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Bibliodrama pastoral na catequese: manual geral do método: 140 ferramentas para um encontro expressivo e experiencial com o texto bíblico
Bibliodrama pastoral na catequese: manual geral do método: 140 ferramentas para um encontro expressivo e experiencial com o texto bíblico
Bibliodrama pastoral na catequese: manual geral do método: 140 ferramentas para um encontro expressivo e experiencial com o texto bíblico
E-book612 páginas5 horas

Bibliodrama pastoral na catequese: manual geral do método: 140 ferramentas para um encontro expressivo e experiencial com o texto bíblico

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Sobre este e-book

O Bibliodrama é um método que visa a uma aproximação do texto bíblico de forma ativa e participativa, tornando visível, simbolicamente, a cena com suas personagens, permitindo aprofundar a experiência destas e, inclusive, perceber e experimentar seus sentimentos e emoções. "O Manual geral de Bibliodrama Pastoral traz uma excelente contribuição ao Brasil no que diz respeito a este método de 'apropriação' do texto bíblico. Numa linguagem acessível, Irmã Loredana Vigini apresenta as inúmeras possibilidades do Bibliodrama Pastoral, com indicações práticas de como realizar as vivências. Deus abençoe o trabalho da Irmã Loredana e de todos os que se dedicam ao Bibliodrama".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de jul. de 2019
ISBN9788527616553
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    Pré-visualização do livro

    Bibliodrama pastoral na catequese - Loredana Vigini

    © 2019 by Editora Ave-Maria. All rights reserved.

    Rua Martim Francisco, 636 – 01226-000 – São Paulo, SP – Brasil

    Tel.: (11) 3823-1060 • Televendas: 0800 7730 456

    editorial@avemaria.com.br • comercial@avemaria.com.br

    www.avemaria.com.br

    ISBN: 978-85-276-1655-3

    Capa: Cesar Kiyoshi Fugita

    1ª edição digital – julho de 2019

    Produção digital: Isaias Silva Pinto

    Todas as citações de trechos bíblicos foram retiradas da Bíblia Sagrada Ave-Maria, da Editora Ave-Maria.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Angélica Ilacqua CRB-8/7057

    Vigini, Loredana

    Bibliodrama pastoral na catequese: Manual geral do método/Loredana Vigini. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2019.

    344 p.

    Bibliografia

    ISBN: 978-85-276-1655-3

    1. Catequese – Crianças 2. Crianças – Evangelização 3. Ensino religioso de crianças 4. Bíblia – Psicodrama I. Título.

    19-1443

    CDD 220.6

    Índices para catálogo sistemático:

    1- Bíblia - Psicodrama

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da Editora Ave-Maria.

    Diretor-presidente: Luís Erlin Gomes Gordo, CMF

    Diretor Administrativo: Rodrigo Godoi Fiorini, CMF

    Gerente Editorial: Áliston Henrique Monte

    Editor Assistente: Isaias Silva Pinto

    Revisão: Ana Lúcia dos Santos e Mônica Glasser

    Projeto Gráfico: Ideia Impressa

    Apresentação

    Tenho grande alegria em abrir estas primeiras páginas deste belo livro Bibliodrama: Pastoral na Catequese . A Catequese está entre as experiências pastorais que nasceram com a própria Igreja. Os primeiros cristãos celebravam e ensinavam o que conheciam de Jesus Cristo. Esses primeiros ensinamentos consagraram e conservaram as vivências originárias do que se transmitiu sobre Jesus Cristo. Catequese e Liturgia contribuíram decisivamente para a formação até mesmo dos evangelhos. Apesar de tantas e tão antigas tradições, a temática catequética ainda não se esgotou. Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje. Mas o homem de hoje não é o mesmo de ontem. Por isso mesmo, a reflexão sobre a transmissão da fé nunca se esgotará.

    O presente livro é portador de muitas, belas e criativas experiências com a Palavra de Deus, aplicadas de maneira singular à Catequese. Para uma primeira imagem de sua densidade, basta lançar um olhar ao seu subtítulo: 140 ferramentas para um encontro expressivo e experiencial com o texto bíblico. O leitor perceberá logo que não se trata tão somente de um receituário de métodos e de exercícios acerca do melhor a se fazer conforme demandas e circunstâncias. Embora não faltem as ferramentas práticas, estamos ante páginas que revelam um profundo respeito pelas pessoas as quais se proporá o Bibliodrama. É por isso que destaca, já nas primeiras abordagens, a pessoa humana e seu mistério.

