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A vida de um transgênero
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A vida de um transgênero
E-book160 páginas2 horas

A vida de um transgênero

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Sobre este e-book

Caro leitor, espero que esteja preparado para essa história, mantenha sua mente livre de todos os tipos de tabus, regras e preconceitos para aproveitá-la bem.
Acredito que esteja curioso e já vou adiantando que, talvez, identifique-se com algumas partes, ou, quem sabe, encontre no livro um conhecimento que jamais imaginou ter ou então termine apenas confuso.
Muito prazer, eu sou o Stevan, mas você pode me chamar de Téhh. Aproveitando que falei sobre o nome... Stefany era meu nome de batismo. Apesar de não achar que combinasse comigo, não me incomodava tanto, somente quando conhecia uma menina com esse nome, ou caso se parecesse bastante comigo fisicamente, porque me sentia estranho quando me comparavam a elas.
Faz apenas alguns meses que nasci; na realidade, tenho vinte e quatro anos de idade, mas o dia em que eu realmente nasci foi há exatamente três meses.
Quando nasci, fui registrado com o sexo feminino, e, para piorar, todos acreditaram fielmente nisso e passaram a me vestir e tratar como uma menina. Não sei de onde tiraram a ideia de que mulher deve usar a cor rosa, e homem, azul, só sei que isso somente piorou tudo ainda mais! Eu só ganhava bonecas e outros tantos brinquedos que meninas costumam ganhar nessa idade.
Eu estava num corpo de mulher, tanto que colocaram no meu registro de nascimento que eu era do sexo feminino. Todos me viam como mulher, mas havia um único problema, eu não era uma mulher e não sabia no que isso afetaria minha vida e qual seria o resultado disso tudo.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de jul. de 2018
ISBN9788554543457
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    A vida de um transgênero - Téhh Queiroz

    www.editoraviseu.com.br

    Prefácio

    Stevan nasceu Stefany. Não se aceitava homem nem mulher. Viveu parte de sua vida como um personagem e outra parte entre dois mundos onde não se sentia encaixado. Nessa biografia, conta com detalhes todas as dificuldades encontradas em relação aos profissionais de saúde, relacionamentos, medos, área profissional e toda a sua jornada desde a sua infância até se tornar oficialmente Stevan.

    Sobre o Autor

    O autor nasceu em 1994, na cidade de Campinas, estado de São Paulo. Formado em técnico de Gestão de Empresas e técnico Mecatrônica, é empresário da empresa Transtore Packers que fabrica produtos para o público trans. Faz palestras sobre gênero e sexualidade. Escreveu seu primeiro livro A vida de um transgênero com o intuito de repassar sua história como forma de auto ajuda e como meio de estudo para aqueles que buscam conhecimento sobre o assunto.

    Introdução

    Caro leitor, espero que esteja preparado para essa história, mantenha sua mente livre de todos os tipos de tabus, regras e preconceitos para aproveitá-la bem.

    Acredito que esteja curioso e já vou adiantando que, talvez, identifique-se com algumas partes, ou, quem sabe, encontre no livro um conhecimento que jamais imaginou ter ou então termine apenas confuso.

    Muito prazer, eu sou o Stevan, mas você pode me chamar de Téhh. Aproveitando que falei sobre o nome... Stefany era meu nome de batismo. Apesar de não achar que combinasse comigo, não me incomodava tanto, somente quando conhecia uma menina com esse nome, ou caso se parecesse bastante comigo fisicamente, porque me sentia estranho quando me comparavam a elas.

    Faz apenas alguns meses que nasci; na realidade, tenho vinte e quatro anos de idade, mas o dia em que eu realmente nasci foi há exatamente três meses.

    Quando nasci, fui registrado com o sexo feminino, e, para piorar, todos acreditaram fielmente nisso e passaram a me vestir e tratar como uma menina. Não sei de onde tiraram a ideia de que mulher deve usar a cor rosa, e homem, azul, só sei que isso somente piorou tudo ainda mais! Eu só ganhava bonecas e outros tantos brinquedos que meninas costumam ganhar nessa idade.

