Celebrar a misericórdia: Subsídio litúrgico - Jubileu da Misericórdia - 2015 | 2016
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Celebrar a misericórdia - Conselho Pontifício para Evangelização
Introdução
capCelebrar o Jubileu
Ao longo da história da Igreja, existiram muitos jubileus, promulgados por vários sucessores de São Pedro. Entre os ritos, que até mesmo num passado recente acompanharam tal acontecimento do Jubileu, tiveram importância fundamental as celebrações litúrgicas que caracterizam quer a Igreja de Roma, presidida pelo seu bispo, quer a Igreja universal, que se manifesta nas dioceses, cada uma presidida pelo próprio pastor, espalhadas pelo mundo inteiro. É com esse espírito universal que o Santo Padre Francisco, na Bula de promulgação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, Misericordiae vultus (MV), estabeleceu que, após o rito de abertura da Porta Santa ou Porta da Misericórdia na Basílica de São Pedro, em 8 de dezembro de 2015, solenidade da Imaculada Conceição, quando se dará início solene ao Ano Santo, no domingo de 13 de dezembro, III do Advento, «em cada Igreja particular – na catedral, que é a igreja-mãe para todos os fiéis, ou na concatedral, ou então numa igreja de significado especial – se abra igualmente, durante todo o Ano Santo, uma Porta da Misericórdia. Por opção do Ordinário, a mesma poderá ser aberta também nos santuários, meta de muitos peregrinos que, frequentemente, nesses lugares sagrados, se sentem tocados no coração pela graça e encontram o caminho da conversão. Assim, cada Igreja particular estará diretamente envolvida na vivência deste Ano Santo como um momento extraordinário de graça e de renovação espiritual. Portanto, o Jubileu será celebrado, quer em Roma, quer nas Igrejas particulares, como sinal visível da comunhão de toda a Igreja» (MV, n. 3).
Desde este momento, início solene do Ano Santo em cada diocese, cada igreja particular e cada comunidade farão o que estiver ao seu alcance para que, sobretudo liturgicamente, o Jubileu seja vivido como «um momento extraordinário de graça e de renovação espiritual» (MV, n. 3) por parte de todo o Povo de Deus. Isso será possível se houver um empenho maior na promoção das celebrações do que na sua propriedade, simplicidade e beleza e, de acordo com os tempos do ano litúrgico C, para que sejam transparência mistagógica do amor misericordioso e da solicitude do Pai Celeste que, no Filho e por obra do Espírito, «quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1Tm 2,4).
Na Bula Misericordiae vultus, o Papa Francisco lembra-nos: «Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai» (MV, n. 3). A celebração litúrgica é um momento privilegiado para poder descobrir e deixar-se fascinar pelo rosto misericordioso do Pai.
O presente subsídio quer ajudar todas as comunidades diocesanas e religiosas, todas as paróquias e santuários, oferecendo algumas sugestões para que, no Ano Jubilar, as nossas celebrações se possam perfumar com a misericórdia do Pai.
I
capO ano litúrgico
O ano litúrgico é o eixo fundamental sobre o qual se desenrola toda a atividade pastoral e litúrgica da Igreja, pelo que deve ser valorizado nas várias comunidades, dando-se especial atenção à qualidade das liturgias (Sacrosanctum concilium, n. 102). Todas as celebrações promovidas ao longo do Ano Jubilar deverão estar sempre de acordo e em sintonia com o ano litúrgico C, no qual o Ano Santo se insere. Tenha-se atenção especial pelo domingo, dia do Senhor, quando toda a Igreja celebra o mistério da morte e ressurreição de Cristo, juntamente com o Ciclo do Natal e o Ciclo Pascal. A partir da celebração, «o domingo deve dar oportunidade aos fiéis para se dedicarem também às atividades de misericórdia, caridade e apostolado. A participação interior na alegria de Cristo ressuscitado implica a partilha total do amor que pulsa no seu coração: não há alegria sem amor! O próprio Jesus no-lo explica, ao pôr em relação o mandamento novo
com o dom da alegria: Se vocês guardarem os meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu tenho guardado os mandamentos do meu Pai e permaneço no amor dele. Estou falando essas coisas a vocês para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa. Este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros, assim como eu amei a vocês
(Jo 15,10-12). Assim, a Eucaristia dominical não só não desvia dos deveres de caridade, mas também estimula os fiéis a tudo o que seja obra de caridade, de piedade e apostolado, onde os cristãos possam mostrar que são a luz do mundo, embora não sejam deste mundo, e que glorificam o Pai diante dos homens
» (Dies Domini, n. 69).
A Quaresma
A Quaresma é o tempo privilegiado no qual a Igreja é chamada a mostrar de forma mais evidente o rosto misericordioso do Pai, especialmente por ocasião das liturgias penitenciais e da celebração do sacramento da Reconciliação. Por essa razão, em 4 de março, sexta-feira, e 5, sábado, estende-se a todas as comunidades a iniciativa «24 horas para o Senhor», especialmente nas paróquias, nos santuários e nas igrejas mais centrais e frequentadas pela comunidade cristã; tal momento será celebrado na Basílica de São Pedro em 4 de março, sexta-feira, com uma liturgia penitencial.
No entanto, podem existir outros momentos a privilegiar neste tempo, como a celebração da Liturgia da Palavra. A esse respeito, o Santo Padre recomenda que «a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus. Quantas páginas da Sagrada Escritura se podem meditar, nas semanas da Quaresma, para redescobrir o rosto misericordioso do Pai!» (MV, n. 17). A tal propósito, faça-se referência à obra As Parábolas da Misericórdia, publicada pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, incluída nesta coleção.
O ciclo das leituras das Missas