    Há anos que no Brasil falamos e, graças ao bom Deus, também temos belos caminhos na Iniciação à Vida Cristã. Já não basta falar de Jesus Cristo e/ou de seus comportamentos e pensamentos. É preciso encontrar-se com ele. Ou seja, precisamos apresentar a sua pessoa e favorecer encontros pessoais e personalizados com ele, a quem professamos como Senhor e Salvador. O discípulo não necessariamente amará mais a Cristo por estudá-lo, mas, se o amar, desejará conhecê-lo mais e melhor. Portanto, proporcionar experiências reais e vivenciais alargará muitos e criativos caminhos de seguimento. E o presente livro é muito original, também diferente e efetivo, na arte de colocar o Senhor e o discípulo face a face.

    Nota-se facilmente o apreço e o recurso às ciências humanas. Pedagogia e psicologia são chamadas em causa para facilitar o entrosamento entre o grupo que participa dos bibliodramas. Sentimentos e emoções são compreendidos e resgatados em favor da grande causa que é o encontro com Senhor, mediante sua Palavra. A um primeiro olhar, parece algo até demasiadamente complexo. Mesmo a palavra bibliodrama é pouco conhecida entre nós. Mas não é difícil. Temos aqui uma novidade de fácil compreensão. Se na Leitura Orante da Palavra somos chamados a observar as imagens que o texto bíblico suscita, aqui somos motivados a viver em cenas toda a riqueza que a Palavra inspira.

    Mas longe de pensar que se está encenando ou criando-se cenas para que outros vejam. Longe disso! Trata-se muito mais de levar o leitor até a Palavra vivida por Jesus e os seus discípulos. É uma maneira de resgatar a história e a vida, as dores e os amores de cada participante e levá-los até os fatos e as palavras de Jesus. Um exemplo bíblico pode ajudar. Falo da narrativa sobre a cura do cego de Jericó (Mc 10,46-52). O cego gritava por Jesus. Pedia compaixão diante do seu drama, a cegueira. E levaram-no até Jesus. A partir desse encontro, ele o seguia pelo caminho. Este livro se propõe a levar até Jesus aqueles que pedem por ele. Os métodos para levar são profundamente atualizados, próprios para as expressões do nosso tempo, de fácil adaptação para os meios juvenis.

    Quero expressar a Loredana Vigini, a autora, os mais penhorados votos de gratidão. Quem a conhece percebe quão intenso é seu amor pela Palavra, pela Igreja. E daí deriva seu encanto por evangelizar, servindo-se do Bibliodrama. Dentre os muitos caminhos da Iniciação à Vida Cristã, este é rico de algumas possibilidades únicas. Integra muito bem a imaginação, a emotividade, os sentimentos. Mas também exige reflexão e propõe compromissos. Ademais, a dimensão comunitária da fé, mais facilmente expressa por percepções éticas ou raciocínios teológicos, aqui se apresenta com uma linguagem espontânea, experimentada já pelos primeiros cristãos.

    Dom José Antônio Peruzzo

    Presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB

    O livro Bibliodrama Pastoral na Catequese traz uma excelente contribuição ao Brasil no que diz respeito a este método de apropriação do texto bíblico. Numa linguagem acessível, Irmã Loredana Vigini apresenta as inúmeras possibilidades do Bibliodrama Pastoral, com indicações práticas de como realizar

    as vivências. Deus abençoe o trabalho da Irmã Loredana

    e de todos os que se dedicam ao Bibliodrama.

    Pe. Antonio Marcos Depizzoli

    Introdução

    O Bibliodrama Pastoral ¹ começou a ser difundido no Brasil em 2015, mas os primeiros cursos aconteceram já em 2013, ministrados por seu idealizador, Giovanni Brichetti ².

    No primeiro livro editado no Brasil sobre esse método, Bibliodrama Pastoral na Catequese - Ferramentas Expressivas e Experienciais para Comunicar o Texto Sagrado às Crianças³, a história de como esse projeto começou foi devidamente detalhada. Em 2019, o Bibliodrama Pastoral, reconhecido pela Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB como um método importante e útil para a comunicação da Palavra, foi proposto a todo Brasil por meio das equipes de coordenação para a Animação Bíblica de todos os Regionais⁴. Esperamos que, aos poucos, essa metodologia possa ser difundida por todo o país, inclusive por meio de muitos que já estão aprendendo e aplicando o método após a primeira formação.

