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Fruto do Espírito: Histórias sobre os dons divinos e como vivê-los na prática.
Fruto do Espírito: Histórias sobre os dons divinos e como vivê-los na prática.
Fruto do Espírito: Histórias sobre os dons divinos e como vivê-los na prática.
E-book183 páginas2 horas

Fruto do Espírito: Histórias sobre os dons divinos e como vivê-los na prática.

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Sobre este e-book

O Espírito Santo sempre é visto pelo prima de seus dons e de seu fruto. Desejamos mais dons e nos esquecemos de que o fruto é o que realmente deveria definir a nossa fé.
Amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio provam que nossos dons vêm do próprio Deus. Portanto, é dele que nós mais precisamos. Por causa da obra do Senhor, aqueles que de alguma forma se desviaram podem encontrar Jesus em nós.
Juntamente com os jovens dessas histórias, eu gostaria de encorajar vocês a ler e a pensar sobre sua própria vida. Você está produzindo Fruto do Espírito? Embarque com a gente!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de fev. de 2021
ISBN9786599206627
Fruto do Espírito: Histórias sobre os dons divinos e como vivê-los na prática.

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    Pré-visualização do livro

    Fruto do Espírito - Tomasz Kruczek

    AMOR

    – E stou cansado de tudo isso! Quero ir embora daqui! – a voz do menino foi ouvida na pequena casa de campo.

    O pai dele estava consertando algumas coisas somente para relaxar. Não vai dar certo… o garotinho pensou olhando para o pai e para o irmão, que tinha acabado de entrar correndo na casa espantado. Não vai dar certo mesmo. Ele deixou de lado o gibi que estava lendo antes de ir para o quarto. Papai vai perder hoje. Vai ser uma briga como esta casa nunca viu antes… o menino continuou a pensar.

    Contudo, papai não levantou a voz.

    – Como assim você quer ir embora daqui? – ele perguntou calmamente, deixando suas ferramentas de lado. As mãos dele tremiam levemente. Apesar da voz calma, devia estar chateado.

    – É simples! Já estou cheio! – o menino falou histericamente. – Não quero viver nesse buraco de vila! Com todos esses caipiras! Nada acontece aqui! Não tem futuro! No mês que vem, quando eu terminar o segundo ano do ensino médio, vou me mudar para a cidade, para qualquer escola, o mais longe possível daqui!

    Ilustração de Przemyslaw Salamacha.

    – Filho… – o pai começou. – Nós já conversamos sobre isso tantas vezes…

    – É verdade! – Miguel estava quase gritando. – Ou melhor: você falou e eu só escutei! É você que quer que eu fique aqui e frequente esse lugar que vocês chamam de escola com tanto orgulho! Acabou a escola? Pegue uma ferramenta! É isso que falam sobre nós! Todos acham que somos ridículos! Não quero esse tipo de vida!

    – Pensei que nós tivéssemos um acordo! – papai falou enfatizando cada palavra. – Nós conversamos sobre isso tantas noites!

    – Acordo? Sei, sei! Eu não me lembro de ter feito nenhum acordo! – os olhos de Miguel se encheram de lágrimas. – Tudo o que eu fiz foi concordar com o que você decidiu.

    – Ouça! – o pai falou com autoridade. – O combinado é que você fique na fazenda, termine a escola técnica e tome conta daqui! Temos tirado o nosso sustento desta terra desde que o seu bisavô veio para cá. Depois dele, seu avô passou a cuidar daqui, e depois foi a minha vez. Você é o próximo! Sempre fomos fazendeiros!

    – Mas eu não quero cuidar de nada! Por que o Edu não pode cuidar da fazenda? Você pode dar minha herança para ele também! Ele pode brincar à vontade no barro! Ele gosta disso! Eu quero ter uma vida diferente!

    – Que tipo de vida? – o pai perguntou. – Você tem algum plano? O que você vai fazer?

    – Eu só quero ir embora daqui o mais rápido possível, você concordando ou não.

    Miguel passou pelo irmão mais novo, subiu as escadas correndo e bateu a porta. E então ligou o som bem alto.

