Sucessão ou Promoção?: Um novo olhar sobre o processo sucessório

De Hamilton Ibanes

Não deveria ser assim, mas a sucessão de um fundador de empresa ainda sinaliza para uma nada generosa substituição de comando. Indica um ato de afastamento, ou até expulsão, de alguém que até o "dia anterior" era o representante máximo da organização. E não importa o tamanho do negócio. A falta de planejamento e de empatia, que provoca traumas e verdadeiros pesadelos nes­sa transição, ocorre em pequenas, médias ou grandes empresas.

Quebrar tal paradigma é o objetivo deste livro.

Da tradição da passagem do bastão, como um ato de sucessão e troca de pessoa, para a promoção do fundador, que criou do nada um negócio gerador de riqueza para muitas famílias, para uma cidade, um estado, um país e para o mundo.

Prepará-lo para continuar a jornada da vida com novos desafios é nossa proposta. Como tam­bém sensibilizar os sucessores para que reconhe­çam o legado dos fundadores. E ainda colaborar para que se revistam de responsabilidade e façam igual, ou melhor, ao que foi construído.

O sucesso da sucessão facilitará a harmo­nia familiar, os combinados que suportam os acordos entre sócios, e proporcionará ao sucessor um desempenho empresarial de alto nível.

O convite é à harmonia. Um aplauso ao brilhan­tismo dos fundadores. Um olhar desafiador para a sucessão desses homens e dessas mulheres, merecidamen­te promovidos a um novo tempo de suas vidas.

Boa Promoção e Boa Leitura!

• Idioma: Português
• Editora: Ás Editorial
• Data de lançamento: 29 de mar. de 2021
• ISBN: 9786586369229

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viagem!

CAPÍTULO 1

O Perfil do Fundador

"Todo mundo tem a responsabilidade

de modelar o futuro da humanidade.

Portanto devemos contribuir

o máximo que pudermos."

Dalai-Lama

Antes de aprofundarmos a análise do perfil do fundador, precisamos entender q ue nós, seres humanos, temos dificuldades com au t oa nálise, em reconhecer nossos pontos fortes ou fracos. Custa-nos olhar para nós mesmos. Inconsc ie ntemente, projetamos o problema no ou tro, no mercado, na concorrênc ia . Q ua ndo a liderança é de uma empresa famil ia r, esses fatores são ampl ia dos e podem se perpet ua r por vár ia s gerações.

O que de fato interfere na postura do ser humano, em toda sua plenitude, é o ambiente que o cerca. Afinal, nossa educação está baseada em princípios passados de geração em geração. Assim, características do empreendedor ou pioneiro também estarão nos jovens de startups do mundo atual.

A recente pesquisa da Bain & Company, 2016, descrita na obra A Mentalidade do Fundador, dos autores Chris Zook e James Allen, confirma que os grandes desafios empresariais são internos, e que são bem menos visíveis do que os acontecimentos externos, como a crise do coronavírus, por exemplo.

Inédito

A atitude desbravadora e pioneira de acreditar em algo que ninguém ainda tentou, ou melhorar algo que já existe, é o principal estímulo de um fundador. Pode ser traduzida como arrojo, agressividade, coragem, espírito empreendedor. De fato, quando se começa algo do nada, o que existe no fundo é uma fé inabalável na capacidade de superar desafios, e uma ambição que leva adiante o ímpeto e a vontade de fazer acontecer.

Indispensável ainda é a confiança. O fundador acredita em si e tem grande motivação para seguir em frente. Investe em seus sonhos. Levanta dos tombos inevitáveis. Tem um negócio que provê as necessidades, às vezes básicas, de muitas pessoas.

Por isso mesmo é preciso cautela. A confiança que levou o jovem empreendedor a realizar seu sonho, pode ser totalmente perdida sem um adequado preparo para o momento da separação do criador de sua criatura. Esse mesmo atributo irá cobrar um preço, às vezes muito alto, quando é chegada a hora da partida. Vale lembrar que esse estado de espírito, a confiança, é um dos maiores e mais valorizados fatores do sucesso empresarial.

O assunto é delicado e largamente estudado. O livro The Hero’s Farewell – What Happens When CEOs Retire, de Jeffrey Sonnenfeld, traz o resultado de pesquisas sobre os perfis de fundadores/CEOs. A obra permite entender melhor esse processo e a preparar o caminho para a sucessão.

Segundo o autor, alguns fundadores/CEOs escolhem com sabedoria quem os sucederá. Outros resistem ao processo e precisam ser forçados a sair, o que pode ser traumático para os sucedidos e as organizações.

Há 50 anos, o psicólogo Otto Rank sugeriu que a luta milenar da humanidade é vencer o medo da aparente falta de sentido da vida. Um medo que surge da certeza de que a vida terminará na morte. O impulso heroico, de acordo com Rank, é uma expressão de nosso esforço para alcançar a imortalidade.

A sociedade gerou expectativas de que os líderes tivessem um papel de herói no destino das empresas. A maioria busca e aceita esse papel e o desempenha com entusiasmo durante seu mandato. Mas, quando chega a hora de se afastar para a chegada do sucessor, quase sempre mais jovem, fundadores, líderes e muitos altos executivos corporativos ficam atormentados pelos medos que Otto Rank enunciou: "Deixar o cargo significa uma perda de estatura heroica, um mergulho no abismo da insignificância, uma espécie de