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Pinóquio
Pinóquio
Pinóquio
E-book217 páginas3 horas

Pinóquio

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Sobre este e-book

Pinóquio era apenas um pedaço de madeira que misteriosamente apareceu na casa do mestre Cereja. Gepeto era um carpinteiro que queria esculpir um boneco e foi até o mestre para pedir-lhe algum material. Voltou para casa e deu-lhe o nome de Pinóquio. Porém , ele não era um boneco como os outros: falava, andava e comia como qualquer pessoa. Além disso, se envolvia em diversas confusões enquanto tentava se tornar um menino.
IdiomaPortuguês
EditoraPrincipis
Data de lançamento18 de nov. de 2020
ISBN9786555005257
Autor

Carlo Collodi

Carlo Collodi (1826–1890), born Carlo Lorenzini, was an Italian author who originally studied theology before embarking on a writing career. He started as a journalist contributing to both local and national periodicals. He produced reviews as well as satirical pieces influenced by contemporary political and cultural events. After many years, Collodi, looking for a change of pace, shifted to children’s literature. It was an inspired choice that led to the creation of his most famous work—The Adventures of Pinocchio..

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    Pinóquio - Carlo Collodi

    Como o mestre Cereja, carpinteiro, encontrou um pedaço de madeira que ria e chorava como um garoto

    – Era uma vez…

    – Um rei! – logo dirão meus pequenos leitores.

    – Não, garotada, não é nada disso. Era uma vez um pedaço de madeira.

    Não era madeira nobre, mas um simples pedaço de pau, daqueles que no inverno se colocam no forno e na lareira para acender o fogo e aquecer os ambientes.

    Não sei como ocorreu, mas o fato é que um belo dia esse pedaço de pau foi parar na oficina de um velho carpinteiro, que tinha o nome de mestre Antônio, mas a quem todos chamavam mestre Cereja, já que a ponta de seu nariz estava sempre brilhante e vermelha como uma cereja madura.

    Assim que o mestre Cereja avistou aquele pedaço de madeira, encheu-se de alegria e, esfregando as mãos todo contente, murmurou:

    – Essa madeira veio em boa hora; vou usá-la para fazer uma perna de mesa.

    Dito e feito: logo pegou a machadinha para começar a retirar a casca e moldar a madeira; mas antes de dar o primeiro golpe, parou com o braço levantado no ar, pois sentiu uma voz pequenina, fininha, fininha, que suplicou:

    – Não me bata assim tão forte! 

    Imaginem a cara de espanto do bom e velho mestre Cereja!

    Seus olhos assustados percorreram a sala, procurando de onde poderia ter saído aquela vozinha, mas não viram ninguém! Olhou embaixo do banco, e ninguém; olhou dentro de um armário que ficava sempre fechado, e ninguém; olhou o cesto de aparas e serragem, e ninguém; abriu a porta da oficina para também dar uma olhada na rua, e ninguém. Mas então o que seria?

    – Já sei! – disse então rindo e coçando a peruca. – É claro que eu mesmo imaginei aquela vozinha. Voltemos ao trabalho. 

    E, novamente segurando a machadinha, deu um golpe solene contra o pedaço de madeira.

    – Ai! Você me machucou! – gritou a vozinha, lamentando-se.

    Desta vez o mestre Cereja ficou atônito, com os olhos esbugalhados de espanto, boquiaberto e com a língua para fora até o queixo, como uma carranca de chafariz.

    Mal conseguindo falar, começou a dizer, tremendo de medo e balbuciando:

    – Mas de onde será que vem essa vozinha que disse ai? Se aqui não tem uma alma viva. Será que esse pedaço de pau aprendeu a chorar e a se lamentar como um garoto? Não posso acreditar. Esta lenha aqui… é um pedaço de pau de chaminé, como todos os outros, para colocar no fogo, cozinhar uma panela de feijão…. Ou então… Será que alguém se escondeu dentro dele? Se alguém se escondeu, azar o dele. Agora vai se ver comigo! 

    E, dizendo isso, pegou com as duas mãos o pobre pedaço de pau, e pôs-se a golpeá-lo sem dó nem piedade contra as paredes da oficina.

    Depois parou e ficou escutando, para sentir se havia alguma voz se lamentando. Esperou dois minutos, e nada; cinco minutos, e nada; dez minutos, e nada!

    – Entendi – disse então tentando sorrir e arrumando a peruca –, é claro que aquela voz que disse ai eu mesmo a imaginei! Voltemos ao trabalho. 

    E como estava se borrando de medo, meteu-se a cantarolar para criar um pouco de coragem.

    Enquanto isso, guardou a machadinha e pegou a plaina, para amaciar e polir o pedaço de madeira; mas ao passar a plaina pra lá e pra cá, percebeu que a vozinha lhe dizia, rindo:

    – Pare com isso! Está me dando cócegas! 

