Descubra os primeiros passos para recomeçar: Vencendo os traumas que nos prendem
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Sobre este e-book
Na obra estão registradas histórias marcantes e, por vezes, dolorosas, mas que em muitos casos trazem reviravoltas inspiradoras. São verdadeiras experiências de cura dos mais diversos traumas que, após anos de sofrimento, foram trabalhados adequadamente e ganharam um novo sentido.
Ao final da leitura, você terá instrumentos para arriscar o seu voo. E o voo da nossa vida, só nós podemos voar. Portanto, com uma postura decidida, sua vida pode mudar, e você poderá se surpreender ao descobrir quem você realmente é.
Aceite esse desafio, vença os traumas que o prendem e descubra os primeiros passos para recomeçar!
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Descubra os primeiros passos para recomeçar - Adriana Potexki
Agradecimentos
U
ma obra nunca é
feita de forma solitária. Ela tem braços, poesia, vida, unidade.
Agradeço a Bruno Monteiro Ramos Truiti, que, estreando como pai, estreou também numa parceria comigo, perdendo horas de sono das últimas madrugadas para dar os arremates finais.
A Rosangela Montozo, que esteve presente, mais uma vez, com sua capacidade e seus dons.
A Ana Beatriz Dias Pinto, que, através das poesias que produziu para a obra, espalhou nestas páginas o sublime, o curativo, o divino.
A Alice Venturi Rodrigues e Jhenyson Thiago dos Santos, que usaram seu olhar, que capta o essencial através de suas lentes fotográficas, para registrar um pouquinho de mim.
A Larissa de Oliveira Lima, minha estagiária de Psicologia, que me inspirou através de sua paixão pela Psicologia e visão crítica.
Ao Movimento dos Focolares e ao Instituto Católico de Psicologia e Pesquisa (ICaPP), pela unidade que me leva além.
A meus pais, Leon Potexki e Joana Potexki, pela herança espiritual que me deixaram.
À minha irmã, Elaine Domingues, e a seu esposo Alexandre Laska Domingues, que geraram a Isabela, a alegria de nossa família.
À Canção Nova, pelo privilégio de ter uma obra no colo de uma comunidade que me recebe sempre de braços abertos, com direito a um beijo na testa dado por Monsenhor Jonas Abib.
Ao meu marido, Antônio Bueno dos Santos, e ao meu filho, Lucas Miguel Bueno dos Santos, que fazem tudo valer a pena.
Introdução
S
omos livres, mas não
temos consciência plena disso!
Quando éramos pequenos, não víamos a hora de crescer e fazer o que a gente quisesse.
Os planos eram grandes! Sonhávamos até em voar. Queríamos ser livres.
Ser livre é um dom.
Não tínhamos vergonha de dar gargalhadas, de dançar, de pular. Não tínhamos vergonha de sermos verdadeiros e ainda nem sabíamos fingir que gostamos do presente daquela tia.
Éramos nós.
Queríamos voar, mas muitas eram as coisas que amarravam nossas asas.
Uma das palavras mais ouvidas por uma criança é não.
– Quero sentir a chuva!
– Não.
– Quero sentir a geada!
– Não.
– Quero correr para longe!
– Não.
– Quero amar!
– Não é hora.
Até para amar nos diziam não...
O que me deixa triste é que muitos nãos
ditos por nossos pais nem são deles, mas dos avós e bisavós que disseram não.
Enfim, carregamos nas asas um peso que não é nosso.
Neste livro, você irá perceber quais coisas podem nos impedir de voar, de vermos quem somos. Mas espero imensamente que, no final, nos encontremos no alto de uma montanha para arriscarmos o nosso voo. E o voo da nossa vida, só nós podemos voar!
1. Se não nos reconciliarmos com nosso passado, andaremos para o futuro de costas
Adultos de coração filial
Não somos aqueles que sabem tudo,
mas aqueles que buscam.
E nada estará perdido
enquanto estivermos em busca.
Não adianta aceitar-se
se não amar-se.
Aceitar-se é assumir
que teve forças para reconhecer-se.
Amar-se é acreditar sempre em si.
Mesmo entre rugas e cicatrizes,
brilho nos olhos e gargalhadas.
Se tropeçamos sete vezes,
precisamos nos levantar oito!
E por mais que não haja
uma boa notícia diariamente,
temos motivos de sobra
para amar e viver sorrindo.
Ana Beatriz Dias Pinto
C
omo nossos traumas podem
atrapalhar nossa vida adulta?
