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A força da frase
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E-book1.032 páginas4 horas

A força da frase

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Sobre este e-book

Estão aqui extraídas de artigos -e como que postas à luz do dia no varal da humanidade- algumas das frases de Batista Custódio que se tornaram públicas em papel jornal. Agora em livro, servem de ferramentas potentes -e perenes- a favor da reflexão e da cidadania em transformação. Mas, principalmente, servem de antídoto na luta diária do homem pela sua liberdade e progressiva expansão de consciência.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jul. de 2019
ISBN9788540028371
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    A força da frase - BATISTA CUSTÓDIO

    Copyright © 2019 by Batista Custódio

    Editora Kelps

    Rua 19 nº 100 – St. Marechal Rondon

    CEP 74.560-460 – Goiânia-GO

    Fone: (62) 3211-1616

    E-mail: kelps@kelps.com.br

    homepage: www.kelps.com.br

    Organização e revisão

    PX Silveira

    Programação visual e capa

    Victor Marques

    Produção executiva

    Daniela Domingas da Silva Silveira

    CIP – Brasil – Catalogação na Fonte

    Dartony Diocen T. Santos CRB-1 (1º Região)3294

    DIREITOS RESERVADOS

    É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

    Impresso no Brasil

    Printed in Brazil

    2019

    EFEMÉRIDE

    Completa-se, neste 2019, 60 anos de jornalismo de Batista Custódio, sempre claro no idealismo e como ele mesmo diria: sem baixar a voz às tocaias do jaguncismo político, nem calar-me nos cárceres da ditadura, ou agachar-me ao chão das lutas nos cantos da liberdade e às rosnas da corrupção.

    Estão aqui extraídas de artigos -e como que postas à luz do dia no varal da humanidade- algumas das frases de Batista Custódio que se tornaram públicas em papel jornal. Agora em livro, servem de ferramentas potentes -e perenes- a favor da reflexão e da cidadania em transformação. Mas, principalmente, servem de antídoto na luta diária do homem pela sua liberdade e progressiva expansão de consciência.

    Não há, de nossa parte, o receio de descontextualiza-las ao busca-las em suas publicações originais. Primeiro, porque elas suportam condignamente tal deslocamento de contexto, provando que foram feitas da matéria mais nobre do pensamento. E porque, a bem da verdade, poderíamos dizer que em toda sua trajetória Batista Custódio escreveu -e continua escrevendo- um único artigo, cujo título bem seria Liberdade, porque é por meio dela que vem todas as outras conquistas humanas, e ele sabe disso como ninguém.

    Faz lembrar o físico Albert Einstein, conforme fato registrado neste livro, que em passagem pelo Brasil se intrigou e perguntou ao seu cicerone Austregésilo de Athayde, ambos em visita ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por que ele vez e outra retirava uma caderneta de bolso e fazia anotações. O então presidente da Academia Brasileira de Letras respondeu ao genial cientista que, assim, anotava as ideias que iam lhe surgindo. E perguntou a Einstein se ele não anotava as suas. Ao que ele disse não, pois em toda sua vida tinha tido apenas uma ideia. Como Batista Custódio, um só artigo.

    O Organizador

    Batista Custódio dos Santos, nascido no ano de 1935, na Fazenda Paraíso, em Caiapônia, Goiás, é jornalista.

    Os detalhes de sua vida se tornaram públicos em seus inúmeros artigos sempre em tom confessional e reagente critico ao espírito de época do Estado onde desenvolveu sua trajetória.

    Sobre ele, escreveu Alfredo Nasser, in Conversa Íntima:

    Batista Custódio é o comandante da equipe deste jornal. Filho, neto, bisneto, tataraneto de fazendeiros honrados, traz ele nas veias o sangue de várias gerações de homens honrados.

    Por poucas pessoas me responsabilizo moralmente como por esse rapaz que tem, numa vocação de apóstolo, a alma do panfletário.

    Batista Custódio é um dos mais puros idealistas, um dos melhores espécimes humanos que já conheci. A sua bondade dói.

