presente e ele também estaria sempre presente para o amigo. Quando ambos começaram a trabalhar juntos, decidiram alugar uma casa mais no centro, para estarem mais próximos de tudo o que os rodeava. A casa em si era uma casa simples, tinha dois quartos, um escritório equipado adequadamente para os dois, uma pequena sala com um único sofá, uma mesa branca de refeições e um pequeno bar, onde ambos iam buscar a concentração para trabalhar, para pensar ou esquecer algum assunto menos importante e uma cozinha, com cores bastantes vivas e modernas. Digamos que apesar de pequena, vivia-se lá bem e era bastante confortável. Para os dois ajustava-se perfeitamente.

    André vivia uma vida simples e sem complicações, nunca se tinha casado, apesar de pretendentes não lhe faltarem e ele ter a perfeita noção do efeito que manifestava no sexo oposto. Adorava essa atenção e sentia-se lisonjeado, mas o mais importante sempre tinha sido alcançar os objetivos, ter sucesso e isso já tinha conseguido, o resto eram pormenores secundários sem qualquer tipo de interesse. Adorava fazer desporto quando tinha um tempo livre, ir ao cinema ou até ir a um bar com o amigo. Muitas vezes fixavam-se a olhar para uma jovem ou outra que se encontrava no bar. Entre conversas e alguns copos, lá conseguiam um engate de vez em quando. Era tudo o que queria no momento. Aventuras de uma noite só, muitas vezes sem a necessidade de apresentações, sentia-se bem assim. Não fazia para ele qualquer sentido o amor ou mesmo vivê-lo com uma só pessoa, quando ele próprio acreditava que prender-se a alguém era só uma necessidade globalizada da humanidade.

    João muitas vezes lhe dissera que devia arranjar uma namorada e construir uma família, que não fazia sentido continuar com aquela idealização de que amar era só uma carência para as pessoas não se sentirem sozinhas, só que André ria-se do assunto e com a insignificante ideia do que isso representava. Picando o amigo para seguir os seus próprios conselhos, André sabia que apesar de boémio, João via o amor de maneira diferente e que eventualmente iria realmente seguir o próprio conselho, mas não ele. André iria mesmo querer só continuar a concentrar-se no trabalho e continuar a preservar a sua liberdade.

    ***

    No escritório, o trabalho adensava-se como a velocidade de um relâmpago. André, por mais empenhado e organizado que pudesse ser, em alturas como esta parecia que tudo lhe saía ao contrário. Não se sentia satisfeito com os websites que terminava, apagando-os e recomeçando-os diversas vezes. Toda a programação saía-lhe com erros, mas erros completamente básicos e isso deixava-o ainda mais irritado: como era possível falhar em dados de programação pequenos enquanto nos grandes saía-se tão bem. Era uma semana daquelas em que devia estar de férias ou doente, pois não se sentia produtivo no trabalho e tudo lhe chateava, não que fosse uma pessoa que se chateava muito, era mesmo pela falta de produtividade. Foi numa semana dessas, de intenso trabalho, que André foi chamado ao gabinete do seu superior. Mal sabia que esta ida ao gabinete lhe iria mudar o seu destino para sempre. Algo que nem imaginava ser possível.

    Enquanto caminhava, mexendo nos dedos, estalando cada um deles pausadamente, começou a sentir-se ligeiramente nervoso por não saber o que esperar. Sabia que não tinha cometido qualquer erro, pelo menos não conscientemente, apesar de uma semana exaustiva e stressante, tinha todas as certezas de que o trabalho era sempre feito e entregue a tempo com todo o profissionalismo que lhe era pedido, mas ao aproximar-se da porta, os seus pensamentos foram invadidos de negativismo e teve medo de entrar. Ao agarrar no puxador, respirou profundamente e contou até dez. Ao ganhar por fim coragem, bateu suavemente na porta, rodou o puxador e abriu-a lentamente.

    - Desculpe incomodar, disseram-me que gostaria de falar comigo. Dá-me licença para entrar? – Perguntou André.

    - Sim, sim, faça o favor de entrar. – Respondeu o Superior. – Estava à sua espera, faça o favor de se sentar, coloque-se à vontade. – Dizia o Superior enquanto o chamava com a mão.

    - Com a sua licença, senhor.

    André assim fez. Entrou delicadamente, sempre sentindo o olhar do seu superior a acompanhá-lo, aproximou-se com cautela da cadeira e ficou em suspense a olhar o homem que estava perante ele. Durante um curto tempo, limitaram-se a ficar em silêncio, como que a pensar no que se havia de dizer ou nas palavras adequadas para começar a conversa.