    Eu estava num corpo de mulher, tanto que colocaram no meu registro de nascimento que eu era do sexo feminino. Todos me viam como mulher, mas havia um único problema, eu não era uma mulher e não sabia no que isso afetaria minha vida e qual seria o resultado disso tudo.

    Infância

    Com três anos de idade, eu ainda não tinha ideia do que viria pela frente, acreditava que estava tudo certo comigo. Eu me identificava com os garotos, era certo de que era um garoto e não entendia quando colocavam roupas muito femininas em mim ou quando diziam que eu era como minha irmã mais velha. Era nítida a diferença entre nós e achava que todos conseguiam me ver como eu me via: um garoto.

    Assim como os outros garotos, eu também poderia tirar a camiseta quando quisesse, também poderia ir para a praia só com a parte de baixo do biquíni, eu poderia usar bermudas. Infelizmente, no meu guarda roupa nunca tinham as roupas que eu realmente gostava, mas procurava escolher as que mais me atraia, ou as menos femininas que encontrava por ali.

    Nessa idade eu já costumava ir bastante para a praia, praticamente todos os finais de semana. Era o meu passeio preferido. Fazer castelinhos, competir o maior buraco cavado na areia, me enterrar e deixar somente a cabeça para fora. Costumava ser sempre o mais divertido, vivia correndo, brincando e animando todos que estavam por perto.

    Praia era o ambiente em que me sentia livre, eu podia correr, brincar de bola, brincar na areia, no mar, subir nas pedras e ainda podia escolher o biquíni que quisesse, sendo que a peça de cima eu não precisava usar. Eu nem levava a parte de cima do biquíni porque sabia que aquilo não era necessário. Era comum receber aqueles apelidos menina muleca. Mesmo com o menina no nome, ainda assim me sentia sendo lido como um garoto brincalhão e arteiro.

    Em casa, também costumava ficar sem camiseta e nunca tive problemas com isso. Vivia correndo em casa, brincando de esconde-esconde ou pega-pega com minha irmã e meus primos. Com meu pai gostava de competir corrida e também de brincar de lutinha porque ficava feliz quando ele dizia que eu era forte. Colecionava carrinhos, tinha uma bola de futebol, outra de basquete e jogava sozinho até quando não tinha ninguém para jogar comigo.

    Aquele ano, no meu aniversário, foi feita uma festa para mim. Amigos, família, salgadinhos, doces, bolo, brinquedos, cama elástica, campo de futebol, campo de areia e parquinho. Tudo que eu mais gostava em um único lugar. Eu não parava, gostava de estar em todos os brinquedos ao mesmo tempo. Aproveitei até o último minuto da festa e fiquei chateado ao final do dia, quando cada estava indo embora e o horário do buffet se encerrando.

    A única parte chata foi estar de vestido na festa, mas fora isso, fui tudo muito legal. Cheguei em casa, tinha uma caixa gigante com todos os presentes que tinha ganhado. Adorava ganhar brinquedos e aquilo com certeza fazia o dia se tornar ainda melhor; era o melhor dia do ano! Sentia um pouco de desconforto quando ganhava bonecas, porque era como se não me conhecessem. Era óbvio que eu iria preferir ganhar carrinhos do que bonecas, e qualquer um saberia se me conhecesse um pouco mais.

    Por sorte, algumas pessoas mais próximas, me presenteavam com alguns carrinhos diferentes e eu ficava feliz. Não gostava de reclamar do presente, então não jogava fora nem dizia a ninguém que não tinha gostado, apenas guardava ou deixava encostado quando não usava para brincar.

    Ganhei tantas bonecas de aniversário que comecei a usar elas dentro dos carrinhos grandes que ganhava e aproveitava por brincar as vezes para não me sentir tão mal por abandonar o brinquedo que ganhei.

    Me deixava um pouco confuso por ver que as pessoas me davam presentes como se eu fosse uma garota ou quando eu via que no meu guarda roupa só tinham roupas femininas. Eu percebia que me colocavam as vezes diferente dos garotos, mas não conseguia compreender exatamente o que estava acontecendo, sempre achava que eram algumas confusões de coisa de adultos. Aquilo era o normal que eu conhecia, então até aí, aquilo não tinha me atrapalhado tanto.