    No primeiro livro, publicado em 2017, objetivamos apresentar o método aplicado à catequese das crianças, pois trata-se de uma pastoral que sempre requer novidades para envolver os catequizandos na comunicação dos conteúdos formativos. O Bibliodrama logo chamou a atenção de quem acompanha essa pastoral, percebendo-se a facilidade e os frutos de sua aplicação para as crianças. Mas isso não significa que seja um método exclusivo para crianças. Ele encontra sua aplicação integral e sua maior expressão em grupos de adultos, sendo possível utilizar com estes todas as ferramentas, até mesmo as mais simbólicas, para entrar na Palavra⁵. As crianças vivenciam e brincam, pois, para elas, tudo é fantasia e teatro, brincadeira e imaginação. Para os adultos, a proposta do Bibliodrama pode atingir profundidades inesperadas, porque desperta partes de si normalmente latentes e estabelece uma particular integração entre Palavra e Vida.

    Em 2015, trabalhei na redação e edição do livro Incontri Esperienziali con la Parola di Dio - Modalità e strumenti espressivi. L’approccio metodologico del Bibliodramma, da Associação Italiana Bibliodrama⁶, que inclui e explica todas as ferramentas desse método tão precioso, sendo o manual geral do método na Itália. Nesses anos vivendo no Brasil, pude experimentar todas essas ferramentas, aprofundando-as, entendendo-as mais e percebendo toda a sua riqueza, também a partir da profundidade, criatividade e espiritualidade com que os brasileiros as vivenciaram. Neste livro, quis reunir tudo isso, partindo das bases colocadas pelo manual italiano, porém, ampliando seu aprofundamento com uma explicação mais detalhada, fruto da experiência concreta que pude vivenciar durante esse período, e também acrescentando outras ferramentas, experimentadas como úteis na prática do método. Eis por que, agora, este livro se torna a referência para qualquer pessoa que desejar ser facilitadora do método do Bibliodrama Pastoral no Brasil⁷.

    Por seu aprofundamento geral, esta obra também se torna bagagem indispensável para o Curso Básico de Bibliodrama Pastoral, integrando este. Os dois textos se completam, pois não colocamos neste manual a aplicação do método para crianças, como fizemos no primeiro. Ambos apresentam o Bibliodrama não só em sua teoria, mas, também, em sua aplicação prática, pois, por sua natureza, o método não poderia ser pensado apenas teoricamente, uma vez que, para existir, ele deve, necessariamente, ser posto em prática.

    Para ajudar o facilitador em formação, é indicado, para cada ferramenta, o nível de preparação que se requer, distinguindo entre ferramentas de nível 1, 2 ou 3.

    Desejamos a todos os que se aproximam do método que possam saborear sua profundidade e suas potencialidades, não se limitando a uma leitura, mas colocando-o em prática e, sobretudo, tendo a coragem de, primeiramente, deixarem-se envolver por ele.

    APRESENTAÇÃO GERAL DO MÉTODO

    DO BIBLIODRAMA PASTORAL

    a. O que é o Bibliodrama

    O Bibliodrama é um método que visa a uma aproximação do texto bíblico de forma ativa e participativa, tornando visível, simbolicamente, a cena com suas personagens, permitindo aprofundar a experiência destas e, inclusive, perceber e experimentar seus sentimentos e emoções.

    O encontro com a cena acontece de dentro, quando se faz parte dela; ou de fora, quando se olha o que nela acontece, a partir da interpretação das personagens, realizada pelo facilitador ou por outros participantes.

    As ferramentas do método se realizam por meio de dois níveis de vivência: o nível da realidade (a vida, a história, os desafios, os desejos, os medos etc. dos participantes) e o nível da meia realidade (a vida, a história, os desafios, os desejos, os medos etc. das personagens da cena bíblica). Fala-se de meia realidade, e não de fantasia ou imaginação, pois esse nível é possibilitado pelos mesmos participantes, que dão voz, emoções e sentimentos às personagens a partir das próprias experiências pessoais, não podendo isso acontecer de forma diferente. Assim, cada participante que, na sua autenticidade, se oferece para tornar viva a cena contribui para o aprofundamento da mesma por meio da própria percepção pessoal, enriquecendo a compreensão do texto.

