Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Juventude: Crises, cruzes e luzes
Juventude: Crises, cruzes e luzes
Juventude: Crises, cruzes e luzes
E-book268 páginas2 horas

Juventude: Crises, cruzes e luzes

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A juventude é múltipla e há muitas maneiras de viver esses primeiros anos da vida, mas, de maneira geral, é quando as pessoas começam a dar os primeiros passos por conta própria, demonstrando o que virão a ser no futuro. Falando à atual geração, que se mostra extremamente organizada e questionadora, a Igreja afirma sua esperança no reino de justiça e de paz que Jesus chamou de Reino de Deus, pois, apesar dos desafios a serem enfrentados, os jovens estão abertos à dimensão espiritual da vida. Esta é uma das razões pela qual a Cruz Peregrina chega ao Brasil, trazida pela Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada em 2013. Ela simboliza responsabilidade e entusiasmo e nos faz lembrar as crises, as cruzes e as luzes de vinte séculos de Catolicismo. Faz refletir sobre a necessidade de uma catequese sólida, que faça pensar e não apenas sentir a importância da alteridade. Nesse sentido, este livro de Pe. Zezinho pretende oferecer a seus jovens leitores, que se preparam para esse momento histórico, um conteúdo que os leve a falar, agir e proclamar-se seguidores de Jesus, católicos e discípulos daquele que disse ser a luz do mundo; que os leve a fazer bom uso dos seus talentos, dos seus sonhos e se tornarem pensadores envolvidos em questões sociais, líderes de uma sociedade mais justa e solidária.
IdiomaPortuguês
EditoraPaulinas
Data de lançamento21 de ago. de 2013
ISBN9788535636000
Juventude: Crises, cruzes e luzes

Relacionado a Juventude

Ebooks relacionados

Cristianismo para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Juventude

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Juventude - José Fernandes de Oliveira

    Apresentação

    Jovens diante do profano! Jovens diante do sagrado! Perplexos diante do profano! Perplexos diante do sagrado! Corações feridos e corações sarados!... Se não entendermos os valores da mudança, da transição e da continuidade, nunca entenderemos a vida. Ela é feita de estímulos, convites, escolhas e inserções. Alguém tem que achar o seu lugar sem necessariamente tirar o lugar do outro. No mundo cabe muito mais gente, desde que ninguém seja espaçoso demais, a ponto de querer o seu lugar e o dos outros. As gerações se desentendem quando ignoram este princípio.

    Não existe apenas uma juventude. Há muitas juventudes e há muitas maneiras de viver esses primeiros anos da vida. Há quem saiba e há quem não saiba o que fazer com as flores e os frutos da primavera e do outono. Há quem os desperdice e há quem os armazene.

    No campo coberto de girassóis que, enfileirados, pareciam olhar todos na direção do sol, pensei na cena que vira dias antes: jovens olhando para o mar e para o sol que nascia, enquanto cantavam uma das muitas orações da manhã que meu povo canta.

    Na outra praia, outro grupo de jovens fumava, bebia e saudava o mesmo sol e o mesmo mar. Seguiam outros mestres. A vida para eles tinha outro significado.

    Os jovens me lembram girassóis abertos, voltados para a luz. Na sua maioria sonham com uma vida luminosa, com um futuro que, nos seus sonhos, ao menos para eles, no fim acabará dando certo.

    Há os jovens pessimistas, mas são bem menos do que os sonhadores e idealistas. E é próprio dos jovens pensar que com eles o mundo será melhor. Ai de nós, se assim não fosse! A imensa maioria é otimista e acha que as coisas acabarão se ajustando. Por pior que seja o mundo e por mais chocante que seja a história, eles acreditam que com eles será diferente.

    Sabem que nem sempre foi assim e nem sempre será assim; sabem que nem sempre tudo deu certo, estão vendo que nem tudo tem dado certo com o mundo, com seus pais, com seu país, com sua Igreja, com milhões de jovens da sua idade, mas, se perguntados sobre seu futuro, dirão que um dia vai dar certo. Esperam ser felizes nem que tenham que buscar a felicidade em outro lugar, longe de casa. É a história do filho pródigo. Esperam pelo melhor. Dará tudo certo com eles e um dia dará certo com seu povo, com o mundo e com outros da sua idade. Não esperam que tudo na vida seja 100% melhor, mas esperam que a vida seja melhor do que é hoje.

    Teimosamente otimistas, eles ousam apostar no seu presente e no seu futuro. São poucos ou são maioria? Arrisco-me a dizer que são maioria. Não importa se são pobres ou ricos, se moram em casas de vidro fumê ou em condições precárias, se estão desempregados e se na sua casa nem tudo vai bem. Com eles, um dia, as coisas mudarão.