    O seu superior era um homem jovem, aparentava uns quarenta anos, possuía um olhar profundo e uns cabelos lisos pretos. André sempre tinha pensado que com a sua idade teria sido muito mais conquistador do que ele alguma vez pudera ser. O superior achou-o bastante nervoso e ao verificar que tinha razão, sorriu-lhe e acenou-lhe para que se pudesse sentar, dando-lhe a segurança necessária para levantar os pés e mexer-se. André sentou-se naquela cadeira almofadada e confortável, sentindo-se importante – "Quem me dera ter uma assim para mim" – pensou. Mas o pensamento foi tão depressa embora, como veio, assim que começou a ver o seu superior a levantar-se com rapidez e perspicácia, e mais ainda ao vê-lo junto de si, fazendo-o engolir em seco e todos os nervos passados, vieram com a força de mil trovões.

    Ao vê-lo tão pálido, o superior encostou-se suavemente à mesa longa e castanha, encostando-se o mais possível da cadeira de André, perna sobre perna, olhou-o, estudou-o e ligeiramente deu-lhe uma palmadinha nas costas como a saudá-lo!

    - Ouve, rapaz, mas ouve com muita atenção. – Disse por fim – Sabes como te admiro e tenho muito orgulho em aqui trabalhares, não sabes? Como gosto do teu empenho e dedicação, trabalho após trabalho. Confio em ti. Tenho a certeza que dás sempre o melhor de ti.

    André apenas assentiu com a cabeça. O superior apercebendo-se que ele não ia dizer nada, prosseguiu.

    - Tens sido um dos melhores colaboradores dentro desta empresa, dupla dedicação, duplo empenho, pontual, fiel, comunicativo e tantos outros pontos positivos que poderia mencionar, mas o mais acertado seria dizer que sem sombra de dúvidas tens sido o melhor que esta empresa já teve o prazer de colaborar. – Acabou por dizer.

    - Muito obrigado, senhor, não tenho palavras para lhe agradecer! – Disse André.

    - Oh! Não tens nada a agradecer, tudo o que disse é puramente verdade, não estou aqui para engraxar ou iludir-te, até porque acredito que tens a perfeita noção das tuas capacidades. – Respondeu completamente despreocupado acenando a mão pelos ares. – E deixa-te lá de palidez, parece que estás a ter uma criança ou a preparar-te para tal, todo encolhido, tenso, e realmente com muita pouca cor. Podes respirar, rapaz. – O superior dirige-se à sua cadeira, sorrindo triunfante, por ter conseguido, pela primeira vez, deixar André completamente desnorteado, tarefa que nunca foi fácil.

    André respirou fundo, mas tão fundo que o som com toda a certeza chegou à outra ponta da secretária.

    - Que alívio, senhor, por momentos pensei que tinha feito algo errado, que tinha cometido algum erro!

    - Não, meu caro, e chamei-te aqui para te dizer que tenho muito orgulho no teu trabalho, e muito orgulho por pertenceres a esta empresa. Mas…

    - Mas? Quando vem um mas, nunca é… Bem você sabe, costuma-se dizer que a seguir a um mas, a notícia não será boa.

    - Eu acredito que neste caso seja boa, senão a melhor que vais receber. Não sei se sabes, mas há outra empresa interessada no teu trabalho!

    - Como? Como é possível, eu assino os meus trabalhos com pseudónimo. – Perguntou com uma admiração sem igual. – Qual empresa? Alguma conhecida aqui da região? Alguma de Lisboa, talvez do Porto?

    - Calma, rapaz. Primeiro ouve o nome e depois entra em histeria, caso haja motivo para tal. – André assentiu envergonhado. – Bem, agora respira e ouve. Continuando o que estava a tentar comunicar, realmente existe uma empresa interessada no teu trabalho. Sim, tudo o que fazes não tem o teu nome, mas evidentemente esta empresa tem nome, encontra-se na Internet com um website, curiosamente criado por ti e como deves calcular estão lá os contactos. Certo? – André continuou a afirmar cada palavra. – Ligaram e evidentemente estive numa conversa bastante produtiva com eles sobre ti. Bem, sem mais delongas eu vou passar a informar-te o nome da mesma, fica situada em Vilamoura, a empresa é a MultiCyber - NextGeneretion, uma das melhores e mais evolutivas do país e…

    - E do mundo! - Respondeu André interrompendo excitadíssimo com o que acabara de ouvir.

    Saltando da cadeira acabou por derrubar, fazendo um certo estrondo com o embate. O superior olhou seriamente para ele, e André acalmou-se, apanhou a cadeira e sentou-se novamente, de cabeça baixa como se tivesse portado mal diante do professor.

