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5 Conversas Que Você Deve Ter Com Sua Filha
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5 Conversas Que Você Deve Ter Com Sua Filha
E-book417 páginas3 horas

5 Conversas Que Você Deve Ter Com Sua Filha

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Sobre este e-book

Através de uma comunicação aberta e honesta, a autora Vicki Courtney ajuda as mães a prepararem suas filhas para as verdades e mentiras da sociedade moderna. O livro também inclui conversas agrupadas por faixa etária: de 0 a 5 de 6 a 12 e de 12 anos em diante. Ajude a tornar suas filhas no que Deus quer que elas sejam, e não no que o mundo diz.

Um produto CPAD.
IdiomaPortuguês
EditoraCPAD
Data de lançamento18 de jul. de 2014
ISBN9788526312180
5 Conversas Que Você Deve Ter Com Sua Filha

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    5 Conversas Que Você Deve Ter Com Sua Filha - Vicki Courtney

    Notas

    Introdução

    As introduções são muito importantes para mim. Por esta razão, raramente entrego a introdução junto com o restante do manuscrito para o meu editor. Normalmente, espero o estágio final da edição, quando o livro volta às minhas mãos pela última vez (em geral, poucas semanas antes da impressão). Para definir o tom e a atitude do livro, eu o leio, do princípio ao fim, de uma só vez. Sei que a introdução será a primeira coisa que o leitor lerá, e por isso quero que seja a última coisa que eu escreva. Confidencio este pequeno detalhe para que você possa apreciar melhor a ironia inacreditável da minha lista de afazeres para esta semana:

    Escrever a introdução para 5 Conversas

    Revisar a lista da bagagem que vai para a faculdade com Paige

    Encontrar lugar para deixar o cão para a saída para a faculdade

    Que situação esquisita. Pensei que já fosse esquisito o bastante que eu escrevesse este livro durante todo o último ano dela. Eu estava escrevendo o livro enquanto a via torcer nos jogos da faculdade pela última vez. Eu estava escrevendo este livro quando ela recebeu a sua carta de aceitação da primeira faculdade da sua lista de preferências. Eu estava escrevendo este livro entre as compras de um vestido para a volta para casa, depois do nascimento dela, e um vestido de formatura do colegial. Eu estava escrevendo este livro durante o seu primeiro namoro. Eu estava escrevendo este livro enquanto planejava um jantar quando ela fez 18 anos. E agora, aqui estou sentada, em minha cadeira favorita, escrevendo esta introdução, enquanto ela está no andar de cima, examinando o conteúdo do seu quarto e colocando as coisas em uma pilha de levar para a faculdade. Será que alguém pode me dar um lenço de papel?

    Quando você estiver com este livro em suas mãos, meu marido e eu teremos embalado os pertences de nossa garotinha e viajado mais de 800 quilômetros, atravessando quatro fronteiras estaduais, para levá-la ao seu quarto no alojamento da faculdade. Veja só, ela nunca esteve fora de casa por mais de uma semana. Oh, eu sei que ela vai voltar para casa, para algumas visitas, e nas férias de verão, e isso me traz algum consolo. Mas a verdade é que não é provável que ela retorne para casa e volte a dormir no seu antigo quarto. Do outro lado do corredor. Onde eu sei que ela está a salvo. Eu já levei o seu irmão mais velho para a faculdade, e por isso sei que é melhor não acreditar que ela se vai por apenas quatro anos. Já mencionei que ela nunca esteve fora de casa por mais de uma semana? Ai.

