Treze Contos Reais
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Treze Contos Reais - José de Jesus Barreto
Treze Contos Reais
Copyright © 2020 José de Jesus Barreto
Edição
Enéas Guerra
Valéria Pergentino
Projeto gráfico e design
Valéria Pergentino
Elaine Quirelli
Capa
Enéas Guerra
E-ISBN
978-65-86539-09-7
Todos os direitos desta edição reservados à Solisluna Design Editora Ltda.
www.solisluna.com.br
editora@solislunadesign.com.br
Barreto e seus escritosOs acontecidos, aqui contados, carregam desse viver o espanto. O riso e o pranto.
Dedico esses escritos aos filhos amados, tão diferentes: Bethânia, a que chegou primeiro, desbravadora;
Marco, pedaço de vida tirado de mim cedo demais; Bárbara, relicário de encantamentos; Théo, caminheiro de acolhimentos.
Tomem a tenência de desvendar e revelar os segredos, liberando aos ventos essas palavras avoadeiras.
Com a benção da Mãe Zuite e do Pai Zé.
Sumário
Laroiê!
Visagem
Velha mangolê
Caculé
Passarinho
Badogue
Pedreiro
Zefa da Trouxa
Malingo
Fastio
Sem Nome
Pingos urbanos
Lampião
Landmarks
Cover
No reino do deus tempo, o acontecido vira lembrança e a imaginação pura realidade.
"Não desça os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não suba aos sótãos – onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo..."
Mário Quintana
Laroiê!
Veio à luz num parto sem dores aos berros, choro que mais parecia uma gaitada, os olhinhos penetrantes acesos, e quando avistou a mãe piscou primeiro. Os dentinhos apareceram aos cinco, já falava aos oito meses e andou aos nove, um assombro para os adultos. O primeiro nome que pronunciou, com todas as letras e clareza foi ‘ga-to’, a brincar com o bichaninho da casa, puxando-lhe o rabo.
Aprendeu a ler e escrever praticamente sozinho, antes de qualquer escola, futucando, espiando e garatujando revistas, papéis e paredes, a brincar com lápis, giz, canetas...
O que restava ao alcance apanhava e saía correndo a rabiscar tudo, imitando letras, desenhando figuras, falando sozinho como se conversasse com alguém. Era assim desde nanico, sem gosto por escola, mas só de ver tudo aprendia. Também nunca foi de muita pergunta, mas era de prestar atenção, nada lhe passava despercebido, nem um besourinho que entrasse pela janela.
Bom de boca, mamou à beça e cresceu comendo de um tudo, até farofa de dendê, rindo da própria cara melada do azeite amarelo. Miúdo, já pedia: ‘Quero merenda’, e saltitava ao receber presentes, um trocado, moedinha que fosse.
Foi crescendo como um bom dador de recados, divertia-se