    Eu tinha apenas quatro para cinco anos de idade e lembro quando diziam que tinha que deixar meu cabelo crescer e usar roupas que as meninas costumavam usar para poder sair de casa. Quando íamos comprar roupas, meus pais costumavam me deixar escolher os modelos que quisesse; claro que eu comprava as roupas masculinas, mas, quando tinha que ir em aniversários, festas e eventos, obviamente colocavam as de que eu não gostava, como vestidinhos ou peças bastante femininas dizendo que tinha que estar bonita. Aquilo começou a me incomodar.

    Por que não poderia escolher as minhas próprias roupas para sair? Por que eu era tão parecido com os garotos e me sentia tão diferente das garotas? Não queria usar roupas feminina, queria poder me vestir igual os outros garotos, não queria as bonecas, queria os carrinhos.

    Com seis anos de idade, eu tinha certeza de que era como os garotos, então, andava e brincava com eles, mas ainda assim as vezes sentia aquela divisão de gêneros. Era estranho ver que tentavam sempre empurrar coisas que meninas costumavam gostar para mim sendo que já tinha dito que não gostava.

    Quando ia ao cabelereiro, não podia escolher o corte que queria e não gostava dos que escolhiam porque não deixavam cortar tão curto e deixavam ele cada vez maior, sentia-me um garoto estranho.

    Eu não entendia o motivo disso tudo, mas questionava aquilo que estava sob meu alcance. Com o tempo, comecei a compreender que mesmo eu sendo um garoto, era como se, às vezes, as pessoas não me vissem como um. Era como se algumas pessoas entendessem e outras não, ou como se eu pudesse ser um garoto em algumas situações, mas em outras não. Comecei a perceber que para as pessoas que não me conheciam, geralmente eu era mais uma garota do que um garoto.

    Quando completei seis anos, teria que ir pela primeira vez para a escola. Estava animado, gostava de interagir com as pessoas, sempre fui muito comunicativo, brincalhão e gostava de fazer novos amigos. A escola parecia o local perfeito!

    As aulas iam começar... e, uma semana antes, fui com minha mãe à escola fazer a compra do uniforme. Chegando lá, a vendedora nos atendeu e pegou as opções para eu escolher. Tinha a calça legging, short-saia, calça comprida, camiseta baby look e uma blusa de frio com zíper.

    O engraçado é que havia diversas opções de uniforme, mas ela só colocou algumas opções para eu poder escolher. Olhei para minha mãe com aquela cara de quem não tinha gostando de nenhuma das peças apresentadas. Ela já sabia que eu sempre preferia as roupas masculinas, mas tentava empurrar aos poucos as femininas para mim. Naquele momento, ela entendeu que aquelas roupas não eram as que eu gostaria de comprar para usar na escola.

    — Moça, posso ver as outras opções também? Minha filha gosta de algumas roupas mais larga e confortáveis — minha mãe perguntou à vendedora, tentando disfarçar os verdadeiros motivos.

    A mulher disse que até tinha, mas que eram roupas para os meninos, recusando-se a mostrar as peças masculinas.

    Fiquei irritado, até ela queria empurrar roupas femininas para mim! Continuei com cara de desaprovação, encostando na minha mãe como quem precisasse que ela dissesse algo.

    — Podemos ver as masculinas? — minha mãe insistiu.

    Ela parecia entender que eu era um garoto às vezes e outras vezes não.

    As opções dos garotos eram: camisetas, shorts largos, calça larga e blusa de frio fechada. Eu queria todas! Era exatamente como eu queria me vestir e era bonito, ia ficar muito bom, tinha certeza disso.

    Fiz com a cabeça dizendo que sim, que eram aquelas que queria.

    — Vou levar duas camisetas masculinas e duas femininas, um short masculino e uma calça legging. A blusa de frio será a com zíper, feminina — minha mãe completou o pedido.

    Fiquei feliz pelas peças masculinas, mas as femininas ela

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