    E, ainda assim, nesta sensação distorcida de ironia, aí está a minha menina, à beira do dia da ida para a faculdade, enquanto releio pela última vez um livro intitulado 5 Conversas que Você Deve Ter com sua Filha. Eu me pergunto se consegui responder ao desafio do subtítulo do livro: Do berço à faculdade: conte à sua filha a verdade a respeito da vida, antes que ela acredite nas mentiras da cultura. Será que falei o suficiente? Fiz o suficiente? Será que eu a ensinei o suficiente? Será que a preparei o suficiente para viver sozinha? Será que eu a equipei o suficiente a respeito de questões de namoro, para evitar os palhaços que, sem dúvida, cruzarão o seu caminho? Será que eu a lembrei o suficiente de que Deus tem um padrão diferente de beleza? Será que a amei o suficiente? Será que exemplifiquei o suficiente a minha fé? Será que eu a dirigi a Cristo o suficiente?

    uma mãe é assim mesmo, não é? Sempre se pergunta se fez o sufi-ciente? Felizmente, lembro-me de que Deus é mais do que suficiente para compensar as minhas deficiências de mãe pelo caminho. No que diz respeito a ser mãe de minha filha, a maior parte do meu trabalho está terminada. Espere, talvez eu possa acrescentar isso à minha lista, pelo puro prazer de fazer um sinal de feito ao lado!

    Concluir a tarefa de dezoito anos de maternidade que Deus me deu, com respeito a Paige

    É difícil criar uma menina na cultura de hoje. Eu nunca fui de embelezar ou suavizar os fatos, e, em algumas ocasiões, este livro fará você se contorcer. Tive com a minha filha as cinco conversas contidas neste livro. Repetidas vezes. A premissa básica por trás dessas conversas é o fato de que são conversas contínuas. Elas devem começar quando a sua filha for muito jovem, e devem continuar ao longo dos anos. Você não deve deixar de falar quando ela começar a se afastar ou fazer cara de impaciente. Na verdade, você deve intensificar as conversas, e deve orar, orar, orar e confiar que Deus lhe dará forças, sabedoria e discernimento. Você não consegue fazer isso com as suas próprias forças — você precisa da ajuda de Deus. Antes que você perceba, minha amiga, será a sua vez de embalar as coisas de sua filha para a faculdade, ou enviá-la para o mundo do trabalho. A minha oração mais sincera é para que, quando esse momento chegar, você também sinta uma sensação completa de satisfação com relação à sua tarefa de dezoito anos de maternidade. Deus não está procurando mães perfeitas que criem filhas perfeitas. Ele está procurando mães imperfeitas, que estão criando filhas imperfeitas, em um mundo imperfeito... e desesperadamente dependentes de um Deus perfeito para os resultados.

    —Vicki Courtney

    CAPÍTULO 1

    Embalagem Bonita

    Você já foi atraído por uma embalagem bonita? Os fabricantes de produtos que almejam ter sucessos de vendas conhecem a importância da embalagem. Além disso, eles sabem que os consumidores tomam 70% de suas decisões de compra nas lojas, e podem considerar até cem mil itens que chamem a sua atenção. ¹ Seja uma caixa de chiclete, um tubo de creme dental, ou um saquinho de batatas fritas, você pode apostar que incontáveis dólares e horas foram dedicados a analisar tudo, desde o público alvo até as cores dos produtos e a colocação nas prateleiras. O objetivo final, é claro, é que o produto se destaque na prateleira e, acima de tudo, que seja apanhado pelo cliente e levado até o caixa.

    Agora, e se eu lhe dissesse que a sua garotinha também é um produto? Os gerentes da marca trabalham vinte e quatro horas por dia para garantir que ela saiba exatamente o que é necessário para chamar a atenção. Para que ela capte o olhar do seu público alvo, a embalagem deve ser perfeita. E, com perfeita, eu quero dizer impecável. Quando ela comemorar os 12 anos de idade, terá visto um número estimado de 77.546 comerciais de televisão.² Some a isto as imagens que ela vê diariamente, em revistas, cartazes, e na internet, e você pode ter certeza de que quando ela completar 16 anos, terá uma noção clara do seu papel, definido pela cultura. Ela ouvirá repetidas vezes que precisa perder peso, ficar bronzeada, vestir-se de maneira provocante e exibir o corpo. A coisa é simples, ela é um objeto para o prazer do público masculino. Está disputando a atenção masculina, entre uma multidão de competidoras. E o seu público alvo é exigente. Ele também foi inundado com imagens de mulheres perfeitas. Ele tem tolerância zero para seios achatados, coxas rechonchudas, celulite, manchas, pontas danificadas nos cabelos ou rugas no rosto. Por que ele deveria aceitar algo menos que um modelo de PhotoShop? Ele acredita que as imagens são o padrão da beleza.