    Dessa vez o pobre mestre Cereja desmaiou como se tivesse morrido. Quando reabriu os olhos, encontrou-se sentado no chão.

    Seu rosto estava diferente, e a ponta do nariz, de vermelha como era quase sempre, tinha ficado azul de tanto medo.

    Mestre Cereja dá o toco de madeira ao amigo Gepeto, que o aceita para fabricar um boneco maravilhoso, que sabia dançar, lutar com espada e dar saltos mortais

    Naquele momento bateram à porta.

    – Entre! – disse o carpinteiro, sem forças para ficar em pé.

    Então adentrou a oficina um velhinho muito alegre, de nome Gepeto; mas os garotos da vizinhança, quando queriam deixá-lo furioso, chamavam-no pelo apelido de Polentinha, pois sua peruca amarela muito se assemelhava à polenta de milho.

    Gepeto era muito genioso. Ai de quem o chamasse de Polentinha! Ele ficava uma fera, e não havia quem o segurasse!

    – Bom dia, mestre Antônio – disse Gepeto – O que faz nestas terras?

    – Ensino as formigas a contar!

    – Que coisa boa!

    – E o que o trouxe aqui, compadre Gepeto?

    – As pernas! Mas permita-me dizer, mestre Antônio, que vim para pedir-lhe um favor.

    – Estou às suas ordens, pronto para lhe servir – respondeu o carpinteiro, levantando-se.

    – Esta manhã me veio uma ideia na cachola.

    – Sou todo ouvidos.

    – Pensei em fabricar para mim um belo boneco de madeira: mas um boneco maravilhoso, que saiba dançar, lutar com espada e dar saltos mortais. Com esse boneco eu quero correr o mundo, para ganhar meu pão e um trago de vinho. O que acha?

    – Bravo, Polentinha! – gritou a mesma voz baixinha que não se sabia de onde vinha.

    Ao ouvir ser chamado de Polentinha, o compadre Gepeto ficou vermelho como uma pimenta malagueta, e virando-se para o carpinteiro, disse-lhe furioso:

    – Por que me ofendeu?

    – Quem te ofendeu?

    – Você me chamou de Polentinha!

    – Eu não!

    – Ora bolas, será que fui eu mesmo que disse! Digo e repito que foi o senhor!

    – Não!

    – Sim!

    – Não!

    – Sim!

    E ainda mais furiosos, foram das palavras às vias de fato: agarraram-se, arranharam-se, morderam-se e estapearam-se.

    Terminado o combate, mestre Antônio se viu com a peruca amarela de Gepeto nas mãos, e Gepeto levava na boca a peruca grisalha do carpinteiro.

    – Devolva minha peruca! – gritou mestre Antônio.

    – E o senhor devolva a minha, e façamos as pazes!

    Os dois velhinhos, depois de devolver a cada um sua peruca, deram-se as mãos e juraram ser bons amigos por toda a vida.

    – Mas então, compadre Gepeto – disse o carpinteiro em sinal de paz –, qual é o favor que o senhor quer de mim?

    – Queria um pouco de madeira para fabricar o meu boneco; pode me dar?

    Mestre Antônio, muito contente, correu a pegar aquele toco de madeira que lhe havia causado tanto medo. Mas quando ia entregá-lo ao amigo, o toco deu uma forte sacudida e escapou violentamente de suas mãos, indo bater com força nas finas panturrilhas do pobre Gepeto.

    – Ai! É com toda essa gentileza, mestre Antônio, que você dá suas coisas? Quase me aleijou!

    – Juro que não fui eu!

    – Então fui eu mesmo!

    – A culpa é toda desse toco…

    – Sei que foi o toco, mas o senhor o atirou contra as minhas pernas!

    – Eu não atirei!

    – Mentiroso!

    – Gepeto, não me ofenda, senão te chamo de Polentinha!

    – Asno!

    – Polentinha!

    – Besta!

    – Polentinha!

    – Burro estúpido!

    – Polentinha!

    Ao ouvir ser chamado de Polentinha pela terceira vez, Gepeto perdeu as estribeiras, lançou-se contra o carpinteiro e trocaram sopapos novamente.

    Terminada a batalha, mestre Antônio se encontrava com dois arranhões a mais no nariz, e Gepeto com dois botões a menos no casaco. Acertando assim suas contas, deram-se as mãos e prometeram ser bons amigos por toda a vida.

    Por fim, Gepeto pegou o bravo toco de madeira e, depois de agradecer ao mestre Antônio, foi mancando para casa.

