Famílias empresárias consolidando boas práticas: A governança familiar e o conselho de família

De Francis Valdivia de Matos

"Filho de peixe, peixinho é" é um ditado popular bastante conhecido. Na prática, nada garante que o filho de um bem-sucedido empresário tenha as mesmas habilidades empreendedoras e o tino empresarial dos pais.

Os descendentes poderão herdar um patrimônio, mas isso não significa que terão herdado também a capacidade de liderar negócios.
O desejo e as melhores intenções de suceder ao pai ou à mãe empresá­rios não darão conta do desafio se não houver um longo investimento na nova geração: na formação e no desenvolvimento de habilidades profissionais e empresariais.

As famílias empresárias se caracterizam por alcançar um sentido de unidade e compromisso com o projeto empresarial, mas, para que se consolidem como tal, terão de desenvolver papéis e funções como família propriamente dita, promovendo maior autonomia indi­vidual e segurança, assim como a satisfação e aceitação das escolhas de vida e carreira das novas gerações.

No livro que colocamos à disposição dos leitores, abordamos diversos temas do interesse da família empresária, bem como as boas práticas mais recomendadas.

Para finalizar, desenhamos uma linha do tempo com mensagens inspiradoras, cuja leitura sugerimos que seja feita individualmente e, depois, compartilhada: pela geração sênior e pela nova geração; recomendação importante para que cada uma das gerações exercite se colocar no papel da outra geração.

Convidamos os leitores a percorrer esta jornada escrita com razão e emoção, dois componentes que norteiam decisões de vida.

• Idioma: Português
• Editora: Ás Editorial
• Data de lançamento: 29 de abr. de 2021
• ISBN: 9786586369250

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leitura!

Todo comportamento é uma forma de comunicação. Como não existe não comportamento, simplesmente não há como não se comunicar. Mas o que significa comunicação, palavra tão pronunciada e repetida como sendo necessária para o bom convívio humano? Há comunicação cada vez que um organismo vivo pode impactar outro organismo vivo, modificando-o ou modificando sua ação direta.

De acordo com os princípios da ontologia da linguagem, podemos dizer que:

■ Não sabemos como as coisas são. O que sabemos é somente como as observamos ou como as interpretamos.

■ Vivemos em mundos interpretativos, vemos o que queremos ver e interpretamos o que queremos interpretar.

■ Nossos sentidos não nos proporcionam uma representação de como as coisas são, senão como as vemos.

■ Não somente atuamos de acordo com o que somos (e o que fazemos), também somos o que somos em consonância com o como atuamos.

■ A verdade é somente um jogo lógico de coerências internas dentro de um sistema já estabelecido. Afirmar que algo é verdadeiro serve somente para sustentar o que é coerente com outras proposições que aceitamos como válidas.

■ O conhecimento revela tanto sobre o observado como sobre quem observa (me diga o que você observa e lhe direi quem você é).

■ Toda leitura ou interpretação do entorno abre ou fecha determinadas possibilidades, que facilitam ou dificultam certos cursos de ação.

■ A capacidade de transformação do entorno em que vivemos está associada ao poder das nossas interpretações. Diante de uma mesma situação, a pessoa otimista enxerga de modo diferente daquele da pessoa pessimista.

A comunicação humana tem duas facetas: a fala e a escuta, sendo que a escuta é o fator fundamental da linguagem. Falamos para ser ouvidos; a fala efetiva acontece quando é seguida da escuta efetiva. A segunda valida a primeira. Escutar não é ouvir.

Observando a comunicação nas famílias, constatamos que ela não se caracteriza pela soma dos perfis dos seus membros individuais. Há características do sistema familiar com determinados padrões de comunicação e interação, que transcendem o comportamento dos membros individuais. O comportamento de uma pessoa no seio da família está relacionado ou depende do comportamento de todos os outros familiares.

As comunicações infrafamiliares se caracterizam de maneira geral por sua afetividade, espontaneidade e informalidade. Já quando falamos de famílias empresárias, percebemos que as comunicações se centram numa identidade coletiva, que inclui alguns objetivos comuns e um estilo de comunicação peculiar. Se há mais de um grupo familiar e várias gerações envolvidas, novos núcleos de comunicação e de relação terão se configurado, com linguagem e estilo peculiares, para passar e receber informação.

O desafio, do ponto de vista das comunicações, será entender:

■ Do que falam? (conteúdos da comunicação).

■ Quem fala: núcleos que se comunicam entre si? Núcleos que não se