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Marlene Nobre e o ideal médico-espírita
Marlene Nobre e o ideal médico-espírita
Marlene Nobre e o ideal médico-espírita
E-book312 páginas3 horas

Marlene Nobre e o ideal médico-espírita

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Sobre este e-book

Logo após o desencarne da Dra. Marlene, como um arco reflexo, comecei a escrever tudo aquilo que me lembrava de ter vivido com ela em mais de 21 anos de encontros, viagens, congressos e estudos, quando pude ser conduzido por ela para o trabalho que, hoje, acredito seja minha principal meta reencarnatória: ser um médico espírita.
Os escritos foram se acumulando, eram uma forma de eu me sentir mais próximo dela, até que em 2017, na assembleia geral da AME-Brasil realizada no Mednesp na cidade do Rio de Janeiro, recebi do nosso presidente, Dr. Gilson Luís Roberto, a tarefa de escrever um livro sobre a história das AMEs. Imediatamente, percebi que escrever sobre Marlene Nobre e escrever sobre a história do movimento médico-espírita eram a mesma coisa, uma mesma biografia para ambas.
Assim, conto aqui com a inestimável ajuda da jornalista e psicóloga Giovana Campos da AME-Santos, que trouxe o material e fez um levantamento histórico para esta obra, assim como do querido irmão Gilson e dos demais companheiros da AME-Brasil. Com a colaboração de todos, por meio de lembranças e relatos, passei a construir este texto que lhes apresento agora, sentindo-me honrado com a tarefa e animado com a obra, que julgo necessária aos que virão se juntar a nós e não puderam vivenciar esse importante período da história do Espiritismo e da medicina, qual seja, a fundação e o desenvolvimento das associações médico-espíritas e a implantação do seu ideal no orbe terrestre.
Muitas vezes, a narrativa terá um ângulo muito pessoal, entretanto, sei que os meus irmãos da AME sentem o mesmo que eu e, portanto, não se sentirão incomodados, e sim representados. Pelo menos é assim que espero.
Aos mais jovens, que não puderam conhecê-la ou conviver de forma mais próxima com ela, espero que eu possa representá-los também, para que tenham a chance de estar mais próximos daquela que é a grande causadora desse movimento, uma líder natural que, ainda hoje, do plano espiritual ao lado do Dr. Bezerra de Menezes, nos conduz. Da mesma forma como me senti muito próximo de Chico Xavier estando ao lado da Dra. Marlene, creio que minha narrativa traga essa possibilidade às novas gerações de integrantes da AME.
Com toda a minha gratidão aos personagens que cito nesta obra e aos companheiros de ideal que fazem dessa tarefa um fator de "re-união" fraterna, desejo-lhes uma excelente leitura nessa viagem no tempo, pelos dois lados da vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de set. de 2020
ISBN9786586740042
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    Pré-visualização do livro

    Marlene Nobre e o ideal médico-espírita - Décio Iandoli Jr.

    SUMÁRIO

    Capa

    Créditos

    Folha de Rosto

    Prefácio

    Gilson Luís Roberto

    Apresentação

    Giovana Campos

    Décio Iandoli Jr.

    1 Breve linha do tempo

    2 Marlene por Marlene

    3 Quem é Marlene Nobre?

    4 Quem é quem?

    5 Meu (re)encontro com ela

    6 O início das AMEs no plano espiritual

    7 A primeira AME do orbe

    8 O chamado do Dr. Bezerra de Menezes

    9 A AME-Brasil

    10 Abrindo fronteiras

    11 Casos e coisas que vivemos juntos

    12 O retorno à pátria espiritual

    Posfácio

    Marcelo Nobre

    Referências

    Anexo 1 – Postura ética do movimento médico-espírita

    Anexo 2 – Personalidades

    Anexo 3 – Diretorias eleitas desde a fundação da AME-Brasil

    Anexo 4 – Os congressos médico-espíritas (Mednesp)

    Anexo 5 – Algumas diretrizes da AME-Brasil

    Sobre os autores

    Landmarks

    Capa

    Página de Créditos

    Folha de Rosto

    Epígrafe

    Dedicatória

    Sumário

    Prefácio

    Bibliografia

    As colchas de retalhos, também conhecidas como patchwork, são produzidas em diversas regiões e países, trazendo a identidade e as características próprias de cada local. Elas possuem um traço comum que as identificam, tornando-se uma expressão cultural dos locais de origem, se revestindo de significado e simbolismo.