    A passagem entre a realidade e a meia realidade é proposta pelo facilitador, que ajuda a perceber e a permanecer nos dois níveis. É muito importante que esteja claro para os participantes em que nível devem posicionar-se, para não gerar confusão.

    O espaço físico do Bibliodrama deve ser grande, e os participantes devem colocar-se sentados ao redor de um espaço central, em um círculo harmônico, em que todos tenham o seu lugar. O espaço central é onde se realiza a cena bíblica; logo, é naturalmente dedicado à meia realidade. A roda, ao contrário, é o espaço naturalmente dedicado à vida real. Essa dedicação de espaços não é definitiva. O sujeito poderá viver ferramentas que levam à meia realidade sentado na cadeira, como pode tomar consciência da própria realidade com ferramentas vivenciadas no meio, por exemplo. Contudo, no contexto da explicitação da cena bíblica, normalmente o ponto de partida é este. Aos poucos, os participantes são ajudados a sair da roda para entrar na cena bíblica, ocupando o espaço central, e então as ferramentas ajudam a passar de um nível para outro, segundo uma transição que é proporcionada pelo facilitador.

    Estas primeiras colocações ajudam a entrar no contexto de um encontro com ferramentas de Bibliodrama. A seguir, apresentamos algumas características próprias do método.

    1. Um método expressivo e experiencial

    O encontro com o texto bíblico não acontece por meio de um aprofundamento lógico e intelectual, racional, mas de uma vivência, na qual a pessoa se encontra envolvida com tudo de si mesma: corpo, emoções, sentimentos... A linguagem da partilha não se resume à mera linguagem verbal, valorizando-se a expressão criativa e a originalidade de cada um. A linguagem verbal, quando usada, é restrita à valorização do significado simbólico das palavras; por isso, privilegia-se uma partilha com uma ou poucas palavras. Quando a partilha é mais longa, deve-se tentar ficar em uma partilha emocional e totalmente pessoal (segundo as regras⁸ do Bibliodrama), para que não se foquem ideias, mas apenas aquilo que ajuda a aquecer os corações. Isso contribui para um envolvimento integral dos participantes, levando-os a uma maior liberdade e, dessa forma, a uma maior abertura, deixando que a Palavra aprofundada possa agir com poder em cada um, livre das defesas naturalmente presentes.

    No princípio de um encontro no qual se usam ferramentas de Bibliodrama Pastoral, é importante explicitar que o método é expressivo e experiencial. Expressivo pelo uso de linguagens diferentes da verbal, que envolvem também o corpo e as emoções; e experiencial (ou vivencial) porque o objetivo não é o conhecimento da Palavra, mas a experiência de um encontro com Jesus-Palavra. O conhecimento chegará, de qualquer forma, porém, por meio das percepções e da vivência, e não de uma explicação intelectual. Esta colocação inicial ajuda os participantes a sentirem-se à vontade diante das ferramentas que serão usadas e das indicações que serão dadas pelo facilitador, que pedirá aos participantes algo a que normalmente não estão acostumados.

    Para que os participantes fiquem mais livres, pode-se sugerir que fiquem descalços, para terem maior percepção do próprio corpo, e estejam com roupa adequada, que permita sentarem-se ou deitarem-se com liberdade quando isso for proposto. Por isso, é aconselhada a colocação de um tapete grande no espaço central.

    2. Uma experiência de grupo

    Um encontro de Bibliodrama é vivido somente em grupo. Esse é um dos fundamentos da experiência, pois:

    – apenas em grupo podem-se realizar as experiências de estar dentro da cena e fora da cena. Normalmente, o grupo é dividido em dois – quem está dentro da cena, na meia realidade, e quem está fora, verbalizando, em variado modo, pensamentos, sentimentos e emoções que estão saindo da cena, fazendo espelhos da mesma;

    – em grupo acontece o enriquecimento recíproco da compreensão do texto, por meio da contribuição de cada um, a partir das percepções pessoais;

    – no grupo, são valorizadas as inter-relações, e toda emoção é acolhida por ele. Vivido em nível pessoal, o Bibliodrama suscitaria um envolvimento tão grande que não poderia ser gerenciado por um facilitador que não fosse psicólogo. Tudo o que focaliza a atenção em uma pessoa tem o risco de suscitar algo que precisa de um acompanhamento específico;