    Naquela noite, a família toda se reuniu para o jantar. Mamãe ficava enxugando os olhos, papai parecia distraído e Edu parecia um pouco assustado. E Miguel? Depois de reunir coragem para falar o que pensava sobre ser fazendeiro ao pai, ele se sentia livre como se um grande fardo tivesse sido retirado de seus ombros. Ele estava feliz, embora as lágrimas da mãe e a tristeza do pai o afetassem um pouco. Mas não poderia ter feito nada diferente. Ele se sentia um prisioneiro desde que começara o segundo ano. Queria muito ter uma vida diferente. Se eu realmente me esforçar, o céu vai ser o limite, pensava. Simples assim! Mesmo porque, se os pais dele realmente queriam que ele fosse feliz, não tentariam impedi-lo.

    – Então, você quer ir a uma escola técnica na cidade? – papai perguntou. – Onde você vai morar?

    – Numa moradia estudantil.

    Mamãe enxugou as lágrimas novamente e sussurrou:

    – Mas é muito longe. Como você vai se virar sozinho?

    – Mãe, por favor. – Miguel fez cara feia. – Já sou adulto. Ou quase… – ele adicionou depois de ver o olhar do pai. – Vou dar um jeito.

    – Você nem consegue limpar seu quarto e quer sair pelo mundo! – mamãe disse, desta vez um pouco mais alto. – Você não é tão independente quanto imagina!

    – Independência não é somente limpar o quarto! – Miguel falou com raiva.

    – Vamos todos nos acalmar. Brigar não vai nos levar a nada. – papai interrompeu. – Você quer viver numa moradia estudantil? Está bem. Como você vai se sustentar?

    – Bem, eu pensei que você pelo menos poderia pagar o dormitório… – o menino respondeu sem muita segurança. – E mais, vou conseguir algum trabalho.

    – Você não vai conseguir nenhum trabalho – papai deu de ombros. – Ninguém contrata pessoas da sua idade.

    – Mas eu…

    – E além do que… – papai não queria ser interrompido. – Se você está deixando esta casa para estudar, você precisa estudar, não trabalhar. O trabalho vai esperar.

    – Então me dê o dinheiro para estudar e viver! – Miguel exigiu.

    Papai ficou quieto por um tempo. Ele estava pensando e fazendo cálculos. Finalmente, balançou a cabeça em sinal de que aceitava a decisão do filho e aquela situação estranha.

    – Tudo bem – ele disse. – Estou vendo que você está decidido.

    – Sim! Já faz alguns anos!

    – Por que você não conversou sobre isso antes com a gente? – mamãe perguntou com tristeza na voz.

    – Eu tinha medo! Achei que vocês não me ouviriam! Achei que vocês não me deixariam ir. Pensei que eu teria de viver nessa fazenda e dirigir o trator pelo resto da vida – Miguel falou sem pensar duas vezes.

    – Quando você não coloca todo o seu coração na terra, a terra não produz frutos – papai falou filosofando. Depois adicionou num tom mais sério:

    – Se você realmente pensou em tudo isso, e essa ideia não é somente um capricho seu, mas você quer viver sozinho, vá em frente. Porém, você precisa encontrar uma boa escola com uma boa moradia estudantil. E você precisa estudar bastante, não apenas brincar. Você vai ter seu próprio dinheiro. Vamos abrir uma conta no banco, e você vai cuidar dela. Seja sábio. Você conhece aquele ditado: vem fácil, vai fácil.

    Mais tarde naquela mesma noite, quando seus pais estavam sozinhos, a mãe perguntou:

    – Onde vamos conseguir dinheiro para tudo isso?

    – Tenho guardado dinheiro há anos – o pai comentou. – O dinheiro sempre foi para ele: para ajudá-lo no começo quando assumisse a sua parte na fazenda; para ele comprar uma casa e as máquinas. Não queria que começasse de mãos vazias, como meu pai e eu fizemos. Ele escolheu um caminho diferente… Nós não podemos evitar. A vida é dele, e a escolha é dele. Espero que ele se dedique aos estudos e não desperdice tempo. Ele ainda não tem nem 18 anos. Essa liberdade com a qual Miguel sonha não é tão atraente quanto ele imagina. Com certeza nosso filho vai sentir falta de ser cuidado como fazemos aqui.