    Para os africanos, o tecido não é visto como uma simples cobertura para o corpo, mas, sim, como uma segunda pele. Eles entendem que o fio que tece o tecido, simbolicamente, é o mesmo fio que tece a vida, com sua sucessão de idas e voltas num determinado ciclo de existência.

    A confecção baseada no patchwork exige muita maestria para compor uma unidade simétrica com os diferentes retalhos. É uma complexa união de arte e matemática, que além da sensibilidade requer organização e clareza, unidade e harmonia. Ela configura uma estética criadora de oportunidades e de transformações que permitem compor uma nova forma de expressão.

    Na seleção e na forma de utilização dos retalhos, encontramos dois elementos fundamentais como princípios orientadores para que haja ordem e coerência no trabalho. O primeiro é a existência de um tema central funcionando como uma diretriz condutora para a sua confecção. O tema funciona como princípio regulador, permeando as ações que darão o formato final à colcha. Significa o assunto, a ideia inspiradora e, ao mesmo tempo, o argumento que será utilizado para alcançar o objetivo final. O segundo critério é a escolha do pano de fundo onde serão aplicados os retalhos dentro do tema proposto. O pano de fundo é a base, o suporte, a sustentação para a união e configuração dos retalhos por intermédio do tema escolhido.

    Cada Associação Médico-Espírita (AME) espalhada pelo Brasil representa um retalho que, nas mãos de Marlene Nobre, foram unidos para formar uma complexa e rica instituição, que é a AME-Brasil. Instituição esta delineada com muito esforço e dedicação pelo seu coração devotado, compondo um tecido vivo e dinâmico que tem como tema central a saúde humana e, como pano de fundo, a espiritualidade.

    Marlene soube identificar todos os elementos envolvidos e, com sabedoria e habilidade, uniu os retalhos, que juntos formaram uma linda colcha, tendo como traço comum de identidade o sentimento de família. Uma família unidade pelo ideal e pelo coração.

    A primeira AME foi fundada em São Paulo no ano de 1968 pelo médico Luiz Monteiro de Barros. Ela nasceu no coração de Jesus e foi trazida pelo Alto por meio da mediunidade de Spartaco Ghilardi, mas somente 27 anos depois é que viria a surgir a AME-Brasil para reunir todas as AMEs. Em fevereiro de 1990, Marlene Nobre assumiu a presidência da AME-SP pela primeira vez. Devido às dificuldades que a instituição passava, Dra. Marlene procurou Chico Xavier buscando ajuda e recebeu a seguinte orientação:

    Chico então me disse que nossa entidade tinha importante missão a desempenhar e que uma falange das sombras tinha se postado contra ela para impedir o seu prosseguimento, mas que era para eu seguir com cautela, coragem e fé, porque Dr. Bezerra de Menezes estava atento e iria me ajudar. E, de fato, depois de um período muito difícil, a AME-São Paulo conseguiu romper as amarras e fundar a AME-Brasil (Nobre, 2014).

    No final de 1990, Marlene Nobre recebeu o seguinte recado do Dr. Bezerra de Menezes: já estava na hora de juntar os médicos espíritas brasileiros em uma só entidade que tivesse Jesus como modelo e guia do médico perfeito (Nobre, 2014).