    – na partilha de grupo é possível um espelhamento recíproco: a experiência do outro ajuda a esclarecer a experiência pessoal de cada participante;

    – apenas em grupo é possível uma inter-relação entre as personagens na dramatização da cena bíblica. De fato, no Bibliodrama acontece, em nível de grupo, o que em nível pessoal pode-se viver, seguindo-se o esquema de meditação da Palavra proposto pelos Exercícios Inacianos, nos quais a composição de lugar tem destaque (imaginar as personagens presentes, o que falam, sentem, pensam, seus sentimentos e emoções...). A proposta é a mesma, mas, no Bibliodrama, são os participantes que ajudam a visualizar e a ver cada personagem, expressando também a interação com as outras;

    – a vivência ativa do grupo enriquece também a leitura orante feita em conjunto.

    3. A pessoa e seu mistério no centro

    Outra característica fundamental do Bibliodrama é a forma de olhar para o participante, no seu mistério e na sua originalidade.

    1. No seu mistério

    – a pessoa, templo do Espírito Santo, revela algo da presença de Deus. No encontro de Bibliodrama, cada um contribui com a revelação de uma característica do rosto de Deus, a partir da vivência e da experiência que oferece ao grupo;

    – a pessoa, feita à imagem e semelhança de Deus, não pode ser reduzida ao juízo que cada um faz dela. O juízo (e o consequente prejuízo) é banido pelas regras do encontro de Bibliodrama⁹, que orientam para vermos, sempre, a pessoa com olhos novos, eliminando todo juízo e prejuízo na sua escuta, cuja partilha tem de ser sempre acolhida como um presente de Deus;

    – enfim, a pessoa, sacramento de Deus, não pode ser considerada como objeto, ou seja, como algo que responde às necessidades individuais de cada um. É necessário ajudar os participantes a criarem um espaço de respeito, físico, que se reflete no espiritual e no psicológico.

    2. Na sua originalidade

    – Não existe um ser humano igual a outro, não existem impressões digitais iguais na face da Terra... O Bibliodrama enfatiza esse mistério de diversidades, que nunca pode ser esquecido;

    – o Bibliodrama permite a expressão da própria originalidade e da criatividade, valorizando as diferentes linguagens expressivas;

    – o método frisa a intersubjetividade dos participantes, que é o contrário da interdependência: cada um tem de ser plenamente ele mesmo, na forma própria que sente, na realização das indicações do facilitador, mas, também, expressando a si mesmo na partilha, a partir daquilo que mais ressoa na sua interioridade, e não daquilo que os outros falam.

    3. Facilitar um espelhamento pessoal na Palavra

    A partir deste ponto de vista, o Bibliodrama permite que o texto bíblico seja encontrado mesmo a partir da pessoa e das suas necessidades específicas. Isso não significa reduzir a Palavra a essas necessidades, mas ajudar a vivenciar a experiência da providência de Deus, que sempre se faz presente na história concreta da pessoa, partindo da sua própria realidade. Por isso, o encontro de Bibliodrama, mesmo que seja aprofundado um trecho bíblico, não tem como objetivo explicitar o que tal trecho traz em si, mas o que ele diz para mim.

    O centro da experiência, então, é o espelhamento: o Bibliodrama ajuda a encontrar a Palavra como um espelho em que cada um, a partir da sua própria experiência, pode reconhecer algo de si e, assim, também encontrar uma resposta para a vida concreta. Isso acontece pelos dois níveis de vivência apresentados no início: o espelhamento se dá na passagem entre a meia realidade e a realidade concreta da pessoa, envolvendo também sua criatividade e expressividade, por exemplo, propondo a construção de algo que a represente ou facilitando o surgimento de imagens, como se dá na imaginação facilitada 104¹⁰.

    b. As fases progressivas de um encontro de Bibliodrama

    Um encontro de Bibliodrama nasce pela criatividade e inspiração de um facilitador, que, colocando-se em oração, em diálogo com Deus, mantendo o relacionamento com o grupo que deve encontrar, deixa-se inspirar pelo Espírito Santo, para compor, na harmonia, um roteiro que possa facilitar o encontro entre o grupo e a Palavra, entre os indivíduos e Deus. Essa liberdade, porém, não apaga a necessidade de que seja respeitada uma progressividade da experiência. Nem tudo pode ser colocado no princípio de um encontro, assim como nem toda ferramenta pode ser usada individualmente, mas é preciso haver uma gradatividade, uma progressividade que prepare e ajude a todos a vivenciarem as experiências propostas.