Vejamos o exemplo de uma mulher de 35 anos, em depressão, com pensamentos de suicídio, solitária, triste e insegura. Ela vem de uma família cujo passado foi marcado por contextos negativos: sua avó, por exemplo, vendeu seu pai – então uma criança de apenas sete anos de idade – para ser escravo, e seu avô foi internado em um hospital psiquiátrico. Quando seu pai, já aos dezoito anos de idade, decidiu tirar o avô do hospital, descobriu que ele falecera justamente no dia anterior. Como se isso tudo não bastasse, sua concepção foi forçada – seu pai forçou sua mãe naquela noite. Além disso, segundo sua mãe, sua gestação foi o pior período de sua vida, pois foi a época em que seu pai mais a traíra.
Tamanho foi o sofrimento da pobre criatura no ventre que, ao nascer, notou-se que havia expelido fezes – tecnicamente conhecido como mecônio – ainda dentro do útero, ou seja, um claro sinal de sofrimento fetal. Ocorre que, caso o bebê inale esse líquido meconial, ele pode sofrer uma crise respiratória por obstrução e inflamação de suas vias aéreas.
Conscientizando-se de toda essa dor, conta que a mãe lhe disse certa vez que, durante a gravidez, pensou: Se eu não estivesse grávida, eu poderia fugir
.
Ao lembrar disso na sessão, a paciente, como se voltasse a ser bebê dentro do ventre da mãe, pensou: Eu não mereço viver. Pensei várias vezes em me matar. Eu não posso nascer, eu não posso ir pra frente
.
Sua vida era sempre muito parada, não fluía. Eu mereço só o resto, só o podre
, pensava ela. Percebamos a força dessa frase, que refletiu em sua vida de forma bastante concreta, fazendo com que ela tivesse um relacionamento e, mais tarde, um casamento, com um verdadeiro sociopata, que só a fez sofrer.
Hoje em dia, após sua separação, sua situação pode ser resumida em outra frase – tão negativa e tóxica quanto sua crença anterior – que proferiu em uma de nossas conversas: Sou tão inferior que as pessoas não querem me ver nem me tocar
.
Ela é incapaz de atrair quem quer que seja, pois ela própria se sente um nada. E ela prossegue com o automassacre:
É melhor eu morrer. Eu sou um mal. O bem que faço, não acolho. As pessoas me elogiam sobre coisas boas que faço, mas é como se eu não acreditasse. Não importava o que eu fizesse, eu não fazia minha mãe feliz, nem ao menos nascer. No nascimento, minha mãe sofreu porque ela teve que ficar faxinando na casa da tia mesmo tendo dores de parto. Eu só fazia minha mãe feliz quando eu estava doente, e eu adorava ficar doente, porque assim ela cuidava de mim.
Sobre a infância, ela disse que foi uma criança alegre até os três anos. Dali em diante, seus pais diziam que, por ser menina, ela tinha que ser séria, não podia rir. Então, a partir dessa idade, ela começou a se fechar, ou seja, sua essência de alegria se foi. A inocente criança, tão pura e alegre, tornou-se, de repente, uma menina depressiva, com vontade de morrer.
Parei de ter expectativas, eu vivia dentro do quarto estudando
, ela relata. Seu pai a obrigava a ficar horas e horas estudando. Tudo era imposto. Ela prossegue: Me obrigavam a fazer um esporte, então eu me dedicava ao máximo, mas logo me tiravam. Onde quer que estivesse, me sentia presa. Mesmo na aula, era como se não estivesse lá
.
E essa menina foi sempre boazinha
, uma filha perfeita.
É importante pensarmos se nossos filhos não estão sendo bonzinhos demais e que, talvez, não estejam sendo capazes de expressar o que sentem, o que pensam, nem ser quem realmente são. Talvez eles sejam diferentes do que desejamos, talvez sejam meio tortos, meio alegres, um tanto despreocupados ou desorganizados... Mas, afinal, o que cabe aos pais? Prendê-los dentro de um quarto – mesmo que um quarto emocional, afetivo – ou deixar a criança ser livre?
Ao longo do processo, submeti essa paciente à abordagem EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing, ou Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares), através da qual seu cérebro era estimulado, e foi um processo tão bonito – quando se começa a curar o cérebro, as lembranças positivas vêm, e vêm tão fortes que trazem consigo um grande poder de cura sobre nós –, que ela lembrou de um dia em que saiu do quarto, foi até o pai e perguntou: Pai, posso ir brincar?
, ao que ele respondeu com um sonoro não
.
No entanto, ela se lembrou de que, nesse dia, ela foi para o quarto feliz, pensando: Um dia vai chegar a hora em que eu vou poder sair desse quarto
.
Então, com a intervenção terapêutica, perguntei a ela: Em que ano estamos mesmo?
, ao que ela respondeu prontamente. Eu então rebati: Já está na hora de sair do quarto, não é?
.
"Eu não havia me tocado que já