    A sua filha foi enganada, e cabe a você denunciar a mentira. Se ela adequar a sua identidade à limitada definição de beleza da cultura, você poderá ter certeza de que isso permeará cada momento da sua vida, a partir de agora. Noventa e três por cento das meninas afirmam sentir ansiedade ou tensão a respeito de algum aspecto de sua aparência, quando se arrumam pela manhã. Mais que três quartos das meninas e adolescentes admitem participar de atividades pouco saudáveis quando se sentem mal a respeito de seus próprios corpos. Cinquenta e oito por cento das garotas se descrevem em termos negativos, incluindo palavras como desagradável e feia, quando se sentem mal a seu próprio respeito. Aproximadamente quatro em cada dez jovens se envolvem com hábitos alimentares pouco saudáveis, tais como anorexia ou bulimia.³

    Não se engane. A sua filha estará exposta à mentira. Muitas jovens crerão nessa mentira. Algumas exibirão sinais visíveis, quando a base começar a quebrar. Outras sofrerão em silêncio. Elas terão um sorriso no rosto e parecerão imperturbáveis pela pressão para alcançar esta limitada definição de beleza. O segredo delas está a salvo, por enquanto. A repugnância que sentem de si mesmas somente será revelada em particular, quando elas saírem do chuveiro e se virem refletidas no espelho do banheiro. Ou quando elas pisarem na balança, no consultório do médico. Ou quando elas estiverem no provador feminino, lutando para entrar na roupa do tamanho que gostariam de ter. Ou quando elas estiverem na piscina com uma amiga que atraiu o olhar do salva-vidas quando passou.

    Pense nisso. Quando foi a última vez em que você pegou uma revista de moda e leu um subtítulo que se concentrava na beleza interior? Seja um conselho sobre moda, dieta ou como agradar os homens no quarto, a mensagem para as nossas filhas é clara. A embalagem é de extrema importância. E a recompensa por uma embalagem bonita? Talvez uma piscadela ou um assobio de alguém que observa. Algumas podem ser chamadas de quentes ou sensuais. O grande prêmio é que a embalagem consiga se tornar o objeto do desejo masculino. Não é esse o objetivo? Aqui, já se passaram quase quatro décadas depois do movimento feminino, e as mulheres nunca foram mais consideradas como objetos do que são hoje.

    Uma Triste Situação

    Lembrei-me disso recentemente, depois de escrever em meu blog a respeito do escândalo de Vanessa Hudgens. Caso você não se lembre da história, Vanessa Hudgens é a estrela de High School Musical que fez algumas fotos nua, e essas fotos foram parar na internet, postadas por uma fonte desconhecida. Muitas páginas de notícias ofereceram foros públicos em que os seus leitores puderam publicar os seus próprios comentários a respeito do escândalo. Eu me senti enojada quando li comentários de homens, jovens e mais velhos, que analisavam cada parte do corpo da moça. Alguns comentavam sobre o tamanho dos seus seios, e outros expressavam desapontamento porque ela não havia se depilado próximo ao biquíni (e muito mais que isso). Veja, o que se dizia é que muitas das fotografias haviam sido feitas quando ela tinha meros 16 anos. Repetidas vezes, os homens disseram: Eu transaria com ela, alguns até mesmo fornecendo detalhes. Essas páginas não são páginas de pornografia, mamães e papais. Muitas delas são páginas de notícias respeitáveis, que não monitoram ou censuram os comentários dos leitores. Isso nos oferece uma visão do resultado de uma cultura hipersexualizada e corrompida pela pornografia.