    O seu erro é imaginar que este mundo tem conserto, que lutar contra a corrupção vale alguma coisa.

    Nas longas conversas que temos tido, procuro transmitir-lhe um pouco do que me ficou das coisas que me feriram, um pouco do quanto o caminho a percorrer é longo e duro.

    Bom, bravo, generoso, Batista Custódio tem me arrastado à sua luta, numa solidariedade que não negaria a nenhum outro órgão de imprensa, mas que para ele é maior, por sua bondade, sua bravura, sua generosidade, seu puro idealismo. E seu caráter, também. Seu verdadeiro, sólido, indobrável caráter.

    Alfredo Nasser

    ( * Caiapônia, 30 de abril de 1907

    † Brasília, 21 de novembro de 1965).

    Foi advogado, jornalista, professor e político brasileiro.

    LIMPIDEZ FELIZ

    (apresentação)

    No princípio era o Verbo. E o Verbo se fez frase. No mundo da comunicação, torna-se cada vez maior a sua presença e a sua importância.

    A frase é o tijolo consolidado de palavras que constrói a sentença, o diálogo, o sermão, o discurso e todas as narrativas verbais, incluindo nelas o artigo.

    Uma frase pode dar início a guerras tremendas, se mal manejada. Ou garantir a paz, o que é nosso caso.

    A felicidade de uma boa frase é fruto raro no vasto quintal da expressão verbal. Senhora de si e, obrigatoriamente, sempre surpreendente, a boa frase bebe da análise e do conhecimento profundo da prosa, com a precisão do jornalismo ou a síntese da poesia.

    Há casos mais raros, como vem ocorrer a Batista Custódio, em que se misturam as potencialidades da linguagem verbal com a convergência das suas formas de expressão que citamos acima. É quando chega-se à limpidez feliz das boas frases de que este livro está repleto.

    A boa frase de Batista Custódio é como um raio irrompendo no pátio da mente. E como o raio, ela esconde a engrenagem que lhe dá origem. Ficamos tão boquiabertos com seu desenho e coesão quanto impossibilitados de saber como o jornalista chegou a ela. Se são claras e ferinas por excesso de contundência, vistas por outro ângulo elas são enigmas, sem explicações de seu poder de ignição. Apenas são.

    Frente a frente com as frases de Batista Custódio, a impressão que se tem é que uma única delas bastaria para mover o mundo, quanto mais, a pessoa.

    COMO PROPÓSITO, MUITO ALÉM DA INFORMAÇÃO

    Os artigos do Batista Custódio vão muito além da informação. Eles rascunham o futuro de nuvens que se formam mais à frente. Neles, as frases não são escravas da interpretação do contexto em que surgem, mas são, também, lampejos que passam a clarear o amanhã na rapidez de um insight, de uma compreensão súbita e intuitiva, porque hibernando dentro de nós.

    As reflexões de Batista Custódio por vezes extrapolam o poder das palavras em retratá-las, querem rasgar a linguagem, daí o emaranhado de alguns de seus textos denunciando que as palavras se perderam diante de tantos significados para carregar.

    Decodificar as mensagens de Batista Custódio, ler e entender como ele sobrecarrega de sentido as palavras, só é possível se o leitor buscar os artigos em suas íntegras, o que não ocorre aqui, e tampouco é nosso propósito. Fica para estudos outros que certamente virão.

    E qual o nosso propósito? Ser a ponta de iceberg da produção deste ser humano pulsante único e raro chamado Batista Custódio, pelo tempo em que está aqui na Terra, em local conhecido, onde podemos atirar-lhe as flores aos vivos em reconhecimento a outro maior que nós, de que nossa realidade tanto precisa.

    A FORÇA DA FRASE, MODO DE USO

    Este livro contém exatas 77.746 (setenta e sete mil setecentos e quarenta e seis) palavras, dispostas em 811 tópicos e 1.631 frases.

    Batista, um escritor que a literatura perdeu para o jornalismo formador de opinião, um pensador, cultor do conhecimento e conhecedor da política como nenhum outro, aqui é acessado por outras portas da percepção cotidiana do leitor.