    Os jovens nunca foram e continuam não sendo protagonistas da história. Nem poderiam ser, porque não governam povos, nem Igrejas, nem dirigem grandes conglomerados; a mídia não está nas suas mãos. Eles não têm poder político nem econômico. Falta-lhes a experiência ou a malícia de quem lidera e comanda.

    Mas no seu pequeno círculo, começam a dar os primeiros passos dos líderes que um dia serão. Desde que o mundo é mundo e desde que se começou a falar em História, mesmo quando jovens governaram aos 12 ou 18 anos, e quando alguns deles chegaram a ser papas ou líderes de religiões, ou reis e príncipes, o mundo mais falou aos jovens e dos jovens do que os ouviu ou os deixou falar.

    Por milhares de anos o jovem foi o personagem silencioso. Uns poucos conseguiram chamar a atenção do seu povo e do mundo antes dos 30 anos. Nem todo mundo era um Alexandre Magno. A maioria não teve editoras, nem emissoras, nem microfones, nem câmeras para registrar seus sonhos, suas ideias, suas canções, seus protestos. Falaram, passaram e ficou por isso mesmo. O número dos gênios e heróis jovens que governaram exércitos, povos, igrejas é pequeno. Mas houve gênios na música, na pintura, no teatro, na política, inventores, pensadores que se revelaram antes dos 20 anos, antes dos 25 e morreram aos 35. Ainda hoje, alguns se revelam geniais antes dos 30 anos, mas são minoria.

    O documento 93 dos Estudos da CNBB, nos nn. 84-87, lembra que em Puebla os bispos da América Latina fizeram duas opções preferenciais: uma pelos pobres e outra pelos jovens. Falando dos jovens e aos jovens, a Igreja afirma sua esperança neste segmento de humanidade. Embora haja ofertas cada dia maiores de conhecimentos, a sociedade não lhes dá os instrumentos necessários para processá-los. O acúmulo de informação e oportunidades nem sempre encontra o jovem suficientemente escolarizado e preparado para assumi-las. Jovens com recursos suficientes para entrar na idade adulta, com capacidade de prover seu próprio sustento, são minoria. A imensa maioria é um dos grupos mais vulneráveis da sociedade brasileira.

    Tentados pelo capitalismo, por ideologias sem Deus, por religiões mágicas e imediatistas, por ideias de um Deus que resolverá seus problemas desde que eles sejam dóceis à orientação dos seus gurus; expostos diariamente e o dia inteiro à nudez, ao sexo sem compromisso; marcados por famílias desfeitas ou em crise, tentados pelo tráfico de entorpecentes e por grupos violentos; vítimas da rapidez das mudanças, tentados por segmentos irresponsáveis da mídia sensacionalista, milhões de jovens não vivem num contexto cristão. A proposta de seguir Jesus Cristo não os convence. E, em muitos casos, as Igrejas que poderiam lhes dar solidez oferecem uma redoma, na qual eles se refugiam. Viram mais pedintes do que agentes do Reino de Deus. Jesus Cristo os quer mais agentes do que pedintes. A fé deve formar agentes de transformação e não piedosos alienados em busca da salvação pessoal. Mas isso é aprendizado que dói.

    Mais do que puxá-los para um templo, para uma Igreja ou para algum movimento onde supostamente falarão com Jesus e Jesus lhes falará, onde supostamente encontrarão Jesus Cristo, a Jornada Mundial da Juventude e as mais diversas Pastorais da Juventude, se forem sérias e comprometidas, mostrarão Jesus Cristo educador, lhes apresentarão o Jesus que se preocupava com o bem dos outros.

    Jesus não veio apenas nos ensinar a pedir perdão e misericórdia do céu. Veio ensinar a perdoar e usar de misericórdia aqui na terra. Não veio apenas repartir o pão, veio multiplicar as mãos que repartem o pão. Para isso existem cursos, mídia religiosa, revistas, livros, canções, teatro, presença de evangelizadores com conhecimentos de Pedagogia, Sociologia, Psicologia que em sucessivos encontros lhes proponham valores humanos, capacidade de ler o seu tempo, capacidade de relações e de reações serenas, menos individualismo, menos subjetivismo, mais conhecimento e interesse por questões sociais, questões políticas, menos hedonismo.

    O hedonismo, do qual são vítimas por conta do excesso de liberdade nas ruas, nas praias, nas festas, nos meios de comunicação, a cada nova estatística vê crescer o que já era calamitoso em 2001, quando, por exemplo, dos 3,2 milhões de nascidos vivos 22,6%, ou seja, 695 mil eram de mães entre 15 e 19 anos. Pais e mães adolescentes, despreparados. Os jovens aprendem rapidamente a buscar os prazeres da vida, motivados pela mídia e por uma série de outras motivações; e eles aprendem mais lentamente a assimilar os deveres da vida. A sociedade lhes mostra e ensina por imagens escancaradas como explorar o próprio corpo e o corpo alheio, como fazer sexo, mas não como vivê-los, corpo e sexo, com todas as suas consequências.