    Não se engane. Os seus filhos e filhas foram (ou serão) expostos a esta sujeira, em algum momento. Talvez eles estejam entre os 7,08 milhões de telespectadores que ligaram a televisão para ver os MTV Video Music Awards de 2007, esperando a comentada apresentação de volta ao palco de Britney Spears.⁴ Ou, caso tenham perdido o programa, talvez eles estejam entre os mais de 1,5 milhão de pessoas que viram o vídeo no YouTube, nos dias que se seguiram. Basta dizer que não houve uma apresentação de volta aos palcos. Na verdade, quando vi a apresentação, vi muito mais que uma jovem que tropeçava pelo palco, vestida com pouco mais que seu sutiã e sua calcinha, e esquecia as palavras que devia cantar. Vi uma garota cuja fama foi construída sobre a banalização do seu corpo, a partir dos seus 15 anos, e que desde então se havia tornado um exemplo de tudo o que pode dar errado quando o seu valor se baseia na soma das suas partes. Oh, certamente poderão dizer que ela aceitou e até mesmo encorajou a atenção, mas, vamos ser justos, será que ela percebeu, na ocasião, que os mesmos admiradores do sexo masculino que penduravam o seu retrato na parece se afastariam dela no minuto em que ela engordasse meio quilo?

    Será que sou a única pessoa que se pergunta se as lutas de Britney Spears com a instabilidade mental têm algo a ver com o fato de crer que ela nada mais é do que a soma de suas partes? Agora que a soma das suas partes não tem o mesmo resultado que costumava ter, ela é abandonada perguntando-se quem ela é e se ela realmente é importante. Além disso, considerei particularmente perturbador quando li os comentários sobre a sua apresentação, publicados no YouTube e em outras páginas de fofocas, em que o principal consenso parecia ser de que ela estava gorda. Na realidade, muitas mulheres ficariam felizes de ter a aparência dela pouco depois de dar à luz dois bebês. Este é outro exemplo de uma cultura que impôs uma definição limitada de beleza, que não admite os efeitos naturais da gravidez ou da idade. Espera-se que as mulheres voltem a ter os seus corpos de antes da gravidez e que não mostrem nenhuma evidência da beleza da maternidade. A definição de beleza da cultura não tolera estrias e flacidez que possam cobrir um abdômen que antes era firme. E a recompensa, você pode imaginar, para a mulher que pode dar à luz múltiplos bebês, será contratar um cozinheiro que prepare refeições de baixas calorias e confiar em seu instrutor para forçar o seu corpo a voltar à forma? Se você for uma mamãe famosa que consegue realizar tal feito, poderá aparecer em TMZ.com (uma página popular de fofocas sobre celebridades) na categoria de Mamães gostosas. uma mamãe particularmente gostosa pode ser até mesmo chamada de Mãe com quem eu gostaria de transar pela TMZ ou por leitores que se deleitam com a oportunidade de considerar as partes do corpo da celebridade e submeter a sua análise. Não são escassos os comentários de pervertidos, que vão desde Eu transaria com ela até eu daria uma palmadinha ali.⁵ Que triste e patética condição. E, todo o tempo, nossas filhas (e nossos filhos) estão vendo e tomando nota.

    Uma Definição Limitada de Beleza

    Mães, vocês entendem a pressão que a sua filha sente? Aposto que sim. E, acredite, vocês não estão sozinhas. um estudo encomendado por Dove Foundation descobriu que 57% de todas as mulheres concordam enfaticamente que os atributos da beleza feminina se tornaram definidos de maneira muito limitada no mundo de hoje, e 68% concordam que os meios de comunicação e os anúncios apresentam um padrão irreal de beleza, que a maioria das mulheres nunca poderá alcançar.⁶ Você está cansado com o constante bombardeio desta definição distorcida de beleza? Eu sei que eu estou. Na verdade, estou louca de raiva, e esta é uma das forças motrizes por trás da mensagem deste livro. Já chega. Se este capítulo incitar a sua ira, tudo bem. Frequentemente, a ira é o estímulo que nos leva à ação.

