Solo de histórias: Contos daqui, dali e de toda parte
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Sobre este e-book
Quem já teve oportunidade de ver a Cia do Solo em cena entendeu de primeira o motivo dessa citação, pois trata-se de um grupo com excelência na arte de transmitir a Palavra Viva. Não é todo dia que temos
o privilégio de ouvir Martha e Gabriel nas praças e nos teatros da cidade, mas com este livro teremos a chance de trazer a vivacidade de ambos em nossas mãos. Esta coletânea carrega o cheiro das rodas de história, as
pitadas de humor tão marcantes da dupla, a dinâmica latente do jogo teatral e o propósito generoso na escolha de cada um dos contos. A memória que nos trouxe até aqui nos levará adiante. Boa leitura!"
Eliza Morenno – Contadora de histórias, escritora e especialista em
literatura infanto-juvenil
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Solo de histórias - Martha Paiva
lá?
O SAPO
E O BOI
EUROPA
Era uma vez um boi. Mas não era qualquer boi. Não era um boi magrelinho, esmirradinho que a gente vê por aí de vez em quando. Também não era como esses bois embalados que a gente compra no mercado. Era um boizão, grandão, fortão, musculosão, mais ou menos assim:
(ligar botão de visualização – preparar e…. Cria aí na sua mente o seu boi. O meu está sempre em pé sobre duas patas e, no lugar dos músculos, ele tem enormes batatões.)
E os chifres dele?
Uhhhhhh enormes! Nem cabem no livro.
Esse boi dava o seu passeio rotineiro, todos os dias, perto de uma lagoa; é bom avisar que essa lagoa era limpa! Ao seu redor tinham várias plantas sem flores e várias com flores coloridas, principalmente amarelas. Nessa lagoa também viviam vários sapos, tipo um condomínio de sapos e sapas. Um deles quando viu aquele boizão, grandão, malhadão, musculosão, ficou assim… até fugiram as palavras. Voltaram. Ficou assim, maravilhado. Assim, encantado. Ficou assim… com uma pontinha de inveja.
Então ele chegou perto de outros amigos sapos e declarou:
Foi aí que o sapo teve uma grande ideia. Sabe qual foi a ideia dele?
Engolir o ar para crescer e ficar do tamanho dele, do boizão saradão.
Então ele começou. Estufou o peito e começou a engolir o ar. E engoliu. Mais ar, e mais, mais, e mais. Até que congelou e disse:
− E aí, já estou grandão que nem ele?
E os amigos sapos responderam:
− Ihhhhh, não! Tá longe.
Talvez vocês já tenham percebido que o sapo não aguentava mais ser do tamanho de um sapo. Começou a achar melhor ser maior, ficaria mais bonito, mais importante, talvez, quem sabe?!
E voltou a engolir mais ar.
E engoliu o ar.
E mais.
Mais.
Mais.
− E aí? E agora? Já estou grandão que nem ele?
E todos do condomínio de sapos disseram:
− Ihhhhhh, não! Tá longe!
Mas o sapo não conseguia de verdade se ver importante, bonito, interessante. Achava que se ele fosse do tamanho do boi seria melhor. Aí sim ele seria percebido. Todos falariam com ele, valorizaria sua existência de sapo.
E foi então que mais uma vez o sapo estufou o peito e começou a engolir o ar. Engoliu o ar. Mais ar, e mais, mais, mais ar, maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais…
E BUMMMM!
Isso mesmo que estás pensando.
Engoliu o ar até explodir completamente.
Cuidado aí. Pode ser que tenha voado uma pata de sapo para debaixo do seu chinelo. Ou talvez o fígado. Quem sabe a unha?
É de bom tom fazermos uma homenagem. Então lá vai:
Em homenagem aos sapos que