    O período que antecedeu à orientação de Bezerra de Menezes foi muito difícil para Marlene Nobre, pois, no dia 19 de novembro de 1990, seu marido, Freitas Nobre, desencarnou aos 68 anos vítima de câncer. Diante da nova realidade, Marlene volveu o pensamento a Jesus e Bezerra e, a partir daquele momento, entregou sua vida ao ideal médico-espírita. Conforme seu relato a Ismael Gobbo (Nobre, 2010):

    No início de dezembro, Dr. Bezerra de Menezes conclamou-me para a tarefa mais ampla a que Chico se referira e que só a partir de então tomei conhecimento, a de chamar os colegas para a fundação da Associação Brasileira que aglutinaria todas as AMEs. E que eu deveria me empenhar para a fundação das AMEs nos estados, porque era chegada a hora. Disse-me o nosso Patrono que a Associação já estava formada no coração de Jesus e que nós precisávamos materializá-la na Terra. E assim foi feito. Iniciamos, em 1991, com vistas à concretização desse projeto, o primeiro Congresso da AME-São Paulo, no Anhembi, conclamando os colegas de todos os estados para a fundação das AMEs.

    Ali se iniciava uma nova fase das AMEs, com Marlene Nobre sendo a grande liderança na concretização do ideal médico-espírita em solo brasileiro, conforme planejamento da espiritualidade.

    Até 1991, quando se iniciaram os encontros nacionais bienais, somente existiam a AME-São Paulo e a Associação Mineira de Medicina e Espiritismo (AMME), fundada em 18 de abril de 1986. A partir desse momento, fundaram-se outras em vários estados do Brasil, possibilitando o surgimento da entidade federal no dia 17 de junho de 1995, durante a realização do Mednesp-95 – 3º Congresso Nacional de Médicos Espíritas – realizado pela Associação Médico-Espírita de São Paulo.

    A dedicação e seriedade para com a tarefa assumida levaram ao reconhecimento por parte de todos do seu valoroso trabalho, sustentado por uma autoridade moral, autoridade esta que só se conquista com o exemplo. Marlene Nobre foi e ainda é uma pessoa marcante na vida de todos nós da AME. Nela encontramos uma mãe espiritual dedicada e amiga, mas também firme e educadora, tendo sido um grande privilégio o convívio com ela. Seu amor às AMEs contagiava quem se aproximava da tarefa, transformando a AME numa grande família espiritual, unida e fortalecida.

    Marlene recebeu uma intuição da espiritualidade que desencarnaria por problemas cardíacos. Não sei precisar a data, mas eu já estava participando da diretoria da AME-Brasil como secretário, provavelmente na primeira gestão, no biênio 2007-2009. Ela comunicou aos amigos do Grupo Espírita Cairbar Schutel e para nós da diretoria da AME-Brasil informando que, intuitivamente, havia recebido dos amigos espirituais que estaria perto o seu retorno à pátria espiritual, que o seu pai havia falecido do coração e que ela seguiria o mesmo caminho.

    Na ocasião, tive um sonho com ela, Roberto Lúcio e Márcia Colasante, integrantes naquele período da diretoria, e que continua vívido em minha memória. No sonho, nós quatro subíamos a escadaria de um grande edifício em obras. A estrutura estava pronta, mas faltava o reboco e todos os acabamentos. Em cada andar, parávamos para olhar as salas. Num determinado andar, Roberto Lúcio sentiu espiritualmente algo e disse é aqui, e com o papel apoiado na parede passou a psicografar uma mensagem. Depois seguimos subindo as escadas quando, repentinamente, Marlene sentiu-se mal e se deitou nas escadas com a mão no peito, como se estivesse infartando. Imediatamente, fomos em seu socorro e passamos a fazer massagem cardíaca. Seu Espírito estava em desprendimento e, espiritualmente, ela nos questionou sobre o que estávamos fazendo e pediu que deixássemos acontecer, que era a hora do seu desencarne, mas continuávamos insistentemente tentando reverter a situação. Depois de um tempo, ela retornou ao corpo. Ainda em estado debilitado, descemos carregando-a pelas escadas para levá-la ao hospital. Quando chegamos embaixo, já na maca da ambulância, ela olhou para nós questionando todo aquele movimento, e eu lhe mostrei o edifício em obras em que estávamos e um outro edifício menor ao lado deste, também em obras, dizendo a ela que as obras ainda não estavam prontas e que ela precisava continuar viva. Relatei o sonho para ela e os integrantes da nossa diretoria, interpretando os edifícios em construção como sendo a AME-Brasil e a AME-Internacional e que ela precisava cuidar de sua saúde, pois ainda precisávamos muito dela.