    O desafio de redefinir a beleza não é nada novo. Deus advertiu o seu povo, há muito tempo, para que não julgasse uma pessoa com base na soma de suas partes. Quando Samuel, o profeta, foi chamado por Deus para ungir o rei que sucederia Saul, Deus o repreendeu, por supor que Eliabe, o irmão mais velho de Davi, poderia ser o próximo na linha de sucessão ao trono, com base em sua bela aparência. Em 1Samuel 16.6, o profeta olhou para Eliabe, e pensou, Certamente, está perante o Senhor o seu ungido. O versículo que se segue revela o padrão de Deus para julgar a beleza, quando Ele diz a Samuel:Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração (1 Sm 16.7).

    Nós devemos atacar juntas as mentiras da cultura, para que você possa iniciar algumas conversas necessárias e armar a sua filha com a verdade sobre a beleza — a verdade de Deus. Quer a sua filha já tenha criado uma fundação sobre as mentiras da cultura, ou esteja apenas começando a se expor à lavagem cerebral, acredite em mim, a batalha não está perdida. Onde Deus está presente, sempre há esperança. Somente falando e denunciando as mentiras nós poderemos equipar as nossas filhas. O nosso silêncio, por outro lado, endossará as mentiras da cultura e deixará nossas filhas com a impressão de que não valem nada além da soma de suas partes. As nossas filhas precisam saber que o padrão de Deus para a beleza é o único padrão que importa. Espantosamente, o padrão divino costumava ser o padrão aceito da cultura. Hoje nós testemunhamos os resultados de uma cultura que, há muito tempo, tirou os seus olhos de Deus como o padrão para a beleza, bondade e moralidade.

    Excelentes Segredos de Beleza: Aproximadamente 1890

    Você imagina abrir o diário de sua filha e ler, Querido Diário, ajudeme a ser bonita por dentro. Isto é o que uma mãe, no fim dos anos 1800, provavelmente encontraria. Joan Jacobs Brumberg, autora de The Body Project (O Projeto do Corpo), examinou diários e revistas desde o final dos anos 1800 até o início dos anos 1900 para definir a mudança de atitudes a respeito da aparência. Ela descobriu que antes da Primeira Guerra Mundial, as garotas raramente mencionavam os seus corpos em termos de estratégias para aprimoramento próprio ou lutas pela identidade pessoal. Ela declarou: Quando as jovens do século XIX pensavam em maneiras de aprimorar a si mesmas, quase sempre se concentravam em seu caráter interior e na maneira como ele se refletia no comportamento exterior. Em 1882, o diário pessoal de uma adolescente dizia: ‘Decidi, não vou falar a meu respeito nem sobre os meus sentimentos. Vou pensar antes de falar. Trabalhar a sério. Controlar-me em conversas e atos. Não vou permitir que os meus pensamentos divaguem. Serei digna. Vou me interessar mais pelos outros.

    Você consegue imaginar o que diriam os diários das adolescentes de hoje? Estou bastante convencida de como os diários de nossas filhas seriam diferentes desses. Sem dúvida, a ênfase na beleza interior há muito tempo foi esquecida. Na verdade, muitas jovens provavelmente nem mesmo sabem que houve uma época em que uma jovem se concentrava em atributos internos. Curiosamente, Brumberg observou que as jovens do século XIX eram desencorajadas de dedicar muita atenção à aparência — fazer isso seria vaidade. O livro mostrava que o caráter era edificado com atenção ao autocontrole, ao serviço aos outros e à crença em Deus.⁸ Não podemos deixar de nos perguntar se as jovens do século XIX estavam familiarizadas com a sabedoria de Provérbios 31.30, que aconselha:Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. Sem dúvida, tornar-se uma mulher que teme ao Senhor era o objetivo das mulheres do século XIX. Em resumo, elas valorizavam a virtude acima da vaidade.

    Hoje, a mesa virou. A pesquisa da Dove Foundation mencionada acima descobriu que 60% das mulheres concordam que a sociedade espera que as mulheres enfatizem a sua atração física. Cinquenta e nove por cento concordam que as mulheres fisicamente atraentes são mais valorizadas pelos homens. Finalmente, 76% concordavam que desejavam que a beleza feminina fosse retratada nos meios de comunicação como sendo mais do que a mera atração física.⁹ O que me parece é que as mulheres gostariam de ver a beleza ter mais a ver com a virtude e menos com a vaidade.