    Antes de tudo, um encontro realizado com o método do Bibliodrama desenvolve-se em três fases:

    – A FASE 1, chamada de introdução e sensibilização (ou também fase de aquecimento), que permite criar um clima de aceitação e confiança entre os participantes e prepara-os interiormente para receberem o tema proposto como importante para sua existência.

    – A FASE 2, do Encontro com a Palavra, em que a pessoa entra em contato vivo com o trecho bíblico e compreende toda a riqueza dele para sua vida pessoal, por meio de um verdadeiro processo de espelhamento.

    – A FASE 3, da Partilha final na oração, que ajuda os participantes a compreenderem o dom, o fruto da experiência, colocando-se em relação não só com os outros, mas, também, com Deus, vivendo um momento espiritual.

    Veremos, sobretudo falando sobre o aprofundamento da Palavra (Etapa 2 da Fase 2), que há uma progressão natural no uso das ferramentas. Por enquanto, nesta parte introdutória, achamos importante detalhar os objetivos, as etapas e as modalidade das três Fases.

    É importante destacar que, no Bibliodrama, em sua modalidade de encontrar a Palavra, esta nunca é comunicada no princípio do encontro, pois é fundamental uma preparação, para que se possa viver um encontro experiencial com o texto bíblico, a partir de uma maior consciência de si mesmo e das próprias necessidades.

    1. A Fase 1 e seus objetivos

    A FASE 1 é a Fase de Introdução e sensibilização. Nesse primeiro momento do encontro, são três os objetivos que precisamos alcançar:

    1. facilitar o encontro autêntico entre os participantes;

    2. favorecer o aquecimento psicomotor;

    3. sensibilizar sobre o tema da Palavra.

    Esses objetivos serão detalhados nas próximas três seções, enquanto a quarta será dedicada ao momento de relação com o Espírito Santo, igualmente importante nessa Primeira Fase.

    1. Facilitar o encontro autêntico entre os participantes

    A necessidade de um clima fraterno

    As ferramentas de Bibliodrama Pastoral colocam em jogo a pessoa como um todo. O participante do encontro, de fato, é chamado a espelhar algo de si na história e a partilhar sua experiência pessoal, que sempre é muito profunda e importante para ele, mesmo quando simples. É chamado, também, a entrar no papel das personagens, a expressar-se livremente sendo elas, a entender e, então, viver suas emoções. Tudo isso exige autenticidade, simplicidade, liberdade.

    Se com um grupo de crianças é muito fácil criar esse clima, por sua simplicidade e ausência de defesas, com adultos, isso pode ser muito mais difícil, por causa das dificuldades normais de abrir-se, de mostrar-se por inteiro como é, seja quando o grupo for de pessoas desconhecidas, ou quando for de pessoas bem conhecidas entre si – e, neste caso, ainda mais –, em que os relacionamentos são já condicionados por atitudes de não transparência e por rótulos.

    Por isso, o primeiro objetivo da Fase 1 é ajudar as pessoas a sentirem-se grupo, abaixando as defesas e a ânsia diante de algo de novo que vai acontecer e da presença dos outros. Isso se dá com ferramentas simples, que, às vezes, parecem brincadeiras, mas que têm o objetivo de favorecer um clima sereno e distenso, de fraternidade e acolhida recíproca.

    Um facilitador de Bibliodrama deve ter claro que esse clima não é óbvio, mesmo em um grupo que caminha junto há muito tempo. Aliás, mesmo em grupos assim pode ser mais difícil alcançar um alto nível de autenticidade.

    Dando um espaço para todos

    Para proporcionar esse clima, no primeiro momento do encontro de Bibliodrama, é preciso sempre usar de uma ferramenta de apresentação ou reapresentação recíproca, por meio da qual cada um, mesmo conhecido por todos, possa se reapresentar por aquilo que é naquele momento. De fato, mesmo quando no grupo todos se conhecem, cada um chega de lugares diferentes, de experiências diversas, tendo vivido fatos que, com certeza, mudaram algo de si.