    - Desculpe, foi sem intenção. A adrenalina apoderou-se de mim e não sei o que me passou pela cabeça. Lamento!

    - Não tem problema, jovem, a emoção às vezes prega-nos partidas, faz-nos ter e fazer algumas atitudes, digamos, embaraçosas. Eu provavelmente teria reagido da mesma maneira e pior, a vergonha teria sido tanta que nem abriria a boca para pedir desculpas, mas sim para sair o mais rapidamente possível da situação.

    - Sim, realmente ficamos completamente eufóricos. Sem qualquer noção do que estamos a fazer.

    - Bem, visto que esclarecemos essa parte da adrenalina e euforia, vamos continuar o assunto em questão.

    O superior ajeita a gravata vermelha e dirige-se novamente junto dele para o colocar mais confortável ou mais inseguro e apreensivo, dependia da maneira com que ele veria essa mesma aproximação. O superior, conhecendo-o, acreditava que com toda a certeza ficaria apreensivo. Olhando para o funcionário e aguardando uns ligeiros segundos prosseguiu a conversa.

    - Realmente querem-te lá, fizeram de tudo para me convencer, e sabes que não sou fácil de convencer, mas a proposta que têm para ti é realmente estrondosa e eu não estaria a ser justo se te impedisse de progredires na tua carreira, pagam bem…. É uma grande oportunidade.

    - Assim, sem mais nem menos?

    - É uma grande proposta… Como já referi, é uma grande oportunidade, e boas oportunidades são raras e difíceis de aparecer.

    - Mas e… se der tudo errado e se não for o que estão à espera, se não conseguir obter as expectativas que esperam de mim?

    - Não queres arriscar? – Perguntou o superior interrompendo a insegurança dele.

    - Não sei! Sinceramente não sei, apanhou-me completamente desprevenido. Realmente é uma oportunidade de ouro. Mas a minha vida está toda aqui. Que fazia o senhor?

    - Primeiro, jovem, parava de pensar tanto, e pensava mais na diferença que o meu trabalho poderia fazer lá. Segundo, é uma grande oportunidade de vida, que pode não voltar, és jovem, bem-sucedido, com um grande futuro, e apesar de a tua vida estar aqui, a tua história não tem de acabar aqui, podes e deves contá-la noutros sítios. Tenho a certeza que as pessoas que fazem parte da tua vida agora vão continuar, aceitar e ajudar-te nesta nova fase. Então porque não?

    - Dito assim, até parece fácil, senhor. Mas não o incomoda que eu vá, que como disse sendo um dos melhores desta empresa, que você possa perder demasiado com isso?

    - Incomoda-me o facto de não te sentires realizado. Eu sei tão bem como tu que queres evoluir na tua carreira e aqui tens a oportunidade, realmente és o melhor, mas deixas um legado de pessoas que inspiraste e um deles é o João. Tecnicamente não vou perder muito, não vamos ser concorrentes diretos, empresas com o mesmo tipo de trabalho, mas com objetivos e evoluções diferentes, não te preocupes, por isso agarra-a com todas as forças e concretiza-te pessoal e profissionalmente.

    - Hum, eu não sei.

    - Do que tens tanto receio, jovem? Parece-me que estás com medo e a arranjar demasiados pretextos para não o fazer.

    - De falhar, de me desiludir e principalmente de desiludir o senhor, que sempre apostou tanto em mim. Que tanto acreditou e acredita em mim.

    - Se falhares, és humano e não tens de te envergonhar disso. E terás sempre as portas desta empresa abertas para ti. Queres saber?

    - Diga. Sou todo ouvidos.

    - A mim nunca me desiludirás, nem a ti, tens valor e acima de tudo, és um ser humano esplêndido. Vai e terás a certeza de missão cumprida, o resto não interessa, porque eu sei que mostrarás a todos e principalmente a ti, do que realmente és feito.

    - Tem a certeza?

    - Força, rapaz, vai em frente. Não inventes mais desculpas ou pretextos, não os vou aceitar.

    - Obrigado, senhor. Mais uma vez, não sei o que lhe dizer e como agradecer. Só posso prometer que irei focar-me ao máximo, trabalhar o máximo e ser fiel a tudo o que consigo aprendi. – Saindo da cadeira dirige-se ao patrão agradecendo-lhe com um abraço.

    - Senhor, eventualmente quando me devo apresentar no novo emprego?

    - Para a semana, mas a partir de hoje estás dispensado, vai arrumando as coisas, e quando quiseres, poderás partir, para teres tempo de ter tudo a cem por cento para quando chegar o dia

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