    Um século mais tarde, a palavra virtude está esquecida há muito tempo, e certamente não faz mais parte do vocabulário da maior parte das jovens. Assim, quando, e como, exatamente, ocorreu a mudança, de virtude para vaidade? Acredite se quiser, o seu espelho pode ser parcialmente culpado. Em The Body Project (O Projeto do Corpo), Brumberg declarou, Quando o espelho se tornou um artigo principal na casa norte-americana de classe média, no fim do século XIX, a atenção com a acne das adolescentes disparou, bem como as vendas de produtos para o rosto. Até então, as espinhas eram basicamente uma experiência táctil, pelo menos para as garotas que as tinham. Mas tudo isso mudou, no fim dos anos 1800, com a adoção disseminada, nos lares de classe média, de uma pia no banheiro, com água corrente, e um espelho pendurado acima dela. Ela observou também que o espelho tem um papel crucial na maneira como as jovens norte-americanas avaliam seus próprios rostos e corpos.¹⁰

    À medida que os espelhos se foram popularizando, as mulheres passaram a ser capazes de examinar e comparar as suas características com as mulheres que viam nos filmes e em revistas, sem mencionar suas colegas. Nos anos 1920, as mulheres norte-americanas começaram a se interessar por cosméticos. De pós faciais ao blush, ao batom e até mesmo aos aparelhos para curvar cílios, as mulheres corriam às farmácias locais para adquirir esses equipamentos para a beleza. O movimento das jovens liberais também impulsionou as vendas de cosméticos entre as mulheres e, em particular, entre garotas adolescentes. Brumberg observou que as vendas de estojos (pequenos espelhos com um compartimento para pó compacto) dispararam, porque permitiam que as mulheres examinassem e ‘reconstruíssem’ o rosto praticamente em todos os lugares, em um momento.¹¹

    Pouco depois, as balanças domésticas se tornaram disponíveis, e o controle do peso se tornou uma preocupação entre as jovens. Até então, o único lugar em que uma jovem poderia se pesar era na farmácia ou na feira do bairro. Antes disso, praticamente não se ouvia falar em dietas e exercícios físicos, e, novamente, teriam sido considerados uma medida de vaidade. Na verdade, fiquei chocada ao descobrir, no livro de Brumberg, que quando as jovens, no fim dos anos 1800, saíam de casa, frequentemente escreviam a suas mães e falavam de um ganho de peso saudável e de vorazes hábitos alimentares. Ser magra era quase considerado uma maldição! As jovens magras eram consideradas pouco saudáveis e sujeitas a preocupações de infertilidade. A capacidade de ter filhos era muito mais importante que parecer esbelta em um traje de banho. À medida que os espelhos se tornaram mais disseminados, e o movimento das mulheres liberais ganhou impulso nos anos 1920, as mulheres começaram a expressar preocupação com o ganho de peso e pouco depois, as dietas ou restrições alimentares se tornaram um assunto comum. A mudança de virtude para a vaidade tem sido uma tendência desde então.

    Reflexões Verdadeiras

    Pare por um minuto e imagine como seria a vida sem o acesso fácil a espelhos e balanças. Eu, por exemplo, deixei de me pesar há alguns anos, em um esforço para desconstruir a mentira da cultura de que a minha felicidade dependia de determinado número na balança. Tendo lutado em meus anos de adolescência e faculdade, com um distúrbio alimentar, eu havia cultivado o mau hábito de me pesar diariamente, e às vezes, várias vezes por dia. Se o número excedesse o meu valor aceitável por meio quilo, definia o meu humor para o dia inteiro. Agora o meu foco está em parecer saudável em vez de subir na balança e permitir que ela tenha a palavra final.

    Certamente não estou sugerindo que devemos ajuntar os nossos espelhos e colocá-los

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