    Gepeto, de volta a sua casa, logo começa a fabricar o boneco e dá-lhe o nome de Pinóquio. Primeiras traquinagens do boneco

    A casa de Gepeto era térrea, e recebia luz por uma claraboia. A mobília não podia ser mais simples: uma cadeira ruim, uma cama não muito boa e uma mesa toda estragada. Na parede do fundo se via uma chaminé com o fogo aceso; mas o fogo era pintado, e junto ao fogo havia, também pintada, uma panela que fervia alegremente e soltava uma nuvem de fumaça, que parecia de verdade.

    Assim que entrou em casa, Gepeto logo apanhou as ferramentas e se pôs a talhar e fabricar seu boneco.

    – Que nome lhe darei? – perguntou-se a si mesmo. Chamarei de Pinóquio. Esse nome lhe trará sorte. Conheci uma família inteira de Pinóquios: Pinóquio pai, Pinóquia mãe e Pinóquios filhos, e todos tinham muita sorte. O mais rico deles pedia esmolas.

    Depois de escolher o nome do seu boneco, começou a trabalhar pra valer, logo fazendo os cabelos, depois a testa, depois os olhos.

    Uma vez feitos os olhos, imaginem seu deslumbramento quando percebeu que se moviam e que o miravam bem fixamente.

    Gepeto, vendo-se observado por aqueles olhos de madeira, quase passou mal e disse em tom ressentido:

    – Olhinhos de madeira, por que estão me olhando?

    Ninguém respondeu.

    Então, depois dos olhos, fez-lhe o nariz; mas assim que ficou pronto, começou a crescer: e crescia, crescia, crescia, transformando-se em poucos minutos em um narigão que não acabava mais.

    O pobre Gepeto se esforçava em cortá-lo, mas quanto mais o cortava e retalhava, mais longo se tornava aquele nariz impertinente.

    Depois do nariz, fez-lhe a boca.

    A boca ainda nem estava pronta, e logo começou a rir e zombar dele.

    – Pare de rir! – disse Gepeto enfurecido; mas era como se falasse com a parede.

    – Pare de rir, eu repito! – gritou em voz ameaçadora.

    Então a boca parou de rir, mas colocou toda a língua para fora.

    Gepeto, para não estragar sua obra, fingiu não perceber e continuou trabalhando. Depois da boca, fez-lhe o queixo, depois o pescoço, as costas, a barriga, os braços e as mãos.

    Assim que acabou as mãos, Gepeto sentiu que lhe tiraram a peruca da cabeça. Levantou os olhos, e o que viu? Viu sua peruca amarela nas mãos do boneco.

    – Pinóquio! Devolve já minha peruca!

    Mas Pinóquio, em vez de devolver-lhe a peruca, colocou-a na própria cabeça, quase se afogando dentro dela.

    Diante daquela insolência e desrespeito, Gepeto sentiu-se triste e melancólico, como nunca havia se sentido em toda a sua vida; virando-se para Pinóquio, disse-lhe:

    – Filho ingrato! Nem acabei de lhe fazer, e já começa a faltar com o respeito ao seu pai! Menino mau, muito mau!

    Faltava ainda fazer as pernas e os pés.

    Quando Gepeto terminou de fazer-lhe os pés, levou um pontapé na ponta do nariz.

    – Eu mereço! – disse a si mesmo – Devia ter pensado antes; agora é tarde!

    Depois pegou o boneco pelos braços e colocou-o no chão, para fazê-lo andar.

    Pinóquio tinha as pernas duras e não sabia se mover, e Gepeto o levava pela mão para ensinar-lhe a dar um passo atrás do outro.

    Quando as pernas se soltaram, Pinóquio começou a andar sozinho, e depois a correr pela casa, até que, ao chegar à porta da frente, saltou para a rua e fugiu.

    O pobre Gepeto corria atrás dele sem conseguir alcançá-lo, porque aquele travesso do Pinóquio corria em saltos como uma lebre, e batendo os pés de madeira contra os paralelepípedos da rua fazia mais barulho do que vinte pares de tamancos de camponeses.

    – Peguem-no! Peguem-no! – gritava Gepeto; mas as pessoas que iam pela rua, vendo aquele boneco de madeira, que corria como um doido, paravam encantadas observando-o, e riam, riam, riam até não poder mais.

    Até que enfim, e por sorte, apareceu um guarda que, ao ouvir aquele alvoroço, acreditou tratar-se de algum aprendiz travesso que havia levantado a mão para o patrão, e corajosamente ficou com as pernas abertas no meio da rua, decidido a impedir a passagem e evitar que ocorressem maiores infortúnios.

    Pinóquio, ao ver de longe o guarda que barricava toda a rua, tentou passar de surpresa por debaixo de suas pernas, mas não conseguiu.

    O guarda, sem precisar nem se mexer, agarrou-o pelo nariz (era um narigão imenso, que

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