    Desde esse sonho, ficamos atentos a sua situação de saúde, inclusive indicando por sua solicitação um tratamento homeopático, assim como de acompanhamento médico em São Paulo, onde residia. Acreditamos que ela tenha recebido uma moratória, e o tempo foi passando. Ficamos mais tranquilos e nos despreocupamos um pouco em relação a sua saúde.

    Em setembro de 2013, ela teve um infarto e foi hospitalizada. O prognóstico não era muito bom, e nos preocupava muito a viagem que teria que fazer para o périplo na Europa em outubro. Jorge Cecílio Daher Jr. teve acesso ao resultado do cateterismo cardíaco, ela havia perdido 10% de função de VE, com redução da fração de ejeção de 53% para 43% após o evento isquêmico. Ela não gostava que tomássemos as decisões por ela e, embora a preocupação de todos os integrantes da AME, ela realizou a viagem à Europa, seguindo as recomendações do Jorge Daher, de levar pequena bagagem, e de cuidados de todos nós. Sua preocupação era não desencarnar durante o périplo, para evitar problemas para o grupo de amigos e familiares, mas precisava cumprir com o seu compromisso assumido com Léon Denis em atender à Europa.

    O ano de 2014 foi de muitos embates, e a saúde de Marlene Nobre continuava nos preocupando. Após a isquemia coronariana, houve uma perda grave da função cardíaca, evoluindo para uma Insuficiência Cardíaca Congestiva Classe IV, agravado por uma síndrome metabólica.

    Em agosto de 2014, Roberto Lúcio esteve com Marlene Nobre num final de semana e tinha ficado muito preocupado com o seu estado de saúde devido à dispneia a pequenos esforços. Realmente, em setembro de 2014, quando ela esteve presente em nosso evento aqui no Rio Grande do Sul, presenciei uma grave dispneia quando a acompanhava até o seu quarto e tive que correr para socorrê-la com os seus medicamentos.

    Aproximava-se novamente o final do ano, período de viagens para a Europa, e precisávamos fazer algo. Por sugestão do Roberto Lúcio, pensamos em fazer o upgrade de sua passagem para a classe executiva, mas ela nunca aceitaria que fosse paga pela AME-Brasil. Todas as suas viagens ela fazia por dispensa própria, nunca aceitando qualquer colaboração da AME-Brasil, ao contrário, ainda ajudava a cobrir as despesas dos eventos realizados na Europa, pois sabia que o custo era muito alto para os integrantes de lá. A saída encontrada foi fazermos uma vaquinha entre nós integrantes das AMEs sem que ela soubesse, como um presente dos seus amigos. Graças ao Bom Deus, o périplo transcorreu bem, e ela retornou ao Brasil sem maiores contratempo.

    Chegamos no final de 2014 e tudo parecia ir bem. Estávamos muito contentes e envolvidos com a organização do Mednesp-2015, que seria em Goiânia. Por sugestão de Roberto Lúcio, estávamos organizando um livro em sua homenagem para ser lançado no evento, o que seria uma surpresa para ela. No final do ano, ela viajou para Ilha Bela, litoral de São Paulo, para passar alguns dias com o seu filho Marcelo e seus familiares. No dia 26 de dezembro de 2014, recebi o último e-mail com notícias dela.

    No dia 5 de janeiro de 2015, estava atendendo em meu consultório quando recebi a ligação do Jorge Daher informando do seu desencarne em Ilha Bela-SP, aos 77 anos de idade, por infarte, como havia previsto. Em seguida, várias outras pessoas ligaram para falar do ocorrido. Imediatamente, suspendi as consultas e providenciei a passagem para ir a São Paulo acompanhar a sua despedida material.

