O Grande Arcano
De Olga Curado
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Sobre este e-book
O texto é apresentado na forma de diálogos convidando o leitor a mergulhar na experiência dos personagens.
O Grande Arcano é inspirado na sequência das cartas do Tarô que descrevem a trajetória humana pela cronologia dos arcanos, os símbolos que marcam cada momento da vida.
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O Grande Arcano - Olga Curado
Créditos
O louco
– Não existe precipício. No final, o que há é rio calmo, de águas limpas, onde eu vou me banhar. Aí vou plantar e vou colher. O cão não vai ladrar. Será meu companheiro para a pesca e para afugentar os lobos da noite. Quando escurecer vou cantar para as estrelas e para a lua. Na chuva vou rezar para que as sementes brotem com vigor. No calor vou compartilhar a alegria das cores com os pássaros, com as flores que acalentam minha vista. Eu vejo, não há, ao final, o precipício.
– Tem um livro morando dentro de mim.
– De novo?
– Falei isso antes?
– Não me lembro. Mas não parece novidade.
– Hoje é meu aniversário.
– Eu sei. Sei até a sua idade.
– Não precisa dizer.
– Você está mal-humorada...
– Eu não. Quem não fica?
– É só essa chatice de sempre então...Não me lembrava mais.
– Eu falo que tem um livro morando dentro de mim e você acha bobagem?
– Acho nada. Vem.
– É tesão de criação. Está tomando emprestado.
– Eu vou parar...
– Pode falar, brochou? Aposto que nunca... Eu cuido disso.
– Bom.
– Coisa boa é bondade. Festa boa é na Trindade.
– Boba.
– Você gosta.
– Gosto.
– Então deixa.
– Não mando em nada aqui.
– Que horas são?
– Sei lá.
– Pergunta lá embaixo.
– Qual é o número?
– Um.
– 3 e meia.
– Da tarde ou da manhã?
– Deixa eu olhar lá fora.
– Ih! Da tarde.
– Está com fome?
– Frango a passarinho de novo? Não!
– Ou então bife com cebola. É o que eles têm.
– Tá bem.
– O quê?
– Frango. Mas pede para botarem muito alho. Assim a gente não sente o gosto do frango.
– Pede você.
– Como sempre...
– ...
– Todo mundo tem um relato.
– Isso é chato.
– E a gente fica procurando uma história para contar. Para ser o romance do século. Eu não sei fazer isso, mas sei que sou uma artista. Será que tem jeito de contar sem começar com era uma vez
? Eu imagino que, quando se traduz cada fragmento de vida num pedaço de cotidiano, tudo fica absolutamente irrelevante, sem sentido. O autor fica procurando a coerência e ao final de trezentas páginas acaba tudo, sem encontrar.
– Você vai ter que viver essa dúvida.
– Você e todas as outras... Até rima.
– Não seja pentelha. Quer cerveja?
– Pega outra...
– Tem mais na geladeira.
– Abre uma.
– Se o personagem toma conta da gente, não será então o criador instrumento da criatura? Que poder tem o que assina a obra? Não é ela que conduz o próprio destino? Que forças obscuras determinam o caminho da criação. O orgasmo da criação. Esse é o grande prazer.
– Agora mesmo não era.
– Você sabe do que eu estou falando. Da existência, do fundamental, do filosófico...
– Claro.
– Eu preciso trazer à tona meus personagens. Eu preciso dar luz a eles para que eu também tenha luz.
– Outra cerveja?
– Humhumm. Já acabou aquela?
– Calor. Vou abrir a janela.
– Pelo amor de Deus não. Está muito claro.
– Enxaqueca de novo?
– Médio.
– O tempo é tão pouco.
– Porque você quer.
– Você sabe.
– Será?
– Como é difícil para mim.
– Muito.
– Você imagina o que eu tive que enrolar para estar aqui com você esses dois dias?
– Um dia.
– Tive que dar trancos.
– Porque quer.
– Você é engraçada...
– Liberdade para os personagens. Sou não.
– Pensa que é tudo muito simples. Que não desconfiam.
– As coisas funcionam mais ou menos assim. Se você não tem liberdade interna, não a tem para dar. Se você não faz escolhas, como pode deixar que o outro faça? Eu fico de saco cheio com essa história toda...
– Lá vem você. Não consegue me entender.
– É mais fácil entender do que concordar.
– As coisas são complicadas. Sabe o que está em jogo?
– Claro. Dinheiro.
– As crianças.
– Hum. A velha desculpa, nãooo... fecho a cortina?
– Eu nunca falei que ia...
– Não, claro, só juras de amor eterno... Eu não sei até onde vai sua eternidade.
– Vem cá.
– Fica a vida presa na garganta.
– Você simplifica demais.
– Você complica. Sou babaca. Mas não sou burra.
– Eu nunca...
– E quem está cobrando promessa? Tô falando de vida e não de ficção. Ou você acha que pode colocar em assembleia geral seus desejos? Ou são seus ou são dos outros. Sociologia aplicada à vida privada. Pode ser um tema interessante para sua vida. Quem sabe um dos meus personagens tenha delírios assembleístas... Síndrome de Diretório Estudantil.
– Você escolheu esse jeito...
O Mago
– É mesmo, preciso ir?