    A seleção foi feita com ajuda do acaso. Estão aqui as extraídas unicamente de artigos guardados esporadicamente pelo organizador, sem a intenção de um dia dar qualquer uso a eles. Apenas o recorta e guarda devido à uma solitária e repetida comoção.

    Assim dispostas, as frases aparecem em riste e vocacionadas a sobreviver aos textos que um dia as abrigaram ao tê-las nascendo na mesma larva vulcânica.

    Trata-se de uma abordagem independente da obra de Batista Custódio. Isto é, não necessariamente autorizada ou desautorizada, mas simplesmente feita à revelia, sem a sua consulta. O autor sabendo da ideia já sem tempo de reação e tendo acesso ao livro juntamente ao leitor comum, somente depois deste publicado.

    Por isso, jamais Batista Custódio poderia ser apontado como orgulhoso de um dia querer pertencer ao panteão frasista da humanidade, o que, ao que tudo indica, lhe seria irrelevante. Não há outra ambição a mais que a esta a que já chegou Batista Custódio, em sendo o que é.

    Não temam, pois, Baltasar Gracián, Oscar Wilde, Bernard Shaw, Montaigne, Anatole France, Huberto Rohden, Voltaire, Victor Hugo, John Reed, Nelson Rodrigues, Manoel de Barros, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Alfredo Nasser, entre poucos outros jornalistas, filósofos, cronistas, escritores, poetas e pensadores afins.

    Uma vez o conceito editorial estabelecido, de imediato -e sem conseguir parar!, foi iniciada uma garimpagem em seus textos em busca de pequenas pérolas, desprezando o tesouro que seria muito pesado carregar, de grande que é. Foram dias e noites de bateia em riste, lavrando os artigos que havia guardado sem pretensão de um dia servir a este fim.

    As frases não estão aqui dispostas cronologicamente, mas agrupadas em função de seus temas gerais. E estes, anunciados em ordem alfabética.

    Os tópicos temáticos e suas frases são precedidas por números, para que, ao final, possam ser identificados os artigos placentários e a data de publicação, cujo período vai de 15 de outubro de 1998 a 01 de abril de 2019.

    É apenas o primeiro volume. Um recorte temporal com intensa atividade anterior, simultânea e posterior, como o tempo há de mostrar. É a apresentação de um Batista Custódio por um ângulo ainda inédito, que mostra seu potencial para múltiplas abordagens. Uma muito pequena contribuição à exegese de sua obra. Um encontro renovado com a inspiração a cada vez que se abrir. Uma celebração à determinação, à coragem e à inteligência. Um tributo a seu autor e um libelo à tão cara e vital liberdade, de que tanto necessitamos.

    Por fim, dois alertas que desejamos sirvam de guia a esta encadernação:

    Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos seu processo mental. Durante a leitura, nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios. Quando estes, finalmente, se retiram, o que resta? Daí se segue que aquele que lê muito e quase o dia inteiro... perde, paulatinamente, a capacidade de pensar por conta própria. Este, no entanto, é o caso de muitos eruditos: leram até ficar estúpidos, porque a leitura contínua, retomada a todo instante, paralisa o espírito ainda mais que um trabalho manual contínuo. Arthur Schopenhauer (1788-1860).

    Certos tipos de intelectuais, se não estão virando páginas de um livro, não conseguem pensar. Sempre que se dizem pensando, eles estão, na verdade, simplesmente respondendo a um estímulo: o pensamento que leram. Na verdade eles não pensam: eles reagem. De manhã cedo, quando o dia nasce, quando tudo está nascendo, ler um livro é simplesmente algo depravado. Friedrich Nietzsche (1844-1900).

    Este livro não veio mudar o mundo. Mas bem pode mudar a pessoa. E, enquanto isso, que sirva à inspirar a todos e a qualquer um. Para tanto, ele será editado em outras línguas que o português, e também na versão eletrônica que possibilita sua compra e leitura em qualquer parte do Planeta. Que suas frases sejam alavancas de transformações e nos ajudem a mudar para um mundo melhor.