    Mais precisamente a partir dos anos 1950 e marcadamente depois dos anos 1980, com a explosão da mídia, do cinema, do rádio, do LP, da televisão, do CD, do DVD, do computador e da internet, e tantos outros pequenos instrumentos de aproximação e de comunicação, nosso século deu voz aos jovens. Eles estão falando.

    Os jovens se fizeram ouvir, ou alguém investiu neles porque havia bilhões de dólares em causa se as ideias, os sonhos, as canções, a rebeldia, os trajes, o comportamento deles e eles mesmos se tornassem produtos. E eles se tornaram produtos.

    Explodiu a partir de l960 a indústria da idade. Os jovens vendiam e compravam. Havia mais dinheiro nas mãos dos jovens. Uma nova sociedade emergida do pós-guerra (1939-1945) e uma redivisão do mundo em dois polos a partir de 1948 transformaram os jovens do Ocidente em jovens consumistas e outra sociedade os transformara em jovens comunistas.

    O ideal de possuir e o de influir tomou conta dos jovens do Ocidente e do Oriente. Capitalismo e Socialismo voltavam-se para os jovens porque eles, agora, faziam a diferença. Com eles se construiria uma nova sociedade ocidental, com eles se construiria uma nova sociedade oriental, uma nova sociedade capitalista e uma nova sociedade comunista. Eles movimentam as ruas, a mídia, a economia, as ideologias e, ultimamente, as Igrejas. Mesmo que não criassem, faziam circular ideias e mercadorias.

    Cordas e teclados saíram das mãos de adultos e caíram nas mãos de milhões de jovens. Microfones e amplificadores agora gritavam vozes juvenis por toda a cidade e em todas as casas. Suas canções eram ouvidas por bilhões de ouvidos. E eram os jovens cantando a respeito de si mesmos e reunindo milhões. Eles não eram mais objetos da comunicação. Tinham se tornado sujeitos da comunicação. O mundo, que por milênios falou sobre os jovens e aos jovens, agora ouvia os jovens falarem sobre si mesmos a outros jovens, aos adultos.

    Talvez o mundo não tenha conhecido tantos jovens organizados, rompedores, questionadores e aproximadores como agora. Embora os jovens rompedores com o padrão sejam os que mais aparecem, a verdade é que os jovens sonhadores e aproximadores ainda são maioria. Mais do que sacudir o mundo eles querem ter amigos, pertencer. Mas aí estão os nomes de jovens personagens e seus cenários que, no seu tempo, para o bem ou para o mal, desafiaram o padrão: Alexandre Magno, Calígula, Francisco de Assis, Clara d’Offreducci, Bento de Nurcia, Escolástica, Harlem, Berkeley, John Hopkins, Beatles, Rolling Stones, Madonna, Elvis Presley, Marilyn Monroe, Michael Jackson, Britney Spears, Lady Gaga, Rudi Dutschke, Brigate Rosse, franciscanos, hippies, beatniks, punks... são nomes que revelam períodos. A lista passaria de mil nomes.

    Um dia os jovens precisam revelar-se e, não achando o espaço adequado, resolvem rebelar-se por rebelar-se. Mais ainda, resolvem rebelar-se para revelar-se. Isto é sociológico. Mereceria estudos profundos. Mas vem de longe e com tal força que há um momento na vida do jovem em que os laços de amizade superam os de sangue. É que ele encontra lá fora mais realização do que entre seus familiares. Jesus abordou o fato na história do filho pródigo, que cortou as amarras do lar e foi estabelecer relações lá fora. Por melhores que sejam os pais, há um momento em que o jovem precisa expressar-se, não apenas no círculo familiar, mas num âmbito maior. Está no DNA de todas as gerações.

    A coetaneidade, que os gregos chamavam de homélikién, igualdade etária, torna-se mais forte do que a consanguinidade. As duas entram em guerra. Não precisariam, mas entram. Percebe-se isso ainda hoje nos megashows de rock, onde jovens que não conhecem uma palavra sequer de inglês passam dias ouvindo o som de jovens de outras terras e cantando juntos. Bastam-lhes algumas palavras-chave. O resto é homélikién: coetaneidade. Turma da sua idade dizendo coisas que os adultos não dizem. São jovens falando de maneira coletiva, nem importa o quê. Importante é que estão se expressando com a

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1