    Seis meses na moradia estudantil passaram voando. Nevava lá fora. Miguel estava descansando na cama, num quarto quentinho. Ele se sentia feliz. Tinha acabado de retornar de casa por causa das festas de fim de ano. Na verdade, nem tinha visto direito a família, somente durante o jantar de Natal, porque passou o tempo todo no computador. Despediu-se com uma mochila cheia de comida caseira. Precisava disso também. O dinheiro estava acabando porque ele gastava sem muito cuidado. Mas ele precisava de algumas coisas novas. As roupas que havia trazido da fazenda mostravam suas raízes de cidade pequena. Precisava de coisas mais descoladas, que estivessem na moda. E precisava ainda de um computador novo, de um smartphone e de outros aparelhos que o ajudariam a se entrosar melhor. E por fim: festas. Ele nunca tinha se divertido tanto! O problema era que a maioria daquelas festas acontecia nos finais de semana, e ele tinha prometido ir para casa sempre que possível. Mas de alguma forma ele se esqueceu dessa promessa. Sempre inventava uma desculpa conveniente, algumas mentirinhas nas quais ele mesmo passara a acreditar: estudar o fim de semana todo para uma prova ou escrever um texto. Livros importantes precisavam de sua atenção também. Como poderia ir para casa quando havia tanta matéria para estudar?

    Ele se levantou da cama e abriu um maço de cigarros. Então, passou pelo corredor até o banheiro do dormitório, onde colocou um cigarro na boca e deu uma baforada. Logo não precisaria mais esconder esse vício. Afinal, ele já era adulto – ou quase. Os professores tendem a ser mais tolerantes com alunos mais velhos. Há coisas piores neste mundo do que cigarros. Por outro lado, eles não são tão baratos…

    Mamãe entrou no quarto de Miguel e olhou em volta com tristeza. A bagunça era enorme! Depois do Natal, o menino saiu às pressas. Ele tinha tanto que estudar que não teve tempo de arrumar as coisas. Foi um Natal triste. Por mais que todos tentassem, a atmosfera estava melancólica. Miguel sempre reclamava disso ou daquilo. Ele também não tinha gostado dos presentes, apesar de a mamãe ter gastado muito tempo fazendo um suéter de lã cinza para ele. Mesmo com a temperatura congelante, o suéter ficou em cima da cama com algumas meias sujas e camisetas. Tudo impregnado com aquele cheiro de fumaça de cigarro, mas ela queria crer que era apenas o cheiro da cidade. Vagarosamente, ela começou a pegar as roupas do filho.

    Ilustração de Przemyslaw Salamacha.

    – Deixe aí! Não faça isso! – a voz do marido surgiu detrás dela.

    Ela se virou. Lágrimas caíam de seus olhos.

    – Por quê? Está tudo tão bagunçado!

    – Miguel vai arrumar quando vier da próxima vez.

    – Da próxima vez ele não vai ter tempo de novo.

    – Não foi isso o que eu quis dizer – a voz do pai expressava ansiedade e esperança. – Quando ele voltar de vez. Quando voltar para casa.

    O escritório do administrador da moradia estudantil parecia que não passava por alguma reforma há anos, e o próprio administrador parecia bem fora de moda. A impressão é que ele estava fora de lugar com seu terno velho e seus sapatos gastos. Mas era apenas uma impressão. Miguel estava de pé na porta do escritório com a cabeça abaixada. Ele estava pálido e nervoso, e suas mãos tremiam.

    – Entre e feche a porta – ele ouviu e rapidamente obedeceu.

    – Tenho este relatório aqui – o administrador falou calmamente olhando para um papel impresso. – Ele diz que você conseguiu quebrar todas as regras possíveis que temos neste lugar. Isso é uma moradia estudantil, não uma balada! Você tem um horário determinado para chegar e precisa realizar algumas tarefas de limpeza. Você não pode fumar, beber e…. – o administrador olhou para ele com severidade – …nada de drogas!

    – Mas eu nunca mexi com drogas! – o menino suspirou.

    – Não estou acusando você de mexer com drogas, mas, se você ignora todas as regras que temos de propósito, é fácil imaginar que você também possa quebrar essa aqui. Por que eu devo acreditar em você? Mas vamos deixar isso para lá agora… – o administrador olhou para Miguel com cuidado. – Diga-me: como é possível que você tenha sido visto em um show de rock, apesar de ninguém ter dado permissão para você sair, e, quando você voltou, o professor responsável sentiu cheiro de álcool?

    – Tudo o que eu comi foi chocolate com recheio de licor – o

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