    Seu filho Marcelo e demais familiares informaram que ela vinha bem e estava muito feliz, por isso preferiu não retornar com Marcelo para São Paulo, aproveitando mais um tempo no litoral. Na manhã de segunda-feira, dia 5 de janeiro de 2015, ela sentiu um mal súbito, e os familiares correram para acudi-la com a medicação. Pediu para orarem e comentou papai está aqui, e neste instante partiu para a vida espiritual, levando em sua bagagem extensa folha de serviço ao Cristo.

    O seu desencarne gerou um profundo luto em todos nós, mas, sem dúvida alguma, Décio Iandoli Jr. foi o que mais sofreu com a sua partida. Sua ligação afetiva com Marlene era muito grande e se consolidou com a convivência estreita das viagens e tarefas que realizavam juntos, sendo seu verdadeiro braço direito nessas empreitadas. Foi um amigo, um irmão, um filho diligente!

    Nesses anos todos de périplo pelo exterior, Décio Iandoli Jr. foi o incansável e fiel escudeiro de Marlene Nobre, estando sempre com ela nos percursos realizados em solo europeu. O périplo de 2006 foi o único em que Décio não pôde prosseguir com Marlene por todos os países e coube a mim assumir a responsabilidade de seguir com ela. Foram vários dias de viagens cansativas, com passagens rápidas por diversas cidades e longos deslocamentos no intuito de atender aos diversos locais de trabalho, enfrentando inúmeros obstáculos materiais e espirituais. Impressionava sua firmeza e total entrega à tarefa, não se deixando abater pelas dificuldades impostas pela idade e pelo extenso programa de trabalho. Sua mente permanecia em constante vigilância, atenção e oração. Estava sempre alerta, atenta para tudo que acontecia, sempre buscando inspiração do alto em tudo que fazia. Sua intuição era certeira, se recebia algo da espiritualidade, podíamos ter a certeza de que iria acontecer.

    Um exemplo foi o que ocorreu em Mannheim, Alemanha. Tínhamos feito a exposição no auditório do hospital local na noite anterior e pela manhã cedo iríamos embarcar no trem para Munique. Logo que a encontrei pela manhã, ela me falou, com aquela energia que lhe era característica, para que ficássemos atentos, algo a intuía para alguma dificuldade, por isso devíamos sair mais cedo. No momento do café, ela solicitou a nossa anfitriã que nos deslocássemos para a estação naquele instante. A senhora gentilmente procurou convencê-la a tomar o café com calma, pois tínhamos tempo, o trânsito era muito tranquilo, não era habitual ocorrerem imprevistos ou engarrafamentos na cidade. Marlene, no entanto, foi categórica, e um pouco constrangida, sem entender a reação incisiva de Marlene, pegamos o carro rumo ao embarque.

    Para a surpresa de todos, e em especial da senhora que nunca havia presenciado o ocorrido, enfrentamos um engarrafamento perto da entrada da estação. O carro estava parado, e a fila não andava. Preocupado com o horário do embarque, falei para a Marlene para irmos a pé, senão perderíamos a hora, o que seria um grande transtorno, visto que tínhamos compromissos agendados para aquele mesmo dia. Peguei as bagagens do porta-malas e saímos correndo. Como as malas eram enormes e pesadas, eu tinha que correr com algumas e voltar para buscar as outras deixadas pelo caminho, com Marlene correndo atrás com suas pernas curtas. Para piorar a situação, ao chegar nas plataformas, tivemos que enfrentar uma escadaria. Faltando poucos minutos para a partida, cheguei gritando Munique, Munique, Munique para a agente de embarque, que não entendeu nada, pois não percebi, pela ansiedade, que estava falando em português. De repente o rosto da agente se iluminou, fez uma expressão de quem entendeu e apontou para uma porta aberta ao lado direito. Tudo isso em fração de segundos. Joguei as malas para dentro e entrei correndo, seguido pela Marlene. Ao entrarmos, as portas se fecharam.

    Depois de alguns minutos, aguardando passar a taquipneia e a taquicardia geradas pelo exercício forçado, levantei exaurido as pesadas malas para acomodá-las no compartimento acima das poltronas quando chegou a fiscal para conferir os bilhetes. Com o semblante carregado, disse que estávamos no

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