    O Organizador

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    LAPIDANDO BATISTA CUSTÓDIO

    (epígrafe)

    Ele vai de pedra bruta à diamante, no espaço de um parágrafo. Publicar este livro foi bem mais que um exercício editorial. Foi a oportunidade de exteriorizar a simpatia de quem encontra traços de si no que o Batista é. Eis a minha paga. Imensa.

    E eis este opúsculo gigante. Mais um dos resultados inesperados, em se tratando de Batista Custódio.

    Na busca do jornalista, trazemos o poeta. Na busca do incendiário, encontramos o solidário. Na busca do cidadão, o filósofo enraizado no viver do povo. E na busca do outro, nós mesmos.

    Embora jornalista que publica seus pensamentos em um papel que amarela já no dia seguinte, seus escritos são para ler continuadamente, como se emoldurados na mente.

    O Organizador

    1 ACÚMULO

    1 Criaram nos poderes terrenos o tempo dos acúmulos.

    2 Acúmulo de concentração de riqueza em poucos, acumulando lucros desalmados, e acúmulo da concentração da miséria em muitos, acumulando choros na fome nas crianças.

    3 Acúmulo dos mesmos políticos na acumulação de anos no poder e acumulando parentes na corrupção.

    4 Acúmulo de culpas nos julgadores e acúmulo de cúmplices no condenadores, acumulando no livre-arbítrio de suas pessoas a sentença de Jesus: Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados, e com a medida com que medis sereis medidos.

    2 ACUMULADORES

    1 Não podemos, nunca, ir reunindo e levando mais que o suficiente para as necessidades do nosso sustento e da família. O excesso de peso causa-nos cansaço desnecessário e fatigante.

    2 A carga acumulada compromete nossas forças com o venal na abundância do desperdício e com a cupidez da gula no que apodrece e se perde no desuso do que falta ao vizinho. E, sobretudo, desperta a atenção perigosa dos salteadores.

    3 APOCALIPSE

    1 A carência de sabedoria inata e a inadimplência de conhecimento levam aos enfraquecimentos na fé e às leviandades morais os bem-sucedidos nos orfanatos da esperteza, e não percebem o golpear do Apocalipse dentro do principado dos poderes terrenos.

    2 Estamos sob o clarão do fogo no Armagedon e, à nossa escolha, ou as cinzas ou a luz. E não fiquem esperando a volta de Cristo à Terra. Ele já está entre nós.

    3 Chegou o momento de todos se olharem no sentimento. É nele que está sendo feito o julgamento de cada um.

    4 Fiquem de mãos estendidas à benevolência. Elevem o pensamento até onde faltar a ideia do consolo. Ponham na voz a fala da paz.

    4 ALTO ESCALÃO

    1 Os que ouviram falar muito das proezas dos manés-minha-égua na quadra dos sertões e têm vontade de vê-los, podem vir conhecer uma tropa deles nos altos escalões dos cargos oficiais. São interessantes. Parece terem caído do galho de uma árvore quando eram meninos, o cérebro quebrou e pensam por infusão dos ossos da cabeça.

    5 AMIZADE CALADA

    1 As amizades que só nos elogiam e se calam antes os nossos erros na subida para os altos do poder são as mesmas vozes que nos levarão a ouvir a censura na descida para o fundo do ostracismo.

    6 AMOR À VIDA

    1 Em parênteses. (Deixem-me fazer uma declaração desse meu amor sem limites pela Vida. Amo o Mundo com o desespero de querer abraçá-lo e recolhê-lo inteiro para dentro de mim, com suas pedras entrando para os meus ossos, com suas águas vazando no meu sangue, com suas árvores florindo no meu coração, com seus bichos andando nos meus movimentos, com suas terras cabendo-se na minha carne, com os oceanos bramindo nos meus ouvidos, com suas montanhas se firmando nas minhas forças, com a atmosfera respirando nos meus pulmões, com as estrelas pegando luz nos meus olhos, para que eu pudesse medir o infinito desse amor que põe a humanidade dentro do meu peito).