    Por esse motivo, no início do encontro, o facilitador deve estar ciente de que todos são um pouco desconhecidos uns aos outros. Sabem o nome, talvez conheçam a história ou a família do outro, mas a vida concreta daquele dia, daquela semana, daquela última hora antes do encontro não é conhecida. E pode ser que cada um chegue com uma bagagem muito grande que condiciona (positivamente ou negativamente) sua presença no grupo. É importante, então, que, entre as ferramentas colocadas no roteiro para facilitar o encontro autêntico, haja sempre uma que permita a cada um dizer, expressar-se, de modo a sentir que, no grupo, ele tem um lugar, um espaço, é acolhido pelo que é, e que, sem ele, aquele espaço ficaria vazio, e o grupo seria privado de algo.

    Facilitar o encontro autêntico significa acolher também o negativo, que pode estar presente em cada um, sem querer mudá-lo. Não se pede para esquecer o que está incomodando cada um, mas simplesmente para acolher e aceitar, entregando ao grupo, sabendo que a Palavra falará também a um coração magoado ou ferido, se estiver aberto. É necessário, então, que o facilitador tenha muita sensibilidade e atenção nesse momento inicial, colhendo o que ajuda mais o grupo, naquele determinado momento, a unir-se harmonicamente, no respeito de cada um.

    Na inspiração do Espírito

    Além da ferramenta de apresentação, o facilitador poderá propor outras ferramentas que ajudem no objetivo de criar grupo, escolhidas com base no tempo disponível e no próprio grupo. Lembramos, porém, que, mesmo que seja bom preparar detalhadamente o roteiro, é igualmente bom, ou ainda melhor, deixar-se guiar pelo grupo, tentando intuir do que ele precisa. Isso se dá somente se o facilitador viver em pleno relacionamento com o Espírito Santo e na plena escuta do grupo.

    As apresentações para colocar o contexto

    Para facilitar um clima tranquilo, que ajude todos a se comunicarem com liberdade, é bom também colocar, no princípio do encontro, alguns aspectos práticos. Em termos técnicos, fala-se de apresentações, que ajudam cada um a entender o contexto do encontro e, então, a sentir-se em casa.

    Elas compreendem:

    – a apresentação do facilitador (mesmo se conhecido, é bom que ele primeiramente se apresente com autenticidade, assim como está naquele momento);

    – a apresentação do método como expressivo e experiencial, para colocar todos na ótica de um encontro diferente, que os envolverá de forma integral;

    – a apresentação do tema do encontro, em um primeiro momento só nomeado;

    – a apresentação do "setting" do encontro, ou seja, de todas aquelas notícias que podem ajudar os participantes a entenderem o contexto e a sentirem-se à vontade (horários, logística do lugar etc.);

    – a apresentação das regras do encontro, que são quatro e que visam a dar uma direção clara à vivência e, sobretudo, à partilha.

    As regras do encontro são:

    1. a liberdade diante das indicações dadas pelo facilitador (cada um é chamado a viver do seu jeito o que for pedido, não havendo um modo certo ou errado);

    2. a partilha de experiências, e não ideias, falando sempre em primeira pessoa, de si, e não dos outros;

    3. a acolhida incondicional e aberta de tudo o que o irmão diz, sem criticar, contrapor-se, julgar, nem retomar depois o que ele falou, seja para apoiar ou contestar;

    4. o segredo de grupo, isto é, o compromisso de cada um em guardar no coração o que foi partilhado e vivido no grupo, não o retomando fora do contexto do encontro.

    Tudo isso faz parte do contrato formativo entre o facilitador e o grupo, um componente que permite a realização de um encontro comunitário que respeite o papel e a identidade de cada um, por meio de regras acolhidas por todos.

    2. Favorecer o aquecimento psicomotor

    Uma experiência integral

    O encontro de Bibliodrama possibilita que os participantes entrem fisicamente no papel de uma personagem, usando também o corpo. Isso nem sempre é necessário, pois há ferramentas de aprofundamento que não demandam isso, mas se, olhando para o grupo, o facilitador achar viável a proposta de vivenciar essa experiência, é necessário colocar em campo algumas ferramentas que possam ajudar o grupo a preparar-se para isso.

    Fala-se, então, de aquecimento psicomotor, quando são propostas ferramentas que ajudam o corpo e a mente a colocarem-se em movimento, para vivenciar-se a experiência de encontro com a Palavra, com tudo de si.

