Carta do Achamento do Brasil
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Sobre este e-book
A narrativa de Pêro Vaz de Caminha − confesso que prefiro não entrar em pormenores sobre ela para que o leitor a descubra virgem, e a aprecie por si próprio, pois ela dispensa glosas − basta lê-la atentamente para nos darmos conta da abertura de horizontes dos recém-chegados a um universo novo, inteiramente inesperado. Vemo-los fascinados perante a natureza e a beleza de um povo que os deslumbra.
Tudo surge descrito numa linguagem gostosa, ditada por um olhar eivado de quase ingénua inocência.»
Onésimo Teotónio Almeida
Pêro Vaz de Caminha
Nasceu em meados do século XV, presumivelmente no Porto, e terá morrido em combate em Calecut, na Índia, em 1500. Ocupou posições de relevo na cidade onde nasceu, tendo participado na Batalha de Toro comandando as tropas do concelho. Foi Mestre da Balança da Casa da Moeda do Porto e participou nas sessões da Câmara onde foi incumbido de redigir os capítulos a serem apresentados à Corte. Foi cavaleiro das Casas de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I e escrivão da Armada de Pedro Álvares Cabral. O seu nome ficará para sempre ligado ao «achamento» do Brasil devido à sua famosa Carta – agora aqui publicada –, considerada a «certidão de nascimento» do Brasil e descoberta mais de dois séculos depois, em 1773, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.
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Carta do Achamento do Brasil - Pêro Vaz de Caminha
CARTA DO ACHAMENTO DO BRASIL
Título: Carta do Achamento do Brasil
Autor: Pêro Vaz de Caminha
© Guerra e Paz, Editores, Lda, 2021
Reservados todos os direitos
A presente edição não segue a grafia do novo acordo ortográfico.
Fixação de Texto: André Morgado
Revisão: Marília Laranjeira
Design: Ilídio J.B. Vasco
Isbn: 978-989-702-642-3
Guerra e Paz, Editores, Lda
R. Conde de Redondo, 8–5.º Esq.
1150-105 Lisboa
Tel.: 213 144 488 / Fax: 213 144 489
E-mail: guerraepaz@guerraepaz.pt
www.guerraepaz.pt
Índice
A Carta do Deslumbramento com o Brasil
Carta do achamento do brasil
A Carta do Deslumbramento com o Brasil
¹
Onésimo Teotónio Almeida
O título desta introdução não é um drible politicamente correcto para evitar as polémicas suscitadas pelos termos «descobrimento» ou «achamento». A estes iremos, munidos de espírito desinibido e descomplexado, atitude que convém vestir no tratamento de tais assuntos. Aliás, esta é mesmo uma marca da editora e desta colecção. Por isso, estas notas introdutórias são escritas em mangas de camisa. O leitor interessado num estudo minucioso da carta de Pêro Vaz de Caminha tem os clássicos do nosso Jaime Cortesão² e do brasileiro Max Justo Guedes³ − para apenas referir dois estudos basilares −, fundamentais para quem se quiser lançar numa análise aprofundada de tão precioso documento.
No livro O Século dos Prodígios. A Ciência no Portugal da Expansão⁴ procurei revisitar os escritos produzidos por figuras envolvidas nas viagens de exploração do Atlântico que depois conduziram à busca do caminho marítimo para a Índia. Debrucei-me particularmente sobre Duarte Pacheco Pereira, Pedro Nunes, D. João de Castro e Garcia de Orta, mas referi vários outros, pois tratou-se na verdade de um grupo de pessoas que revelaram um espírito diferente, novo, em relação ao mundo que aquelas viagens iam permitindo desvendar. Uma das facetas inovadoras foi uma certa postura face à experiência, que aos poucos se impôs como critério de verdade, suplantando os ensinamentos dos antigos, até ali tidos como a autoridade máxima do saber.
Fiz, porém, questão de frisar que não foram os portugueses os descobridores da importância da experiência no conhecimento. Já Aristóteles não só escreveu sobre ela como revelou uma atitude empírica nos seus escritos sobre a natureza ao seu redor, particularmente sobre animais, que dissecou para examinar e descrever com rigor. Não afeito a grandes viagens, o seu saber ficou naturalmente limitado à esfera do seu mundo grego. Não foi, aliás, um caso isolado, pois, tanto antes dele como depois, outros autores do período clássico – veja-se, por exemplo, Galeno, no século ii − atribuíram à experiência um papel fulcral. Mesmo durante a Idade Média, nomes como Roger Bacon, Robert Grosseteste e Teodorico de Friburgo relevaram a excelência do conhecimento empírico e puseram-no em prática no seu trabalho.
A inovação portuguesa na história europeia consiste no facto de esta atitude experimental não ter sido um caso isolado, mas uma partilha entre navegadores, teóricos e políticos, num esforço conjugado de explorarem os mares e terras no Atlântico deles desconhecido. A ligação entre a experiência e a teoria, com implicações para a tecnologia então disponível, no sentido de aperfeiçoá-la ajustando-a às novas necessidades impostas pelos desafios encontrados nas sucessivas viagens, fez com que uma plêiade de pioneiros empreendedores desenvolvesse uma mentalidade completamente nova naquele tempo e espaço europeu. Isso constituiu uma novidade na história da Europa, com amplas consequências: num período de 80 anos, permitiu a revelação de que o oceano Atlântico estava ligado ao Índico, tal como permitiu a descoberta, para os europeus, da existência do continente americano, e como lhes tornou conhecida a África além do equador. Se tudo isto ocorreu ainda dentro de uma visão geocêntrica, não deixou, todavia, de causar profundo impacto na transformação da mentalidade medieval e, cem anos mais tarde, acabaria por provocar a que foi, por Thomas S. Kuhn, considerada a primeira revolução científica, operada por Copérnico, Newton e Galileu.
Um dos escritos portugueses que apenas de passagem referi nesse livro foi a carta de Pêro Vaz de Caminha. A explicação é simples: não foi