    7 AULA

    1 As refregas que sofri neste mundo deram-me uma aula que me preparou para detectar os distúrbios de personalidade nas pessoas.

    8 ALEGRIA DE VIVER

    1 Há muitas dores caladas dentro de mim, mas o sofrimento causado por nenhuma delas conseguiu tirar a minha alegria de viver.

    9 ARMA

    1 A arma engatilhada e apontada para mim por um inimigo não mexe na minha coragem. Já houve muitas nos tempos do Cinco de Março.

    2 Mas dá-me medo de um amigo quando ele me traz um fuxico sobre uma conversa maldosa que ouviu de mim.

    10 AGNÓSTICOS

    1 Respeito a devoção à Ciência dos agnósticos que negam Deus. Apesar de não concordar com a sua religiosidade ao paganismo, não os discrimino, se são sinceros no seu ateísmo.

    11 ANTIGAMENTE

    1 Antigamente, cumprir a palavra dada era uma questão de honra nas civilizações.

    12 ALTÍSSIMO

    1 Oro em cada gesto a tomar e obedeço em cada ato o que creio ser a vontade do Altíssimo.

    13 AVAREZA

    1 Prolifera-se, impudente, no manuseio dos bens materiais, a venalização movida por todos os formatos da avareza impiedosa das fortalezas do dinheiro indiferentes às privações que castigam as legiões da humildade.

    14 ASAS

    1 As pessoas têm asas, sim. Elas estão no pensamento.

    2 A autonomia de voo varia de acordo com o limite da inteligência de cada ser humano na extensão do conhecimento, assim como nas espécies com asas a resistência de voo é conforme cada qual domina o potencial da própria capacidade física.

    3 Mas há um voo mais infinito que o do pensamento. É o das asas do sentimento.

    15 ACADEMIA

    1 A Academia Goiana de Letras tem sido uma página em branco em sua história sem protesto contra as portas fechadas da Casa Verde à erudição e onde não faltou espaço para dois semianalfabetos no gabinete do governador.

    2 É inconcebível a perduração, tão idosa, do consentimento caudatário dos 40 acadêmicos à oficialização da ignorância. Mas não é só isto a afronta.

    3 Eles assistem, impassíveis, o favorecimento pecuniário do erário estadual premiar publicações de gosto duvidoso, algumas até de certos ditos imortais apascentados ao cocho da edição de obras realmente inesquecíveis pela sua ruindade literária.

    4 A tolerância com a postergação palaciana ao conhecimento torna desonroso o silêncio para os próprios acadêmicos que se reúnem sob a memória dos patronos Hugo de Carvalho Ramos, Americano do Brasil, Moisés Santana e Couto Magalhães, ou que ocupam as cadeiras em que se sentaram Leo Lynce de Araújo, Bernardo Élis, Carmo Bernardes e Cora Coralina.

    16 ADEUS

    1 Quando chegar a hora do corpo descer descansando ao berço da terra e a alma voltar ao Pai, o cemitério receberá apenas as tristezas que moram comigo.

    17 ATENÇÃO

    1 Sou muito observador. Não existe nada nesse mundo, acontecido e passado à minha frente, que não houvesse ficado retido na minha atenção.

    2 O padre José Dalla Mutta, docemente chamado de Padre Zezinho, por nós, alunos do Ateneu Dom Bosco, dizia que a minha memória é fotográfica. Filma e grava tudo.

    3 Olho as coisas e parece que as coisas me olham também. Decifro em todas elas o que lhes ficou dos que as fizeram ou dos que as destruíram.

    18 ABSOLUTISMO

    1 Já nasci com o sentimento de descrença no poder dos Governos

    2 Conscientizem-se, Senhores dos Poderes Terrenos. O seu poder não é seu e não me interessa. Apenas convivo para tentar melhorá-lo. Não tolero o seu absolutismo. Desprezo-o no que Pilatos condenou Jesus Cristo a morrer na cruz.

    3 Não se sintam endeusados ante às louvações desses mentecaptos que pastam favores, quais cães que ladram conforme a vontade dos donos.