    O aquecimento físico

    Para aquecer o corpo, é necessário colocá-lo em movimento, e, com esse fim, algumas ferramentas específicas serão indicadas no fim da Parte 1. Lembramos aqui que não necessariamente deve ser proposta uma ferramenta explícita de aquecimento psicomotor, pois isso pode acontecer também por meio de uma ferramenta para criar o encontro autêntico ou para sensibilizar sobre o tema. O importante é que, preparando o roteiro, o facilitador considere que esse objetivo deve ser alcançado.

    O aquecimento psíquico

    Se o aquecimento físico é pedido só em vista de uma sucessiva dinâmica de aprofundamento que pede o uso do corpo, o aquecimento psíquico deve sempre ser feito. Qualquer dinâmica de aprofundamento, de fato, mesmo aquelas que se podem realizar estando sentado na cadeira, pede o uso da imaginação, recurso muito importante do Bibliodrama Pastoral. Pode-se aprofundar na medida em que se consegue imaginar. O aquecimento psíquico estimula em particular essa parte da pessoa.

    Lembramos que a imaginação no Bibliodrama não é simples fantasia: as personagens fazem surgir no nível de consciência situações de vida reais, verdadeiras, presentes na vida de cada um. Então, na realidade, cada um, imaginando o modo de ser e de viver de uma certa personagem, imagina algo que já viveu, viu ou experimentou em algum momento de sua vida. Como falamos no princípio, nunca se trata de fantasia, mas de meia realidade, cada um trazendo no grupo sua experiência de vida concreta.

    Para ajudar a visualizar uma personagem e o que ela está vivendo, é necessário solicitar a parte imaginativa dos participantes, e isso pode acontecer por meio do uso de símbolos, como se faz no momento de relação com o Espírito Santo, de imagens (fotos, desenhos etc.), ou também pelo imaginar algo, com a ajuda do facilitador.

    3. Sensibilizar sobre o tema da Palavra

    A definição do tema

    Outro objetivo da Primeira Fase é sensibilizar sobre o tema contido na Palavra que será aprofundada: ela é vista no Bibliodrama como algo que vai tocar a vida diária dos participantes, e o tema é sempre relacionado ao cotidiano da existência.

    Na preparação de um roteiro, um facilitador deve colocar-se diante do grupo para perguntar do que este precisa naquele momento. Às vezes, a escolha do trecho bíblico mais relacionado ao tema é livre; outras vezes, ele é preestabelecido, e o facilitador precisa colocar-se diante da Palavra para encontrar os temas que ela pode aprofundar e, depois, escolher entre estes o mais adequado para o grupo. De toda forma, o facilitador precisa sempre ficar em uma atitude de discernimento.

    A sensibilização sobre o tema

    Na Fase 1, é fundamental sensibilizar o grupo sobre o tema escolhido, ou seja, suscitar interesse, perguntas, desejos ou necessidades a seu respeito. Isso ajudará na recepção da Palavra e no seu aprofundamento, relacionado ao tema, como uma resposta que clarifica a vida, dá indicações e discernimento, oferece caminhos concretos para a existência. Permitirá, então, que a Palavra seja encontrada de forma experiencial, ou seja, na experiência de vida de cada um.

    A emersão dos desejos e sua expressão

    A conclusão normal da Fase 1 é a expressão dos desejos e das necessidades: diante daquele tema, sensibilizado por ele e encontrando nele algo que toca a própria vida, o participante é convidado a fazer uma síntese do que precisa de verdade a seu respeito. A expressão (verbal, gestual ou física, artística...) dos desejos é precedida pela emersão destes, ou seja, para poder sintetizar e expressar, é preciso deixar aflorar, emergir o que surge, estando tocado interiormente por aquele tema.

    4. A relação com o Espírito Santo, com o mistério em nós

    Além dos objetivos colocados, é importante, durante a Primeira Fase, ajudar a pessoa a também entrar em uma dimensão espiritual, tomando consciência do mistério de si e da presença do Espírito Santo como Pessoa viva que habita nela, pelo dom do Batismo¹¹. Este é o momento que normalmente chamamos de Invocação do Espírito Santo, mas, mais propriamente, segundo a antropologia do Bibliodrama, gostamos de chamar de Relação com o Espírito Santo em nós.

    Uma etapa importante

    A

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