Reforma Política
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Reforma Política - Eneida Desiree Salgado
Sumário
I
a eterna reforma política: mudar para evitar a mudança
O clamor por mudanças nas regras do jogo eleitoral é frequente na história brasileira. Sempre houve descontentamento com as normas constitucionais e legais sobre direitos políticos, sistema eleitoral, sistema partidário, propaganda eleitoral, financiamento da política... A culpa pelo mal funcionamento das instituições representativas era (e ainda é) colocada na maneira como essas instituições eram (e continuam sendo) compostas.
Desde o Império é possível encontrar discursos neste sentido: Não é possível adiar a reforma eleitoral (...) é uma exigência nacional que há de ser atendida, custe o que custar. (...) A reforma eleitoral é um pregão patriótico e enérgico contra o nosso desmoralizado regime eleitoral
.¹ Em escrito da década de 1850, defende-se a extinção de todos os partidos então existentes em face da sua inutilidade, de sua falta de representatividade, da ausência de apego a princípios e da tendência de sempre serem favoráveis ao governo.² De outro lado, a Constituição e a lei eram absolutamente irrelevantes, como revela Joaquim Manuel de Macedo em obra literária de cunho fortemente político:
(...) e bradava como um possesso, por não sei quantos parágrafos do artigo 179 da Constituição do Império: tive mil vezes vontade de rir; o pobre coitado, para escapar às garras dos fiéis e zelosos executores da lei, apadrinhava-se com uma alma do outro mundo, chamando em seu socorro a defunta!.³
Adotou-se o parlamentarismo no Segundo Reinado (de 1847 a 1889), de maneira bastante peculiar, já que a formação do gabinete se dava pela vontade do imperador, não dependendo dos resultados eleitorais. Tal reforma política, que modificou o sistema de governo, se deu sem alteração do texto constitucional: a criação do cargo de Presidente do Conselho de Ministros derivou da Lei n. 523, de 1847.⁴
A mudança não pareceu ter melhorado a política. O programa do Partido Progressista de 1862, depois de mais de vinte anos do novo sistema, defendeu a reforma da Constituição, a adoção de eleição direta e a regeneração do sistema representativo e parlamentar
, a reforma e sincera execução da lei eleitoral de modo que as qualificações sejam verdadeiras e a eleição a expressão real da vontade nacional
por meio de criação de incompatibilidades (impedimentos para disputar eleições derivados da ocupação de um cargo público ou do exercício de uma atividade relacionada com o Poder Público, que podem ser afastados se o indivíduo deixar o cargo ou a atividade) e pela representação necessária das minorias
. Na discussão do programa do Partido Liberal de 1869 verifica-se a criação, por chefes partidários liberais e progressistas, do Club da Reforma, do jornal Reforma e do lema ou a reforma ou a revolução
. O primeiro ponto do programa tratou da reforma eleitoral e parlamentar, com proposta de eleição direta, mas com a manutenção do direito de voto vinculado à determinada renda, além de estipular regras de inelegibilidade (impedimentos para disputar eleições derivados de determinadas condutas consideradas indesejáveis pelo ordenamento jurídico ou pela relação com ocupantes do Poder Público, que não podem ser afastados por vontade do indivíduo e, atualmente, por decisão constituinte, do analfabetismo).⁵
Em 1881, ao final do Império, a grande alteração no sistema eleitoral foi o fim da eleição em dois graus
; até então os votantes elegiam os eleitores de província que, por sua vez, elegiam deputados, senadores e membros dos Conselhos Gerais das Províncias (depois do Ato Adicional de 1834, Assembleias Legislativas Provinciais). Impulsionada pelo Imperador, a reforma também excluiu o voto dos analfabetos,⁶ o que implicou uma drástica redução do eleitorado: a proporção dos cidadãos alistados como eleitores caiu de 10% da população para 1,25% – cerca de 150 mil eleitores em uma população com mais de 12 milhões de pessoas.⁷
É interessante ressaltar que a proposta de reforma constitucional com o propósito de excluir os analfabetos do corpo eleitoral foi recusada – o Senado considerou-a inconstitucional. O conselho de ministros foi substituído e a proibição de voto do analfabeto, de maneira indireta (pois se exigia que o eleitor escrevesse o nome do candidato), foi aprovada por lei (ainda que a Constituição não proibisse o voto daquele que não soubesse ler nem escrever). Nas discussões parlamentares, os representantes políticos chegaram a defender expressamente que os que não sabiam ler e escrever deviam ser governados pelos alfabetizados, em uma leitura bastante elitista. Rui Barbosa, defensor do projeto, chegou a afirmar que ele não contrariava a Constituição porque na verdade