    4 Os poderosos de Goiás não leem os Ensinamentos da Sabedoria. Somente soletram os elogios candentes a eles. Teriam medo de si mesmo se meditassem sobre as palavras ditas há décadas -se não me falha essa minha memória superlotada de tantas informações acumuladas- pelo Papa Pio XII: -Não tenho medo da ação dos maus. Temo é o desestímulo dos bons.

    5 Reajam à preguiça mental. Parem um pouco de catar dinheiro. Abram os olhos para as belezas além das sombras da ignorância.

    19 ABUSO

    1 Imaginava-vos diferentes. Percebi-os iguais. Não consentirei que o jovem das prisões por crime de opinião na ditadura militar se torne um prisioneiro seus no velho dos 75 (hoje 85) anos.

    2 Perderam o respeito à minha tolerância com a fragilidade de suas lideranças míticas. Não façam mais isso comigo.

    3 Parem de abusar da minha bondade. Bastam-me as inquietações desse meu existir de navegador nos imprevistos do desconhecido.

    20 AFERIÇÃO

    1 Uso várias medidas de conceito para avaliar o bom caráter humano. A que mais confio é na do perdão. Até porque é a maior das caridades que uma pessoa pode fazer a si mesma.

    2 E utilizo diversos traços da personalidade para aferir a natureza humana.

    3 O feitio desagregador de relacionamentos é o que me deixa mais preocupado a sua convivência. Geralmente são índoles recalcadas e perniciosas ao contato dos benfeitores.

    21 ASSISTENCIALISMO

    1 Enquanto não se atingir um bom nível da profissionalização dos empregados e dos patrões, continuará sendo prioritária a prática de uma política de assistencialismo como paliativo para se aliviar a dor nos estômagos, até que possa chegar os remédios de cura para os males que estão matando os trabalhadores nos salários baixos e adoecendo a expansão das empresas na peste dos impostos.

    22 À FRENTE

    1 Gosto de ouvir um pouco mais à frente do que estão dizendo as pessoas.

    2 Toda vez que formei a minha opinião indo contra o pensamento contemporâneo dos que levantaram os protestos contra governos eleitos, escutei depois a voz da História falando o contrário deles.

    3 Toda vez que tiram o presidente eleito de um país, deveriam assumir a sua desfaçatez e tirarem o direito do povo continuar votando. Nenhuma lógica decente explica os emitentes continuarem assinando promissórias que os avalistas rasgam para não pagar a conta dos compromissos assumidos.

    23 ALIMENTO

    1 O pão mata a fome do homem. A profissão alimenta a vida.

    24 ANONIMATO

    1 O anonimato subiu à fama. Bobo vira celebridade literária na autoria de livros escritos de aluguel a outros.

    25 ADULAÇÃO

    1 Os governadores acham bom os elogios adulatórios. É bom mesmo nos céus do poder. Mas depois verão que são tão bons como seria assar a própria carne no fogo do Inferno.

    26 ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE

    1 O ser humano é movido pela angústia congênita no sentimento em todas as pessoas de se realizarem conforme a vocação inata em cada um no seu valor próprio.

    2 Tantos possuem o dom de comandar. A maioria traz o temperamento dos comandados.

    3 Em uns, o contentamento de construir. Em outros, a satisfação de criticar.

    4 Os que criam e os que copiam. Os que produzem e os que consomem a produção.

    5 Os ladrões e os roubados. Os ignorantes e os néscios.

    6 Os gênios e os idiotas. Os humildes e os arrogantes. Os alegres e os tristes.

    7 Há até os que nascem para explorar o semelhante e os que vivem para ser explorados pelo próximo.

    8 E assim caminha a Humanidade desde que o Mundo é Mundo.

    27 AFOGADOS

    1 Os eleitores não mudaram. Os candidatos é que mudaram. Permanecem engastalhados nas coivaras que estão rodando do apogeu roto na enchente das mudanças, e serão afogados no naufrágio se continuarem agarrados aos cacos dos destroços e não nadarem para o continente da modernidade.

    28 ACONTECIMENTOS

    1 Só os predestinados possuem a antevisão dos acontecimentos reformadores e os

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